Trechos de Livros Românticos

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'Suga-me como um livro de romance e re/façamo-los diariamente a última página. Até que o 'sempre' permaneça, rodopiando duas vidas em uma.'

[Fgmts Poema 'PROCURA']

Inserida por risomarsilva

"Suga-me como um livro de romance e re/façamo-los diariamente a última página. Até que o 'sempre' permaneça, rodopiando duas vidas em uma..."

"Esquarteja meus sonhos na varanda, tal qual um olhar, diluído em arco-íris. Elucida minha procura lesiva..."

Inserida por risomarsilva

Não existe 2° chance.
Existe o capítulo número 2.
E assim seguimos com o livro chamado VIDA

Inserida por wellington_marinho

A leitura nos torna melhores a cada livro , porque proporciona um imenso prazer , para o cérebro , coração e alma !

Inserida por giovannidulorchagas

Os livros são o alimento do cérebro , da alma e principalmente da formação do caráter , do intelecto e da sabedoria .
Quem lê , não lê pelo dever de ler e sim por puro e inigualável prazer .
Os livros são os eternos companheiros de todo ser humano civilizado !

Inserida por giovannidulorchagas

⁠⁠Um livro de romance é aberto, a cada trecho, pensamentos são influenciados, sentimentos veementes são descobertos, parte de um cenário antigo e romântico é revelado nesta atual realidade, certamente, um lapso temporal que pode ser muito bem aproveitado numa rara oportunidade.

Observando algumas sacadas de uma construção preservada pelo tempo, vejo um belo casal que desfruta dos primeiros momentos de sua futura união, uma jovem donzela em uma destas sacadas, olhando o seu amado que lhe declara lá embaixo o seu amor com um genuíno entusiasmo.

As palavras sabiamente reunidas que contam uma história emocionante, quando cativam, podem ser vistas no mundo aqui fora, proporcionando uma sensação empolgante, ganhando vidas e formas através de uma perceção exultante graças a imaginação forte que se renova.

Inserida por jefferson_freitas_1

⁠Suponho que ainda não tiveste muitas vivências, uma parte delas foram lidas nos livros e mesmo que algumas cenas fujam da realidade, acredito que o viste já foi o suficiente para saberes o que queres, pois a confiança que trazes nos olhos não veio sem uma razão, da mesma forma, o teu amor próprio, que te impedem de lidar com tamanha insegurança, numa contínua hesitação de quem não sabe o quer, caso contrário, pensas que o teu viver será em vão, assim, és uma interessante mulher.

Personalidade confiante de grande intensidade que transcende os limites da tua beleza farta, apaixonante, dessarte, tua existência é sublime por teres uma essência que sobressai as tuas falhas como a riqueza de momentos simples, o caminhar por uma noite enluarada, beijos intensos e verdadeiros, emoções veementes trocadas que causam a perda mútua da noção do tempo, o entrelaço de almas a partir de afetos fervorosos que nos corações se propagam.

Compreensão que não deve permitir a aceitação de mentiras, de comportamentos meramente impulsivos, que permitem uma união falsa, deixando dois espíritos aprisionados, levando em consideração que a reciprocidade é uma dádiva indispensável à semelhança do que representa a vívida liberdade para os pássaros, a inspiração para a arte, a chuva para a terra, a entrega recíproca para que haja verdade.

Inserida por jefferson_freitas_1

⁠Ela estava muito radiante como a personagem principal de um bom livro, daqueles típicos de romance, nas sombras de uma grande árvore frondosa, durante um domingo à tarde, céu ensolarado, usando um lindo vestido branco, simples, poucos detalhes, mas talvez, um dos que mais se sentiu bem em usar, um momento romântico, liberto, pois o amor aparentava brilhar nos seus olhos, parecia estar em paz consigo, que tinha tomado uma decisão certa, que fez valer a pena todo um desgaste de outrora, o destaque da flor mais bela, que floresceu a sua força, além da sua beleza, sublimidade grandiosa, uma inegável resiliência, uma cena para se guardar na memória e se eternizar em um dos meus poemas.

