Textos sobre a Juventude
MINHA MOCIDADE
Dizem que suave é o coração de um jovem,
Pois ainda não aprendeu a se ferir,
Não foi corrompido pelo dia a dia imóvel
E nem viu os sonhos se despedaçarem.
Ser jovem é cativar a inocência;
É ter, nos olhos, esperanças.
A juventude é a idade das utopias,
É o tempo de se saber invencível,
Imortal.
Depois que ela passa,
Passamos o resto da vida
Procurando respostas,
Sem sabermos, ao menos,
Que apenas isto nos basta:
Ser jovem,
Mesmo que de pele enrugada.
AINDA TE NAMORO
Menina eu te conheci.
Moleque eu era também.
Responsabilidade, nenhuma nessa idade, quem tem?
Crescemos juntos.
Estudo naquela época, era ginásio, depois colegial
e então faculdade.
Você foi normalista,
eu formei-me em contabilidade.Passou o tempo,
veio a juventude.
Para mim chega a hora do quartel.
A distância, as saudades, coisa estranha a tua falta.
Que ansiedade.
Enfim, ambos nos formamos.
Agora, namoro sério, noivado e o casamento chegou.
Casados, vieram os filhos, problemas, dificuldades, dores,
e nós sempre juntos felizes, apesar de todos os pesares.
Cresceram os filhos. Casaram-se.
Os netos vieram, mas só eu os vi.
Mesmo o tempo passando, continuo te namorando.
Às vezes me pego rindo, por que te vejo ao meu lado,
sorrindo como antes fazias.
Dizem que tudo muda, mas no amor a máxima não se aplica,
amo-te ainda mais, vem para perto de mim ficar.
Por favor desta vez não saias, fica.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras R.J
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
Prisão mascarada
Ruas postes, esquinas viradas.
Vejo cabeças, pés e mãos.
O que vejo são vãos.
Mascarados de graças baratas.
E liberdades santificadas.
De olhos afobados apontados.
Para os doces pecados.
De viver como se fossem vigiados.
E isso aumenta a fome, a vontade.
A desordem se faz.
Por querer demonstrar um cartaz.
Quando obviamente.
“O que é?” não se responde por si.
Natural é ir, vir.
E ser no estado de estar.
Demonstrar, acorrentar.
Soletrar, balbuciar, dá no mesmo.
Infelizmente ainda é uma criança.
Chora sempre alto, com a esperança.
De um prêmio, seria um biscoito?
Seria por que tem dezoito?
Anda contando os passos para mostrar.
A liberdade que tem ao andar.
Pobres são os que são.
E aqueles que se esforçam para estar.
No ato de apontar, remoer.
Planejar o libertar.
Esvair-se á toda a liberdade.
E desta forma de dentro para fora.
Seria pedir demais?
Seria pedir demais?
Que a flores jamais murchassem...
Que o sol não se ausentasse...
Que a juventude fosse eterna
Mas se as flores não se forem,
Os frutos não virão.
Se o sol não se puser,
A lua não resplandecerá
Mas se a juventude não passasse...
A sabedoria não encontraria seu lugar
[A Primavera das Rosas]
Aquelas que não se calam,
Aqueles que não consentem,
Pegam o microfone e falam,
Gritam tudo o que sentem!
Sentimos sede de justiça,
Queremos o pão da liberdade,
Basta de tanta injustiça,
Queremos a real igualdade!
Somos a juventude que se levanta,
Somos os jovens que não têm medo,
Somos uma juventude que canta:
“A vida vale mais que o dinheiro!”
É chegada a primavera das rosas,
O grande despertar da juventude.
Na luta vê-se caras novas.
Viva a nossa rebeldia! Viva a nossa inquietude!
ESTAÇÕES DA VIDA
Ela era feliz com a vida que tinha quando ele cruzou seu caminho
naquela tarde encalorada da primavera da vida,
na juventude mal iniciada dos dois.
Sua felicidade aumentou de tamanho, mal cabia no peito.
De início se encontravam às escondidas,
faziam planos ousados,
casar, ter filhos, emprego estável, bens materiais.
o tempo passou...
o seu amor por ele solidificou
e numa tarde quente no final do verão da vida
ele a deixou...
mudou de casa,
juntou suas coisas,
a deixou desamparada.
Pobre menina
Ultimamente seu coração está apertado, dolorido, em frangalhos.
É que o amor bateu na porta, entrou em casa, trocou os móveis de lugar e foi embora.
Restaram a ausência, a carência, a saudade e a casa vazia de gente.
Restaram os móveis empoeirados na sala, encobertos com tecidos encardidos pelo tempo.
Um amigo lhe dissera que é assim mesmo, o amor às vezes nos prega peças, nos faz sofrer sem querer porque buscamos o melhor e ficamos na pior.
