Textos sobre Jovens Carlos Drummond
Cinzas
Talvez o verão tenha queimado os frutos.
As mãos, ressequidas, apenas recolhem restos.
Cinzas, ardores, ossos.
Havia ali,
não se lembra?,
um rumor de desejo,
que nenhuma palavra salva:
todo poema é póstumo.
Botei a boca no mundo,
não gostei do sabor. Ostras e versos
se retraem
ao toque ácido das coisas tardias.
Na sombra insone do meu quarto,
o vazio vigia, na espreita do que não há:
por aqui passaram
pássaros que não pousaram. Fui traído
por ciganas, arlequins e cataclismos.
De nada me valeram
guardar relâmpagos no bolso,
agarrar nas águas as garrafas náufragas.
Linha de fundo
Assim meio jogado pra escanteio,
volto ao poema, este local do crime.
Mas é o desprezo que melhor exprime
aquilo que no verso eu trapaceio.
Se pouco do que digo me redime,
cópia pirata de um desejo alheio,
revelo a ti, leitor, o que eu anseio:
um abutre no cadáver do sublime.
A matéria é talvez muito indigesta,
me obriga a convocar um mutirão
para acabar com toda aquela festa
de pétalas e plumas de plantão.
Memória derrubada pelo vento,
quero aqui só lembrar o esquecimento.
Autorretrato
A Flávia Ampan
Um poeta nunca sabe
onde sua voz termina,
se é dele de fato a voz
que no seu nome se assina.
Nem sabe se a vida alheia
é seu pasto de rapina,
ou se o outro é que lhe invade,
numa voragem assassina.
Nenhum poeta conhece
esse motor que maquina
a explosão da coisa escrita
contra a crosta da rotina.
Entender inteiro o poeta
é bem malsinada sina:
quando o supomos em cena,
já vai sumindo na esquina,
entrando na contramão
do que o bom senso lhe ensina.
Por sob a zona da sombra,
navega em meio à neblina.
Sabe que nasce do escuro
a poesia que o ilumina.
"DE CHUMBO ERAM SOMENTE DEZ SOLDADOS"
A José Maurício Gomes de Almeida
De chumbo eram somente dez soldados,
plantados entre a Pérsia e o sono fundo,
e com certeza o espaço dessa mesa
era maior que o diâmetro do mundo.
Aconchego de montanhas matutinas
com degraus desenhados pelo vento,
mas na lisa planície da alegria
corre o rio feroz do esquecimento.
Meninos e manhas, densas lembranças
que o tempo contamina até o osso,
fazendo da memória um balde cego
vazando no negrume do meu poço.
Pouco a pouco vão sendo derrubados
as manhãs, os meninos e os soldados.
Linguagens
Notei que o vôo negro da hipálage
não tinha o mel dos lábios da metáfora,
e mais notara, se não fora a enálage,
e mais voara, se não fosse a anáfora.
Chorei dois oceanos de hipérbole,
duas velas cortaram a metonímia.
O pé da catacrese já marchava
no compasso toante dessa rima.
Verteu prantos a anímica floresta,
mas entramos dentro do pleonasmo,
‘stamos em pleno oceano da aférese...
Vai-se um expletivo, outro e outro mais...
Os poetas somos muito silépticos;
os poemas, elípticos demais.
"Estou ali..."
Estou ali, quem sabe eu seja apenas
a foto de um garoto que morreu.
No espaço entre o sorriso e o sapato
há um corpo que bem pode ser o meu.
Ou talvez seja eu o seu espelho,
e olhar reflete em mim algum passado:
o cheiro das goiabas na fruteira,
o barulho das águas no telhado.
No retrato outra imagem se condensa:
percebo que apesar de quase gêmeos
nós dois somos somente a chama inútil
contra o escuro da noite que nos trai.
Das mãos dele eu recolho o que me resta.
Chamo-lhe de menino. E é meu pai.
Concorde com Freud
Matou o analista e foi a Miami.
Na fuga, levou a reboque
a série inglesa de Hitchcock.
Damas ocultas em jardim sem medo
se ofereciam em zoom
para levá-lo a lugar nenhum.
Comparado a seu rosto, dir-se-ia negro
qualquer giz; tal qual surge, intenso,
um osso, no raio-x.
Indagado na fila do passaporte,
declarou que só trazia
na mala a morte.
