Tiro no Escuro
Nesse quarto escuro existe um menino assustado, ele é sozinho e teme que o mundo encontre o seu cantinho... Me entrega ele pra cuidar, eu sei guardar segredo eu sei amar... não conto pra ninguém que esse menino é alguém de barba e gravata e que esse quarto escuro é sua ALMA!
Tem dias que é preciso a solidão de um quarto escuro, o silêncio das palavras o aquietar da multidão - é preciso olhar para dentro estabelecer um dialogo consigo mesmo, se refazer dos machucados da vida.
QUEM
Quem projetou esta manhã, quem rebuscou,
Do escuro que se perpetuava, suas entranhas,
Quem criou esta manhã, a todos determinou,
Seus nomes, e que se a chamem estranha.
Os arroubos de alegria e gestos entre os homens,
Se faz exato, pela beleza, de costume esperada,
E o que se vê, um plasma apartado de sua cor,
Um gesto de quem procedente, foi malogrado,
E não trouxe ao espelho a ver o que se afigurava.
Uma manhã por certo, destoa, do ocaso barrento,
Se aproxima mais, no entanto não é fim, uma farra,
Que só quem dela exauriu-se teve este tormento.
Quem concebeu esta manhã, o fez por ver,
Dos seus olhos opacos a visão mais distorcida,
Do que pede o homem, clemente, a viver,
E estampou-se o tempo errado já no seu começo.
Beijar sem antes olhar fundo é como comprar no escuro. É um beijo roubado. Beijar com a luz apagada, então, é um assalto. Beijar de olhos fechados só tem sentido se antes houver o espelhamento das retinas. Encarar antes e depois de um beijo é um prazer tão grande, que pode vir a ser melhor que o próprio beijo.
Nas minhas lembranças mais profundas me encontro com você, quando tudo já é escuro, e minha consciência já está perto de se retirar de cena, para o mundo dos sonhos, onde te encontro todas as noites, e mesmo que em pequenos instantes com você, me sinto feliz novamente, por ter só mais pouco de você todas as noites.
O Sol no horizonte,
Um destino mais escuro,
Um lugar muito mais distante,
Da guerra um lugar frio,
O soldado mais forte,
A beleza da rainha,
O improviso do acaso,
São dois passos alem do mar,
Sua vida inteira perdida,
Sua escolha entre o odioar,
E sua vontade de perdoar,
Uma estrada infinita,
Em varios caminhos opostos,
Todos com o mesmo final.
Sentada a mesa; sozinha no escuro
escrevendo um poema; pensando na vida
sonhando acordada; sofrendo calada
caneta na mão; mente vazia
versos perdidos; trechos sinceros
pequenas estrofes; rimas externas.
Menina carente, de sorriso amarelo
vestido florido e coração singelo.
Ao mar
No escuro do oceano rodeado por minhas preces jamais alcançadas, começo minha avessidade a vida. Como cactos no deserto que no fundo guardam água, remédio para quem tem sede. Se fossemos menos complexos, talvez tivéssemos conseguido flutuar, mas não. Minhas mãos estão sujas de tanto cavar por um mistério subtendido. Teu corpo nunca foi tão leve como desenhei. Eu não sei dançar, como te ensinei.
Quis pregar qualquer flor no seu cabelo, correr em qualquer lugar aberto. Cortar a alma. Quis, desesperadamente, catar toda essa sujeira guardada no baú da memória, curar toda essa dor, amarrar ao teu rosto o lírio que sempre fui. Mas minhas palavras sempre foram frívolas e nunca tocaram ninguém. Nada em mim conseguiu arrebentar o coração, esquartejar a pele, fazer sangrar o espirito. Não consegui jamais tocar teus olhos e enche-los de estrelas. Pegar teu coração sem máscaras e porquês. Mas quis, entretanto, roubar o avesso, o escuro, o medonho, a ferida aberta que a gente insiste em esconder.
Meus olhos foram capazes de enxergar teus buracos, teus cacos, tuas inspirações dolorosas. Mas não fui capaz de curar, porque a doente sou eu, com os pés sangrando, em um caminho tortuoso, em teus braços tão amenos. A cura que um dia esteve tão perto, hoje se poem distante, quase imperceptível. Só pra mostrar que mesmo ferida sei tentar. Sei abrir teu sorriso e te olhar como joia rara, única. Agora não mais importa, quem muito retém a mudança, nunca consegue o novo dos teus olhos, o abrigo destruído em que vivo.
O mar ainda continua de pé, com sua orquestra sinfônica que traz sempre o som da imaculada dor, do choro violento de todas as sereias que esperam por um amor. Então fecho os olhos, as luzes estão apagadas, consigo imaginar teus cabelos lisos, como folhas de um orvalho qualquer e sentir o cheiro de pitanga. Consigo me ver ao desalento de um adeus, de uma pergunta sem resposta e me encontrar novamente no oceano rodeado por minhas petições, entregas, sujeiras, lágrimas de sal... e me meter no meio d'água como mais uma onda contrária, carregando a fé contra a maré maligna que nada mais quer do que minha alma afogar. Sem pesos, nem roubos a mais, me desculpo mais uma vez por ter abotoado a sua camisa e lhe deixado suspirar no meu ouvido toda aquela história de esperança. Hoje nada seria como é.
A ti, meus trovões de poesia, ao mar, meu ego, minha alma.
A vida doce de felicidade me deixou perdido em um canto escuro, me escondeu do mundo... O brilho do sol não vejo mais...
