Textos de Reflexoes sobre as Pessoas
SOBRE O ENCASTEALMENTO TEÓRICO
Uma teoria criada ou desenvolvida de acordo com o mais maleável e aberto espírito científico, se cair nas mãos rígidas de certa escola ou grupo de teorizadores-doutrinadores, pode terminar por ser tomada como como recanto a partir do qual se edificará o mais intransponível dos castelos medievais. A princípio são erguidas as torres, com a sua altivez ameaçadora. Depois começa a surgir um castelo, com suas espessas paredes teóricas. Em torno dele, cava-se um fosso de água parada, que logo será habitado por crocodilos prontos a devorar estrangeiros incautos, com a potente dentição formada pelos seus ‘argumentos de autoridade’. Uma sombria ponte levadiça será o único ponto de contato entre o castelo teórico e o mundo, mas apenas para permitir a entrada de víveres, daquilo que reforçará a doutrina. Os eventos que confirmem o que já foi dito serão sempre bem recebidos, como víveres dos quais dependerá a eterna revitalização da doutrina; os demais, ou serão ignorados, ou atirados aos crocodilos. No interior do castelo teórico, será observada uma regra mais rigorosa do que a dos beneditinos. Bem acomodado em uma espécie de altar, e ao invés dos materiais que antes se prestavam a uma livre reflexão teórica, terá surgido um dogma. As tábuas de leitura da realidade, instrumentos para se enxergar a complexidade real de certa maneira e para reelaborar continuamente esta ‘visão de mundo’ que é a teoria, transformaram-se agora em ‘tábuas de certezas’, em mandamentos para serem seguidos e recitados . Eis uma Doutrina. Inscritos na pedra, os mandamentos não poderão mais ser questionados e nem retificados, e aqueles que futuramente insistirem em fazer adaptações na “Lei” serão, imediatamente, inseridos no “livro dos heréticos” ou tratados como apóstatas. Contra as teorias rivais, já não se direcionarão debates científicos, mas sim verdadeiras “Cruzadas” e “guerras santas”. Já no interior da teoria que se converteu em doutrina, reinará doravante a paz das águas paradas, propícias para o ritual de batismo. O ‘fetiche do autor’ poderá ser convocado para a cerimônia de sacralização dos sacerdotes da nova religião. Já nem mais teremos um Castelo, talvez um Templo, com seus próprios deuses.
[texto extraído de 'Teoria da História, vol.1 - princípios fundamentais'. Petrópolis Editora Vozes, 2011, p.254-255]
Com varias noia cabeça reflito sobre a vida sobre sonhar e conquistar e agradecer Por mais um dia mais um sol mas fazer oq se não quero largar meu lençol.
Sou meio cético as vezes engraçado faço piada da parte ruim mesmo estando machucado uma risada forçada alegria passageira afinal tudo passa mas a tristeza é matineira
Dividi o pouco nunca ostentar o muito humildade é a lei na roda de vagabundo sobreviventes natos heróis do povão mas propagam ódio e matança em nossa nação.
Eu sinto vontade de te ligar e falar sobre o meu dia e te perguntar como anda o seu, como anda sua vida, te mostrar o que estou conquistando, saber se você está solteira ou se já encontrou alguém especial, se deu certo seus planos.
Como fazíamos antes, um antes que eu sinto muita saudades. 🌻
SOBRE A DINÂMICA DOS ACORDES-PAISAGENS]
Não é senão através de uma música repleta de dissonâncias que se encadeiam, por vezes, algumas das mais decisivas mudanças no acorde-base de uma região. Eis que então, sob o peso de uma nova estrutura de produção, ou na enxurrada de uma nova onda de especulação, pode ruir ou se revolver de modo mais ou menos rápido um acorde de longa duração que já perdurava há muito em uma certa paisagem. E não são raros os casos em que uma estrutura econômica nova se instala contra a Natureza. Foi o que ocorreu, do século XVI ao XIX, no litoral do nordeste brasileiro, com a implantação da monocultura do açúcar. Jamais poderia imaginar Pero Vaz de Caminha o destino daquele acorde-paisagem que, desde épocas imemoriais, era perpassado pela exuberância da Mata Atlântica. Não tardaria muito para que aquele acorde “que tudo dava”, e que se impunha aos olhos através de muitas tonalidades de verde e de todas as outras cores, começasse a ser substituído pela monodia imposta pela Cana – a princípio demandando queimadas para a abertura de clareiras com vistas ao cultivo; depois, com os clarões se espraiando cada vez mais até a quase-extinção de toda uma estrutura harmônica que um dia fora a da floresta litorânea. Como um câncer, ou como uma doença de pele que encontra poucas resistências, a Cana se alastrava.
