Textos de Desalento
Às dezoito horas as lembranças são sempre as mais melancólicas, especialmente nos dias chuvosos quando uma neblina fria, inclinada pelo vento que bate janelas e portas, faz chorar as vidraças, deita todas as desilusões que incomodam; nesse momento parece que temos todo o tempo do mundo para relembrar as decepções. Os bambuzais vergam com o vento assim como paixões vergam nosso orgulho, são histórias tristes que as seis da tarde em dias chuvosos trazem à tona fatalidades que essas horas vazias alimentam.
Os jornais estampam de vez em quando fatalidades causadas pela paixão ou desilusões; essa noite turva contínua vai além dos seus limites e faz purgar os que perderam suas identidades, suas referências e vistos por uma vidraça são só personagens de um teatro sinistro na penumbra dessa noite. Ela dançava na chuva; tinha um grupo de amigas mais ou menos da mesma idade, todas adolescentes, inconsequentes como todos que adolescem, dançavam na chuva com a roupa colada no corpo, mostrando suas formas femininas que se acentuavam; os pingos de chuva sob a luz do poste pareciam pingos de brilhantes. É uma lembrança nostálgica que fica num quadro adornado pela saudade. O sorriso de Emily luzia naquele quarteirão; na padaria onde ela pegava o pão todas as manhãs, na quitanda onde comprava as frutas pra sua avó Giordana, na vacaria onde comprava o leite, tirado na hora, era assim que sua avó queria. Maria Eunice todas as manhãs acena do oitavo andar no condomínio em frente, faz um sinal que só ela entende, era uma senha do grupo que só elas conheciam; algo mais ou menos como: "amigas para sempre", mas havia um algo mais como promessa de fidelidade e lealdade; assim Catarina desistira do casamento ao saber que o noivo já tinha namorado com uma das amigas. Esse fato Emily menciona com frequência; num dia de febre alta delirou mencionando Catarina e Rogério: "talvez fossem muitos felizes hoje", Catarina tornara-se uma pessoa amarga, arredia, reclusa. acho que fomos longe demais com nossos pactos de juventude. A porta se abre trazendo a claridade de um relâmpago; Luis Otavio, filho único, entra salpicando a entrada; tira a capa e o capacete; Doralice o ajuda com as sacolas de compras, ela cuida de Emily e faz os trabalhos na cozinha; Auxiliadora, uma das amigas e também prima de Emily, vem sempre que possível. Luis Otavio menciona algum dano que a chuva causou na estrada, Doralice reclama na cozinha alguma dificuldade com o fogão, Otavio corre a acudi-la. Um sorriso escapa dos lábios de Emily; seu olhar está bem longe através da vidraça: um shortinho salmão de tactel e uma camiseta branca de popeline dançando sob a chuva com as amigas adolescentes e os meninos nas janelas encantados com tanta beleza; a chuva trazia a magia dessas lembranças. A voz de Doralice lhe corta os pensamentos: "seu comprimido, senhora..." e lhe estende um copo com água; a artrite a incomoda mas, Emily o toma rápida e solícita para ficar novamente só com suas lembranças; sabe que violara o pacto, mas como contar à uma quase, ou mais que irmã que Luis Otavio era filho de seu marido, Eduardo José casado com Maria Eugênia os quais foram morar na Itália; mesmo assim Maria Eugenia jamais lhe esquecera, ligava de quinze em quinze dias e jamais esquecera seu aniversário. Entre as amigas, Emily e Maria Eugênia talvez fossem as mais ligadas emocionalmente. Não fora uma traição, foi uma atração, uma paixão muito forte, um sentimento mútuo e apesar disso Emily não permitiu que Eduardo terminasse com Eugênia, assim casaram-se e foram para a Italia sem que Eduardo jamais soubesse de sua gravidez.