Inserida por jefferson_freitas_1

⁠Sou uma árvore centenária, que brota em um corpo de menino. Minha alma é um livro antigo, cheio de histórias, cheio de sabedoria. Meus olhos são dois poços de água profunda, onde o tempo se reflete, onde a eternidade habita.
Sou um homem que já viveu mil vidas, e ainda assim, sou um menino que brinca com o universo. Minha presença é um silêncio que fala, um vazio que está cheio de significado. Eu sou o resultado de todas as minhas vidas, e ainda assim, sou um mistério para mim mesmo.
Eu sou um enigma, um labirinto, onde a verdade se esconde e a mentira se revela. Mas eu não tenho medo do desconhecido, porque eu sei que sou o guardião de meu próprio destino.
Eu sou um rio que flui sem parar, mas que ainda assim, é profundo e tranquilo. Minha superfície é lisa e brilhante, mas minhas águas são turbulentas, cheias de correntes e redemoinhos. Eu sou um vulcão que dorme, mas que pode acordar a qualquer momento.
Minha vida é um tapete ricamente tecido, com fios de alegria e tristeza. Eu sou um poeta que escreve com o coração, e que canta com a alma. Eu sou um homem que ama profundamente, e que pode detestar com a mesma intensidade. Eu sou um ser humano, com todas as minhas contradições, e ainda assim, sou um mistério para mim mesmo. Mas eu não tenho medo de mim, porque eu sei que sou um ser em evolução.
Eu sou um rio que flui, um vulcão que dorme, um poeta que escreve, um homem que ama. E eu continuo a fluir, a dormir, a escrever, a amar, a viver. E quando eu finalmente chegar ao fim do meu caminho, eu saberei que vivi, que amei, que escrevi. E que deixei um pedaço de mim mesmo, no coração de todos que conheci. E assim, eu me tornarei imortal, um eco que permanecerá para sempre. Um eco de amor, de poesia, de vida. E eu serei feliz, porque vivi.
(“O velho jovem de mil vidas”, de Douglas Duarte de Almeida)

Inserida por douglasduarte

Dedico este livro a minha linda filha, Valentina. A cada palavra, um balanço pelas franjas da sua sabedoria que, ao longo do seu crescimento, será como ventos a trocar estação pelas cortinas das suas janelas. Todo o meu amor.

Inserida por AlessandroLoBianco

Compre o livro, leia e decore mil vezes mas isto não vai fazer você acertar. O primeiro passo para o verdadeiro acerto está diante do forjar em sua vida e em sua mente o pertencimento, do que é seu por direito direto de merecimento, ter, ser, fazer, realizar e acertar. O real e verdadeiro por mais que muitos desconhecem começa a existir propriamente dito na ideia, na imagem, na imaginação, no mental empoderamento meta-linguístico e no abstrato.

Inserida por ricardovbarradas

SOBRE O PESO INTERIOR QUE SE REVELA AO CORAÇÃO SENSÍVEL.
Do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão. Ano: 2025.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Há momentos em que a alma, fatigada de suportar o rumor do mundo, recolhe-se como quem se abriga de uma tempestade invisível. Não é fuga, mas necessidade íntima. Sinto então que tudo em mim se torna excessivamente vívido, como se cada pensamento tivesse adquirido uma respiração própria, e cada sensação, uma gravidade que me curva o espírito. Não sofro por algo definido. Sofro porque sinto demais.
Nesse estado, o mundo não se afasta, mas se aproxima com intensidade quase insuportável. As coisas mais simples assumem um peso desmedido. Um gesto, uma lembrança, um silêncio bastam para abrir abismos interiores. Não é a dor que domina, mas uma espécie de lucidez ardente, que torna impossível a leveza. Como se o coração tivesse aprendido a ver além do véu das aparências e, ao fazê-lo, descobrisse que tudo o que vive está condenado à transitoriedade.
Há uma estranha doçura nesse sofrimento. Ele não clama por socorro, nem deseja ser extinto. Antes, quer ser compreendido. É como se a alma, consciente de sua própria fragilidade, recusasse a superficialidade do consolo fácil. A melancolia torna-se então uma forma de fidelidade a si mesmo, uma recusa silenciosa a trair a profundidade do sentir.
Sinto que, nesse estado, o tempo perde seu curso habitual. As horas deixam de avançar e passam a pesar. Cada instante carrega uma densidade que oprime e, ao mesmo tempo, enobrece. Há algo de sagrado nessa demora, como se a existência exigisse contemplação antes de qualquer movimento. Não se trata de inércia, mas de um recolhimento que prepara o espírito para suportar o mundo com mais verdade.
E assim permaneço, não por escolha deliberada, mas porque minha natureza assim o exige. Há almas que se expandem no ruído, e outras que só florescem no silêncio. A minha pertence a estas últimas. Carrego comigo a consciência de que viver, para alguns, é sentir demais e suportar esse excesso com dignidade silenciosa.
Se há dor, ela é também a prova de que algo em mim ainda pulsa com intensidade. E talvez seja isso que nos distingue dos que passam incólumes pela existência. Sentir profundamente é uma forma de fidelidade à própria essência. E mesmo que esse sentir me conduza à solidão, aceito-a como quem aceita um destino inevitável, pois nela reside a verdade mais íntima do meu ser.

