Textos sobre Felicidade
Acho que todo mundo deveria ter um momento no dia
ou vários momentos ao dia em que ficasse sozinho.
Com um livro,uma música ou com seus pensamentos apenas.
Sem ser incomodado,cobrado,apressado.
Um momento pra entrar em acordo consigo mesmo.
Pra fazer uma lista mesmo que mental do que quer pra sua vida.
E principalmente, do que não quer mais.
Que o sucesso seja nossa meta,mas que ela não nos faça esquecer de nossos princípios.
Que o dinheiro seja um meio de conseguirmos ter o melhor,mas que ele não compre nossa honra.
Que o próximo seja nossa companhia para chegar ao topo,mas que ele não seja feito de escada.
Que a vida nos dê o que merecemos mas que não esqueçamos que a verdadeira riqueza não se encontra na terra.
"Bença" mãe, "bença" pai...Pai?
O que está acontecendo com os homens que são pais nos dias de hoje.
Vivemos em uma geração em que 90% são de mães solteiras.
E eu me pergunto onde tem escrito que ser pai é dá um trocado por mês, um trocado que muitas vezes não dá nem pra chegar até o quinto dia útil.
Cadê aqueles pais que levam os filhos na escola,que vão buscar,que ensinam a ler,que ensinam o que é certo e o que não é.
Será que quando deixa de amar a mãe acaba também o amor pelo filho?
Que amores são esses que só são expostos em redes sociais mas que o filho não chega nem a sentir que é amado?
Parem de fazer filhos se não sabem ser pais.
Sigam sozinhos,mas também não é muito diferente do fim que vão ter quando estiverem velhos e os filhos lhes derem a mesma atenção que vocês deram a eles a vida toda: Nenhuma,nesse caso.
Continuem plantando indiferença pra colher solidão logo mais a frente.
Aniversário de namoro, parabéns pelo quê?
Não é raro a gente ver vários casais comemorando mais um mês juntos.
E mais interessante do que essa marca histórica é o texto que segue de legenda na foto do casal.
São sempre tão taxativos quando falam: "Mais um mês juntos entre tapas e beijos" ou "Apesar de tudo estamos juntos mais um mês".
E eu me pergunto: quando fica claro que um relacionamento tem tantos chutes e pontapés há mesmo o que ser comemorado?
Não deveríamos comemorar quando estamos com alguém que nos proporciona um relacionamento estável e tranquilo.
Claro que é quase impossível viver sem brigar, mas, pra mim, perde o sentido quando mais se briga do que se ama.
As pessoas deveriam enxergar um relacionamento como chance de ter alguém pra complementar, cuidar, dividir a vida em acordo.
Esse lance de a gente briga, mas se ama é conversa de casal que não tem nada a ver e brigam pra tentar achar um caminho para uma relação que simplesmente não tem futuro.
Que as pessoas aprendam que quando se estar com alguém que traz paz e equilíbrio não precisa comemorar meses juntos como se tivessem vencido mais uma batalha.
Porque se comemora cada dia vivido do lado dessa pessoa sem precisar de frase de superação pra isso.
Acho humanamente impossível alguém se apaixonar por outra pessoa em um dia.
Não acredito nesses sentimentos instantâneos que posso facilmente comparar com miojo. 3 minutos e POW! está pronto pra ser servido a alguém.
As pessoas estão tão desesperadas que perderam a noção do que é realidade,ou desespero.
E saem por ai fazendo juras sem embasamento algum,para pessoas que não tiveram nem a chance de saber sequer qual a comida preferida.
Elas se despejam no outro esperando um retorno imediato, estão quase que desesperadas pra ter alguém sendo que não conseguem nem lidar consigo mesmas.
E depois saem por ai dizendo que merecem coisa melhor,e eu até concordo.
Merecem sim,o que todo mundo merece, que é uma injeção de amor próprio todos os dias,pra aprenderem a viver sozinhos,e só depois conviver com um outro.
