Um Estranho Impar Poesia
Tem sempre alguma coisa.
Um dia
Mesmo o coração de olhar mais duro
Lança um olhar à estrada
Depois de muito ter partido
Porque nada a paisagem lhe diga
Quanto ao começo
Tem sempre um pedaço que fica
Esse é o preço da vida
Num mundo onde tudo é de graça
Passa tudo, passa o tempo
Passa toda e qualquer ilusão
Não mais me iludo
Mesmo o coração mais puro
Não foge a ter o olhar endurecido
Mesmo que a paisagem lhe diga tudo
Tem sempre alguma coisa que não fica
Porque nada é de graça
Um passo deixa sempre rastro
Um mastro ao longe, uma pegada
Mentira acreditada, conta que não fecha
A estrela errada que te orientou
Tem sempre alguma coisa a ser lembrada
No pouco que se traz ou deixa
Esse é o preço da vida.
Edson Ricardo Paiva
Belas horas.
Água de chuva
Parede, pintura nova
Uma ida à janela
Um olhar à rua
As mágoas da vida
Quão belas
eram aquelas manhãs de outros dias
O mundo existia
Aqui, dentro da gente
A julgar pelo olhar a rua
Nada ficou diferente
Por mais que a beleza iluda
Nada ilude eternamente
O que muda é uma coisa que existe
O badalar mais triste
de um ponteiro que acelera
Belas eram aquelas
Horas que passavam todas inteiras
iguais
A parede, a pintura
Alguma coisa pura que existia
e que era mais
Traduzia aquilo que a visão
da água da chuva que caia
Enquanto passava o avião
Um gosto, um sorriso
O linho da mesa posta
A comida do almoço
A vida
Belas eram aquelas
Risadas que compartilhamos
Das horas que não passam mais
Sem que haja um badalar que insiste
em dizer alguma coisa que eu não compreendo
Sim, isso acontece
A chuva às vezes cai ainda
e continua linda
Mas me traz uma mensagem diferente
Quando ela desce
E as imagens que vão surgindo
Não são mais tão belas
Não quanto foram aquelas
Uma ida à janela, outro olhar à rua
E cerrar as cortinas
Outro dia termina pra mim.
Edson Ricardo Paiva
não só as palavras dizem tudo
quando um pensamento
um pequeno ou grande sentimento
forte, triste e mudo
ultrapassa muralhas
rompendo a escuridão da noite
à procurar algo perdido
alguém não encontrado
tempo não aproveitado
se for sincero e verdadeiro
será sentido na chuva
lembrado quando uma abelha
adentrar pela janela
procurando a flor mais bela
num ambiente sem flores
e aí, talvez você sinta
vontade de dançar na chuva
saber que pode haver amor
e que você era a flor.
Hoje eu queria. Ah, como eu gostaria!
De escrever um poema
Que entrasse na ordem do dia
Palavras que a ninguém ofendesse
mas que porém, confundisse
e quando finalmente você visse
Achasse que é poesia
um poema que vencesse
concurso de fotografia
poema que te pedisse
pra aparecer qualquer dia
Que agradasse a Ana Júlia
A Patrícia e a tia Luzia
Que fosse tão interessante
a ponto de ficar exposto
na sala, na sua estante
botasse um sorriso em seu rosto
se a letra fosse miúda
você fosse procurar a lupa
e te fizesse ficar muda
ao perceber o meu pedido de desculpas
uma mensagem subliminar
neste poema tão vulgar
mas eu já sei que não vai ler
então eu vou ficar assim distante
sem um poema em sua estante
e um cantinho em seu coração.
Um dia um amor existiu
como flor que ninguém nunca viu
uma flor por você, que partiu
E esse amor foi maior do que eu
uma flor que você não colheu
e que só por você insistiu
e que eu não dividi com ninguém
um amor que você não sentiu
uma flor que era sua também
um jardim que criei só pra nós
e esperei por você que não veio
pra poder dividir meio a meio
foi assim que deixei de cuidar
de um amor que você não sentia
uma flor que você não queria
um jardim que existiu e era seu
agora escrevi pra avisar
Que hoje essa flor morreu.
