Textos sobre Felicidade
Se o sol surge hoje belo e radioso, fazendo esquecer a chuva de ontem,
também devemos viver o dia que nasce, esquecendo o que houve ontem,
procurando fazer que o amanhã seja sempre melhor do que ontem ou hoje,
e se estiver chovendo, vamos entender que a chuva também é necessária
para a vida, e pois sempre será um novo dia que começa, e nossa vida que
recomeça, e que seja com alegria na alma...
Ósculos e amplexos,
Marcial
CERTAMENTE A CADA DIA RENASCEMOS
Marcial Salaverry
Uma verdade que realmente é indesmentível, é aquela que afirma o fato de que, se existe algo que não comporta discussão, é que todo dia que nasce sempre será um novo dia, e que a cada dia que nasce, nós nascemos junto com ele, pois sempre será algo de novo em nossa vida, e como tal deve ser encarado e vivido, e como um autentico renascimento deve ser entendido. Tudo aquilo que passou ficou pra trás, é passado, e portanto precisamos renascer a cada dia, respirando aquele gostoso ar matinal, sempre revigorando nossa alma e nosso organismo, se bem que, quem mora em cidades com alto índice de poluição, devem respirar mais devagar, mas sempre tendo presente que logo cedo, a poluição ainda não conspurcou tudo, e portanto ainda se pode respirar.
A cada dia que começa devemos esquecer aquilo que fomos ontem, deixando pra trás eventuais acontecimentos desagradáveis, lembrando apenas do que nos deu prazer, e esta com certeza, é uma política interessante, pois convenhamos que relembrar desgraças, irá renovar dores. E nada melhor para renovar, do que viver novos prazeres. E se nada aconteceu de bom ontem, esqueça esse dia. E tente recomeçar da estaca zero, sempre para a frente, e assim, cada dia que começa pode ser considerado como o primeiro dia de nossa vida. Assim age a Natureza. Vejam que o sol desponta a cada dia, e se nuvens o encobrem aqui, ele brilhará ali. Mas quando as nuvens se dissiparem, ele ressurgirá com seu brilho. Consideremos essas nuvens, como os problemas que nos afligem. Quando se dissiparem, nosso sol interior brilhará novamente.
Vejam esta mensagem que nos foi deixada por Chico Xavier, nosso amigo e Mestre de sempre, e para todo o sempre:
"Quero que cada manhã, a alma desabroche do sono como a rosa do botão, e surja, como a aurora do oceano, ao sorriso dos teus lábios, ao gesto de tua mão.
Quero me engrinaldar para a festa renovada com que cada dia nos convida a desdobrar as asas como a águia em demanda do sol.
Quero crer, a cada nova aurora, que esta é a definitiva, a do encontro com a felicidade, a da permanência assegurada, a de teu sim definitivo. Chico Xavier"
Assimilando a grande verdade dessa mensagem, vemos que realmente podemos renascer a cada manhã, desde que assim o desejemos. Depende de nosso livre arbítrio, entregarmo-nos ao sofrimento, ou procurar superá-lo. Sejam quais forem os problemas, uma solução haverá, basta que a saibamos descobrir. Mas, dominados pelo desespero, nada conseguiremos, portanto, sempre procurar com bons pensamentos viver esse novo dia em clima de paz e amor, e principalmente, sabendo perdoar a quem eventualmente nos causou alguma dor, ou tentou faze-lo. O perdão é muito mais sábio e benéfico do que a vingança, e nossa alma agradecerá essa postura perante a vida...
Da mesma maneira, quando temos grande sucesso, não podemos nos deixar enlevar pela sorte favorável, sempre levando em conta que nada é eterno. Nem a dor, e tampouco a flor, aliás, existe um velho provérbio que define bem tudo: "Não há bem que sempre dure, e nem mal que nunca se acabe..."
A sabedoria popular sempre presente nos mostra que a cada dia que nasce, devemos nascer junto com ele. Ontem foi ontem, vivamos o hoje, pensando no amanhã...
