Textos sobre como Curtir a Vida
Como educador, é doloroso continuar assistindo ao longo de décadas nossos jovens cometendo verdadeiros "assassinatos" nas expressões verbais mais básicas do cotidiano, sem que evoluamos para um estágio em que adquiram, ao mínimo, consciência de suas necessidades educacionais mais elementares.
Por mais que o espírito equilibrado e pacífico de um povo se apresente como um freio interno e traço de caráter, os desmandos contínuos e escancarados de seus governantes levam-no, em certo momento, a concluir que sua natureza pacífica é vista como um convite à instauração da devassidão e da ignomínia pelos que detêm o poder. É quando sua própria dignidade lhe cobra reação contra o que já extrapolou os limites do admissível, e a convulsão decorrente se apresenta como único meio de resgatar o estado de equilíbrio, e não como sinal de se estar desistindo dele.
Estudiosos da mente atribuem depressão na velhice a uma doença típica da população idosa, como se a alegria da juventude fosse seu contraponto para o estado de normalidade. Estou convencido, no entanto, de que são mitos criados para explicar um fato que não tem nada a ver com saúde mental nas diferentes fases da vida: a juventude apenas permanece feliz por conta da ignorância, e na velhice já existe histórico e consciência o bastante para entender o mundo como realmente é. A aparente diferença de percepção, portanto, não passa de uma reação natural compatível com o conhecimento que detêm em seus respectivos momentos. O que difere disso não vai além de exceções, como a depressão juvenil sem causa e a alegria na velhice que remete a transcendência dos mais fortes e resilientes.
Sentir raiva é natural e tão benéfico quanto o medo. Ainda que os vejamos como sentimentos ruins, eles nos protegem de riscos reais como o de sermos manobrados por outrem ou de ficarmos indefesos diante das ameaças. Ambos são molas propulsoras para recomeços de modo a que a energia dispendida possa ser usada para corrigir rumos e atingir o ponto de equilíbrio que precisávamos. As coisas são como são, e a raiva nos ajuda a enxergá-las, prevenindo novos sofrimentos e revelando-se uma grande aliada nas lições que não aprendêramos até então. E a consciência de todo esse ganho culmina por dissipá-la, devolvendo a alegria – agora real e sem disfarces – ao coração.
Toda tecnologia à frente de seu tempo é retratada como milagre e, com muita frequência, até fantasias e mitos do folclore popular recebem mais credibilidade que fatos reais apenas por se mostrarem mais conhecidos ou comuns. Não raro escolhe-se aceitar a existência de fantasmas e negar o que é possível provar por simples aplicação da lógica.
Sempre que alguém se referir a mim como “ético” irei receber aquilo como uma expressão de carinho entre duas pessoas que se estimam, mas nunca como elogio. É como esperar ser exaltado por estar dotado de cabeça, tronco e membros já que ética não é qualidade mas, em tese, algo inerente à toda a espécie humana. O dia que todos entendermos isso teremos priorizado a consciência, em lugar de sermos tidos como virtuosos.
Semear Conhecimento é como jogar sementes da janela de um trem: elas são espalhadas ao acaso, mas é a terra que as recebe a responsável por fazê-las germinar, o que só acontece caso estejam prontas para abriga-las em seu seio e fornecer-lhes a água que as transformará em lindas e perfumadas flores.
A forma de demonstrar que amamos nossos filhos é deixando-os livres para ser como são, com suas idéias, dificuldades e idiossincrasias. O tempo de cobranças é encerrado no momento em que saem do ninho para viver suas vidas, e é quando amor passa a ser sinônimo de respeito, e suas buscas por nós o melhor termômetro de que seguimos cumprindo com nosso papel.
A relação de afeto entre duas pessoas é uma via de mão dupla, e não há como ser de outra forma, pois que tende a não sobreviver. Sempre que uma delas se coloca como doadora e a outra apenas como receptora, quando algo as trouxer para a realidade apenas a que só recebia irá perceber, pois que a que doou não terá como sentir falta do que nunca teve. Esta no máximo descobrirá que por tanto tempo se alimentou do próprio amor que dava, e não do que pensava vir da outra. E é quando a suspensão acabará pesando muito a uma, mas não à outra, já que apenas se fez real o que antes era uma ilusão na cabeça de ambas.