Tenho certeza que tomando esse remédio mesmo que em doses homeopáticas iriam se poupar muito de ter o ego ferido mais na frente.
Ta cada dia mais insuportável conviver com essa
geração do " sou Playboy sou pegador " e do "Ele tem carro e é lindo"
As pessoas deixaram de ser pessoas e viraram coisas.
Viraram Reis do camarote,Gata do tapete vermelho.
E parece que eles se multiplicam como coelhos.
Ta difícil encontrar alguém que saiba conversar, que tenha assunto,alguém que seja mais interessante do que meu smartphone.
Redes sociais se transformaram em mulheres balançando a bunda,e em homens mostrando os bíceps.
Difícil é encontrar uma frase postada que não tenha um erro gramatical.
Eles estão exercitando todas as partes do corpo.
E atrofiando o cérebro.
impossível é encontrar uma lixeira que caiba toda essa geração estragada.
Pena dos homens que separam as mulheres em "Pra casar" e "Pra ficar".
Pobre coitados que na maioria das vezes aquelas que eles encaixam no grupo de pra ficar talvez fossem mais mulheres do que as chamadas pra casar.
Talvez sejam elas que vão ficar do lado deles na hora da doença, na hora que o carro quebrar,que a coisa ficar preta.
Enquanto as do "Pra casar"talvez não consigam nem segurar o peso de um relacionamento.
Talvez aquela menina só esteja na balada com aquele vestido curto,com o salto alto e a boca vermelha tentando relaxar do estresse que a semana de trabalho,faculdade e família causou.
Estar ali e daquele jeito não tira o valor que ela tem.
Como talvez aquela de vestido longo com cara de "moça direita " só esteja ocultando o que tem dentro dela,por medo ou até vergonha de ser quem ela sabe que ela é.
Existem mulheres incríveis na balada sim.
E você pode perder a chance de conhecer uma delas por julgar aparência demais.
Talvez eu goste mesmo de sofrer.
Mesmo esgotando todas as suas chances eu ainda insisto em
tentar outra vez,te querer um pouco mais como se um pouco nao fosse o suficiente pra eu notar que a gente nunca vai da certo.
Eu acabo sempre ficando,pra ouvir da sua boca qualquer silaba sequer que me faca acreditar que você quer outra chance.
E mesmo quando voce nao me pede eu dou.
Nao que você mereça,mas eu nao vejo outra alternativa a nao
ser te aceitar de volta.
Eu só queria que você soubesse que eu só desisti porque não aguentava mais,não aguentava tanta indiferença,tantas mensagens não respondidas,telefonemas desligados na cara...
Desistir foi a melhor de todas as decisões que já tomei na minha vida,mas lembrando eu DESISTI de VOCÊ,e agora sim to INSISTINDO em mim!Na minha felicidade,na minha vida que abri mão por tua causa…Ahh se eu pudesse voltar atrás,não teria deixado de viver a minha vida pra viver a tua,não teria entrado nesse barco, que mesmo afundando consegui sair intacta,a final,eu ja estava cansada de remar sozinha...
Eu te esperaria…
Se voce demonstrasse que eu sou quem voce realmente quer pra sua vida.
Se voce me convencesse que isso ai que voce diz que sente e amor.
Se voce encarasse os problemas que vao aparecer comigo.
Se eu sentisse verdade em tudo que voce me diz.
Se voce soubesse a diferença entre sentir,dizer,e demonstrar.
Eu te esperaria,se valesse a pena.Mas sei que nao vale.
É noite,quando escuto o barulho do meu celular anunciando que chegou um e-mail.
Pensei que talvez fosse alguma amiga me contando alguma novidade,alguma loja me avisando da promoção ou qualquer coisa do tipo.
Mas não,nenhuma das opções estava correta.Li o nome,era o DELE!,e o assunto do e-mail dizia : SAUDADES.
