Texto Sobre Silêncio

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O amor, aos meus olhos, não foi um passo, foi um precipício.
Foi o silêncio que caiu entre dois suspiros,
o instante em que o mundo perdeu o seu mapa
e eu me perdi no asterisco dos seus olhos.


Minha vida, antes um compasso aleatório,
aprendeu a gravitar.
Girou em órbitas tão certas
que chuva era apenas um detalhe no vidro,
e as montanhas,meras dobras no caminho
que eu desdobrava com as mãos
só para voltar ao teu eixo.


As rosas que te dei eram pálidas,
tímidas traduções
de um jardim interior que só florescia
com o sol do teu olhar.
Cada pétala,um segredo não dito;
cada espinho,o medo de tanto sentir.


Perdemos a conta do tempo
no labirinto dos nossos olhares.
Cada olhar,uma promessa de eternidade
escrita em linguagem de sóis e sombras.
E eu desejava beijar-te
até que o amanhã se tornasse um mito,
até que o relógio do universo
esquecesse seu próprio tique-taque.


Foste a história mais longa
escrita no tempo mais curto.
Um épico com final de haiku:
doce,súbito e que deixou um vazio
mais eloquente que qualquer palavra.


E assim acabamos num princípio,
um paradoxo que ainda me sangra.
Largar-te foi arrancar raízes do peito,
foi o mais doloroso que a vida me trouxe.


Mas o coração, esse arqueólogo teimoso,
nunca se despediu de ti.
Ele escava nas ruínas do que fomos
e encontra,intacto,
o eco do teu nome.

“Você por você”

Desde criança, eu me perguntava em silêncio,
por que os outros sempre partiam primeiro,
por que as mãos que eu segurava com afeto
soltavam tão fácil, sem olhar pra trás.

Fui leal — até nas horas que doíam,
e mesmo assim, vi portas se fecharem,
vi sorrisos trocados como moedas gastas,
vi meu nome se perder nas conversas alheias.

Cresci, e o eco se repetiu:
amores que se desfazem,
família que esquece,
ausências que doem mais que palavras.
Passei dias trancada em mim mesma,
com o mundo batendo à janela
e ninguém notando o som do meu silêncio.

Aprendi que laços também se rompem,
que o sangue nem sempre aquece,
e que a solidão pode ser casa —
quando o amor não é abrigo.

Hoje, caminho leve, mesmo ferida,
porque entendi o que a vida grita:
no instante em que o cordão umbilical é cortado,
é você por você —
sempre foi.

No silêncio de uma noite calma,
A lua observa,
A brisa embala.
Corações partem,
Sonhos se desfazem,
Mas a esperança, eterna,
Nunca se desvia.
A cada estrela, um desejo pedido,
A cada sombra, um segredo guardado.
Mesmo em dor, há beleza escondida,
Na jornada, o amor é o nosso guia.


Nathalia Conde

"O Silêncio de Não Ser Pai"


Não sou pai. E há nisso um espaço — não de vazio, mas de eco. Um campo onde o tempo passou, e deixou intacta uma terra que poderia ter sido semeada.


Não ser pai não é ausência de amor.
Talvez, seja amor que não precisou de nome, que não se debruçou sobre berços, mas se espalhou em gestos, em presenças sutis, em silêncios partilhados.


O mundo, com sua pressa de moldar destinos, parece esperar que todos sigam a mesma trilha: encontrar, gerar, ensinar, repetir. Mas e aqueles cujos passos desenham outro mapa? E aqueles que escutam a vida por outros ângulos, sem o riso de um filho chamando pelo corredor?


Às vezes penso: teria sido bonito... Ser chamado de pai com a voz trêmula de uma criança, encontrar meu rosto espelhado em outro pequeno rosto. Talvez um dia. Talvez nunca. E tudo bem.


Há paternidades que não vestem título.
Há frutos que não brotam do sangue, mas do cuidado que deixamos pelo caminho. Já fui abrigo, já fui raiz, mesmo sem ter dado nome a ninguém.


Não ser pai é, por vezes, um caminho mais silencioso.
Mas há sabedoria no silêncio, há paz em aceitar que a vida se desenha também nas entrelinhas. E que o que não foi, ainda assim, pertence ao que somos.