Ao final de um processo de apenas dois pares de séculos – extensão de tempo algo modesta em comparação com os milênios precedentes – a Cana já tinha devorado silenciosamente toda a Música anterior. Uma melodia rica e perpassada pelas mais variadas sonoridades naturais havia sido substituída pelo seu implacável e monódico canto gregoriano. Se um novo Pero Vaz de Caminha acaso pudesse contemplar a paisagem que agora se oferecia aos olhos viajantes, teria talvez de se referir àquele monótono verde de um mesmo tipo que a tudo recobria, estendendo-se horizonte adentro, para oferecer um único produto: o açúcar de exportação.
A.história desta transição acórdica é também a da asfixia de uma diversificada policultura antes estabelecida sobre este solo de grande riqueza mineral, que era o do litoral nordestino, de modo a permitir a instalação do Engenho monocultor. Assim se substituiu o acorde-base da paisagem litorânea de quase todo o litoral nordestino. Uma nova melodia se anunciava, com sonoridades trágicas
[trecho extraído de 'História, Espaço, Geografia'. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, p.114].
O tempo corre sem rumo ou direção
Anda sempre às pressas, ora tropeça
Ora voa como a penagem sobre as árvores
Passado era como criança desleixada
É jovem como as garotas vaidosas
Sabia como a velhice que a todos pega neste presente
Onde se espera um futuro melhor
Tempo que tropeça e espanta
Eu a vi e já não mais o vi parada
Congelada no tempo da era...
[SOBRE O CONCEITO DE LUGAR]
A partir dos anos 1960, o conceito de lugar parece já se libertar da conotação exclusivamente locacional. O vínculo do lugar com uma localidade – isto é, com certa posição no espaço – é ainda inquestionável (embora, mais tarde, mesmo isso vá começar a se alterar com o surpreendente desenvolvimento das realidades virtuais e do ciberespaço). Todavia, o acorde conceitual de “lugar”, a partir de então, já passava a exibir outras notas características importantes, para além da mera ideia de localidade. Todo lugar, começava-se a enfatizar cada vez mais, tem o seu lado de dentro e o seu lado de fora (o seu entorno).
A relação deste lado de dentro (ou deste sítio) com o entorno ou com realidades mais distantes, a experiência humana que no interior desta relação se estabelece, os modos de ver o mundo que afloram quando se está em um lugar e não em outro, os mecanismos de identidade que se impõem de dentro de um lugar ou contra este mesmo lugar – tudo isso começa a compor um sentido mais complexo para esta pequena palavra com a qual estamos tão acostumados na vida cotidiana.
O lugar não é mais apenas um mero local, mas sim um mundo que coloca em jogo as suas próprias regras. Pode-se mesmo dizer que todos os lugares são pequenos mundos. Se o lugar pressupõe uma localização (mesmo o lugar virtual tem um endereço eletrônico), este traço está longe de ser o único relevante quando pensamos nos lugares. Ademais, podemos ter uma localidade – cartografável ou indicável no mapa – mas sem termos ainda um lugar. O local pode ser um mero ponto no mapa definido pelo encontro de um paralelo e um meridiano. Mas um lugar precisa ser nomeado, pressentido por alguém como dotado de uma singularidade. O lugar é o local que adquiriu visibilidade para alguém, porque investido de certos significados.
O lugar, assim, é o espaço ao qual foram agregados novos níveis ou camadas de sentidos.
