Todos temos um Segredo Inconfessavel

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E a minha alma alegra-se com seu sorriso, um sorriso amplo e humano, como o aplauso de uma multidão.

Sabe o que eu quero de verdade? Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma...

Desconhecido

Nota: O pensamento costuma ser atribuída a Clarice Lispector, mas não há fontes que confirmem essa autoria.

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Você pode dizer que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu espero que algum dia você junte-se a nós
E o mundo viverá como um só

John Lennon

Nota: Letra da música "Imagine", Johnn Lennon, 1971

Amor é quando é concedido participar um pouco mais.
Amor é a grande desilusão de tudo mais.
Amor é finalmente a pobreza.
Amor é não ter.
Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor.
E não é prêmio, por isso não envaidece.

Clarice Lispector

Nota: Adaptação de trecho da crônica Atualidade do ovo e da galinha (II).

Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria liguagem, você atinge seu coração.

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Nova reunião. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1985.

OS QUE LUTAM
Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.

Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno.

De novo, de novo, eu não canso. De novo fazendo romance em cima de um conto breve.

Sem paixão não dá nem pra chupar um picolé.

Dor elegante

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
Andasse mais adiante

Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

Os casais bonitos são aqueles que, acima de namorados, são amigos. Brincam, brigam, tiram sarro um do outro, se mordem, beliscam, mas se amam de um jeito que nenhuma pessoa do mundo consegue duvidar. Amor não é só beijos e amassos, amor é cuidado, amor é carinho, amor também é amizade!

CASAMENTO NA IGREJA

Tem gente que acha careta, tem gente que acha um luxo. A verdade é que ninguém é indiferente a uma cerimônia de casamento realizada na igreja, com direito a tapete vermelho, marcha nupcial, véu e grinalda. A maioria das garotas sonha com esse momento, o de ser entregue ao noivo pelas mãos do pai e de vestido branco, mesmo que essa simbologia tenha perdido o significado. Os futuros cônjuges podem estar dividindo o mesmo teto há meses e até ter um filhinho, quem se importa? A verdade é que casamento na igreja é um rito de passagem, um momento de bênção e de satisfação à família, aos amigos e à sociedade. O amor pode prescindir desse ritual todo, mas um pouco de pompa e circunstância não faz mal a ninguém.

Já que o casal optou pelo sacramento do matrimônio e quer fazê-lo diante de Deus, o mais seguro é não inovar. Nada de entrar na igreja sob os acordes da trilha sonora do Titanic, casar de vermelho e decorar a igreja com cactus. Você não está numa passarela do Dolce & Gabanna, está na capelinha da sua paróquia: Mendelssohn, velas, copos-de-leite e uma boa Ave-Maria na saída, quer coisa mais chique e inatacável?

Se eu tivesse casado na igreja seria a mais convencional das noivas. Só uma coisa eu tentaria mudar, ainda que levasse um sonoro não: o sermão do padre. "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até os fins dos seus dias?" Nossa, não é tempo demais? Bonito, mas dramático. Os noivos saem da igreja com uma argola de ouro no dedo e uma bola de chumbo nos pés. Seria mais alegre e romântico um discurso assim:

Ela: "Prometo nunca sair da cama sem antes dar bom-dia, deixar você ver os jogos de futebol na tevê sem reclamar, ter paciência para ouvir você falar dos problemas do escritório, ter arroz e feijão todo dia no cardápio, acompanhar você nas caminhadas matinais de sábado, deixá-lo em silêncio quando estiver de mau humor, dançar só pra você, fazer massagens quando você estiver cansado, rir das suas piadas, apoiá-lo nas suas decisões e tirar o batom antes ser beijada".

Ele: "Prometo deixar você sentar na janelinha do avião, emprestar aquele blusão que você adora, não reclamar quando você ficar quarenta minutos no telefone com uma amiga, provar a comida tailandesa que você preparou, abrir um champanhe no final de tarde de domingo, assistir junto o capítulo final da novela, ouvir seus argumentos, respeitar sua sensibilidade, não ter vergonha de chorar na sua frente, dividir vitórias e derrotas e passar todos os Natais do seu lado".

Sim, sim, sim!!!

