Textos Reflexivos a Arte de Ensinar
Gosto de arte como beleza, gosto de arte como vocação, expressão, como profissão, como educação, como cultura, como fé, como decoração, até como terapia ou como curtição mas não gosto de arte que pensa que é só aplicação, investimento, bonificação tributária, acervo financeiro, garantias, doações pervertidas, instrumentos de poder e corrupção.
O sentido social e político da arte está como ferramenta e plataforma para Educação e o incentivo sustentável do exercício da Cidadania Cultural ajustando, adaptando e preparando o individuo político cidadão-ser social para as novas realidades selvagemente impostas ao meio pela vida em grupo.
A arte contemporânea do século XXI cada vez mais se afasta das possibilidades de ser uma plataforma artística madura expressada por uma técnica ao rigor da técnica, primorosa de execução aliada ao equilíbrio de bom gosto e passa a ser uma instalação mecânica quase pré-fabricada por sucatas como uma brincadeira de mau gosto, dentro do conceito ideia de humor negro, uma piada sem graça quando não avança no desrespeito da cultura, da fé e da filosofia dos outros.Espelho próprio de um período crítico de nossa atual sociedade, doente, individualista, egoísta, perversa, compulsiva, competitiva, fundamentalista, exclusivista, enlouquecida e selvagem.
Difícil encontrar disciplina de produção no processo criativo na arte propriamente dita, existe sim jornadas de montagens de terceiros ajudantes na montagem de uma ideia e instalação como também na produção do artesanato ou nas artes contemporâneas que se utilizam das plataformas das artes de ofício, marcenaria, tapeçaria, tecelagem, cerâmica, gravura, escultura, entre tantas outras criativamente diferenciadas das obras e objetos de produção.Sempre senti uma distância muito grande do artista entre as horas certas, os prazos determinados e o tempo do compromisso.Distância está tão grande que admito ser mais como uma abstração ilustrativa e/ou uma teorização meramente conceitual de ofício.A arte precisa da liberdade e o artista em sua maioria do caos mas não para ordenar o caos mas sim torna lo compreensível e visível a partir de uma nova linguagem e/ou de um novo ponto de vista.
Entre eu e Caio Mourão, o papa da arte joalheira no país tivemos infindáveis embates e furtivas argumentações em plena " Calçada da Fama" em Ipanema no tempo que a Vinícius era a Montenegro. O cenário era sempre o conceito e re-conceito da arte joia no Brasil, distante das velhas escolas copistas de oficial de ourivesaria européia. Eu sempre defendendo meu ponto de vista da gema para o metal e o Caio, meu mestre e parceiro do metal para à gema, ambas estão certas.Mas em um ponto jamais divergirmos, que a maior fonte das inspirações criativas brasileira entre gemas e metais concentra se na nossa diversidade gemológica e biológica, dos minerais, da fauna e de nossa flora, exuberantes e dadivosas.
Das herméticas magias a arte é a mais antiga e a mais sobrevivente, a verdadeira alquimia do transmutar todos os nossos melhores sonhos em realidade. Encontramos ela no desenho que na magia do traço que transforma se em tranquilo oceano e em um suave firmamento, encontramos na música na nota que em conjunto ou pausadamente invade nossa alma por suavidade, encontramos na poesia e na dramaturgia na palavra que transforma se em cena, mais que um ato distante no palco espalha se na quarta parede como um intimo abraço. Afinal encontramos a alquimia da arte em todos os passos da vida e muito além da própria vida quando mortificamos à morte e transmutamos o fim derradeiro em um novo e próspero começo, tempo mágico de recomeçar pois somos magos, artistas, palhaços e alquimistas, do mundo do faz de conta e todos nossos sonhos venceram a verdade, o fatalismo e a tosca realidade.
Toda a arte é hoje as lembranças mais remotas de uma época ou uma idade em que à sociedade humana teve realmente ética, valores familiares, princípios, virtudes, educação, civismo, cidadania, personalidade e moralidade. Atualmente à máquina superou a mão de obra humana e o dinheiro enquanto valor passou a ser divindade, patrono e justificativa para todas às torpes atitudes de baixarias, abusos animalescos e incivilidades.
O gestor cultural é muito menos um especialista da educação, história, arte e cultura de um povo que um competente gerente de negócios e captador de recursos financeiros. Logo os museus, os acervos e os centros culturais na sua grande maioria são bem mais locais rentáveis ou no mínimo autossustentáveis das cadeias produtivas no centro das indústrias criativas.