Inserida por marcelo_monteiro_4

A VIGÍLIA DO SILÊNCIO VIVO.
Do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão. Ano: 2025.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Há imagens que não se oferecem ao olhar, mas o convocam. Esta é uma delas. Não se trata de um retrato, mas de uma presença suspensa entre o visível e o indizível, como se a própria matéria hesitasse em existir sob a luz que a toca. A figura feminina emerge não como corpo, mas como um enigma antigo, daqueles que a memória reconhece sem jamais ter conhecido.
O olhar que se ergue em sua direção não implora, não acusa, não seduz. Ele aguarda. Há nele a serenidade dos que já atravessaram a perda e, mesmo assim, permanecem fiéis à delicadeza. Os olhos não refletem o mundo, mas o absorvem, como se todo o peso do tempo houvesse encontrado ali um abrigo silencioso. A expressão não pertence à juventude nem à velhice. Pertence àquilo que sobrevive às eras e insiste em permanecer sensível.
Nos braços, a criatura que repousa não é apenas um ser vivo. É símbolo. É o frágil confiado ao eterno. O animal repousa com a solenidade de quem reconhece o sagrado sem compreendê-lo. Há entre ambos uma comunhão anterior à palavra, um pacto silencioso firmado antes da linguagem. O gesto que o sustém não é de posse, mas de guarda. Não há domínio, há responsabilidade.
A luz que envolve a cena não ilumina, consagra. Ela não vem de fora, mas parece exalar da própria quietude que os envolve. É uma luz antiga, quase mineral, que lembra a poeira dos séculos e o ouro gasto dos ícones esquecidos. Tudo ali sugere recolhimento, como se o mundo tivesse sido temporariamente suspenso para permitir aquele instante absoluto.
Nesta imagem, o tempo não corre. Ele contempla. E ao contemplar, revela que a verdadeira beleza não clama por atenção, apenas permanece. Há uma melancolia serena que não dói, apenas ensina. Uma melancolia que compreende que existir é sustentar a fragilidade do outro sem pedir nada em troca.
Quem observa sente o peso suave de uma pergunta sem palavras. Que espécie de silêncio é esse que nos reconhece? Talvez seja o mesmo silêncio que antecede toda verdade profunda. Aquele que não se explica, apenas se sente.
E é nesse ponto exato que a imagem deixa de ser vista e passa a habitar quem a contempla. Porque certas visões não foram feitas para os olhos, mas para aquilo que em nós ainda sabe sentir sem defesa.