Senti meu corpo inteiro gelar,dos pés,até a ponta mais dupla do meu cabelo.
Não era possível,só poderia ser engano,ele não me mandaria nada depois de tanto tempo do nosso fim.
Ele que nem sequer me explicou o motivo de ter me deixado,só seguiu a vida,e esqueceu de me avisar que era pra eu seguir a minha…não,tudo de novo não.
Enfim,abri,e não acreditei quando li.
Era ele!Entre tantas coisas que estavam escritas,eu só consigo
prestar atenção na ultima linha,quando ele escreve um EU TE AMO.
E eu,que raramente acredito nessas declarações de amor,
tenho certeza daquilo que ali esta escrito.Mas agora não há muito
o que se fazer…Só seguir.Mas seguir sabendo que tem tanto em mim nele me faz pensar num reencontro,mais na frente quem sabe?
Não respondi.Eu não podia passar por cima do meu orgulho,
ta,eu não tenho orgulho,morri de vontade de escrever um : EU TAMBÉM TE AMO. Mas não…Isso,ele não precisa saber.
Você agora deita em outra cama,prova de outros beijos,abraça outro corpo.
Mas sei que ainda lembra das nossas risadas,das noites regadas a músicas, vinhos e planos.
Também Sei que sente falta da minha cabeça deitada no teu peito,do meu cheiro,do meu jeito de te fazer rir.
E convenhamos,a gente sabe que na verdade você ainda é meu,
Mesmo estando com outra.
Não chega me mandando mensagens de madrugada,não quero mais jogar esse teu jogo sujo.
Só me procura pra saber se ainda mexe comigo,pouco se importando com o que eu sinto de verdade.
Não vem me falar da tua solidão,do teu relacionamento desgastado,nem nada do tipo.Você fez a sua escolha,e não fui eu.Pois bem,pague o preço da sua imaturidade,banque suas escolhas,e me deixe em paz.Ao contrário de você, eu prefiro estar só do que mal acompanhada e me Banco sozinha,não preciso de ninguém na minha vida pra tapar buraco,por que ser sozinha é solitário demais.
Bordoadas na vida
de equívocos presentes
atitudes iludistas
esperando ingenuamente
Tentando
insistindo
tanto, tanto
coexistindo
Olhos lacrimados
não enganavam mais ninguém
coração solitário
recordando um passado outrem
Palavras fáceis
conquistaram a carência
gestos irrefutáveis
admirável eloquência
O que foi real
onde se escondeu a integridade
mentir é tão bestial
de extrema inutilidade
Mas nessas linhas retas
a unica torta foi você
vou seguindo sem indiretas
pois sei que essas agridoces palavras
irá enfim entender
Presente, passado e futuro
O amanhã sempre será o ontem. Futuro, presente e passado são pontos de uma mesma estrada. O novo dá medo, mas encanta. O presente é confortável, mas é previsível. O passado dá saudade, mas se foi. O que altera esta relação ou não é quanto inquietos nos sentimos na busca do futuro. O novo no presente seria possível? No passado com certeza não, pois ficou para trás e se for alçado ao tempo presente não o será como era antes.
Assim a vida pode ser como nadar em um rio ou em um lago. No lago a mudança impõe que se troque o lago, no rio a mudança é frequente apesar de se nadar no mesmo lugar. Lago ou rio nada tem haver com a persona emocional, mas com escolhas racionais que fazemos.
Seja qual for, terá que haver esforço.
O medo é o refugio daqueles que andam na escuridão.
A dúvida é o produto reativo ao se deparar com o desconhecido ou inesperado.
E o perigo, ele é real, é palpável, mensurável... ele não é algo que se deva enfrentar, não é medo, nem falta de coragem.
Sobreviventes são aqueles que enfrentam seus medos, eliminam suas dúvidas e reconhecem o perigo.
Ah o tempo, tempo, tempo....