Conforme nossa própria terminologia, o lugar é o espaço objetivo sobre o qual se ergueu um acorde de subjetividades. De certo modo, o lugar é a quinta dimensão de qualquer poliacorde geográfico.[...] O lugar, sobretudo, implica relações intersubjetivas que se integram a uma determinada objetividade. Em duas palavras, envolve identidade e estabilidade. Ambas as instâncias – a saber, de um lado a identificação, e de outro lado a dupla sensação de estabilidade que é simultaneamente assegurada por um forte sentimento de pertença e pela permanência objetiva do lugar no espaço e através do tempo – parecem produzir nas pessoas sensações diversas de apego ao ambiente construído ou natural.
A sensação de pertença ao lugar, através deste duplo entremeado de subjetividades que envolve simultaneamente a identificação com o lugar e a impressão de sua continuidade no espaço-tempo – pode atingir distintos níveis de amplitude, que vão da vizinhança ou do bairro à pequena localidade, daí à cidade ou à área rural e assim sucessivamente, até atingir lugares maiores como o estado, o país, o continente, o planeta! Todos estes são certamente lugares, os quais são investidos de diferentes tipos e níveis de afetividade, de intimidade, de sentir-se dentro.
[trecho extraído de 'História, Espaço, Geografia'. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, p.170-171].
Minha dor
Sobre o vento muito tento
Esquecer os meus sentimentos
E nessa hora eu não me lembro como
Mas por mais que eu não consiga eu tento e tento
E essa dor de cabeça que me incomoda aqui
Me faz chorar
Em vez de sorrir
Não é só mais uma fase
É tudo o que resta da minha dignidade
Que de pouco em pouco acaba,
Pela minha falta de vontade
E toda esta tristeza
Nem consigo entender,
Ela é tão grande que me faz corroe
Será que tudo isso terá um fim?!
Ou morrerei triste
Sem um final feliz.
Qual a minha opinião sobre esse mundo? Lá vai.
- ele nunca deveria existir, viemos para cá só para ver entes queridos partindo, pessoas discriminando a sexualidade, cor, opiniões... chega desse mundo! pra mim... Esse mundo está prestes a acabar, minha jornada tbm.
Com carinho, NUCITA <3 .
A primeira noção à qual precisamos dar forma de modo a refletir sobre o Tempo Histórico é a de que este é um tempo necessariamente humano. O tempo dos historiadores refere-se essencialmente à existência dos homens. O que de fato interessa a um historiador é a passagem do homem sobre a Terra, o que inclui tudo aquilo que, tocado pelo homem, transformou-se, e também aquilo que, vindo de fora, transformou a vida humana. As modificações na vida humana ao longo dos séculos, o confronto entre diversas sociedades, as múltiplas maneiras como se desenvolveu o poder no decorrer da existência das sociedades humanas, o surgimento e a elaboração da cultura, a luta pela sobrevivência com a concomitante edificação de um sistema de práticas que podem ser consideradas como a base da economia, o surgimento e desenvolvimento das mais diversas formas de expressão e criação, as mudanças nos modos de pensar e de sentir ao longo dos séculos, tudo isto, e também as interferências impostas pelos homens no seu meio ambiente, constituem objetos de interesse dos historiadores, sempre considerados sob a perspectiva de suas transformações e permanências no tempo.
O tempo dos historiadores, portanto, é sempre um tempo humano. Ele não é o tempo dos físicos ou dos astrônomos. Tampouco é o tempo dos calendários ou da mera cronologia, ainda que destes modos de situar o tempo objetivamente o historiador precise se valer no decorrer de suas narrativas e análises historiográficas. Ao lado disto, um físico ou um astrônomo que observam os fenômenos celestes, materiais ou geológicos também podem pensar historicamente; mas não se trata aqui, obviamente, da mesma história dos historiadores.
[trecho extraído de 'O Tempo dos Historiadores'. Petrópolis: Editora Vozes, 212, p.20-21].
Uma pitada de solidão
Quando acordo e reflito sobre a vida,
me parece que nada faz sentido mas sim, faz sentido sim!