Inserida por marcelo_monteiro_4

O CHAMADO CREPUSCULAR DA ALMA ANTIGA.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Do Livro: Primavera De Solidão. Ano: 1990.
Manhumirim - MG.
A saudade ergue-se como figura velada que atravessa lentamente as câmaras internas do ser
Arrasta consigo o peso das horas não vividas e o eco das presenças que cessaram de respirar ao nosso lado.
Não possui voz audível.
Insinua-se como sopro que roça o espírito.
Um murmúrio que fere com doçura.
Cada lembrança torna-se pétala escura repousada sobre o peito.
Nesse sentimento não há desespero
Há gravidade.
Uma melancolia digna que se reveste de nobreza por tocar o que houve de mais verdadeiro na experiência humana.
Ela aproxima-se com passos suspensos.
Traz nos dedos o pó das memórias sorrindo aos ares.
Acende no pensamento a chama pálida dos instantes julgados extintos.
No âmago dessa vivência a saudade revela-se fenômeno psicológico e espiritual porque se ama nessa dimensão.
Não deseja destruir.
Deseja recordar.
Deseja restaurar o sentido do que fomos ao caminhar alhures.
Conduz o olhar ao útero distante e íntimo onde repousam as próprias sombras filhas de si mesmas.
É lamento silencioso porque nasce no interior onde a linguagem não alcança somente brinca, também chora e recolhe-se na penumbra.
É lúgubre porque conhece a profundidade do tempo com o seu corte lento constante e implacável amigo.
Quando grita dentro de nós não há violência.
Há convocação.
Como se o interior do ser abrisse uma porta antiga sem a chave certa ou já perdida e ignorada.
Por ela penetra uma presença que não pretende partir é mister ficar um pouco na dor.
Nesse encontro sutil compreende-se que não sofremos pela ausência.
Sofremos pelo significado que ela deixou impregnado por todos os meandros.
Gravado como marca indelével nas paredes do espírito em constante fuga , mas que fica.
E assim mesmo envolta em sombras essa voz crepuscular eleva o ser à dignidade silenciosa de continuar fiel àquilo que o tempo jamais conseguiu apagar.
Eis o epitáfio: " Fiel ao seu gênio , fiel a si mesmo. "

Inserida por marcelo_monteiro_4

A CARIDADE COMO ARQUITETURA MORAL DA ALMA.
Em O Livro dos Espíritos, na Questão 886, encontra-se uma das formulações mais densas e normativas da ética espiritual, quando se indaga acerca do verdadeiro sentido da palavra caridade tal como a compreendia Jesus. A resposta oferecida pela espiritualidade superior define um tríplice eixo moral expresso nas palavras benevolência para com todos indulgência para com as imperfeições alheias perdão das ofensas. Essa síntese não é retórica nem sentimental, mas estrutural, pois delimita a caridade como uma disposição interior permanente e não como um gesto episódico ou circunstancial.
Do ponto de vista filosófico, a caridade apresenta-se como uma virtude relacional que transcende o plano da utilidade material. Ela não se limita à redistribuição de bens ou ao socorro visível da miséria externa, mas institui uma reforma da intencionalidade do sujeito. A benevolência para com todos implica uma postura ontológica de abertura ao outro enquanto outro, reconhecendo-lhe dignidade independentemente de mérito ou afinidade. Trata-se de um deslocamento do eu como centro absoluto da experiência moral para uma ética da alteridade vivida. Essa compreensão encontra respaldo direto em O Livro dos Espíritos Questão 886 ao afirmar que a caridade verdadeira é essencialmente moral.
No plano psicológico, a indulgência para com as imperfeições alheias exige uma maturidade afetiva elevada. Indulgir não é relativizar o erro nem legitimar a injustiça, mas compreender os limites evolutivos do outro sem converter a falha alheia em instrumento de condenação ou superioridade íntima. Psicologicamente, essa atitude dissolve mecanismos de projeção, ressentimento e rigidez egóica, permitindo ao indivíduo libertar-se da necessidade de julgar para afirmar-se. A indulgência atua como um processo de descompressão do orgulho, virtude negativa que segundo a tradição espírita constitui um dos núcleos do egoísmo humano, conforme amplamente desenvolvido nas reflexões morais de O Livro dos Espíritos.
O perdão das ofensas, por sua vez, representa o ápice dessa estrutura caritativa. Perdoar não é esquecer mecanicamente nem submeter-se passivamente à agressão, mas interromper conscientemente o ciclo psicológico da vingança e da ruminação dolorosa. Sob a ótica espiritual, o perdão liberta tanto quem perdoa quanto quem é perdoado, pois rompe laços vibratórios de animosidade que aprisionam ambos ao passado. Essa dimensão é coerente com a proposta de Jesus ao ensinar o amor aos inimigos, compreendido não como afeição emocional, mas como recusa ativa ao ódio e disposição sincera à reconciliação moral, conforme explicitado no Evangelho Segundo o Espiritismo.
A caridade também se apresenta como complemento prático da Lei de Justiça. Enquanto a justiça estabelece limites e direitos, a caridade ultrapassa o mínimo legal e alcança o máximo moral. Amar ao próximo como a si mesmo não significa apenas evitar o mal, mas fazer ativamente o bem que desejaríamos receber em circunstâncias semelhantes. Essa ampliação ética encontra fundamento na lógica espírita de progresso moral, segundo a qual a felicidade do espírito está diretamente vinculada ao grau de descentramento do eu e à capacidade de servir sem expectativa de retorno, conforme ensinam as questões morais de O Livro dos Espíritos.
No combate ao egoísmo, a caridade assume função terapêutica e educativa. O egoísmo é apresentado pela doutrina espírita como a raiz de todos os vícios e a principal fonte das desarmonias humanas. A caridade, ao contrário, é a fonte geradora das virtudes, pois educa o sentimento, disciplina o pensamento e orienta a vontade para fins superiores. Não se trata de um ideal abstrato, mas de um método concreto de transformação interior, reiteradamente afirmado em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
A máxima fora da caridade não há salvação condensa toda essa arquitetura ética. Salvação, aqui, não deve ser compreendida como privilégio concedido, mas como estado de libertação progressiva do espírito em relação às próprias imperfeições. A prática da caridade sintetiza todos os deveres para com o próximo porque obriga o ser humano a sair de si mesmo, a rever suas paixões, a sublimar seus instintos e a alinhar-se às leis divinas que regem a vida moral.
Assim, para o Espiritismo, a caridade não é acessória nem opcional, mas constitutiva da evolução espiritual. Ela transforma as relações humanas ao instaurar a fraternidade como princípio vivido e não apenas proclamado, e conduz o ser à verdadeira liberdade interior ao ensiná-lo que somente o amor desinteressado rompe definitivamente as cadeias invisíveis que o prendem às próprias sombras e o eleva à dignidade plena do espírito consciente de sua responsabilidade eterna.

