Tiro no Escuro
"Só bem de perto é possível perceber as sombras. Elas geralmente estão em oposição as atitudes, mudam suas formas conforme a necessidade de se abrigar da luz.
Desconfiei de quem insiste em caminhar apenas no escuro."
O fim de um conto
No escuro te vejo
Em silêncio te ouço
Na ausência te sinto
Um vazio cheio de amor
Amor preenchido de vazio
Um frio, o calafrio
A falta do arrepio
Perdido ou nunca tido
Foi sentido sem sentido
Aquele vinho tinto a recordar o que já nem sei explicar
A mudez dos pássaros faz-me lembrar
Que te dei asas para voar
E sem razões para voltar
Aqui no meu divã
Apenas uma certeza
Perdi meu Peter Pan
Quem tem medo de escuro
tem medo de si mesmo
medo do que tenha feito
num pretérito imperfeito
No presente consciente
dos erros tão inconsequentes
ouvindo dentro de si o veredito
Que é para sempre maldito!
A solidão, quando muito duradoura, nos leva a ter momentos íntimos sem emoção. Criamos uma ilusão na expectativa de ser prazeroso e duradouro, mas o final é sempre igual. Caímos num vazio profundo, escuro e sem fim.
Tu és palavra que se pronuncia no escuro,
um nome por detrás dos muros da memória,
aprisionando o presente no passado.
E eu,
rio em cheia a procurar um córrego
na claridade do dia.
Um dedo tocou os meus lábios
É uma manhã de saudade
Fecho as cortinas, tento manter tudo escuro
Mas o sol está queimando.
Sua voz ecoa no túnel escuro da minha vida e não vejo a luz do brilho dos seus olhos. Estou perdida e sem você. Não consigo me achar e só me perco mais.
Amores que se passam
ou já os vi passar
Tempo perdido , perdendo a hora pra encontrar
de tudo que é raro ...
teu sorriso irei guardar
escrevendo teu nome no escuro
as horas custam a passar ..´´
No escuro dos olhos
Com os meus olhos fechados ninguém pode ver as lágrimas se formando de tristeza e dor. E muito menos identificar meu sofrimento, já que os olhos dizem mais do que palavras.
“Ter te encontrado no labirinto em que minha vida se encontrava somou. Ao mesmo tempo que te tive, mais queria. Eu provei da perfeição em um ser humano. Nem consigo mais olhar pela janela. A sua aura me atraiu. Meu amor por você já virou mantra. Não esquece dos pensamentos matutinos, nem do brilho de outubro. Por tudo, imploro que não me esqueça. Eu lembro das nossas juras naquela dimensão. Você não estará sozinho, meu bem. Meu amor caminhará sempre contigo. Prometo pela minha alma, tudo fará sentido um dia. Não me olha assim, alguma coisa nos seus olhos me hipnotizam e eu acabarei cedendo. Para! Nem pense em tomar o controle da situação. Esse rompimento não é nada mais que racional, aprende a ser inteligente pelo menos uma vez na vida ou eu terei de lutar sozinho contra o escuro.”
Aqui e agora
Peço extrema urgência e atenção: seu veículo lúcido será bloqueado.
Enlouqueça se for capaz e perca-se de si e dos outros. Jogue fora tudo de dentro e entale coisas de fora. Sujo e macio. Aqui e agora.
A morte de si para o mundo e a morte do mundo para o extremo imperfeito. Coisas que acabam antes do tempo, que apagam antes da chama, que clamam e choram antes da lágrima, que corroem espesso.
Peço extrema forma e audição: seu ego será violentado.
Deixe que escorra e mova-se pra frente e pra trás. Faça movimentos rápidos e fortes. Quente e úmido. Aqui e agora.
O que nasce de si para o outro, o que nasce do outro para o próximo.
A noite entrelaça o profano, que a lua ilumina no canto escuro do quarto cenário, de prazeres tendenciosos e gestos do avesso.
"E mais uma vez estou sozinho, em um escuro sem crepúsculos, em pleno fumê da noite.
E o maior medo e não me sentir lembrado, é ser esquecido, as vezes sinto esse medo real, e me sufoca, aterroriza minha mente e desestabiliza o meu ser"
- Pedro Furtado
ESTRANHO
É estranho, que depois do sono.
Vem o sonho, que desperta meu olhar, escuro.
Deitado na trincheira ou acuado atrás do muro.
Murmuro num som rouco, quase mudo.
E permaneço inerte, até o sol invadir meu mundo.
Imundo, caminho entre tristezas, entre lagrimas, entre cores e dores.
Alegrias, alegorias que derrubam meus olhos, na submissão ao concreto.
Que piso que me cerca que me atropela, na contramão do que dizem ser o certo.
Me arrasto entre Deuses e crenças, mas na superstição do desconhecido, peço sua benção.
No sol que se despede, sacio a minha fome, e logo assim como o brilho do dia ela some.
Arrasto-me de volta ao esconderijo, onde uma alma quase penada se sente aprisionada.
Uma vida perdida, um ser aflito, que perde o controle, mas engole seu grito.
E para as curvas cegas da escuridão, agora dirijo...
Fiquei perdido entre o barulho e o tremelique ao meu redor, fechei os olhos e imaginei um novo mundo. Sonhei.