O GRITO DOS MAUS E O SILÊNCIO DOS BONS

Meu querido Martin você disse que o que te preocupava não era tanto o grito dos maus, mas o silêncio dos bons... Permita-me discordar de você, Martin. Os bons não ficam em silêncio. Aqueles a quem você chama de bons não passam de maus travestidos de bons e se estão em silêncio é porque são coniventes com aqueles maus que assumem que são maus. Esses maus travestidos de bons, Martin são piores que os outros que assumem que são maus. Parecem estar em silêncio, mas não estão. Eles estão gritando como os outros nos bastidores de todo e qualquer tipo de poder. Têm em seu poder uma leva de fracos que fazem o que eles mandam. Tudo no silêncio. Já os bons de fato vão para a rua e gritam sem medo da morte. E não raro são mortos. E os bons de fato, Martin, assim como você, são muito poucos. É na verdade uma minoria da sociedade.

Às vezes, ainda choro no silencio do meu quarto, com a cara enfiada no meu travesseiro pensando que não posso mais aguentar o peso de uma dificuldade. Mas, é justamente nestas horas que percebo que não estou mais sozinha. Sei que não posso suportar as minhas dores com algum tipo de força humana que provenha de mim, mas tenho certeza de que vou avançando na vida através da imensurável capacidade que Deus me dá de levantar-me e colocar-me de pé. Deus me prontifica permitindo que eu caminhe além do que um corpo físico debilitado como o meu conseguiria. Porque Deus é a minha força e com Ele estou sempre superando os meus limites.


Trecho do livro "Inimigo Oculto- Foco, Força e Fé"

O medo se vai para se encontrar com a coragem de me declarar, falando de amor com o meu silêncio hesitando em dias que se perdem em chances desperdiçadas;
Nunca deixei de acreditar na minha capacidade de estar em felicidade e plenitude que me cerca;
Mas por não saber viver de forma plena e sim vivendo na dor o tempo não volta do início para tornar acontecer;

⁠Eu sou feita de instinto,
de faro aguçado e alma antiga.
Eu sou o silêncio da floresta,
o grito que ecoa na mata,
a fúria da loba ferida
e a sabedoria da anciã que não se cala.

Eu já fui queimada, expulsa, ignorada,
mas renasci em cada cinza,
cada lágrima salgada me curou,
cada rejeição me mostrou a direção,
cada abandono me ensinou a retornar…
pra dentro.

Corro com as lobas, sim,
mas também sei andar sozinha.
Sei farejar mentira de longe,
e quando me calo,
é porque estou me preparando para rugir.

Tenho carne, alma e memória,
sou feita de recomeços,
de promessas que só eu ouvi,
de sonhos que escondi nos ossos,
mas que hoje dançam em minha pele.

Eu sou mulher. Selvagem. Inteira.
Com rachaduras, mas inteira.

Não preciso ser salva.
Preciso ser vista, respeitada,
amada com a mesma intensidade
que me derrubaram um dia.

E se for pra caminhar comigo,
que seja com coragem.
Porque meu caminho não aceita passos frouxos.

"Último Sacrifício"


Eu me matei pra você viver,
morri em silêncio pra te ver sorrir,
te dei meu fôlego, minha paz, meu ser,
e mesmo assim, você escolheu mentir.


Com as mãos que um dia curaram meu peito,
você cravou a traição sem hesitar,
e o amor que um dia foi tão perfeito,
você matou… sem nem se importar.


Nadson Origem Poética

A Bíblia nunca mandou você esperar alguém que já foi.
Tem gente que você acha que é silêncio de Deus, mas é só ausência de quem já escolheu não ficar. Você não tá em processo, tá em negação. O silêncio já explicou. A dor já confirmou. Deus não te mandou insistir em lugar que Ele mesmo tirou alguém. Fé não é apego. Amor não é insistência cega. Você não foi feito pra viver esperando retorno de quem já foi embora por escolha.

O Silêncio Entre Nós

por você

O silêncio me assusta.
Nunca quis ser como sou com você.
Você me fez mudar.

Antes, eu gostava do silêncio.
Quando ouvia vozes,
vinham dores agudas,
agonias escondidas,
principalmente nas tristezas.

Mas quando você chegou,
tudo mudou.

Aprendi a falar com o olhar,
com beijos quentes,
com abraços que diziam mais
do que qualquer palavra.