Até o não fazer sentindo faz sentido para alguém.
Quando muito me entristeço, um rio deságua por entre os caminhos de meu rosto mas uma música me procura animar e quando me sinto em demasiada alegria, me lembro de uma receita fantástica que é uma pitada de solidão para equilibrar minhas emoções lubriantes.
Fazer o quê?!!!
Buscar viver e viver ainda mais, independente dessas coisas.
Consigo sim.
Bom dia!
Terça-feira
Que Deus espalhe suas bênçãos sobre você, transforme sua vida, ilumine os seus caminhos e traga para o seu dia boas energias.
Que o Senhor lhe abrace bem forte, lhe encha de amor e sustente sua fé.
Hoje, transborde alegrias, se permita viver o dia e sinta muita paz no coração.
Não me traga flores,
flores não dizem nada sobre o amor.
Não me traga flores,
Me traga a leveza da tua companhia
Não me traga flores,
Me traga respeito no dia a dia
Não me traga flores,
Me traga amor, lealdade e parceria
Não me traga flores,
Se não for pra trazer a reciprocidade junto
De falsos românticos já está cheio o mundo.
Sobre músicas e poesias...
Sapiência aflorada;
Já ouvi MPB, rock, reggae;
Samba e sertanejo raiz;
Poesia declarada;
Tudo que a “letra” diz;
Já curti o movimento Punk;
Ouvi Rap, Racionais;
Letras “pesadas” mente aberta,
Tudo mais pra pensar,
Agora ouço o tal do “funk”,
Tenho vontade de "chorar",
Música LGBT;
Num breve passado também ouvi;
Renato Russo (Legião);
Cazuza e Cassia Eller;
Letras pra raciocinar;
Pirar o "cabeção"...
Atualmente só o que temos;
Sem preconceito ou discriminação;
Longe de mim tal alegação;
Dizem que serve pra “dançar”;
Um tal de Pablo Vittar;
"Chorei"...
VELEJAR
Caravelas sob relento
vão velejando sobre as águas
... Em seus ventos...
Calmos tensos...
Roupas sobre o varal.
Ao tempo, nada!
Aos olhos firmamento...
Espaço baixo, espaço alto,
relevo em velejo no mar...
Marujo sujo, aurora cedo,
segredo...
Canta galo o velejar.
Antonio Montes
Eu sempre tive receio de falar sobre sentimentos e, me julguem, nunca disse eu te amo pra cara nenhum. Sei lá, na minha cabeça essa é a cartada final pra dizer: pronto, to na sua mão, agora faz o que quiser. E foi nesse pensamento que durante anos a fio eu vinha tentando esconder o que eu sentia. Mesmo que fosse óbvio, mesmo que pra mim estivesse na cara e eu não precisasse falar nada, a verdade é que ninguém tem bola de cristal pra adivinhar. Pudera eu ter uma. É verdade também que se entregar de bandeja continua não sendo do meu feitio.
Não faz parte de mim escancarar sentimentos e gritar pro mundo inteiro o que acontece aqui dentro de mim. Ao mesmo tempo, com o passar dos mesmos anos, me vejo mais desprendida. Não tenho mais idade pra me esconder em disfarces e fingir que não quero, quando na verdade é o que mais quero. Fui vendo que se a gente não dá a cara a tapas, nada, absolutamente nada muda. Confesso que requer coragem, e que talvez eu ainda não tenha suficiente, mas tô pagando pra ver.
Acho que a gente não precisa ser agressiva pra mostrar interesse, mas poxa vida, mostra interesse! Passei da fase de joguinhos, de esperar me chamar pra sair ou demorar pra responder pro cara ficar lá esperando. Eu sou intensa e não aprendi, e nem quero, ser menos do que isso. Sou de mandar mensagem de bom dia, perguntar o que tá fazendo, jogar conversa fora e olha, nem sempre isso quer dizer que eu esteja apaixonada. É minha maneira de mostrar interesse, de querer te conhecer melhor.