O tempo traz os maiores sentimentos que uma pessoa pode ter! Traz raiva, traz revolta, traz a verdadeira história, traz amor, traz de tudo um pouco!
Depois de um tempo, a mentira é descoberta.
Depois de um tempo, verás realmente a pessoa pela qual escolhemos para estar em nosso lado.
Depois de um tempo, um amigo te abandonará.
Depois de um tempo, as rugas vem e veremos quem realmente estará em nosso lado.
Depois de um tempo, a doença chega e veremos quem nos dará o remédio na hora certa.
Depois de um tempo, morremos e veremos quem estará em nosso velório.
Enfim... Um dia nos perguntaremos: o que fizemos? E a resposta vira com o tempo!
Pego-me na alta da madrugada, pensamentos a mil,
e todos carregam seu nome.
Não sei o que acontece comigo,
Talvez eu carregue a ilusão em meu peito.
Ilusão de que algo possa vir acontecer.
Porque? Porque ser tola a tal ponto?
Pergunta a razão:
Menina, será que não passastes sofrimentos o suficientes?
Responde o coração:
Ela só quer uma chance de ser feliz.
Pergunta a razão novamente:
Mas, será que vocês não viram que não ia dar certo?
Responde o coração:
Ela sempre ouviu dizer que a esperança é a última que morre.
No final da história, a menina se encontra só, na alta da madrugada se perguntando porque? Porque, passar por tudo isso?
E nesse dilema, ela segue a vida.
Meus 15 anos!
Eu sempre me senti diferentes das outras garotas. Não mais bonita, nem mais feia, só diferente. Nunca gostei de maquiagem, quando usava me sentia o curinga personificado. Minha moda? Eu mesma criava o meu jeito de me vestir. Saltos? Nunca gostei, eu preferia All Star. Roupas com decote? Eu passava longe!
Eu estudava em uma escola de tempo integral - Escola Estadual de ensino integral Emanuel Rosa Sales. Meu tempo de escola não era diferente desses famosos clichês que passam nos filmes: "Garota bonita vs Garota feia".
Bruna, é uma daquelas garotas que todos os meninos são loucos para "pegar". Realmente linda e atraente, mas posso dizer que tinha muita beleza e pouco conteúdo. Eu era exatamente o oposto dela. Enquanto os garotos faziam fila para namora-la, eles também faziam fila para fugir de mim.
O meu primeiro e tão sonhado beijo, aconteceu com um garotinho da escola, que tinha por nome Pedro. Eu estava feliz, cheguei a pensar que ele e eu namoraríamos (quanta inocência)... Depois de alguns dias trocando beijos e acreditando que estávamos juntos, Pedro me deu um belo fora dizendo:
- Não posso mais ficar com você, meus amigos estão me zoando e falando que estou namorando uma garota que parece menino.
Eu chorei muito ao ouvir aquilo, eu tinha apenas 13 anos e não entendia porque insistiam em me rotular gay.
Comecei a perguntar a mim mesma se aquilo era resultado do modo como eu me vestia ou talvez o jeito masculino como eu andava (eu já tinha ouvido alguns colegas dizendo que eu não sabia rebolar e andava de um jeito masculino. Eu nunca imaginei que existia regras na forma de andar, onde diferia homens de mulheres.) Talvez a minha falta de feminilidade tenha contribuído em toda essa construção pejorativa que as pessoas tinham com a minha aparência.
Um dia almoçando sozinha na escola, sentou uma garota na minha mesa (de nome Nicole) para me fazer companhia. Isso raramente acontecia... Ela me tratou bem como há muito tempo não acontecia, disse que entendia tudo que eu estava vivendo pois também passou pelo mesmo ao se assumir.