Lá fora a chuva parecia dar uma trégua, os sem teto da praça pareciam comemorar alguma coisa, aparecia sempre um filho de Deus para socorre-los com um copo de sopa, uma roupa, um cobertor. Emily não conseguia disfarçar sua perturbação diante dos mendigos; achava que aquela forma de ajuda-los só os deixava acomodados numa zona de conforto. Como podem se acomodar com uma vida tão miserável; certamente a droga os alienara. Otavio entra no quarto interrompendo os pensamentos de Emily: "mãe, olha, meu último poema..." Emily o olha, antes de pegar a folha datilografada, se Maria Eugênia o visse agora não precisaria explicar toda a sua história; Luís Otávio estava a cara do pai, Eduardo José quando ele tinha sua idade. Emily lê e relê o poema diante do olhar inquisitivo de Luis Otavio;"e aí mãe, gostou" "Meu filho você anda inspirado, acho que você anda lendo Cecília..." Luis Otavio amava a sensibilidade de Cecília Meireles. Na madrugada enquanto Emily revivia seu passado cheio de paixões ela escutava o toc-toc da Olivetti no quartinho de Otavio. Artrite limitara seus movimentos, mas nada segurava sua alma; o mundo. o cenário, todos os detalhes dos seus melhores anos estavam todos guardados na sua mente; a caramboleira, a mangueira da casa lilás onde Eugênia subia no muro para derrubar algumas frutas enquanto os cachorros latiam pelo lado de dentro e nos assustavam. Agora ali é um condomínio; gente bem vestida com carros modernos e raros sorrisos, que às vezes se jogam de seus andares ou resolvem seus problemas com um disparo quebrando o silencio da noite, interrompendo os sonhos e a inspiração dos que se apaixonaram e ainda amam a vida.
Emily se move numa cadeira de rodas na madrugada, cumpre a parte do pacto que lhe cabe; amar sempre com fidelidade e lealdade; lê os poemas de Luis Otavio, relê os seus. A vida não é perfeita, as pessoas não são perfeitas; amar a vida e as pessoas, esse é o sentido da vida.
Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar.
Josué 1:9
Por isso amigos superem suas expectativas.
Abusem do seu trabalho para ser o melhor, faça o certo de forma correta e seja digno pois a dignidade te transforma e realiza.
Nunca calce um sapato confortável para deixa lo a vontade. calce sempre um apertado pra lembrá lo que precisa está calçado.
Sou prosa... sou poesia
No silêncio da madrugada sou o caos e a bonança.
Sufocada por nova crise.
Dormindo feito criança.
Ora tempestade… ora calmaria.
Às vezes sou chuva tensa… chuva densa.
Às vezes sou sereno o mais sereno.
Sou alegria.
Sou melancolia,
Ora sou paz total.
Ora, guerra mortal.
Sou prosa… sou poesia.
Nesse mar de variação… vivo inteira o meu dia a dia…
FRIO (cerrado)
Quem o contentar dirá destas noites de frio?
Corre no cerrado de galho a galho, arrepio
Dum vento seco e bravio. E eu, aqui tão só
Em queixas caladas, calafrios, é de dar dó
Recolhido na tristeza do invernado cerrado
Cheio de solidão, de silêncio e de pecado...
Que corrosiva saudade! Esquisita e estranha
Uma está lembrança forjada na entranha
Do inverno, caída de outrem, fluindo amargor
Onde, em sombrio sonho, eu vivendo a dor
Sem querer, na ingratidão, com indiferença
No vazio da retidão, da ilusão e da crença
Que acirrado frio, sem piedade, ofensivo
Que me faz reclusivo, neste cárcere cativo
Insano, em vão, duma melancolia lodaçal
Que braveja, me abraça e me faz tão mal...
Por que, pra um devaneador esta paragem
Que ouriça, e é tão deslocada de coragem?
Ah! quem pode me dizer pra que assim veio?
Se está tortura é passageira, assim, eu creio.
E a minha miséria aberta, escorre pelo olhar
Receio... e mais gelado fica em mim o pesar.