Não é difícil despertar meu interesse, porque não sou dessas que se liga na aparência física. Gosto de sentir aquele friozinho na barriga, da expectativa, da conquista. O problema é me manter interessada. Não que eu goste só da conquista, mas tem que ser mais que isso.
A maior parte das vezes o cara se empenha tanto nessa parte que finge ser o que não é só pra agradar. Aí você se apaixona por esse cara, o que lutou pra te conquistar. E quando você se dá conta, aquele cara é desconstruído dia a dia, e o encanto vai embora.
Já perdi as contas de quantas vezes minhas amigas me falam pra não dar tanta atenção, mas eu só consigo parar de falar com o cara se eu realmente não quiser mais nada, ponto. E aí depois que eu sumo, ele corre atrás, mas aí... aí é sempre tarde demais.
A Oração e o Horácio
Caminhava errante havia dias, meses e anos, quando veio sobre mim uma vontade frenética e aniquiladora por uma xícara de café.
Olhei em volta e, como nada se parecia a um barista decente, optei pelo Balaios, na confluência da Rua XV de novembro com a VII de Setembro. É um bar café pequeno, mas limpo e o barista é de primeira, além dos conhecimentos e experiência necessária, é um ótimo papo.
Cheguei lá por volta das dez e entrei, empurrando a porta de vidro mantida por uma mola que não lhe permite ficar aberta. Segundo me informou o homem do café, manter a temperatura no interior da casa faz parte do ritual necessário ao sabor e degustação de um café verdadeiro. Entre outras inúmeras razões para gostar de frequentar o Balaios, está o conhecimento e a história do café brasileiro.
Para inicio de conversa, ali só se saboreia essa bebida, que dentre todas, é o melhor antioxidante, segundo aqueles que comungam das mesmas crenças ou, pelo menos, fingem que sim. A maior e melhor delas diz respeito a uma verdade incontestável: nosso café abastece o mundo todo com o melhor grão, dentre todos. Não existe melhor café que não seja brasileiro.
Eu não havia depositado minha mochila sobre a cadeira junto a mesa que escolhi, a mesma de sempre, junto à janela que dá para a Rua XV, quando adentrou no Balaios um senhor. Não consegui deixar de notar sua presença. Homens não gostam de admitir quando outros homens lhes chamam a atenção por sua presença física e eu não sou exceção. Tudo nele era atraente. Sua barba branquinha, sua sobrancelha grisalha e seu cabelo penteado, mas longo. Suas roupas lembravam as europeias, mas com um toque bem tupiniquim representado pela camisa amarelo ouro. Calculei sua idade entre sessenta e setenta anos.
Para minha surpresa ele caminhou direto em minha direção, quando chegou a um metro de onde eu estava, estendeu-me a mão e disse:
– “Eu sou o Horácio, muito prazer em conhecê-lo pessoalmente.”
Agora completamente embasbacado, respondi gaguejando:
– “Muito prazer Horácio, eu sou o Lou Mello, desculpe, mas o senhor me conhece?”
– “ Sim claro.”
Respondeu sem titubear. Carlos, o barista, aproximou-se de nossa mesa, Horácio já sentara na outra cadeira fazendo sinal para que eu sentasse também. Sem que eu nada dissesse, ele fez o pedido:
– “Dois capuccinos médios e duas torradas na graxa, por favor.”
Que raios estava acontecendo ali? Quem era esse senhor encantador e presunçoso que sabia exatamente o que eu pediria no Balaios, mas eu nunca o vira antes?
O homem do café distanciou-se. Com dificuldade encarei aquela figura absolutamente cativante. Ele tinha seus olhos azuis penetrantes completamente direcionados aos meus parcos olhos negros. Ficamos assim por alguns segundos, até que ele rompeu o silêncio sepucral que se dera:
-“Lou, vamos encurtar a conversa, pois minha agenda está muito cheia, como sempre. Meu nome é Horácio, de Oráculo, mas você costuma me chamar: Deus!”