Fiquei brava por ela ter agido como se eu também fosse lésbica. Levantei furiosa e fui embora pra minha sala deixando o almoço quase intacto na mesa. Sentei na minha cadeira e comecei a refletir que talvez aquela menina tenha sido a única que me tratou bem, não se importando com o que falavam sobre mim. E se eu tinha tanta raiva daqueles que me julgavam, porque logo eu iria julga-la? Voltei ao pátio e olhei em volta para encontra-la e fui até onde ela estava para me desculpar.
Ela desculpou-me e se tornou minha melhor amiga. Quando alguém zoava a gente nos chamando de lésbicas ela sabia exatamente como nos defender, até parecia que ela acostumou com aquilo ao ponto de ser mais forte e pouco a pouco ela me ensinava a ser forte também.
Depois de um tempo esse tal menino - o Pedro - começou a me zoar com os demais amigos... Me chamava de "Maria macho", "sapatão" e uma série de coisas desse gênero. Eu chorava e tinha vergonha de ir a escola. Eu implorava que minha mãe me tirasse de lá, mas ela inocentemente achando que era preguiça de estudar, não atendeu meu pedido. Eu comecei a rezar que a convivência na escola melhorasse, mas tudo só piorava, passei a ter medo de me aproximar das pessoas e chorava quase sempre que estava sozinha.
Eu comecei a cair em uma depressão enorme. Piorando eu morria de medo de falar para minha mãe o que estava acontecendo. Eu tinha medo que ela também achasse que eu era lésbica. (eu era só uma garota de 13 anos sentindo-se só).
Os boatos sobre minha sexualidade se espalharam e logo todos os alunos e alguns professores já estavam sabendo da história e tomando essa mentira como uma verdade absoluta. Eu me afundava a cada dia em uma solidão absurda dentro de mim. E sempre quando me viam chorando nos cantos da escola, afirmavam que era vitimismo para chamar atenção.
Tentei me afastar da Nicole para diminuir os boatos, mas sem ela a escola era ainda mais difícil de suportar. Nossa amizade só crescia e os boatos de que estávamos namorando se espalhou pela escola.
Em uma manhã de quarta-feira fui ao colégio, mas não tive coragem de entrar na sala de aula. Eu tive fobia/medo daquelas pessoas que se diziam meus colegas. Covardemente desisti de entrar na sala e segui de uniforme, livros e mochila até a saída para tentar ir embora da escola, mas infelizmente os portões já haviam sido fechados e eu em uma atitude desesperada para não entrar na sala, segui em destino ao banheiro do vestiário feminino. Fiquei lá por quase 4 horas sentada no chão do banheiro, por mais desconfortável que fosse, era melhor para mim que entrar na sala.
Na hora do intervalo um grupo de meninas da minha sala entraram no vestiário para retocar a maquiagem antes de irem almoçar. Ironicamente notei que o assunto da conversa era sobre mim. Elas falavam em alto e bom som, para que quem entrasse naquele banheiro pudesse ouvir que os diretores deveriam expulsar-me, pois pois era inaceitável um namoro lésbico na escola. Todas caiam na risada, pareciam contar a mais engraçada de todas as piadas.
Abri a porta do banheiro e com toda a raiva que eu estava sentindo, empurrei uma delas contra o banco do vestiário. Por ironia, era a Bruna. Mas meu ódio me cegou e não consegui parar de machuca-la, suas amigas tentaram separar a briga e chamar socorro, mas até lá eu já tinha feito um estrago no rosto dela.
Fui suspensa após isso e quando finalmente voltei à escola minha vida se tornou um inferno ainda pior. Bruna começou a espalhar boatos mentirosos sobre mim, afirmava aos quatro cantos da escola que me viu beijando uma garota e eu havia batido nela para que ela não falasse a verdade sobre mim.
E enquanto pessoas como a Bruna e o Pedro se voltaram contra mim, a Nicole se aproximava cada vez mais e me fortalecia.
