Textos inteligentes
"A prosa adere ao pensamento, uniformiza-se adapta-se a ele; e muitas vezes um subentendido produz um jogo de luzes e sombras cheios de profunda beleza, amiúde a frase breve produz inesperadas imagens pictóricas, outras vezes antíteses, ou as anedotas enriquecem as sentenças austeras, a argúcia atenua a trágica solenidade do assunto"
O transito da cidade congestionada, é como o sangue que corre em minhas veias, sou urbano. O sol sob o pixe mal posto e esburaco pela chuva de um clima tropical com cheiro ruim, é minha pele. Sou o supra sumo do consumo, do gasto desenfreado pelo desnecessário. O cheiro de notas novas que saem junto ao barulho metálico dos caixas eletrônicos por toda parte. Sou as seis da tarde acompanhada do cheiro de combustível, inflamando seus pulmões, sou urbano, e gosto disso, não nego.
A jovialidade e a coragem da vida, características da juventude, devem-se em parte ao fato de estarmos a subir a colina, sem ver a morte situada no sopé do outro lado. Porém, ao transpormos o cume, avistamos de fato a morte, até então conhecida só de ouvir dizer. Ora, como ao mesmo tempo a força vital começa a diminuir, a coragem também decresce, de modo que, nesse momento, uma seriedade sombria reprime a audácia juvenil e estampa-se no nosso rosto. Enquanto somos jovens, digam o que quiserem, consideramos a vida como sem fim e usamos o nosso tempo com prodigalidade. Contudo, quanto mais velhos ficamos, mais o economizamos. Na velhice, cada dia vivido desperta uma sensação semelhante à do delinquente ao dirigir-se ao julgamento.
Pode-se de fato conceber que uma máquina seja feita de tal forma que profira palavras e até que profira algumas a respeito das ações corporais que provocarão alguma mudança em seus órgãos; de tal forma que, se for tocada em tal lugar, ela pergunte o que querem lhe dizer, se em um outro, ela grite que a estão machucando e coisas semelhantes; mas não conseguirá organizá-las diversamente para corresponder ao sentido de tudo o que for dito em sua presença, como os homens mais embrutecidos podem fazer.
Essas longas cadeias de razões simples e fáceis, das quais usam os geômetras servir-se para atingir as suas mais difíceis demonstrações deu-me azo a imaginar que todas as coisas que podem ser submetidas ao conhecimento dos homens seguem-se do mesmo modo, e que, desde que se possa evitar ter como verdadeira alguma que não o seja e desde que se consiga conservar sempre a ordem necessária para fazer a dedução uma das outras, não existirão tão distantes que não sejam alcançadas, nem tão escondidas que não sejam descobertas.
Quem quer que tu sejas, amado estranho, a quem eu encontro aqui pela primeira vez, aproveita esta hora feliz e a quietude que nos rodeia e acima de nós, e deixa-me dizer-te algo do pensamento que subitamente surgiu diante de mim como uma estrela que fracamente lançaria raios sobre ti e sobre cada um, como convém à natureza da luz. – Companheiro! Toda a sua vida, como uma ampulheta, sempre será revertida e se esgotará novamente - um longo minuto transcorrerá até que todas as condições das quais você evoluiu retornem na roda do processo cósmico. E então você encontrará toda dor e todo prazer, todo amigo e todo inimigo, toda esperança e todo erro, toda folha de grama e todo raio de sol mais uma vez, e todo o tecido das coisas que compõem sua vida. Esse anel em que você é apenas um grão brilhará novamente para sempre. E em todos esses ciclos da vida humana, haverá uma hora em que, pela primeira vez, um homem, e então muitos, perceberão o poderoso pensamento da eterna recorrência de todas as coisas: – e para a humanidade, essa é sempre a hora do Meio-dia.
No espaço infinito, inumeráveis esferas brilhantes. Em torno de cada uma delas giram aproximadamente uma dúzia de outras esferas menores iluminadas pelas primeiras e que, quentes em seu interior, estão cobertas de uma crosta rígida e fria sobre a qual uma cobertura lodosa deu origem a seres vivos que pensam; – eis aí a verdade empírica, o real, o mundo.
As pessoas que passam suas vidas lendo e tiram sua sabedoria dos livros são semelhantes àquelas que, a partir de muitas descrições de viagens, têm informações precisas a respeito de um país. Elas podem fornecer muitos detalhes sobre o lugar, mas no fundo não dispõem de nenhum conhecimento coerente, claro e profundo das características daquele país. Em compensação, os homens que dedicaram sua vida ao pensamento são como aqueles que estiveram em pessoa no país: só eles sabem propriamente do que falam, conhecem as coisas de lá em seu contexto e sentem-se em casa naquele lugar.
Sempre sou o outro de alguém, nunca sou o alguém de alguém... porque todo mundo tem alguém e eu daria tudo pra ser esse alguém, mas sou o outro que dá valor aquilo que não tem... eu queria ser aquele seu namorado de infância, aquele que te telefona de madrugada, aquele que te leva pra cama nos braços. Aquele que te faz rir todo dia com a mesma piada sem graça que todo mundo já sabe, mas você rir porque já sabe. Aquele que escala montanhas ao seu lado e quando está no topo sempre grita seu nome pra saber que tu existe... Aquele que te assume perante as dificuldades... mas sou apenas o outro esperando uma oportunidade de ser o único.