Putz! Meu coração passou em segundos para umas cento e oitenta batidas por minuto, podia senti-lo na garganta, fora a maldita sudorese que acompanha essas palpitações inesperadas, fiquei com o peito e as costas molhadas em um instante, e continuou:
-“Aqui estou para ouvir a sua oração. Sabe, você tem me deixado em uma situação muito desconfortável, mas não lhe nego uma certa razão. De fato, deixei você caminhar por aí segundo seu próprio discernimento. Afinal sempre confiei no que havia em você. Gosto muito do seu blog, especialmente quando você deixa seu humor vazar e me critica aberta e corajosamente. A parte que gosto mais é quando você diz que não escuto suas orações por estar ocupado com os magnatas e ai você cita gente insignificante que sobre o que não entende faz ousadas asseverações. Entretanto, suas gracinhas provocaram reações entre os que me cercam. A pressão cresceu tanto que me obrigou a vir ouvi-lo assim, pessoalmente, olho-no-olho.
Nessa altura, passei os olhos pelo pequeno salão do Balaios, a procura do Carlos ou alguém que pudesse me socorrer, pelo menos, chamar o Resgate, pois já esperava um infarto inevitável.
-“Sossegue filho, você não terá nenhum ataque. Eu estou aqui, lembra? E eu sou Deus, como você costuma dizer.”
Então sorriu largamente. Senti-me inexplicavelmente melhor e arrisquei perguntar:
-“O senhor quer ouvir minha oração? Estou entendendo isso direito?
-“Sim, exatamente! Viu, poucas vezes os homens reagem como você diante de mim. Na maioria das vezes que me apresento em forma humana, preciso gastar muito tempo convencendo as pessoas que sou Deus, mas você está convencido depois de poucos minutos e poucas palavras. Então, qual é a sua oração?”
Claro que eu estava me perguntando qual seria a minha oração. Provavelmente essa era uma oportunidade única e eu precisaria acertar em cheio, como se fosse bater um pênalti aos quarenta e sete minutos do segundo tempo, com o jogo empatado.
-“Agradeço a oportunidade”. Falei com pigarro na garganta. “Desejo paz na terra e saúde às pessoas. Gostaria que a miséria diminuísse e, se possível, fosse extinguida. As diferenças so…” Ele fez sinal com a mão direita para eu parar.
-“Lou, não atenderei nada disso e você sabe por quê. Assisti várias de suas aulas sobre mim e sempre me fascinava o quanto você me entendia. O mundo seguirá seu curso inevitável. Criei os céus, a terra e, sobretudo, o livre arbítrio. Serei fiel, sempre, ao meu compromisso, haja o que houver. Quero ouvir a sua oração e nada mais. Sei que você, em sua nobreza, gastaria todo o nosso tempo sem falar de suas preocupações, aquelas pessoais.” Falou assim, enquanto escrevia uma frase no guardanapo, que dobrou cuidadosamente, deixando-o à mostra, sobre a mesa.
Carlos chegou com as xícaras e os pratos, para meu alívio. A pausa me ajudou a recobrar algum equilíbrio, então me enchi de coragem e disse:
-“ Senhor, nunca acreditei que orar era fazer pedidos, como se o senhor fosse o gênio da lâmpada. Minha oração é a mesma, aquela que o senhor disse não ouvir, coisa em que acredito, ou seja, o que eu pediria para quem tudo me deu? Claro que tenho um coceira danada para pedir a cura de meu filho, mas suponho que isso faz parte, também. Assim, aproveito para agradecer-lhe por tudo e peço perdão por tantos furos que dei por essa vida.”
Um sorriso largo e maravilhoso estampou-se naquele rosto luminoso. E arrisquei uma pergunta:
– “E aquela luz que cega quem lhe vê, quando é que vai queimar meus olhos?”
Seu sorriso virou uma grande gargalhada, então. Colocando sua mão sobre as costas da minha mão que estava sobre a mesa, disse:
-“ Lou adoro seu jeitão de falar, de ser e esse seu olhar de criança carente. Sua riqueza é infinita, pois você me conhece como poucos. Siga em frente, meu caro. Esse sempre foi o caminho certo. A minha paz seja convosco.” Falou isso, levantou, beijou minha face e saiu.