O conhecimento possui seus próprios estágios de crescimento, e sempre que não os observamos como fronteira para o que é compartilhado cometemos desrespeito ao livre e inalienável direito humano sobre suas próprias escolhas. Tudo o que se afasta disse é convencimento, que passa da simples informação para tentativa de doutrinação, ato este indigno para a vítima e inescrupuloso por quem o pratica.
Vivemos numa época em que nada serve como prova pra nada, independente de se mostrar incontestável, pois as pessoas só creem no que escolhem acreditar, e não basta mais ver ou tocar que se vai continuar duvidando. Daí ter cunhado uma frase que repito com muita frequência: "Para quem acredita nenhum argumento é necessário, e para quem não acredita nenhuma evidência é suficiente!" Funciona exatamente desse jeito.
Se há algo permanente e imutável na existência, essa é a mudança, que como premissa nos mantém na condição de aprendizes se debatendo entre muitos erros. Seguiremos então inábeis para muitas ações, mas a sensibilidade nos ajuda na tarefa de as minimizar pela redução daqueles erros que ferem nossos semelhantes, tornando o planeta um espaço para terno e gentil.
Ceticismo é sempre positivo, pois que traz como premissa o questionamento antes de tomar qualquer coisa como real. Mas quando excessivo segue em sentido inverso pois que, reduzindo demais a malha do filtro, impedimos também que deixe passar qualquer coisa que escape ao convencional que nos habituamos a admitir. E isso nos mantém tão longe da verdade quanto a credulidade que elimina nossos filtros críticos.
Na incessante batalha entre o bem e o mal a Consciência e a Ignorância se apresentam como adversárias perenes. Não se achará o bem onde impera a ignorância, e brotando o mal onde haja consciência, um sutil ajuste o extirpa pela raiz. A ignorância flutua na tona do espírito, a consciência busca a zona mais profunda que, após atingida em seu cerne, jamais será revertida.
O passado é precioso na medida em que nos permite entender como chegamos onde estamos e nos deixar orgulhosos do nosso agora. Mas deve ser tratado como um sonho bonito do qual nos lembramos ao acordar, e não como o lugar do qual nunca sairemos. Em vez de escravo do que experimentou no passado, opte por ser o arquiteto do seu futuro.
Não é verdade que a Paz apareça como prioridade no processo de busca da humanidade como um todo. Há sempre aquelas pessoas cujas vidas, de tão vazias, as acostumaram de tal forma à adrenalina do inferno que, quando conseguem escapar dele em algum momento, não poupam esforços para achar o caminho de volta de modo a não sucumbir ao tédio.
A lealdade precisa estar presente nos lados que se enfrentam. Assim como o xadrez, toda disputa humana deveria também ser um jogo de reis, para cada lance se mostrar compatível com a dignidade dos adversários. Daí o nome de “vida real” dado a este mundo de batalhas, ainda que tantos não vivam os valores que os remetem à sua natureza superior.
Quando se segue justificando um líder sem caráter não há como escapar de um destes entendimentos: a pessoa não se informa, e a ignorância fá-la crer que é esperta; ela ainda olha para seu mundo de faz-de-conta com “olhar de poliana”; ou – o que é pior – ela tem o caráter tão distorcido quanto o líder que apoia. Mas encaixá-la sempre neste último tipo não revela uma visão menos distorcida e indigna do que qualquer outra.
Negacionistas é como a ciência chama àqueles que negam tudo do que não entendem, ou criam versões próprias da realidade para eles mesmos. Só não lhes ocorre que a verdade continuará sendo a que é, independente de a aceitarem ou não, o que deixará a descoberta mais traumática do que optar pela dúvida até que ela se revele de forma inequívoca e incontestável.
Acreditar ou não num deus é uma crença como outra qualquer: apenas se crê que exista ou se crê que não exista. Mas, apesar disso, os dois lados se veem no domínio de uma "verdade", inalcançável a ambos, de que se utilizam para menosprezar-se mutuamente em vez de tentar entender que são exatamente iguais, somente seguindo em direções contrárias.
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