E que melhor maneira de faze-lo, do que sempre procurando fazer de cada dia, UM LINDO DIA, que poderá ser renovado a cada amanhecer de nossa vida, lembrando que "o amor é da vida o amanhecer..."
Uma das trágicas coisas na natureza humana, é que todos nós adiamos viver o presente padecendo pelo passado irremediável ou criando um futuro inserto causando afobações constantes.
Enfatizamos um belo jardim ao horizonte, quando ao invés de desfrutar as belas rosas que florescem agora em nossas retinas…
As paixões são boas por natureza, só temos que evitá-las o seu mau uso em excessos.
A gente vive
Mas não é preciso viver
A gente nem nasceu porque quis
E se acaso quis nascer
Esqueceu-se do porquê
Ninguém precisa ser feliz
Desnecessário ser triste, ou coisa assim
E há de ser até o fim
Essa coisa sem sentido e torta
Muita coisa sem começo
E todas elas tem fim
Tudo fica no pretérido
Vegetação sem raiz
Sem ar e sem luz
Mas a gente vive
E mesmo se a gente voasse
A vida é sempre só aqui
Por mais lugares você fosse
A conclusão sempre fatal
As coisas são diferentes de longe
Mas de perto é tudo igual
Fatalmente
A gente não tem pra onde ir
Tudo isso quando se vive
Olhando pra fora da gente
Pode acontecer
De um dia finalmente olhar no espelho
E chegar à conclusão
Que o mundo que se procura
Nunca esteve ao lado da gente
Muito menos lá na frente
No espaço ou no passado
Eu sou a melhor pessoa
Eu sou o melhor lugar para estar
Todo o resto
É tempo perdido à toa
Pois eu sei quem sou e me conheço
Nesse momento eu começo
A gostar de mim
De um jeito que eu sei que mereço
Ainda não me lembro porque nasci
Também não sei se foi porque quis
Mas, já que estou aqui
Finalmente estou decidido
A viver
ser feliz.
Edson Ricardo Paiva.
Agora a gente pode
Pode rir e viver
Agora a gente pode ir
Agora você pode mostrar
Aquele sorriso pronto
Eu conto as horas, todo dia
Agora a gente pode contar pra todo mundo
Que não tem lugar nenhum onde ir
Agora a gente pode rir
Mas a vida fez tanta coisa da vida
Que embora podendo sorrir
A gente não ri, nem chora
Hoje, agora, chegou a hora
Finalmente, hoje é aquele grande dia
Que a gente tanto esperava
Num tempo em que podendo rir, não ria
Alegremos nós, aos nossos corações
Aquela linda oração foi ouvida
Hoje a gente sabe
O que a vida espera da gente
Justamente agora
Que não se espera mais nada da vida.
Edson Ricardo Paiva
A Arte de Viver.
Estrelas
No Céu da noite
Um fino véu azul
Ornamentando a luz do dia
A ultravioleta decanta em clorofila
Meus pés, sempre no chão
É que me dão
A firmeza de um voar
Sem rumo e nem medo
Inexplorado Universo invisível
Cintilando ao alcance dos dedos
Sem dar chance de ser percebido
Pelos cegos e surdos sentidos que vejo
Sentindo-se
Sabedores de tudo
Cumprindo o que estava escrito
Ases de paus, nos baralhos do mundo
Arcaicos retalhos de vida
A sua visão em mosaico faz lembrar
A lente suja e desfocada
Dum caleidoscópio de brinquedo
E eu me sinto sozinho no mundo
Enquanto a mente flutua em segredo
Meu olhar alcança a Lua
Sua luz refletida no chão
Eu vejo um pouco...bem pouco
Do muito que todo mundo pensa ver
...e não vê
Nem sequer imagina que existe
Atarefado e atarantado mundo,
Não pode dedicar-lhe
Sequer um ínfimo instante
O chão sob meus pés,
Muito acima do olhar
Firmamento infinito
Bonito é o momento
E eu o levo comigo
No abrigo do peito
Consciente e acordado
Pro fato que existo
Entre um Céu e uma Terra
A arte da vida ensinou
Em silêncio, a fazer parte
do conjunto das coisas
Que excedem, ultrapassam e existem
Aquilo tudo que em nenhum dia
Nem sequer sonhou em sonhar
As coisas que supõe saber
A vossa vã filosofia.