Fiquei olhando-o caminhar na calçada da Rua XV em direção ao Largo do Canhão, através da janela, até ele sumir. Olhei para o guardanapo dobrado e arrisquei ler o que ele havia escrito:
-“Pague a conta, por favor.”
pobre anjo...
que acreditou no teu amor...
caindo para morte...
aos laços da noite,
sobre o sangue,
a paixão que tanto desejou,
em devaneios de sangue,
tudo é um paradigma,
no parador do dogma...
o paraíso dos céus,
até o luar dominou
tuas ultimas palavras,
em teus olhos escuros,
a vida terminou...
O silêncio adentrou o quarto e ecoou sobre as 4 paredes...
Nem as luzes acessas, conseguiam clarear as ideias da minha cabeça.
Em meus olhos já se formavam um manancial abundante.
E uma pequena cachoeira já desaguava sobre minhas bochechas
Há um hiato entre certo e o errado, e não sei qual o seu tamanho
Qualquer ideia que tenta se formar é tão abistrata quanto um quadro de Jackson Pollock
Eu já devaneio em meio a pensamentos inacabados, semi construídos ou não formados
Cada resposta se torna uma nova pergunta, cada pergunta tem uma infinidade de respostas
São esses momentos que me sugerem a não pensar em nada, mas pensar em nada, é meio que pensar em alguma coisa
O tempo já não é aliado, e os sessenta segundos, já somam algumas horas
Essa constante insônia que me toma, é resultado de um confronto entre meu sono e meus pensamentos
Quando finalmente sou vencido por todos os lados, me vejo dormindo, cercado de harmonia
Que pode ser regada por bons sonhos ou refem de qualquer tipo de pesadelo
Boa noite.
A ONDA
Por onde anda a onda?
Se a maré esta mansa...
As braçadas relançam
sobre as águas que lança
o beijo da esperança.
Sobre nó, a pujança
que deslancha no mar
o atiro da lança...
Meridiano alcança
mas não pode chegar.
Por onde anda a onda
que rascunha na areia
o amor a lua cheia
a beleza da sereia
em noite de luar...
O lobo sobre a pedra
o urro a integrar
o cão chora seu dono
expressando o seu chorar
na tristeza do ladrar.
A sereia em seu canto
os ouvidos pelos cantos
p'ra poder encantar...
A onda voltou
fez espumas na areias
atirou guerras cheias
rascunhando o mundo
p'ra a etnia chorar.
Antonio Montes
Pensamentos
"Acho que escrever sobre meus sentimentos é algo muito contraditório. Nunca me sinto da mesma forma, sei apenas que existe dentro de mim uma dor imensa que me corrói e me deixa incrivelmente cruel. Essa sensação de estar morrendo pouco a pouco a cada dia que passa me deixa solitária. Me vejo como se estivesse completamente, totalmente e inteiramente sozinha; nem meu coração se encontra mais aqui, ele acabou se perdendo pelas inúmeras vezes em que foi quebrado em pedaços. Eu gostaria de acordar amanhã pra voltar no tempo e nunca ter te conhecido, mas sei que me arrependeria pois você foi a melhor coisa que me aconteceu; e a pior, também. Não, você não sabe como me sinto. Você não imagina como sinto-me pela metade, logo eu, que sempre fui tão inteira... Perdoa se te cobrei tantos pequenos detalhes, porém esqueci de avisar-te que sou movida a estes, que são os mais sinceros. E, sim, adoro coisas sinceras, simples e minúsculas, aquelas que não conseguimos enxergar, apenas sentir. Com todas as forças que ainda me restam, eu te amo. Por todas as lágrimas que escorrem pelo meu rosto nesse exato momento, eu te amo. Ignorando cada defeito e erro bobo cometido que me fizeram vários buracos até que eu me destruísse por completa... É, eu te amo. Nunca poderei explicar-te o porquê ou dizer-te até quando, somente sei que mesmo sendo como um puro paradoxo, o sentimento que sinto é completo, único, certo e verdadeiro. E também sinto-lhe informar que desisto de você, mas que ainda te amo."
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