O tempo foi passando e eu acabei me encantando por aquela garota. Me encantei por ela e não por ser uma menina. Acabei me apaixonando pela forma que ela me cuidava e me protegia do mundo. Eu não sei se nasci lésbica ou se me tornei devido as circunstâncias, mas até hoje não me arrependo.
Parei de me importar com o que as pessoas falavam sobre mim e passei a ter orgulho de quem eu era. Tomei coragem e me assumi para minha mãe que, graças à Deus, me aceitou bem. No início eu tinha receios de assumir até a mim mesma, mas depois que eu me aceitei vi que minha sexualidade não me fazia menos que as demais pessoas.
Fomos o primeiro casal lésbico da escola. Era algo novo e inusitado, após isso muitos outros casais gays começaram a assumir também.
Ao me assumir, uma porção de barreiras difíceis começou a surgir para que eu quebrasse. Eu era vítima de preconceito constantemente. Até daqueles que deveriam nos defender. Acabei sendo obrigada a mudar de escola após uma conversa de diretores com minha mãe. As pessoas não aceitavam e parecia que a minha sexualidade desmoralizava a todos.
Pessoas se afastaram e deixaram de ser meus amigos, no início não entendia o que estava acontecendo comigo. Eu era uma menina como todas as outras, a única coisa diferente era o que eu trazia no meu coração. Mas desde quando a minha forma de amar muda quem eu sou?
(...) ANOS PASSARAM
Deixei de ser a menina assombrada, para me tornar a mulher destemida. Concluí o ensino médio e iniciei a faculdade de Psicologia.
Um certo dia vindo da faculdade, encontrei uma garota desolada, com a cabeça baixa, sentada em um banco na rodoviária. A faculdade é em uma cidade vizinha, então fazia parte da minha rotina descer do ônibus na rodoviária e ficar na espera da minha mãe ir buscar-me.
Já era tarde e não tinha quase ninguém na rua, era por volta de quase onze e meia da madrugada. Me aproximei e quando a tal garota levantou a cabeça, vi que se tratava da Bruna. Nesse momento eu gelei, fiquei paralisada e sem ação.
Ela tentou ignorar a minha presença, continuando sentada em um banco, tentando abafar o choro. Creio que se sentiu intimidada. Tentei me aproximar, porém eu estava com certa vergonha. No fundo eu sentia muita mágoa, raiva e desprezo ao lembrar de tudo que ela me causou anos atrás, mas ir embora e deixa-la para trás naquele estado me traria peso na consciência. Já era tarde e seria perigoso para qualquer garota ficar ali naquele horário sozinha. Insisti para que ela se abrisse e eu pudesse entender o motivo do choro. Mesmo com muito medo que ela me tratasse mal como tratou em todas as vezes que cruzamos.
De início ela me tratou mal e disse que eu estava tripudiando da tristeza dela. Ela implorou para que eu me afastasse, mas eu fui insistente. A verdade é que ela estava insegura, achando que eu estava ali para me engrandecer com sua dor.
Sentei ao seu lado no banco em que ela se encontrava e disse:
- Eu não quero te fazer mal, se o destino fez que a gente se encontrasse a essa hora, talvez fosse mesmo pra ser assim, do contrário, as forças superiores teriam enviado uma daqueles suas amigas do ensino médio. - Rimos juntas.
Ela começou a chorar e me abraçou, fortemente como se fosse um pedido de desculpa por ter durante tanto tempo me perseguido. Creio que a minha piadinha fora de hora sobre ensino médio tenha despertado tais lembranças nela.
Ela ainda presa no meu abraço, contou-me que acaba de ser expulsa de casa e o motivo era sua sexualidade. Eu fiquei surpresa. Puts! Sempre imaginei ela héterosexual e agora essa revelação, caramba me pegou realmente surpresa. Ela chorava mais que antes e me pedia desculpa por tudo que me causou e me abraçou ainda mais forte.