Edson Ricardo Paiva.
No dia em que a gente nasce
O tempo a viver é pouco
Entretanto a gente perde
Muito tempo sendo louco
Louco o suficiente
A ser cego e não perceber
Que o tempo a viver é pouco
E que nada na vida é da gente
Nem mesmo a gente
Somente a nossa vontade
Então, sinta a brisa morna
A beijar o teu rosto
Assim que esse dia termina
Nenhum dia na vida retorna
Veja o vidro do relógio
Envelhecer com as horas
A genuína verdade
Passa na nossa frente
E toda oportunidade
Que vai e não volta
Era verdadeira
O ponteiro sempre volta
Pois o tempo, na verdade
Passou pelo vidro
Ao levar-lhe o brilho
Assim são as coisas
Que a gente perde
Ouça o sino da velha igreja
Veja há quanto tempo ele badala
E mesmo assim você
Não saberia dizer
Sobre ser a mesma vibração
de cada badalada triste
A vida se cala, quando não se ouve
Na simplicidade, a verdade da vida
Embarcamos na viagem
Mas há muito nos esquecemos
da boa sensação
Que é olhar o trem sobre trilhos
Enquanto ainda na estação
Há muito eu não olho o brilho
das gotas de chuva bater no chão
É assim que o tempo trabalha
E é dessa maneira que perdemos
A batalha pela vida
Porquanto a vida não é batalha
É apenas vida
Veja, que enquanto crianças
A gente deseja crescer bem depressa
E nessa pressa em crescer
Se esquece de guardar um pouco
da criança que deixou de ser
Pra poder sê-la outro dia.
Mas nenhum dia na vida volta
O tempo, o vidro do relógio
O beijo morno da brisa
A imprecisão no badalar dos sinos
E quando menos se espera
Um dia o trem sai dos trilhos.
Edson Ricardo Paiva.
Quando vir que o dia começa
Não se apresse em declarar-se grato
Pelo simples fato de viver ainda
Os pássaros e as flores demonstram gratidão
Sendo parte integrante da natureza
E o fazem com simplicidade
Sem mostrar ou demonstrar
Nem pressa e nem gritaria
Observe o silêncio do vagalume
Na nuvem de tempestade
Que se agiganta e encobre a montanha
A outra montanha, de altura tamanha
Cujo viço leva o cume a sobrepor-se à chuva
O som das águas na voz do rio que canta
A sombra sob a árvore
Onde a abelha faz colmeia
E a aranha monta e desmonta
Sua linda e complicada teia
Atravessando a sua breve vida
Em divina serenidade
Permeando a nossa, enquanto isso
Compromissada em viver
Sem compromisso e nem nada
A verdade perene
Eternamente equilibrada
Pois as grandes obras
Mesmo despercebidas
Estarão sempre lá
Pra quem ainda quiser aprender
Que reconhecer a tudo isso é, sim
Agradecer a Deus
Guardando em paz o coração
Enxergar a palavra
No silêncio das coisas que Ele faz
Exortar gratidão
Buscar a ciência e a justiça
Ler nas entrelinhas
Das coisas que estão invisíveis
Apesar de simples e cristalinas
Deus trabalha humildemente
No pulsar da maior estrela
e na forma da formiga
Que recolhe a folha morta
Por isso, se o dia amanhecer
Agradeça a vida em atos
Veja que a resposta estava junta
Muito antes do advento das palavras
Pensamentos ou perguntas
Onde o vento somente as multiplica
E assim como o dia começa
Enfim, toda vida termina
Culminando quase sempre
Em súplica que descreve
E apesar de tudo isso
Aquilo que não se via
Sempre esteve
E estava lá todo dia.