Tem horas em que o infinito
responde com um monte de "nadas"
devido à natureza de perguntas
querendo ouvir respostas sobre coisas
que apesar de nunca terem estado juntas
estão e estarão eternamente
intrinsecamente relacionadas
apesar de parecer que perguntei em vão
estes "nada" de repente
elucidam-me a questão
talvez você entenda
talvez não
talvez você esteja distraído
pode ser que esteja atento
não faz mal
não é todo mundo que me entende
quando transcrevo
As palavras que ouvi do vento.
O início e o fim
entre eles um intervalo
chamado vida, simples assim
espinho e aroma na mesma rosa
o amor e o desamor na mesma casa
a saudade sentida
e a palavra Adeus da mesma mente saída
o fim e o começo
tudo que há de bom
carregando em si mesmo
todo mal que já existiu
tudo aquilo que foi visto
ao mesmo tempo ninguém viu
As palavras tem um poder imenso em nossas vidas,
as palavras são a melhor maneira de obter respostas.
a melhor maneira de obter respostas é fazendo perguntas
as perguntas mais comuns são: Como, quando, onde e por quê?
exatamente nesta ordem.
Se sua mente posiciona o "COMO" antes de todas e o POR QUÊ? por último, existe uma razão que seu subconsciente.
conhece e você, não.
Para realmente realizar mudanças na sua vida, passe a perguntar-se "como" fazê-las e não "Por que" elas são assim.
Quantos medos e quantos segredos
poderá abrigar um coração?
Quantos sentidos e quantas saudades
caberão em uma só vida?
Quantos erros e atropelos
serão permitidos em uma existência?
Me diga, meu Deus
por quê e aonde
haverei ainda de abrigar
tanta dúvida e tanta carência
Eu sei que derramas sobre nós
diariamente suas bênçãos e promessas
mas sabes melhor que nós
que somos todos,apenas crianças
apesar de exibirmos idades variadas
nos perdendo invariavelmente
a tropeçar nas pedras
desta interminável caminhada
onde vamos sem saber pra onde
caminhando, quase sempre com pressa
rumo à vida que haverá de existir
uma estrada melhor que esta
acreditar em sua promessa, então
é tudo que nos resta.
estarei partindo amanhã
em busca da solução
para novos e velhos problemas
deixo ao mundo esta questão a decifrar
no enigma dos meus poemas.
Eu queria ter um casaco grande
pra sair à noite no sereno
meu pai me trouxe um que não servia
mas eu ainda uso ele todo dia
casaco pequeno é
que nem casaco grande
só que pequeno
eu quis viver uma grande alegria
e eu ainda a vivo todo dia
vida feliz ou vida triste
depende de quem avalia
eu quero escrever um poema
e não sei fazer direito
escrevo este
não saber fazer
não é problema
poema ruim é melhor
que nenhum poema
escrever coisa bonita
não se compara a dar presente
pois não tem aonde
amarrar aquela fita
assim eu posso estar presente
na vida de quem lê
apesar de quase sempre
parecer estar ausente
e se eu não te contar
você nunca vai saber
que talvez este poema malfeito
tenha sido escrito
enquanto eu pensava em você
queria que você soubesse
que apesar das coisas que digo
no fundo, de verdade
nem ligo
mas não encontro outro recurso
pra te fazer pensar
em mim por um instante
pensamentos que permanecem
distantes o resto do dia
queria apenas te dizer
que acordar não significa
por cor em nada
mas sim, estar de acordo
mesmo não
estando acordado
Por mais que leves sonhos
um dia chumbem
diante de tantos olhos
que um dia os viram
flutuar livres no espaço
por mais que o coração
fique aos pedaços
por desconhecer qual a razão
que todo tempo tem
de num determinado ciclo
a triste obrigação
de romper laços
mesmo assim
você vai encontrar
vontades que jamais sucumbem
por mais que o tempo tente
insistente
duros qual diamantes
longe anos e oceanos
contrariando todos os planos
que por mais que tenham sido
apenas breves
e por mais que parecessem
serem leves
quando existe e prospera
aquilo que se chama amor
não pode haver quimera
a implantar o dissabor
neste momento impera a vontade
não havendo vento frio
a apagar a chama
daquele coração que arde
e o medo da distância
e de se ver distantes
vem galvanizar os laços
com o mesmo frescor
de anos antes.