A tudo respondeu solene e quieto
com minúcias tediosas
de um hemograma completo.
Da mãe herdara um trono abandonado,
escondido numa esquina da infância
e no calibre três-oitão recuperado.
Queria entrar no Reino da Fantasia,
saudar Minnie, Pateta, Alice e a Madrasta,
e com o mel do amor e o mal da teimosia
suplicou à polícia a dádiva de um dia.
Voltou algemado, em classe econômica,
sendo também proibido
de ligar até um fone de ouvido.
Desejou marcar nova sessão,
mas no Paraíso não se dá plantão.
Caju, Catumbi, João Batista,
num deles mora hoje o analista.
Órfão pela terceira vez,
passa o dia jogando damas
na cela do xadrez. Viver, agora,
quando tantos dissecaram sua história,
lhe parece bem mais fácil:
ele, sem qualquer ajuda,
conseguiu escrever o posfácio.
Arte
Poemas são palavras e presságios,
pardais perdidos sem direito a ninho.
Poemas casam nuvens e favelas
e se escondem depois no próprio umbigo.
Poemas são tilápias e besouros,
ar e água à beira de anzóis e riscos.
São begônias e petúnias,
isopor ou mármore nas colunas,
rosas decepadas pelas hélices
de vôos amarrados ao chão.
Cinza do que foi orvalho,
poema é carta fora do baralho,
milharal pegando fogo
pelo berro do espantalho.
Caso Raro: A Felicidade Batendo na Porta 3 Vezes
Sim, a felicidade bateu na minha porta três vezes, eu não esperava, minha irmã (Lucielle) veio com uma encomenda entregue pelo Correio. Nessa encomenda eu li o nome do mestre da Academia Brasileira de Letras, Antonio Carlos Secchin, logo veio a felicidade, porque eu sabia que ganhei mais um livro, a curiosidade foi imensa em abrir a encomenda e saber qual livro se encontrava por dentro.
Respirei fundo, e feito uma criança fui abrindo e pensou que não mais uma felicidade, ganhei um grande presente, quase caí no chão, só faltou as lágrimas caírem da minha face de felicidade, eu vi primeiro uma imagem, de uma das maiores atrizes brasileira, a Fernanda Montenegro. Gritei, de felicidade duas vezes, ao receber a encomenda e ao abrir a encomenda, ganhei o livro "Prólogo, ato, epílogo" (memorias), autografado pela Fernanda Montenegro (eita, a felicidade não bateu na minha porta três vezes, bateu 4 vezes, mas foi o que veio em minha mente, agora pela noite, nesse dia 13 de novembro de 2019).
A felicidade bateu na minha porta outra vez, porque também contagiou a minha mãe (Lúcia) e ela falou, que gosta de me vê assim, feliz feito uma criança, falando coisas boas, falando em gratidão.
A felicidade bateu na minha porta 3 vezes e um pouco mais.
***
O Desespero botou a cara na rua
E estava tão feliz, pois matou a saudade
Do Medo e da Fome de quem tem
Sob os aplausos dos ditos “cidadãos de bem”.
E foi tanto brado e tanta festança
Do coro civil puxado pela D. Ignorância
Que afugentou personas non gratas
Como a Empatia, a Educação e a Tolerância.
Cérebro e mão: o que se sabe deve servir para o que se faz – partindo desta premissa pessoal, existem vários motivos pelos quais os cães, mesmo conhecidos como “o melhor amigo do homem”, não sejam capazes de “administrar” uma casa, ou qualquer outra coisa, mas apenas sejam a “guarda” e a alegria de seus donos.
Eu acredito que até os cães têm alma e sentimentos. Cães têm sua serventia, são condicionados por “voz de comendo” (“deita”, “rola”, “pega”, “junto...”), mas basta dizer: "xiii gato!", para estes ficarem alertas, descontrolados, rondando o perímetro para expulsar ostensivamente o seu "desafeto natural”, mesmo que o felino não esteja lá. A outro tipo basta dizer: "olha o comunista!" para estes outros perderem a compostura, mesmo que seu “inimigo natural” não represente qualquer ameaça. No entanto existem cães que, dependendo de seu dono ou adestrador, sabem se comportar e às vezes são engraçados. Repito, os cães são leiais aos seus donos, mas aos estranhos não. Agora… Imagina um cão desajustado administrando um país.