Martha Medeiros
Crônica "Casamento na igreja", 1998.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 26 de maio de 1998.

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Poesia Matemática

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa
Poesias. Lisboa: Ática. 1942 (15ª ed. 1995). p. 244

Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é a resposta a meu – a meu mistério.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Se eu não posso mudar um acontecimento, se não posso mudar a vida, então que ela me modifique.

Ela tinha um nojo da dualidade de intenções dos seres humanos que ora amam, ora usam, e preferia a clareza da sacanagem e a certeza do vazio.

Um dia você aprende que deve obedecer. Um dia você aprende que não pode ter tudo o que quer, que gente que tem orgulho próprio é chato e que se deve ser solidário. Que você não deve confiar em ninguém, que deve 'fazer o bem sem olhar a quem', que, se for menino, não chora e que, se for menina, deve-se preservar.

Você vê que a vida é só uma e que deve aproveitá-la. Você aprende que deve-se pensar duas vezes antes de tomar qualquer atitude. Você aprende que deve aprender com seus erros e aprende que raramente aprende com seus erros. Você aprende a se contradizer, você aprende a mudar de idéia, você aprende a se calar, você aprende a aceitar. Aprende que deve lutar pelos seus ideais. Aprende que deve sonhar e que deve ter os pés no chão.

Você percebe que quem imita os outros não tem personalidade e que quem é autêntico é esquisito e excluído. Você aprende que as pessoas podem ser muito cruéis. Que as pessoas podem dar tudo de si mesmas para ajudar. Você aprende que sentir ciúmes é ruim. Você aprende que quem não sente ciúmes é desleixado.

Aprende que não deve se preocupar muito com as coisas. Aprende que não deve deixar a vida correr solta. Que o maior tesouro são os amigos e que você perde os amigos. E ao perder, ainda jogam na sua cara que não era uma amizade verdadeira. Que os outros te julgam e que você não deve julgar ninguém. Que deve-se olhar além das aparências. Que as pessoas te julgam pelo que você aparenta. Que dinheiro importa. Que amor acaba. Que amor verdadeiro não acaba. Que não existe amor verdadeiro. Que dinheiro não trás felicidade.

Aprende que quanto mais você se esforça, mais insuficiente parece ser. E que não se deve desistir dos sonhos. Também, que se deve desistir de coisas que não se consegue depois de tentar muito. Aprende que a vida é curta. Aprende que você ainda tem a vida toda pela frente. Aprende que há burrices como preconceito e discriminação. Aprende que sente preconceito. Aprende que julga os outros e aprende que se deve aprender a tratar as pessoas igualmente. Aprende que as pessoas não são iguais. Aprende que as pessoas somos iguais. E que alguns são mais iguais que os outros.

Aprende que não pode errar e que não se acerta sempre.

Aprende que cantar faz bem. Aprende que pode-se ser altamente repreendido por cantar. Aprende que dançar é bom e que as pessoas podem te repreender por dançar. Aprende que as pessoas te magoam sem nem precisarem de um motivo. E que podem fazer comentários como se você não se importasse com aquilo.

Aprende que quando a pessoa é fora dos padrões ela se sente ofendida quando lhe falam isso. Aprende que as pessoas são fora dos padrões e fingem não se importar. Que fazer piadas é legal e que é melhor fazê-las do que manter a amizade. E que quem não aceita as piadas são tolos. Que a sinceridade é utópica e desnecessária. Que sinceridade é tudo. Que confiança se perde fácil.

Aprende que por mais que tente o contrário, um dia vai magoar alguém. Aprende que com conversas tudo se resolve. Aprende que tem gente que não sabe conversar e que nessas conversas, as palavras podem funcionar como armas.

Aprende que de repente as palavras podem significar nada, algo muito importante ou várias coisas. Aprende que alguns momentos são inúteis... e que outros, que parecem ser tão simples, mudam tudo.

No fim, você aprende que tudo o que você aprende chega a um belo resultado: aporia.

A sabedoria de um homem não está em não errar, chorar, se angustiar e se fragilizar, mas em usar seu sofrimento como alicerce de sua maturidade.

Augusto Cury
"Inteligência Multifocal", Editora Cultrix, São Paulo, 1998