Imagine o início da jornada
a nascente de um rio
a ponta de um fio
o quilometro zero de uma Estrada
a porta de entrada de uma vida
como fundo musical
uma canção que a gente gostava
mas que já foi esquecida
e a viagem se inicia
com o choro contido
o dinheiro contado
e a canção que queria ouvir
não foi cantada
nem todo dia havia Sol
mas toda chuva terminava
a cada dia uma surpresa
quando a curva desdobrava
dias lerdos, dias lentos
havia boa companhia
em quase todos os momentos
à noite a gente descansava
depois de algum tempo na estrada
todo dia a gente ria
e realmente a gente estava certo
quando achava
que a viagem finalmente terminava
quando a nave flutuava
triunfante e reluzente
sobre um caudaloso
rio de lava
Uma vez eu te pedi
um par de sapatos marrons
que você não podia comprar
eram os sapatos dos meus sonhos
mas nem tudo estava acabado
voltando pra casa eu ainda tinha
você sempre aqui, ao meu lado
o chão da cozinha, de jornais forrado
pra meus pés descalços
não pisarem chão gelado
apesar dos percalços da vida
a vida, que hoje analisando
faz todo sentido
um dia os sapatos marrons
estavam nos jornais e nos meus pés
eu chutei todas as pedras que pude
mãe, me perdoe se falhei
na infância, hoje em dia
ou talvez na juventude
viveria tudo de novo com você
os tempos ruins
hoje lembrando, foram tempos
muito bons
enfrentaria o mundo de novo
com meus velhos sapatos marrons.
Talvez você leia meus pensamentos e me julgue um poeta medíocre, outros lêem e podem me achar profundo. Não escrevo nem para um e nem para outro. Escrevo pelo prazer que sinto em escrever e saber que amanhã poderei voltar aqui e sentir por um instante aquilo que sentia no momento em que escrevi: Tristeza, alegria, esperança, raiva...tudo é sentimento e é melhor sentí-los de que não sentir nada.
Se os traduzo em poemas bons ou ruins, não sei, o que me dá prazer são as imagens que vão surgindo em minha mente enquanto eu escrevo e que sei que também poderão surgir na sua. As palavras podem vir e ir ao vento, da mesma maneira que se vão, haverão de voltar daqui à 200 anos. Eu não estarei mais por aqui, mas as palavras, estas permanecem igual à árvores centenárias. Pode ser que uma criança do futuro sente-se em sua sombra e me dirija uma oração.
Tanto amor que existe
Não caberia em um poema
Talvez seja por isso
Que o poeta tema
Escrever aquilo que não diria
O que faria
E quantas vidas daria
Por aquela menina
Que o poeta trouxe ao Mundo
E amparou desde o primeiro dia
Não há poema que diga
Da saudade e da alegria
De brincar de formiguinha
na barriga
Fazer dormir
E olhar enquanto dormia
Sentindo desespero
Por não poder espantar
O pesadelo
Ensinar as primeiras letrinhas
E ver desabrochando
aquela flor
Aquela doce mulherzinha
Desespero e pesadelo
Em saber
Que um dia há de partir
Carregando a bagagem
Que eu próprio lhe dei
E levando
As lições que eu ensinei
Meu amor
Por que cresceste tão depressa?