Vou trancar as portas do meu coração disse ela revoltada.
Desilusão dos sonhadores.
E ela ficava debruçada na janela daquela casa
olhando para o horizonte distante,
como quem procura respostas no lugar errado.
O tempo passou e numa manhã de frescor do outono da vida ele voltou, entrou pela porta do fundo e ela nem viu.
A porta estava trancada com correntes mas ele tinha a chave do cadeado.
E quando ela se deu conta os móveis já estavam arrumados,
a casa estava perfumada,
e lá estava ele sentado naquele sofá empoeirado a observá-la.
Ela olhou nos seus olhos e caiu em seus braços,
deitou-o em seu colo e pediu para que ele ficasse.
E sonhou...
E chorou...
E sorriu...
E ele fez promessas vãs.
E ingênua que ainda é.
tem a esperança de se casar no próximo inverno,
num asilo qualquer.
Aproveite a energia que você tem enquanto jovem.
Sabe aquele sentimento de que você pode mudar o mundo?
Realmente você pode.
Então vá em frente.
Não desperdice seu tempo envelhecendo.
Faça acontecer. Realize. Transforme.
Promova uma verdadeira revolução, todos os dias!
E, por favor, fique jovem para sempre!
Não tenhas medo/ pode se entregar/ se você acredita contigo ele estará/ Ele é Jesus e conta contigo/ basta você querer e o aceitar como amigo.
Um amigo sempre está presente/ e quando precisar/ estará lá pra ajudar. Este amigo não é diferente/ pois ele acredita e quer contar com a gente.
(O Caminho)
Me beija,
Me abraça,
Me agarra,
Me arranha,
Sou fera,
Sou fogo,
E pra ti eu sou cama.
Me puxa,
Me fecha,
Me cobre,
Deseja,
Meu mundo no teu,
A vida se perdeu.
Tuas linhas,
Meu corpo,
Amor e acordo,
Me fiz tão teu,
O improvável reviveu.
Sou nossa,
Sou minha,
A tua menina,
Meu bem querer,
Meu prazer,
Te ter.
A flor e o pecado,
Traço inacabado,
Do teu amor me fiz,
Já até deu raiz.
A revelia
Sou o poeta que escreve seus versos nos muros
artista dos becos e das vilas que declama suas dores e amarguras
sou o filho do meio, de outros tantos, criados a revelia e sem recursos por uma dona Ana ou uma dona Maria...
Na rua sou ligeiro, nem bala perdida me acha
sou rima faceira que combina em seu corpo tempo e espaço, ódio e amor, paz e guerra
sou a linha de frente da guerra, a lâmina da faca, o cano do fuzil
sou o verbo inteiro, vez ou outra partido ao meio, transformado em refrão
sou o mundo inteiro e o meu bairro
e o desespero da mãe quando falta o pão
sou a minha esperança
a ponta aguda da lança - nunca se esqueçam!
Sou o pai de família que acorda todos os dias bem cedo
e segue firme sem pedir arrego, sem desejar vida fácil.
Sou o pretinho longe do tráfico, salvo pelo passinho e pelo futebol
sou a segunda parte do hino nacional que ninguém canta:
a liberdade
os campos verdes
o lábaro que ostentas estrelado.
Sou apenas mais um filho da pátria Brasil com nome de santo
feito outros tantos Silvas nos becos, nos morros, nas periferias
apenas mais um brancopretovermelhoamarelhoíndio e favelado
renegado pelo sistema, vestindo preto por fora e por dentro.
Máquina de moer jovens e afins#11;#11;
Tá! Eu me deixei levar. Mas o assédio era grande demais!#11;
Aqui na periferia é tudo meio assim, páh!
#11;Tá ligado? Difícil de segurar.#11;
E sem perceber, Tum! Seu mundo cai.
#11;Feito o mundo de tantos outros por aqui.#11;
Aqui na quebrada é foda, ninguém goza dos direitos plenos#11;
aqueles garantidos pela Constituição.#11;
Os políticos quando aparecem, agem como se fizessem favor pra geral#11;
parecem fingir que não existem problemas,
se pudessem, invisibilizariam-se. Mas não podem!#11;
De vez em quando têm de mostrar a cara.#11;
Aqui não tem praça, não tem quadra de futebol, não tem lazer pro jovem#11;
não tem quase nada. Tem muita coisa; ciladas e tal. #11;
E agora, é esse cada um por si de todos os dias#11;
essa agonia de caminhar pelo bairro observando 360 graus#11;
sendo observado, como se presa fosse. Aviso: - Fácil a caçada não será.
Posso garantir que haverá resistência, luta e sangue também terá.#11;
Talvez, amanhã, até corpos encontrem pelas sarjetas. Garanto: #11;
- Não terão pouco mais de uns verões e algumas primaveras.