Quando chega o 12 de junho, só me vem uma lembrança na minha mente, o ano era 2016. E essa data me marcou, foi onde pela primeira vez eu senti um amor de verdade e soube o verdadeiro significado da data. A distância não impediu vc de ir ao meu encontro, em uma cidade diferente da nossa, pouco mais de 150 km rsrs, eu lá pra fazer prova, e vc procurou um jeito de me surpreender! era como o mundo não existisse, e todos os obstáculos que nos separava ficou pequeno diante do nosso amor. Aquele almoço, em um pequeno restaurante de Serra, nos chegando de mãos dadas, em um ambiente de gente estranha, e ninguém poderia imaginar o problemas que nós carregávamos.
Nada impediu de nos amar, aproveitamos aquele dia intensamente. Ficou e vai ficar marcado enquanto existir.
Para
Nome fictício “Carlos”
σοφία - Sabedoria o redirecionamento de Sábio
"sophia" , é o que detém o "sábio" saiba,
em grego "sophos", é o acúmulo de dia
e a Nýchta conhecimento, acorde e veja
recorde alegre se, encoraje e seja sophia
vá, ore, demore, crie e compartilhe ensine
cante no tom, ande no linho, rico caminho
registre, recorde, boceje e seja um sonho.
O modelo de sociedade que estamos observando nesse alvorecer de questionamentos e discussões, segue em grande parte, o ideal em que, o princípio do ódio está no nível da ignorância pessoal. Em espécie, a “dissociação” acompanha o efeito, porque a causa é sistêmica e a favor de uma sociedade mais perigosa.
Carlos Alberto Blanc
A ascensão da esquerda demonstra que em matéria de Política Econômica, aprende-se que não há nada impossível, nenhuma promessa mirabolante, desde que seus representantes sejam hábeis em mentir. O aumento da projeção da inflação, o aumento de impostos e a escalada dos índices de criminalidade determinam o seu caráter social.
Carlos Alberto Blanc
A vida é um prato de macarronada. Talvez não tão curto quanto a duração de uma refeição ou quanto um passe de uma dança. Mas todos estamos numa panela sendo cozinhados pelo tempo, a chama inevitável que ferve a nossa vida efêmera.
Nascemos mole e o macarrão duro, endurecemos e o macarrão amolece. Depois murchamos e o macarrão se dissolve em um doce suco gástrico. Em seguida, unidos poderemos alimentar as donzelas e os lordes da terra – bactérias e fungos.
Enquanto viajamos dentro de uma panela fervendo até o nosso último suspiro, o que você faz para temperar a sua vida? Toma uma chinelada piá!
PRIMAVERA
"Enflora-se o arvoredo. É a Primavera.
Rosa rebentam álacres de flores
Bordam-se os vergéis e os arcos de hera;
E as andorinhas fazem seus amores.
Bandos de borboletas multicores
Passam no ar e o longo inverno passa...
Cantam as aves pelos arredores
E a natureza de festões se enlaça.
Desfaz-se o vôo da quadra fria e triste
E dos montes redobra alegre os flancos
A luz do Sol. Da neve nada existe.
Assim como esse inverno, bem quisera.
Também se fossem meus cabelos brancos
E voltasse-me a antiga Primavera."
Curitiba
2 de agosto de 1908
Se você fosse um livro, eu leria uma frase por dia, só pra demorar de ler, só pra não terminar você...
Rabiscaria os seus espaços de mim, me mudaria para os seus parágrafos, esconderia o seu ponto final… mas o meu egoísmo não seria por mal, pois a nossa história não teria mais fim.
E quando alguém me perguntasse por você, eu diria com imenso prazer; ainda não terminei de ler.
A liberdade é o jogo pelo qual você pode perder e tudo depende do quanto eles podem vencer. Todas as suas habilidades podem ser colocadas em xeque diante do que você está disposto a pagar. Não espere por justiça enquanto a lei estiver em plena formação de quadrilha, num país em que o Poder Judiciário está próximo do caos e dos criminosos sob o disfarce de Constituição.
Carlos Alberto Blanc
"Diga-me com quem andas e te direi quem és." Quem anda com porcos, farelo come. Evite ser visto com pessoas sinistras e de má reputação, para não sofrer as consequências de suas más famas e reputação. É melhor ser cuidadoso, manter um distanciamento prudente e não permitir que essas influências se aproximem de nós.