Um dia tu verás... Em um dia saberás... Que a amor plantado por mim nasceu... Escolhas feitas, sorrisos deixados... O que era certo se tornou menos certo e em mim se perdeu... Passei a ver o mundo, andarilho surdo e mudo... Em busca apenas de gritar e ouvir a sua voz... Morcego viajante, já não sou tão escarlate, o brilho do sol não me revelará jamais... Se precisares de mim... Já não busque mais... Sou a cinza pintada nos dias de chuva.. Esquecido, perdido, simples e escuro... Componho as lágrimas de um falso palhaço infeliz ...
A imensidão do escuro
O farol de carros ao longe
O choro do quero quero
O coaxar dos sapos
O grasnar dos gansos
O latido dos cães
Mas o que mais gosto
É ouvir o trinco da porta
Porque sei que alguém está chegando
Para me fazer companhia..
Um poço escuro e sem fundo. Lamentações, lágrimas, saudades, frustações, perdas, mentiras, fracassos, vícios, timidez, inibições. Sensações e sentimentos ardendo em chama e que insiste em apagar quando sooa um vento gelado, que esconde e ecooa tudo que ainda grito e guardo dentro de mim.
PENSO
Prá mim falar é encostar os olhos
E esquecer e durar o tempo do escuro
Mas ninguém pode fazer no tempo
A escuridão, porque a claridade
Se persiste o dia
Ela dissimula os lados de entrar.
E os enigmas da coexistência com coisas adversas
Não são relevados nem na sombra nem na clareza
Cabe na imaginação a pressuposição
E concluo por pensar na anti luz.
No reflexo dos preferidos por mim, os próprios olhos
E não consigo pensar em nada.
Porque a luz são adequados os pensamentos.
E deslembrar é uma claridade que nos distrai
O sol se presta no escuro a atrapalhar visões
As inferências a que podia se chegar.
A sol a cada dia se desengana, como eu
Por não saber do que fazer
E isto é comum nos dias de claridade.
Luzes se adéquam à noite
E penso e esqueço no mesmo tempo
Da intensa máxima verdadeira.
A luz não refaz verdadeira aquilo
Que distinguimos muito bem na noite.
REGREDIU
Onze da noite, tudo escuro.
Pensamentos fluem com constância.
Consigo inalar o ar mais puro
Me vejo pensando na infância.
Não fui egoísta
Pensei no geral
Sobre como era vista
E seu declínio [a]normal.
Observando com calma
Vem muita coisa na mente
Lembro-me das brincadeiras
E do jeito puro, inocente.
Em tempos remotos
Vivíamos um sub-mundo
Tanto que nem existem fotos
Está tudo na cabeça, bem lá no fundo.
Não havia apego ao material
Nada de computador ou celular.
Brincávamos, quase sempre no meu quintal,
Que era arejado e ampliava o magnífico luar.
O cenário era uma pequena vila
"Vila Sol Nascente"
Onde a vida era tranquila
E só morava boa gente.
Fora da minha casa
Tínhamos um quartel general
Cheio de frutas e animais,
Era o misterioso Horto Florestal.
Meu canto era aquele ali
Naquele mato escuro
Onde, de verdade, vivi
Subindo em árvores e caindo de maduro.
Era o lugar pra onde fugia
Onde tirava manga, laranja, mamão.
Corria do vigia.
Brincava de polícia e ladrão.
E isso é só uma parte
De uma época fenomenal.
Em que podíamos estar em Marte
E, em um piscar de olhos, ir ao Nepal.
Era perfeito!
Mas, chegou uma tal de evolução
A quem dou o nome de retrocesso.
E tudo aquilo que era feito a mão
Passou a ser, por uma máquina, impresso.
Inocência virou maldade
O claro virou obscuro.
O horto, uma raridade,
Foi cercado por um grande muro.
O rio, de tão poluído, secou.
Perdeu toda sua essência, sua beleza.
O verde acabou.
Uma enorme agressão à bela natureza!
Foi uma enorme destruição,
Aquilo que o próprio homem fez.
Hoje, esbanjando diversão,
Somente duas crianças, talvez três.
As ruas, já asfaltadas,
Foram tomadas pela violência
E por pessoas, coitadas,
Sem um pingo de inteligência.
Era perfeito!
Hoje, não é mais.
E assim, desse jeito,
Todos buscam por paz.
Eu, mero pensador,
Continuo escrevendo
Falando dessa minha dor.
Desse retrocesso que eu estou vendo.
Peço que tudo volte a ser como era
Que acabe toda essa tristeza
Peço que a maldita fera.
Volte a ser princesa.
Lamento pelas novas crianças
Que se divertem com moderação.
mas, ainda guardo esperanças.
De que elas saiam dessa ilusão.
Chamada, erroneamente, de evolução.
No escuro e ao vazio da noite, durmo com a janela aberta que é pra você entrar, me abraçar, e, por fim, me beijar. Não consigo dormir. Levanto, pego um caderno para anotar com a força de quem mais uma vez quer estar, abraçar, beijar. Erro! Faço um novo rascunho daquilo já não pode mais ser dito, pois agora, tudo que posso é lembrar, aos olhos fechados, mais uma vez sentir, sonhar. Se hoje escrevo, é porque o meu coração permite, nesse breve e errante rascunho, de novo sentir a tua falta e desejar, para sempre, me amar. Sei que de mim nunca partiu e jamais o fará, pois também sei que a sua maior vontade para sempre será: me amar. Te deixo ir; ao voo tornar, com a certeza de que outrora, mais uma noite, irá voltar.
Com todo o meu amor, daqui para a eternidade, papai. 09/03/2012
Que jogo estrando: a pedra anda em caminho escuro e vai pegando outras pedras desprotegidas... Mas no final vira dama!
Mesmo sem querer você me apaga fazendo que somente te assista no escuro sem pistas e sem armas para lutar nessa guerra;
Não quero entregar o meu coração antes que eu tenha minha redenção;
Sei que devo me esquivar antes que eu mergulhe em água e sal vendo minha casa desmoronar;