Inserida por marcelo_monteiro_4

" Diálogo entre o Filósofo e os Lírios do Abismo de Monfort "
Do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.

Na penumbra antiga do vale de Monfort, onde o vento descia como sussurro de eras incontáveis, o filósofo caminhava com o passo lento de quem já conversou demasiado com o silêncio. Ali, no limite entre a luz e o precipício, erguiam-se os lírios do abismo, flores pálidas que pareciam feitas de bruma e memória.

O filósofo deteve-se diante deles, inclinando a cabeça como quem saúda iguais.

Disse o filósofo
Vós, que cresceis à beira do nada, que segredos guardam vossas pétalas? Que ciência é essa capaz de florescer à margem da queda?

Responderam os lírios
Nada teme a flor que nasce onde o mundo se desfaz. Somos sustentados pela dor dos que aqui passaram e pela coragem dos que ousaram olhar o abismo sem se entregar a ele.

O filósofo sorveu o ar, como se quisesse entender a gravidade espiritual daquela resposta.

Disse o filósofo
Falo há anos sobre a essência, sobre o destino, sobre a interminável travessia da alma. Contudo, nunca me ocorreu perguntar ao próprio abismo o que ele exige do espírito.

Responderam os lírios
O abismo não exige. Ele oferece. A queda é escolha. O retorno é conquista. E a permanência, essa sim, é a sabedoria dos que se firmam entre sombras sem perder a própria luz.

O filósofo fechou os olhos por um instante, tomado por um reconhecimento íntimo, como se tivesse reencontrado um mestre muito antigo.

Disse o filósofo
Então floresceis como testemunhas da luta entre a dúvida e o sagrado.

Responderam os lírios
Florescemos como juízes silenciosos da coragem. E tu, que dialogas conosco sem temer o vento ou o precipício, já carregas em tua alma a marca daqueles que buscam a verdade no que o mundo tenta ocultar.

O filósofo abaixou-se e tocou uma das pétalas, leve como o sopro de um pensamento recém-nascido.

Disse o filósofo
Que a poesia de vossas raízes me acompanhe. Que me sirva de guia quando a mente vacilar e o espírito tremer.

Responderam os lírios
Segue, caminhante. A justiça nunca morre. E a dor, quando aceita com dignidade, torna-se ponte para a imortalidade.

O vento passou. As flores estremeceram como se prestassem uma saudação final.

E o filósofo, com passos firmes e serenidade renovada, partiu carregando consigo a sabedoria daqueles lírios que florescem à beira do impossível.

Inserida por marcelo_monteiro_4

ALQUIMIA DO CHORO NA MÚSICA INVISÍVEL DE CAMILLE MONFORT.