Queres marchar, meu irmão, à solidão? Queres buscar o caminho que leva a ti mesmo? Detém-te um pouco e escuta-me. “Aquele que busca, facilmente se perde a si mesmo. Todo ir-se à solidão é culpa”: assim fala o rebanho. E tu formaste parte do rebanho durante muito tempo. A voz do rebanho continuará ressonando dentro de ti. E quando disseres “eu já não tenho a mesma consciência que vós”, isso será um lamento e uma dor.
O que hoje sou, o lugar em que me encontro — a uma altura em que já não falo com palavras, mas com raios — oh! Como então estava ainda longe disso! — Mas eu percebia a Terra prometida — em nenhum instante me enganei sobre o caminho, o mar, os riscos — e o sucesso! A grande tranquilidade no prometer, a feliz visão em direção a um futuro que não há de ficar em simples promessa! — Aqui cada palavra é vivida, profunda, íntima; nem faltam coisas dolorosíssimas, havendo palavras que propriamente sangram. Mas um vento de grande liberdade sopra sobre tudo; a própria ferida não age como objeção.
Os pequenos pecados são exatamente os que irão acabar com você amanhã, porque são exatamente esses que parecem não ter problemas, mas aos poucos se multiplicão, corroem e destroem a verdadeira santidade e a felicidade que há em Cristo Jesus. Mesmo que você seja forte como o cedro, mais cedo ou mais tarde você se sentirá fraco, mesmo assim você poderá fazer uma pulverização com oração, santificação e leitura da palavra, enquanto isso, fique tranquilo, o dedetizador Jesus fará uma limpeza completa na sua vida.
Não deve supor-se antinatural que a alma ressoe com os gritos da carne. A voz da carne diz: não se deve sofrer fome, a sede e o frio. E é difícil para a alma opor-se; antes, é perigoso para ela não escutar a prescrição da natureza, em virtude da sua exigência inata de bastar-se a si própria.
Busco o improvável, mas nunca o impossível. Sei que ai em algum lugar do nosso planeta tem alguém me esperando e se esse alguém for como eu vai parar de esperar e começar a procurar até que um dia nós iremos nos encontrar e fechar um ciclo pra começar um novo e muito melhor para nós e os que tiverem o privilégio de estar ao nosso lado.
Todo mundo sabe que a vida é uma sucessão de perdas, mas poucos sabem que uma das piores perdas que nos aguardam nas décadas finais é dormir mal. Julius sabia muito bem disso. Suas noites consistiam num leve cochilo que quase nunca chegava a um profundo e abençoado sono em frequência delta, interrompido por tantos despertares que ele muitas vezes temia se deitar. Como tantos insones, acordava achando que tinha dormido menos horas do que dormiu, ou que passou a noite acordado. Em geral, só conseguia se convencer de que tinha dormido revendo o que pensou à noite e percebendo que, acordado, não pensaria coisas tão estranhas e irracionais.
Quanto mais ele ama, mais sofre com cada golpe dado pela mão que um dia amou. (...) você se distanciou de mim: sua desconfiança, as críticas que fez sobre minha vida, meus amigos, seu comportamento incoerente comigo, sua raiva das mulheres, seu descaso em querer me agradar, sua cobiça, tudo isso, e muito mais, faz com que você seja uma pessoa prejudicial para mim.
Nada mais consegue assustá-lo ou emocioná-lo. Ele cortou todos os milhares de fios da vontade que nos ligam ao mundo e nos puxam para a frente e para trás (cheios de ansiedade, carência, raiva e medo), num sofrimento constante. Sorri e olha calmamente para trás, para a ilusão do mundo, indiferente como um jogador de xadrez no final de uma partida.
— Também não me ofendeu — disse Philip. — Você e Schopenhauer têm algo em comum quanto à religião. Ele achava que os líderes religiosos exploram a eterna necessidade que o homem tem do sobrenatural e tratam as pessoas como crianças deixando-as numa eterna ilusão, e não contam que escondem a verdade em alegorias.
Vede, pois esses supérfluos! Roubam as obras dos inventores e os tesouros dos sábios; chamam a civilização a seu latrocínio, e tudo para eles são doenças e contratempo. Vede, pois, esses supérfluos. Estão sempre doentes; expelem a bílis, e a isso chamam periódicos. Devoram-se e nem sequer se podem dirigir.
“Às vezes, deito-me no travesseiro e fico imaginando como iria ser se você estivesse aqui. Exatamente, naquele momento, deitado ao meu lado. Poderia ser estranho, digo… Nós dois tão próximos. Eu sonho que um dia possamos ficar assim, como aquela coisa clichê de filmes românticos. Confesso que antes de você, não sabia o que era amor, mas não um amor comum. Um amor diferente, com brigas, tapas, beijos, carinho, ciúmes… É bom estar com você, mesmo que seja apenas 1h por dia, eu faria essas 1h por uma eternidade, às vezes, as coisas param do nada. É por causa de você, não é? É por causa de você que eu tenho coragem de levantar da cama.”