Edson Ricardo Paiva.
Viver
Pode não ser
Algo que faça bem
Morrer
Pode ser que não seja
Algo que nos ameace
Nem tudo
Está sempre ao nosso alcance
Além da simples ilusão
Contudo
Simplesmente não me iludo
Com vida
esperança guardada
ou nada assim
Eu trago sempre escondido em mim
Um triste sorriso
de despedida
Pode ser
Que seja usado
ou não
Pode ser
que nem não chegue a dar
Aquele aperto de mão
que ninguém usa
Quando chega o fim da vida
Assim como chorei
No dia em que
de certa forma
desembarquei neste mundo
Adentrei a essa história
Inglória
e sem regras a ser seguidas
Ou a gente se entrega à ela
Senão não se entrega a nada
E pede a Deus
Perdão pelos grandes rasgos
e imensos estragos
Causados ao coração e à alma
Não existe nenhuma norma
Nem foi escrita
A forma mais bonita
de fazer ou desfazer
A aquilo que não fizemos
de fato
Talvez
O perfeito formato
Seja o ato
de somente sobreviver
e depois deixar escrito
Um simples relato
Mentiroso e bonito
a ser lembrado
Edson Ricardo Paiva.
Apenas
Coisas amenas
Pois, nem sempre tudo
Vale a pena de viver
Viver mesmo assim
Enquanto houver vida em mim
e ter alguma história bonita
Pra contar no fim
e se não houver pra quem contar
escrevê-la, mesmo assim
e sempre ter em mente
Que nem sempre a gente pode encontrar
quem as compreenda
Viver, somente viver
e jamais por preço em nada
e muito menos colocar
a alma à venda.
Edson Ricardo Paiva
Um dia finalmente
A gente vai poder viver
Sem precisar
fechar os olhos pra ver
A gente vai se olhar
E se enxergar
E nunca mais
Somente imaginar
A gente tenta pensar
Em um novo começo pra tudo
Sem ter que se preocupar
Onde termina aquela estrada
Vamos viver somente o momento
Sem pensar em nada
Pra cada dia seu sofrimento
Vamos seguir
O Movimento do vento
Frases sem crises
Poemas e não problemas
Poesias como garantia
Vida
Sem prazo de validade
Porém, por ora
A gente somente fecha os olhos
E tenta criar
Pra gente mesmo
Uma nova realidade
Que há de nascer amanhã
Juntamente com o Sol
Pouco antes
de eu nascer
Enviei a Deus
uma prece
que dizia
"Me salva, não quero viver"
Porém
Nem tudo pode ser feito
do jeito que a gente queria
Então que se faça
o melhor que a gente possa
pois a maior graça
Que existe em tudo isso
é saber que existe um compromisso
um trato bilateral
e mesmo
Que eu conseguisse
Fazer meu melhor
e realmente melhorasse
tudo ao meu redor
Nada faria sentido
Quando a resposta que vem
lá do outro
Não fosse infinitamente
Maior
e melhor
Edson Ricardo Paiva
Não tente viver antes da hora
Não queira morrer antes do tempo
Pra cada momento há o dia certo
Acerte
Sendo honesto consigo mesmo
Antes de tentar ser correto com Deus
E desista de abraçar o mundo
Seus braços não são tão longos
Porém eles são suficientes
Para abraçar todos aqueles
Que fazem parte do seu dia
A cada instante
Reconcilia-te com teu irmão
Antes de fazer a tua oferta
Oferece um pouco de você mesmo
A quem precisar da tua ajuda
É isso que muda o mundo
E é esse o melhor presente
Imagine
Que depois de todos os abraços
todos os braços juntos
Poderão, sim
Um dia abraçar o mundo
Edson Ricardo Paiva
Eu gosto
de coisas que não se descreve
Prefiro viver diferente
daquele jeito sem graça
Que tanta gente vive
Enquanto pensa
Que comprar e vender fumaça
Me faça crer que elas vivem
Eu gosto
De não precisar limpar
tanta fuligem
A cada dia que amanhece
Eu gosto
do que não se vê no rosto
Posto isso
Eu realmente gosto
Que haja algum compromisso
Mesmo quando dizem
Que não presto
E aposto
Que quando gosto
Existe um motivo divino
Meus olhos cansados
E minha alma de menino
Com o tempo aprenderam
Que quando se gosta
E não se vê no rosto
Pode procurar e ver
Que muito provavelmente
Vou gostar de todo o resto.