E hoje já que quase
Nem mais precisa de mim
Mas vou te amar pra sempre
Mesmo assim
Pois aqui no coração
Ainda és todo dia
Aquela pequena menina
A minha doce Marina.
Teu coração não é só seu
um pedaço aí me pertence
muito mais que você pensa
no dia que nele eu adentrar
hei de reformar
tudo que já viveu
Um cantinho aí é meu
portanto trate de cuidar
dos teus batimentos cardíacos
mesmo que não saiba
pode haver por aí, um maníaco
esperando pra escrever
uma singela poesia
nas paredes do teu coração
te dar um dia de alegria
ou talvez o resto da vida
portanto, não seja atrevida
te confesso hoje, senhora
aqui já passou da hora
desde que você entrou
eu joguei as chaves fora.
Existe um Oceano de Estrelas ao redor de nós, para nomeá-lo os Homens encontraram uma maneira muito sutil de homenagear as mães de todo o Universo. As mães que existiram e que haverão de existir: A minha, a sua e também aquela filha que ainda não nasceu. As mães deste e de todos os outros mundos habitados, físicos ou espirituais.
Esta homenagem foi tão bonita quanto à vida, que apesar de não ser da maneira que imaginamos, a é da maneira que sentimos e se extende às fêmeas de todos os Reinos, filos, classes ordens, famílias, gêneros e espécies:
Via Lactea.
Tenho um dos pés na Terra
O outro pisa a Lua
A cabeça não pensa
O coração sempre erra
A vida tem sido assim
de tanto pensar em mim
não quero esquecer você
tenho a alma no presente
e os olhos no infinito
esculpo palavras de amor
num monolito escondido no peito
preservo meu amor assim
quase perfeito
e a saudade se acentua
Ás vezes ela continua
mesmo quando
o coração pára
Tento pensar em algo bonito
e imagino a sua cara
Brilhando mais
que o Sol da tarde
se me permitir pedir-te algo
peço que guarde
nas asas de um vaga-lume
em forma de perfume violeta
esta lembrança
que voa como nave
e chega como um beijo
levado
por suave borboleta.
Minh'alma anda pesada
de tristeza
dentro de um tempo
e de um lugar
aonde se encontra
temporária, porém
irremediavelmente
presa
condenada a viver
e conviver
e envelhecer
entre os Homens
Até que isto pode
parecer
Não ser assim;
tão mal
pois vou aqui vivendo
entre risos
e sorrisos
risos são estimulados
risos ocorrem
quando ocorre
Algo que seja bom
mas o sorriso
exprime felicidade
da alma feliz
feliz de verdade
os risos viriam
ao meu rosto
se eu pudesse te vir
Sorrir
Teu sorriso
indeciso e impreciso
me parece tão somente
um riso
mesmo assim,
preciso vê-lo
preciso às vezes
acariciar
os seus cabelos
pra continuar
vivendo neste Mundo
e suportar
de forma decidida
a missão de viver
e fazer valer
a minha vida.
Hoje eu acordei sem saber ao certo
Se eu pertenço mesmo a este mundo
Ou fazia parte de um sonho
do qual fugi, do qual eu desertei
Recordando a mim mesmo,
nos últimos anos
ficou ainda mais difícil saber
Se estava certo
se aquela sensação
era somente um triste engano
Abro a caixa do correio
Nenhuma mensagem
Saio à rua e me sinto
Como se eu fosse apenas
Um despercebido pedaço da paisagem
Em casa, há tempos sou um móvel
Um quadro na parede
Patética imagem imóvel
Minhas mensagens poéticas
Carecem de estética, de forma, justeza
Minha vida, há muito tempo
vou vivendo sem certeza
Mesmo os sonhos mais sem lógica
Como mágica me fazem sentir
Como se eu fizesse parte
daquele mundo distante aonde vou
sempre que a inconsciencia vem buscar
e parece me dizer
Não acorde, filho
fique aqui com a gente
pois aqui é teu lugar
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