Uma prosa alheia, uma penitencia escondida
Se é só o frio, por que esta insânia homicida?...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
14 de julho de 2019
00’17”, Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Tenho medo de errar
Tenho medo de te perder
Tenho medo de um dia você não aparecer
Nunca mais voltar
Sou insegura
E vivo nesse caminho de medos
Sinto que não sou capaz
Já perdi muitas pessoas
Não quero te perder também
Achava que era forte, que já estava acostumada
Mas eu sempre estive errada...
o amor, às vezes, é um pássaro ensaguentado, à beira da morte, que encontramos no meio da neve, e perdemos todas as dimensões de tempo e distancia pra cuidá-lo e curá-lo, impensavelmente mesmo que todo sacrifício venha a ser em vão no final…
o amor, às vezes, é uma nuvem negra que surge quando tudo o que precisamos é de chuva forte, e nem sempre nos damos conta do quanto estivemos secos e sem vida em nossas clausuras infecundas, frias e empoeiradas…
o amor, às vezes, é como despertar num domingo de manhã com a preocupação de atraso, e então nos damos conta que está tudo bem, pois podemos ficar quanto tempo quisermos, porque não precisamos sair, pois não há lugar melhor do que onde estamos…
o amor, às vezes, é tão pequeno a ponto de levarmos pra todo canto, e grande o suficiente pra que nossas vidas o orbite sem que venhamos a cair, porque o amor é como um orvalho que salva a flor, e nele se refletem o céu e todas as constelações de andrômeda.
amor é sei lá o quê e nem sei pra onde, nem como, nem bebo, nem cuspo. apenas me assusto quando chega tombando os trincos, e agarro às cegas, olho, beijo, unho, pra não deixar assim por vir e partir, porque amar também é um rasgo, um bocejo, e entender que nem sempre devemos ter por onde ir.
Queria ser leve, dessas pessoas que inspiram e o resto do mundo gostaria de ficar por perto por exalar positividade. Ser daquelas que não é necessário emitir palavras, mas só o olhar motiva o outro.
Não escolhi ser pedra ou peso, quando vejo já deixei o pessimismo tomar conta.
Sou o tipo errado de pessoa, a que se machuca, machucando o outro e repele a todos. Com o tempo deixa de fazer novas amizades por não ter animo de explicar sua vida e fazer a manutenção como encontrar, receber e sorrir. Também não cativo as antigas, para evitar que mexam no passado ou crie obrigações de presença, saídas etc.
Envelheci a alma, me fechei cedo demais, e me sufoco na própria ansiedade e vontade de dias diferentes.
Talvez o sorriso fácil mascare, é mais fácil do que explicar.
Não acho que seja capaz de mudar.
Quando o amor não dominar o mundo.
As rosas serão ainda mais vermelhas, e os beijos ainda mais doces, a chuva será mais intensa e o céu ainda mais belo, a lua brilhará mais e mais estrelas irão nascer. Quando o amor não dominar o mundo não haverá casais tristes, não existirá um mundo interior partido e nenhuma alma perdida. Quando o amor não dominar o mundo as palavras em cartas terão mais vida, suas músicas não trarão lágrimas, seus olhos não chorarão. Quando o amor não dominar o mundo, o seu mundo não irá mais sangrar, você não irá mais chorar, você vai sorrir, viver e ser feliz, quando o amor não dominar mais o mundo.
# Disse um coração partido, que amou, ao seu diário.
Sozinho. Na vitrola toca um jazz. O rítimo descompassado comeca.
Acendo um cigarro. Mallboro, eu acho. Dou uma tragada. Mallboro, com certeza. Sento na minha poltrona. Reclino o encosto. Mais uma tragada.
Acabou o Fantástico. Céus, amanha é segunda . E eu estou acordado.
Estamos acordados. Eu. O Porteiro. A Viuva do 208. Aquele pequeno meliante no aguardo do próximo transeunte. A mulher da janela do prédio da frente.
A música acabou. Só escuto o chiado da vitrola. Vou virar o LP. Ou devo trocar? Vou trocar. Billie Holiday comeca a tocar.
Todos devem ouvir ao menos uma vez essa mulher cantando. Vou pegar outro maço de cigarros. Não! Charuto é melhor, combina mais com Billie Holiday.
Ah! Charutos sao como vinhos. Sao feitos para serem apreciados. E tudo que é apreciado não deve ser usado até o final. Deixarei a bituca pro Santo . Ou pras formigas e baratas . Nunca vi formiga indo atras de Charutos. As de Cuba devem ir.