Edson Ricardo Paiva.
Como se não bastasse viver
Eu fui escolher amar
É como se não
Houvesse nenhuma escolha
As coisas do coração
Sempre rumam
Em direção àquilo
Que é belo e bonito
E estava escrito
Que ao cair da última folha
Todos os castelos de areia
Não prosperariam
A gente apenas não sabia
Que aquelas pequenas coisas
Que a gente tristemente vivia
Anos à fio
dia a dia
Coisas que pairavam no ar
Um jeito triste de viver
Aquele amar
Onde inexistia
Qualquer espécie de amor
Se transforma
Num cálice transbordante
Promessas esquecidas
Triste vida
E tudo se acaba
Em menos de instante
Como se não bastasse o amor
Eu fui escolher você
Eu escolhi um viver
Que não nos basta
E o vasto mundo a trilhar
Tendo ao lado
Um pote de alegria
Me falta escolher
Uma flor pra te dar
e depois te confessar
A falta que me faz
Ter talento pra escrever
Algo bonito
Estar de joelhos
Os olhos e o rosto vermelhos
A lhe dizer
Que não tema nunca mais a solidão
Então
Eu fiz somente um sigelo poema
Não é perfeito, mas agora está escrito
E tudo que nele foi dito
Eu fui buscar
No fundo do meu coração,
Edson Ricardo Paiva.
O cheiro de chuva com seus artifícios
Imagens de infância
Sinetes, avisos: é preciso viver
Como vivem as luzes assim
Luzindo nos aços
Você indo lá fora pra olhar
O lugar onde tantos olhares
Cederam a vez a espaços vazios
Que deixamos ficar sem abrigo
O inimigo imaginário
A força da imaginação
O ponteiro, o vento, o calendário
O céu, que não tinha esse azul
Não era assim
Chega a ser engraçado
Mas não era assim
Tantos passos
Se forçar a vista, dá pra ver o fim da estrada
O cheiro da chuva
Um meio sorriso
A primavera que não veio
É preciso viver
Como vivem as luzes
Mais nada.
Edson Ricardo Paiva.
Vou vivendo de sentir vontade
Vontade de viver e de cantar
Vontade de respirar
Enquanto o ar não me vem
Vontade de enfrentar meus medos
Pra nunca mais sentir medo de nada
Que não mereça ser temido
Vontade de amar alguém
Alguém que me ame também
Ao longo desta vida
Vou vivendo de sentir a vontade
e desejo de aplacar a minha ira
Nunca mais
Ouvir e nem contar mentira
Vontade de conhecer a verdade
Vontade de que o tempo
parasse pra mim
Enquanto eu ainda tenho esta idade
Vontade de saber voar
Voar pra algum lugar
Distante no espaço e no tempo
Nunca mais assinar nenhum contrato
E mesmo assim
Confiar em todos os laços
Sorrisos, apertos de mãos e abraços
Pois todos eles
Serão por demais sinceros
Eu sinto vontade
Uma vontade verdadeira
de acordar um dia nesse mundo
Onde todos realizem seus desejos
E todos saibam desejar
Que o império da vontade
Se traduza e espalhe e divida
Somente felicidade
E que ela mandasse
Que todos nós estrassemos
E nos sentíssemos à vontade
Eu não aceito
Viver em um mundo
Em que as coisas sejam
Todo dia do mesmo jeito
Não quero aceitar essa lógica
Tão trágica
Onde se admite
A inexistência da mágica
Um mundo
Onde tudo faz sentido
E pra tudo
Existe uma explicação
Enquanto
Eu olho ao meu redor
E enxergo uma infinidade
de absurdos
Que o mundo aceita, simplesmente
Como fatos consumados
Prefiro conversar com as nuvens
E viver em uma época