Do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão.
Autor: Escritor:Marcelo Caetano Monteiro .

Há instantes em que a alma pressente que a dor não é apenas um acontecimento, mas um rito. E é nesse território subterrâneo que Camille Monfort se torna a guardiã dos silêncios, aquela que recolhe as lágrimas antes que toquem o chão e as devolve ao mundo como tinta, melodia e presságio.

Sob sua música invisível, o pranto não se dissolve: ele se verticaliza. Cada gota assume a gravidade de uma estrela caída, e cada respiração se converte em um cântico cansado, como aqueles que, em que gravitam entre o anseio e o abismo. Nada em Camille é simples: sua presença é uma liturgia, sua voz um instrumento que atravessa o último refúgio do espírito e o obriga a reconhecer suas fissuras.

As lágrimas, ali, não se derramam. Elas se recolhem dentro da própria pele, como se buscassem um útero de silêncio para repousar. E ao repousarem, tornam-se tinta. Uma tinta densa, lúgubre, mas moralmente altiva, que escreve sem permissão e sem consolo. Ela se arrasta pelas páginas como o rumor de um vento antigo que conhece a ruína, mas ainda aposta na dignidade do sobreviver.

Camille, nessa paisagem, não é apenas musa. É uma presença que observa. Uma espécie de sacerdotisa de sombras que compreende que tudo o que é humano é feito de perda, mas também de uma coragem secreta que se mantém de pé mesmo quando o mundo interno desaba. Sua música infinita não ressoa pelos ouvidos, mas pelas rachaduras da consciência. É uma melodia que não pede compreensão; exige entrega.

Assim, a lágrima torna-se verbo, o verbo torna-se cicatriz, e a cicatriz, com o tempo, torna-se uma assinatura do espírito. Pois há dores que não se explicam, apenas se escrevem. Há tristezas que não se superam, apenas se transfiguram. E Camille Monfort é esse ponto onde a noite encontra sua própria voz.

Inserida por marcelo_monteiro_4

O monge que queria ver Cristo.
livro: Pontos e Contos
Irmão X.

Conta-nos Longfellow a história de um monge que passou muitos anos, rogando uma visão do Cristo. Certa manhã, quando orava, viu Jesus ao seu lado e caiu de joelhos, em jubilosa adoração.

No mesmo instante o sino do convento derramou-se em significativas badaladas. Era a hora de socorrer os doentes e aflitos, à porta da casa e, naquele momento, o trabalho lhe pertencia. O clérigo relutou, mas, com imenso esforço, levantou-se e foi cumprir as obrigações que Lhe competiam.

Serviu pacientemente ao povo, no grande portão do mosteiro, não obstante amargurado por haver interrompido a indefinível contemplação. Voltando, porém, à cela, após o dever cumprido, oh maravilha! Chorando e rindo de alegria, observou que o Senhor o aguardava no cubículo e, ajoelhando-se, de novo, no êxtase que o possuía, ouviu o Mestre que Lhe disse, bondoso:
“ - Se houvesses permanecido aqui, eu teria fugido.”

Assim, de nossa parte, dentro do ministério que hoje nos cabe, não nos é lícito desertar da luta e sim cooperar, dentro dela, para a vitória do Sumo Bem.

Inserida por marcelo_monteiro_4

MARIA AO PÉ DA CRUZ.
Do livro: Nas Sandálias do Nazareno.
Capítulo 10, 15 de dezembro - ano 2000..
Autor: Escritor:Marcelo Caetano Monteiro .
Lá no Calvário estava Maria, olhando o Filho amado agora suspenso no madeiro da cruz.
Ajoelhada sob as próprias lágrimas, via, entre o pranto e a dor, as lembranças suaves de um tempo distante o tempo em que o seu menino lhe sorria com inocência divina.
Agora, porém, seus olhos olhos flagelados pela dor viam em cada ferida o sacrifício do Amor.

Jesus, submisso à cruz, deixava-se deitar sobre o instrumento que o dilaceraria.
Os soldados, cegos de ódio, riam em insânia; e ele, o Cordeiro sereno, ajudava a acomodar-se sobre o madeiro, como quem abraça a própria missão.
Martelos erguiam-se.
Mãos e pés do Justo eram transpassados pelos cravos, enquanto o Amor respondia com perdão.