Quando minha mãe finalmente chegou para me apanhar da faculdade, eu expliquei toda a situação e pedi permissão para leva-la para dormir aquela noite em casa.
Minha mãe respondeu algo que me fez agradecer aos céus por ter a sorte de ter nascido daquela mulher:
- É claro que pode Lanny. Algumas vezes na vida, nós pais tememos tanto que nossos filhos sofra, que brigamos para que eles sigam um caminho que a nossos olhos seria menos doloroso. Talvez seus pais só esteja com medo de tudo que você vai enfrentar pela sua sexualidade. No início eu também agi assim, mas depois me preocupei em não der para minha filha um exemplo dessas pessoas que não se importam com com a felicidade. Nós as vezes buscamos tanto o melhor para nossos filhos e esquecemos que o melhor nem sempre é o caminho mais fácil e sim o caminho que mesmo difícil os fazem mais felizes. Eles vão te aceitar Bruna, é questão de tempo até que eles vejam a filha maravilhosa que você é.
Naquela noite e por mais alguns meses Bruna passou a dormir em minha casa. Esquecemos sobre o passado e firmamos uma amizade forte. Hoje somos quase como irmãs. Após alguns meses sentindo na pele o peso da rejeição e do preconceito ela foi finalmente aceita por seus pais e hoje é namorada de uma garota linda que costumo chamar de cunhada.
Não sei se dá pra tirar uma moral dessa história, mas se desse seria: O mundo gira e as pessoas que hoje você oprime, amanhã pode ser uma das poucas que vai te estender a mão quando precisares.
Repentinamente me vejo sendo outra vez aquela garota de quinze anos. Isso é tão assustador!
Me vi presa outra vez dentro de mim mesma, com medo de sair do quarto e viver. Parece tão louco me sentir assim. Eu sempre me achei/pensei ser tão segura de mim mesma.
Me sinto de mal com o espelho, quando fico diante dele vejo um reflexo errado de mim. Por mais louco que seja, ele mostra a imagem de uma garota de quinze anos chorando, mas eu sou uma mulher. Ele deve estar refletindo errado ou sera o reflexo da minha alma?
As pessoas me olham, mas sinto que são sempre olhares focados para as minhas "imperfeições" e nunca olhares de admiração. Eu já desisti de conhecer novas pessoas por vergonha da minha aparência, recusei alguns encontros por puro medo do que os outros pensariam de mim depois de me conhecerem a fundo.
Sei que muitas pessoas não entendem meus sentimentos, minhas escritas, minha palavras. Mas a confusão dessas palavras combinam com meu excesso de sentimentos confusos. Sou tão de mal comigo mesma que me recuso a pensar na ideia de alguém me ver com bons olhos... É como se fosse impossível na minha cabeça.
Cinco anos passaram e a garota de quinze anos ainda não morreu dentro de mim. Ela continua chorando e se sentindo abandonada nesse mundo onde só parece caber pessoas de boa forma e pouco conteúdo.
Gosto de pessoas que buscam despir não só meu corpo, mas minha alma também.
Já Não tem Nais.
Todos nós tivemos aquele dia em que nada deu certo.
Todos nós tivemos aquele dia em tudo saiu como planejamos.
Todos nós tivemos aquele dia que saímos sem planos.
Todos nós tivemos aquele dia desejando alguém por perto.
Todos nós tivemos aquele dia de esperança.
Todos nós tivemos aqueles dias de silêncio.
Todos nós tivemos aquele dia de criança.
Todos nós tivemos aqueles dias de lamento.
Todos nós tivemos aquele dia de luto.
Todos nós tivemos aquele dia de luta.
Todos nós tivemos aquele dia de tudo.
Todos nós tivemos aquele dia de lua.
Todos nós tivemos aquele dia de nós.
Todos nós tivemos aquele dia livre.
Todos nós tivemos aquele dia a sós.
Todos nós tivemos aquele dia triste.
Todos eles tiveram. Já não tem mais.
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