Em que todos os relógios
Andem também para trás
Um mundo mais suave
Sem vozes tão graves
Talvez até
Sem gravidade
Pra que a mente possa
realmente voar
Sem medo de altura ou de queda
Eu quero viver em um mundo
Onde o adulto se cala
Enquanto a criança fala
E ambos seriam a mesma pessoa
O mais triste é
Que essa outra dimensão existe
Bastaria pra nós
Aceitá-la
Um dia
eu ainda vou conseguir
Viver somente aquele dia
Sem precisar pensar
Nos problemas de amanhã
adquiridos ontem
Vou viver
Somente aquele dia
Igual eu fazia na infância
Eu vou vê-lo amanhecer
e, excepcionalmente
Vou almoçar
Na hora do almoço
Conversar com alguém à mesa
sem raiva, sem discussão
reclamação ou acusações
Apreciar a refeição
e o tempero
de uma comida que eu não fiz
À tarde
Vou caminhar.
ou olhar o Sol
ou lêr um livro
ou dormir
Quem sabe
Eu possa até sorrir
Sem haver necessidade
de explicar
o motivo do sorriso
Meu Deus
Eu pensei
Que a vida toda seria assim
Não foi
Mas o Senhor sabe que eu preciso
viver ao menos um dia
Antes que anoiteça
definitivamente
Em minha vida
E nesse tão acalentado momento
Que nunca chegou
Pois
Por motivo de amor
Eu o deixei cair no esquecimento
O amor não veio
A alegria não veio
esse dia não veio
O tempo prosseguiu
Minha esperança partiu
Eu parei
Aqui no meio.
Creio que me seja preferível
Viver de saudade, talvez até
de insanidade, uma curta loucura de mentira
À viver as verdades que amanhecem com os dias
Eu acho que esse quotidiano mundano
É horrível demais, para vivê-lo assim
da maneira que ele me vem
Prefiro conversar com as almas do além
A gente vai falando sobre as coisas
que nos eram costumeiras
lealdade, coragem, galhardia e outras besteiras
bobagens que não fazem mais
parte deste infame dia a dia
em que impera a covardia
na triste realidade
Que os modernos amanheceres nos apresentam
Calço meus chinelos e vou ao quintal
até os voos mais inocentes
das transeuntes borboletas soam falsos
Elas dão-me a impressão
Que se esqueceram como se voa
e voam à toa um voo desajeitado
De inseto que não poliniza nada
Voa um voo meio que andando
de vez em quando vêm-me a impressão
Que ela está a ponto de pedir minha ajuda
A vantagem que vejo no inseto
é que ele voa mal, mas voa quieto
seu voo suicida de quem se autoatropela
Deus fez muito bem
Em fazer da borboleta
Uma criatura muda e bela
A cada vez que eu penso
Em deixar de ser quem eu sou
Imagino então outros três
A viver o que eu vivo
e fazer o que eu faço
Um deles não fala, nunca tem vez
O outro não pensa, tampouco se abala
e o terceiro tem nariz de palhaço
Acho que na verdade
Eu já sou os três
Em um concentrado
Ou um quarto
Que é sempre deixado de lado
Portanto
Se ninguém se importa com o que sinto
tanto faz
Vou deixar de lado o Mundo
e transmutar-me
em um quinto homem
daqueles que somem
naquelas horas em que o procuram
Aqueles que dele precisam
Vou tornar-me somente
O Mudo e esquecido
Homem invisível
Um nariz de palhaço flutuante
e seguir adiante
Nesta vida
Que dizem ser uma festa
Onde me oferecem aquilo que resta
Quando alguém me convida
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