Sozinhos. Estou sozinho e começa a tocar Gloomy Sunday. Comeca a me tocar. O tempo voa, ou para, não sei ao certo. Ja é de manha e acordo com gritos na sala de casa! "morreu?". "Uma fatalidade". "Deixou alguma carta?". "Não". "A vitrola tava ligada, o vinho estava pela metade, o maço no chão e o charuto junto com a pistola".A viuva só lamentava. O Porteiro estava preocupado com toda aquela bagunça. A morte de um vizinho é algo trágico e satisfatório. A dor do fígado alheio é sempre agradável, convenhamos.
Impossivel encontrar nas pessoas a pureza de um bom vinho, charuto e Jazz.
Nao pense voce que pensei em família e amigos. Não é por mal. É que essa trindade é a base do meu ide. Do meu ego. Não existe ser que foi capaz de suprir o meu intimo . Somos apenas carne e osso. Não precisamos de mais carne e mais osso pra alcançar o Nirvana . Fui ter um encontro comigo mesmo.
NOSTALGIA.
Tarde nebulosa com previsão de chuva forte, ouço uma canção e observo as ruas vazias e chego a pensar que apenas eu sinto essa nostalgia. As horas horas passam tão rápido quanto os meus pensamentos que ao embalo da canção buscam encontrar você.
Na melancolia da minha imaginação, encontro destino para os sonhos não realizados,caminhos desencontrados,amores passados e tomo uma decisão:continuarei aqui de mãos dada com a nostalgia.
Cinzeiro cheio
Cheio da poesia de cada um
Passaram por ele
Amor e jejum
O amor dilacerado
A esperança de mais um
Acumulou tantas cinzas
Que até são bem vindas
Para um poeta coração
Achando-as lindas
Escrevendo e admirando
Cor morta
Com o cigarro noutra mão
A caneta rabiscando
Um poema sem perdão
Cada palavra ali passada
Acompanhou uma emoção
Desde a profunda companhia
A mais amarga solidão
Existe ali tanta poesia
Que me traz mais gratidão
Por escrever e por sentir
Por amar o que me dão
Trago a dor de cada verso
Trago o que está na minha mão.
O papel me olho com deboche
Risquei com raiva e medo
Com esse café preto
Aqui no canto esquerdo
Ri e escrevi com zelo
Novamente
Tinta escorrendo livremente
Sem qualquer compromisso
Apenas deprimente
Melancolia novamente
Tudo novamente
Melancolia, Mario Quintana já dizia:
Sofrimento romântico
E eu discordaria?
Apenas entoo o velho cântico
Romântico.
INTROSPECÇÃO
Quero poder falar a você,
Meu amigo, minha amiga,
Que a vida vou levando,
Vou vivendo, vou cantando
E de quando em quando,
Ou por tristeza ou alegria,
Sem projetar ou desejar,
Derramo lágrimas sem parar
É a vida do poeta...
Parece sábio, pensador, cordato
Não transparece rebeldia
Somos como as ondas do mar, sempre girando
Muitas vezes, somente calmaria
Mas na grande maioria das vezes
Cheios, impregnados de melancolia
E aí o mar revolto nos projeta ao ostracismo
E ao desconectar, perdemos a sintonia
Estranhos de nós mesmos
É navegar no ceticismo
Nos fechamos para o mundo,
Momentos necessários, fundamentais,
Introspecção pensada,
Para que os futuros poemas, sejam reais
O poeta se calou
Das palavras desistiu
Ao ver o que escrevia
Não traduzia o que sentiu
O silêncio o tomou
O desespero invadiu
Aquele coração tão nobre que agora
Não passa de um sonho que ruiu
A melancolia, sua nova morada
A solidão - sua amiga vil
Desperta desse sonho agora
Tu que nunca desistiu
Veja no amanhã uma possibilidade de sorrir
Um novo sol que se levanta
De onde nunca imaginaria que iria surgir
Tenho medo de que vá embora,
É tão mais fácil quando não ultrapassamos a linha da amizade,
Quando estamos seguros, e sabemos que aquela pessoa sempre estará ali,
Quando temos o laço seguro da amizade,
O medo de perder o meu porto seguro,
O medo de não ter a quem voltar,
O meu amor crescia,
E esse medo também,
Sim, você foi essa mistura de sentimos,
Você foi tudo e muito mais,
O motivo da minha ansiedade e insegurança,
Mas também era minha paixão e alegria,
Também o meu porto,
O porto que perdi,
Mas eu tive que escolher a mim,
Já que você havia escolhido a si mesmo desdo início,
E com o coração partido,
Eu te deixei ir,
Mas ainda espero sua volta.