No meio do rumor dos golpes e dos gemidos, Maria era puro sangue em lágrimas lágrimas que se transmutavam em luz.
A cruz então se ergueu.
O corpo de Jesus pendeu, comprimindo-lhe os pulmões; o ar lhe faltava.
Movimentou-se apenas um pouco, como quem busca aliviar o peso dos cravos.

Maria — Mãe — permanecia ali, diante do Rei dos Reis, sofrendo as mesmas dores do seu eterno Menino.
Ouviu, entre soluços, a voz blasfema de um dos crucificados, clamando por libertação.
O coração de Maria estremeceu seu Filho era inocente.
Mas outro grito, agora de fé, fez-se ouvir: era Dimas, o bom ladrão.

— Tu não vês? Ele é inocente... mas nós, nós merecemos!
Mestre, lembra-te de mim quando estiveres em Teu Reino.

Jesus, exaurido, contemplou-o com doçura.
E no sopro que lhe restava prometeu-lhe o Amor:

— Hoje mesmo, estarás comigo no Paraíso.

Ah, Maria...
Que amor é esse? Que hora é essa?
Em êxtase de dor e compreensão, a Mãe vê, em visão espiritual, outras mulheres mães, esposas, irmãs cujos corações se despedaçavam ante o mesmo suplício de ver morrerem os seus.
Abraçou-as com o olhar e, em cada uma delas, reconheceu o espelho da própria dor.

E foi ali, no auge do sofrimento, que Maria compreendeu plenamente quem era o seu Menino e por que viera ao mundo.

O silêncio então tomou o Monte da Caveira.
Sombras invisíveis pairavam sobre o crepúsculo da Terra.
Mas Maria continuava sendo luz.
E amando em compreensão, amando a humanidade, mergulhou na claridade do Sol eterno aquele mesmo Sol que era o seu Filho, resplandecendo para os confins dos séculos.

Inserida por marcelo_monteiro_4

Capítulo XVIII –
CARTA QUE O TEMPO RASGOU.

Livro: NÃO HÁ ARCO-IRIS NO MEU PORÃO.
Joseph bevouir - Escritor.

“Nem toda carta enviada busca destino. Algumas apenas desejam ser lidas pelas mãos do esquecimento.”
— Joseph Bevoiur, manuscrito recolhido ao lado de um relicto de piano sem teclas.

Camille Marie Monfort,

Perdoa-me por ainda escrever.
É que há sons que não cessam —
mesmo quando o mundo silencia.
E há nomes que continuam exalando perfume,
mesmo quando já se foram há muitas estações.

Esta noite, enquanto as janelas se recusavam a refletir o luar
e os espelhos evitavam meu rosto,
ouvi pela décima vez ou milésima aquela gaita de fole espectral.

Sim, Camille…
a mesma que ecoava nas colinas do meu delírio,
com sua melodia lancinante,
como se um fantasma pastor estivesse a ensaiar seu lamento
por um rebanho que jamais existiu.

Mas hoje, ouvi algo mais.
Ouvi o acompanhamento insólito
de um piano lírico porém, não qualquer piano.
Não, Camille…
Esse não tocava notas,
mas sons secos,
golpes vazios de teclas que não mais se movem.

E então perguntei, para o teto da noite,como um exorcista cansado:

_Quem executa essa gaita de fole tão covardemente ao amor
que, até é acompanhada por sons secos vindos das teclas de um piano lírico
quando esse nem por anacronismo poderia assim existir?

Não recebi resposta, como era de se esperar.
Talvez fosse tua sombra que ali dançava.
Ou talvez e essa é a hipótese que me fere seja apenas minha culpa tentando compor uma sinfonia
com os restos do que não vivi contigo.

Fica, então, esta carta não como súplica,não como epitáfio,mas como o último gesto de um homem que aprendeu a sofrer com elegância,à tua imagem e semelhança a ti, tão somente a ti mesma.

Não peço que me leias.
Peço apenas que, caso a brisa leve este papel aos teus pés etéreos,não o pises.
Pois cada palavra aqui escrita
ainda traz o peso do meu nome
e a leveza do teu.

- Joseph Bevoiur
(ainda ajoelhado entre ruínas, onde o amor se transforma em som que ninguém ouve.)

Inserida por marcelo_monteiro_4