A arte contemporânea brasileira enfim inicia seu caminho mais identitário em seus valores, temáticas, mitologia, conceitos, geometrias e brevemente bio suportes e plataformas dentro do "modus operandi " da herança original e nativa indígena brasileira.Teremos sempre uma herança africana mais que nas artes plásticas e visuais desdobraram se em correntes mas mossa herança indígena esteve durante muito tempo obscurecida. No ano de 2016, o prestigiado prêmio PIPA do RJ, contemplou como ganhadores dois artistas indígenas.Isto é só o começo, as artes plásticas e visuais, as artes gráficas e o design, as belas artes inteiras vão recuperar suas origens nativas tribais formadoras genuínas de nossa personalidade educacional, artística e cultural 100% brasileira.
A arte cusquenha andina dos séculos XVII, XVIII e XIX é o que existe de melhor na arte colonial latino americana. Por ser tão boa, importante e valiosa no mundo inteiro e item quase obrigatório de acervos de importantes museus e coleções privadas de alto valor, existe um mercado consumidor muito ativo e com isto geram diversas falsificações e copias realizadas nos séculos XX e XXI mas que são apenas decorativas.
Ativos como obras de arte e peças de joalheria não podem ser adquiridos no Brasil sem um experiente olhar de um especialista ou um consultor-avaliador gabaritado pelos mercados. Por conta de uma não legislação pertinente existente protetora do consumidor de boa fé,nestes setores, na maioria dos casos os novos investidores são vitimados por falsas promessas e certificados fraudulentos e enganosos.Nem tudo que reluz é ouro.
As obras de arte póstumas, sem permissões e sem interferência autorais verdadeiras no mercado de arte no Brasil Cultural de hoje são crescente. Mau comparando seria como se tivéssemos indiscriminadamente a farta e irresponsável emissão de uma avalanche de moedas monetárias não pelo estado de direito sem o uso do papel moeda adequado e sem o lastro necessário das garantias dos valores. Logo antes de adquirir uma obra de arte no Brasil, consulte um renomado especialista.
Sempre no mercado de arte me deparo com uma grande duvida de vários colegas, sobre o Eucatex. Pelo que sei, no Brasil foi produzido em 1951 mas havia uma Serraria Americana que produzia algo parecido desde 1923. Acredita se que este método de fabricação de pó de madeira prensada tenha se originado na América, pelos idos de 1901 - 1903, logo inicio de século XX. O Eucatex é uma marca de um produto de fabricação, que utiliza pó do eucalipto, muito usado na acústica, divisórias, como suporte e em alguns moveis .
Nem toda arte criação que está na dimensão de fora é reflexo exato criativo da dimensão do imaginário linguagem do artista que está dentro. Muita coisa se perde, durante o processo, desde a imaginação e a criação. Só com a experimentação e com o exercício cotidiano que a verdadeira arte e o artista pleno podem alcançar está coesa e única metalinguagem.
Toda coleção de arte deve estar sempre viva em constantes movimentos, com novas compras, novas vendas, exposições, participações, publicações, restaurações e significações. A coleção de arte, parada está morta, é um doentio complexo cumulativo sem sentido, um distúrbio de personalidade de posse do que não tem dono, pois pertence a todas culturas da humanidade.
Ver uma obra de arte é bem simples, basta perceber o exposto do meio externo com um dos cinco sentidos, seja pelo olfato, paladar, visão, audição ou tato, isolados ou combinados mas para compreender o que ela significa e ter a satisfação de aprecia la ou não, demanda incontáveis conceitos, estudos e conhecimentos, bem longe do lugar comum.
A atual arte contemporânea brasileira, resinifica e resgata a importância e a criatividade das obras e artesanatos dos artistas negros, caboclos, indígenas e populares ingênuos. Um reajuste antropofágico necessário, cem anos depois da Semana de 1922, para a identidade do Brasil no século XXI.
Sou unicista na arte, fujo de coletivas de vários artistas com muitas cores, mil movimentos e muitas linguagens, que por fim atordoam minhas vagarosas percepções. Da mesma forma, que me cansa e me esgota grandes shows de telão e aglomerações...a solidão de cada pedaço me dá retorno e me completa homeopaticamente, bem mais.
O natural destino de uma boa obra de arte, não é ficar escondida e circuncisa, trancada, refém em uma coleção como símbolo de status e poder. Pelo contrario, ela em si não pertence a mais ninguém e é de todos, quando o artista finaliza, a obra passa a ser do mundo. Sua promoção, publicação e exposição por direito deve alcançar o maior numero de pessoas e culturas, se tornando a base comum do conhecimento criativo do universo.
A verdadeira arte e a verdadeira cultura nunca estão nem poderão estar interligadas e algemadas por proposições étnicas, politicas, sociais ou religiosas. Quando assim aparecem, não se tratam mais de arte e nem cultura mas sim de uma maldosa doutrinação de meias verdades que vão estimulando a polarização divergente por meio indevido da liberdade.