As vezes é um sintoma.
As vezes, só palavras não bastam.
As vezes, nem mesmo lágrimas são suficientes desabafos.
As vezes, nem o corte mais profundo é capaz de superar dores e tristezas.
As vezes, o único remédio que cura a minha vontade de ver o fim do mundo é:
-Uma dose de seu sorriso 1440 vezes por dia durante 365 dias por ano.
-Um beijo sempre que possível;
-Um abraço quando estiver próximos;
-Um "Eu te amo" enquanto for verdadeiro;
(Repetir isso até quando nosso amor durar)
Mas tudo isso é só "as vezes".
Perdido
Eu continuo fadado a correr,
como os ponteiros de um relógio,
sempre um atrás do outro.
Eu me sinto como uma bússola desprovida do norte.
Sou como o pesadelo, sempre buscando seu irmão...
Mas o sonho me crucifica … ou será eu a me mesmo?
Não sou nada mais que os despojos de uma névoa tênue e esvaecida, tão abastada de vida como o suspiro de um moribundo.
Apenas vestígios de um destino amargo; triste e olvidado; como uma noite qualquer!
*A sua ida dói em mim*
Não dá para esconder
O caminho que tive que percorrer
Para poder te amar
Amar como nunca amei
Sinto a sua presença todo dia ao acordar
Acordo com saudade do teu consolo
O consolo que me deixava sem palavras
Palavras que podiam ser sentidas
Sentidas como eu senti
Senti o amor
Mas também a dor
A dor que corroeu meu pensamento
O pensamento que servia apenas para você
Você que não faz mais parte do meu hoje
Hoje que eu percebo que fiz uma escolha difícil
Difícil como amar
Amar como sofrer
Sofrer para chorar
Chorar para limpar
Limpar aquela alma que um dia foi tua
Saudade
Esses dias li a frase: "Pessoas indecisas magoam pessoas incríveis". É ruim ser a pessoa incrível que foi magoada. Mas é bem pior perceber que você é a pessoa indecisa que magoou.
Pior ainda é perceber que a sua indecisão não só magoou alguém, mas magoou a pessoa que era mais importante pra você naquele momento, a pessoa que te faria mudar, ser feliz, transcender.
É ainda pior perceber que você terá que conviver com o peso da sua decisão, ou melhor, indecisão, e isso vai te machucar pouco a pouco, talvez por muito tempo.
E é cortante pensar que se você não fosse aquela pessoa indecisa, se se posicionasse ou ao menos fosse mais claro em suas escolhas, não estaria tão mal, não triste, tão melancólico e por fim, tão infeliz. Nem precisaria, talvez, estar pensando nisso agora ou sequer escrevendo qualquer coisa desse tipo.
Ou talvez - e não menos trágico - isso tudo seja só saudade. Imerecida, pois você foi aquela pessoa indecisa, mas ainda assim saudade.
MORTIFICADO
Por que senhor, por que me fizestes tão quebradiço ? Quando essa sequência de derrota há de acabar ? Mesmo não crendo em ti, sei que tua maldade não seria tão grande com teu filho. Há tempos que não vejo lágrimas descendo sobre meu rosto, a solidão que antes me afligia e me dava medo, hoje já não me assusta.
Nem o remédio mais forte, a cirurgia mais precisa ou a terapia mais intensa tirariam os pensamentos lastimosos que venho tendo. Eu não queria refletir com tal profundidade, mas agora é tarde demais, o demônio da dúvida se sentou no meu ombro, e agora papeia comigo sobre tudo.
Já não reconheço semblante estampado em meu rosto, já não me sinto mais o mesmo, já não tenho mais a sede de viver. Acho que a fonte da vida, um dia seca para todos.