#11;Dados estatísticos de uma realidade cruel, números#11;
que, infelizmente, incrementarão a próxima campanha de um político qualquer.
Na ponta da lança
Da taça jogada ao chão com força,
o sangue que se esvai como em um serpenteante rio em curvas
em busca de direção na vida
desembocando em um mar de dúvidas.
Do vinho derramado por todo o caminho
a dor contida na lágrima que percorre sentidos
- de choro e de riso.
Fazendo transbordar oceanos inteiros
com uma só gota de inquietude e bruteza
entalada no canto esquerdo do olho direito,
estupefato por enxergar tanta maldade.
Olhos cansados do dia inteiro
e devido a fumaça opressora instalada no caos proposital,
agora muito vermelhos.
Do rio de sangue e de lágrima
que se forma no contorno de segundos intermináveis...
A malta de guerreiros mascarados que segue:
Com a mácula imposta a sua honra,
por uma gama de ações, antes impensáveis!
Desembestados na linha de frente da guerra,
Varrendo tudo pelo caminho
como uma manada desembestada de touros,
fazendo jus a armadura herdada
e defendendo bravamente seu tão cobiçado ouro.
De lá:
A espada covarde que aponta e assina a pele,
mirando alvos estáticos
e braços erguidos ao ar.
Do lado de cá do front:
Os punhos cerrados da malta
e a coragem que transborda no peito.
E o que se vê em meio a tudo isso
é apenas a sombra de um velho gigante,
que a propósito... Acaba de acordar!
Até que um dia tudo mude,
e os silenciados não tenham mais que se calar.
'Neguinho'
Censuram-te!
Não permitem-lhe o livre pensamento
a livre expressão.
Vendem-lhe produtos que não lhe servem a nada
obrigam-no a andar sempre na linha
e andando sempre tão reto, jã não percebes
o quanto te curvas, o quanto és servo de tal esquema?
Que sistema é esse, que cega nossos jovens, cega nossos adultos
e agora, cega também as nossas crianças?
Enquanto você dorme tranquilo este teu sono alienado
a morte espreita-o, feito um predador à presa.
Sem que percebas, fecham o cerco à tua liberdade
já não és mais livre, mesmo que pague, se puder pagar!
Mas antes, acenam-lhe com uma invenção de última época
afagam-lhe a nuca com um mimo qualquer.
Tocam música boa ao pé dos teus ouvidos
amaciam a tua carne com as marcas da moda
as propagandas enchem a tua mente do mais absurdo vazio
não há em você mais consciência ou razão.
Inerte e sem reação, você perde, o sistema ganha.
Em menos de um segundo, uma bala perdida
- bem no meio da testa - te encontra por acaso,
numa esquina qualquer de um bairro qualquer da periferia.
O sistema vence mais uma
e você perde toda a sua inocência de uma só vez.
Saudade.
A língua portuguesa é tão rica e por esta mesma causa tornou-se muito invejada pelos inventores de palavras. Basta receber alguns comentários mais afoitos para sentirmos quão grande são as palavras criativas de resumos e invencionismos, nesta nossa tão querida e maltratada língua, por parte exclusiva das grandes "pérolas do Enem nacional". Isto faz-me recordar que somente nós, usuários deste vernáculo temos uma única palavra que exprime um grande e gostoso, ou não, por vezes triste sentimento, o qual chamamos de saudade.
É esta uma das palavras mais presentes nas poesias de amor da língua portuguesa. Pena que a educação em "lato sensu", presente verdadeiramente entre os anos de 1950 a 1970, quando as escolas profissionalizantes grátis, com o "curso científico", nos auros tempos do "tesouro da juventude", enciclopédia, até hoje insuperável em compêndios e conteúdo, presentes na maioria das bibliotecas escolares, eram ofertados a grande massa populacional, incluindo os menos abastados trabalhadores e aos seus filhos, por direito, quando tanto as prefeituras, estado e governo federal, comungavam de um ideal único, que era o desenvolvimento e a preservação da soberania nacional, resquícios das benesses implantadas pelo saudoso e insuperável presidente Getúlio Vargas, verdadeiro e único pai dos pobres.
Transformados que fomos em eternos órfãos, por mais que morramos nós e nossos sucessores filhos, nunca nos sentiremos novamente, um dia, adotados sequer, pois o egoísmo indecente daqueles herdeiros políticos que o sucederam, desde então, sequestrando nossa capital federal aqui do Rio (RJ), para escondê-la, a seu bel prazer e deleite, nos mais longínquos rincões do sertão brasileiro, sonegou-nos o simples direito adquirido de sermos, ao menos, felizes.
O grande declínio da sociedade no modelo democrático consumista ocidental do seculo XXI, ocorre a partir do momento que não mais existem sonhos, metas e incentivos promotores para a formação profissional a médio e longo prazos.
Com isto passa a existir sim uma crescente comunidade alienada de consumo imediata que só passa a dar valor as coisas midiáticas, os prazeres sem virtudes e as fúteis alucinadas emoções que o dinheiro farto e adquirido de forma fácil podem comprar.
maturIDADE
Na natureza, a fruta madura revela o ponto certo do doce sabor e tenrura;
Na fase do ciclo vital de um lago registra o equilíbrio entre o recebimento e a perda de suas águas.
Quando a juventude mostra o viço da cútis, acredita-se ser a melhor fase da vida.
Tudo é novidade e mais colorido. O vigor reluz nos olhos prontos a descobrir o que o mundo
está a oferecer e o que de bom pode-se desfrutar. O medo não faz recuar, segue-se em frente
sem nada temer, tudo pode-se enfrentar.
Crê-se que não se deva rejeitar nada que se apresente, porque quando o tempo passa a graça da vida o acompanha.
O tempo passa e tal pensamento, também. A mocidade se vai, a maturidade se ganha.
Não é presente fabuloso, é real e definitivo, não tem como se devolver.
A maturidade é momento em que se ganha e se perde.
Ganha-se em experiências, em conhecimento, até um pouquinho de sabedoria.
Conquista-se alguns sonhos, realiza-se o que há tanto se queria.
Mas, com os ganhos vem as perdas...
da pele viçosa, daquela energia, das pessoas queridas.
Isso dói, esperava-se que isso não estivesse no script.
Feliz daquele que consegue sentir o perfume do que perdeu.
Ficam as lembranças, doces recordações, eterna saudade,
que em determinada idade haverá de ser suprida.
Pois, haverá o reencontro com os que já partiram e restará
saudade aos que ficarem.
Maturidade é sinal de aprimoramento; no figurativo, de prudência, firmeza e perfeição.
É claro que o perfeito não se alcança, mas em muitos dos defeitos há correção.
A tonicidade dá lugar às marcas da vivência e o que o espelho revela é muito mais
que simples sinais do tempo. É vida de quem amou, que foi amado, que caiu e levantou, não foi respeitado,
talvez não se fez respeitar.
Mas, o que conta é esse tempo de decepções e vitórias e que ao se equacionar sai-se no lucro, porque
cada ruga, cada lágrima de tristeza ou alegria torna mais rico quem se dispõe a enfrentar a vida de forma
mais prudente.
Fragrâncias, aromas, perfume de vida. Vida que se tempera e cabe a cada um , o sal corrigir.
O que transforma as meninas de hoje em mulheres mas cedo?
A alto suficiência de se própria ou fato do corpo aparentar uma mulher ao invés de uma menina.
isso é o mistério da vida na atualidade.
Quando as meninas se ornam mulheres mas cedo e com isso vem a dura realidade da vida de uma verdadeira mulher.
E cedo contrair filhos e marido, e logo uma casa para cuidar esquecendo assim sua juventude.
Que perdida não tem mas volta a não ser a dura realidade.
RIO VERDE
A nuance da mocidade
Habita-a,
Arde como brasa.
Na pele,
Nítida as intempéries
Vividas na luta
Seara, bem como, na cinza.
O Rio Verde,
Profundo e inestimável,
Enaltece a riqueza
De sua alma.
O mundo é atroz,
Mas sua sutileza deixa-o
Afável e vívido.
Dessarte, não tema.
Sobre o tempo...
"Constantemente... me vejo lembrando da minha infância. O mais engraçado de tudo é que... mesmo quando eu era ainda criança, tinha consciência a respeito do tempo, sabia que era uma fase e não queria que ela morresse, jamais.
Eu procurava fotografar, com os meus olhos, cada instante, com uma riqueza imensa de detalhes, para depois, no futuro... me lembrar dos bons momentos. E assim foi... eu não queria aceitar a morte da infância e o nascimento da adolescência... depois não queria aceitar a morte da adolescência... para ingressar na vida adulta.
Por quê? Eu não sei... mas esta sensação ainda me acompanha. Aceitar a morte dos eventos, ainda que sejam incompletos, ciclos que não foram fechados de forma clara, coisas mal resolvidas... "
Finalzinho de tarde, sentada na calçada com alguns amigos, tomando um gole de café entre um relato e outro das nostálgicas aventuras do tempo de juventude. Ouço com atenção cada caso relatado, rindo e refletindo sobre a crença na invencibilidade e os arroubos da juventude.
Ao vir os olhos dos narradores brilharem e quem ouve as porandubas, sorrir, cheguei à conclusão que coisa boa é ter história pra contar e disposição pra ouvir!