Entendi, então,
que o amor vai além do desejo.
Amor é prosa.
O amor nos torna patéticos.
O amor é latifúndio.
O amor é divino.
O amor... é para sempre.

Quando não escuto seu amor,
sei que está longe.
E isso... nunca me aconteceu antes.

Sem o som estranho e doce da sua voz,
não sei quem sou.
Mas mesmo com o silêncio entre nós,
sei que você está aqui —
no meu coração,
fazendo barulhos de amor.

Tem hora que você só precisa parar de se cobrar tanto e lembrar que
Deus trabalha no silêncio também.
Nem todo avanço é visível. Nem todo milagre faz barulho. A ansiedade te faz correr sem saber pra onde, mas a fé te ensina a esperar sem perder o rumo.
A Bíblia não disse que seria rápido. Disse que seria no tempo certo.E enquanto você acha que nada está acontecendo, Deus tá alinhando tudo no invisível. Então respira. Nem tudo que parece parado está perdido.
Às vezes é só o céu construindo o que você ainda não pode ver.

Nasci em 1976, na Alemanha, mas sou lusitano e escrevo quando o silêncio já não chega.

Penso sobre identidade, tempo, sombra,
e sobre a estranha nobreza que persiste no imperfeito.

Vejo-me como uma figura quixotesca,
uma espécie de poeta da triste figura,
não por heroísmo, mas por partilhar a teimosia dos valores,
a lucidez da honra
e a coragem de enfrentar os meus próprios gigantes…
e ilusões.

Não procuro glória.
Escrevo para dar forma ao que, de outro modo, me consumiria.

Manhã de lua cheia…



Numa manhã deserta,

o silêncio vestia-se de prata.

A lua cheia, teimosa,

ainda pairava no alto,

como se recusasse a ceder

o palco ao sol nascente.



O vento passava devagar,

acariciando ruas vazias,

carregando consigo

o perfume tímido da noite que se despedia.



Cada sombra tinha voz,

cada luz tinha segredo.

E eu, só, caminhava entre o ontem e o agora,

com a sensação de que o tempo

me observava de longe,

esperando que eu respirasse fundo

para seguir adiante.

Silêncio Alheio
Há vozes que se perdem no vazio,
ecoam em segredo,
são gritos que o tempo não apaga.

Os olhos, se pudessem falar,
contariam sombras,
pedaços de um mapa desfeito.

A aspereza nas palavras
é só o espinho de uma flor murcha,
o que resta quando a noite é longa demais.

Vemos o movimento,
mas não os degraus quebrados,
nem o lodo que pesa nos passos alheios.

Não se trata de absolver a dor,
mas de lembrar que cada um traz
um abismo diferente no peito.

Feridas que não se mostram,
batalhas sem troféus,
lágrimas que secaram antes de cair.

É simples apontar o dedo,
difícil é segurar a mão que treme
e ouvir o que nunca foi dito.

Porque toda alma carrega
um livro fechado,
e algumas histórias
queimam sem deixar cinzas.

Roberval Pedro Culpi

Quando o diálogo não consegue se fazer entender…
O silêncio fala na prática o que as palavras não conseguem…
A distância encurta caminhos…
Nos faz refletir sobre o valor da presença de alguém em nossa vida…
Reciprocidade na indiferença ou no partilhar…
É hora de decidir amar ou apenas seguir…
Patrícia Feijó

Silêncio




Músicas que ressoam o nada,
gritam — o ouvido estraçalha.
O meu cúmplice que vira,
esse silêncio guardado.


E esse silêncio rasga,
atravessa a alma fraca,
como penitência fria,
quietinho me abraça.


Silêncios que gritam,
verdades caladas.
Grito preso
é silêncio armado,
municiado e vestido
de luto sagrado.


Fala mais alto
que o fôlego permite.
Calado, ele grita;
gritando, ele cala.


Cárcere privado
dentro de mim,
confortável veneno.
O silêncio revela
o que o barulho disfarça,
o que a palavra teme,
o que o tempo guarda.


E o que o silêncio guarda?
Além de segredos, mentiras e piadas?
E o que ele mata?
Além das verdades, vontades e a alma?


Guarda cartas nunca enviadas,
guarda abraços negados,
guarda beijos molhados,
guarda o gosto amargo
dos “nunca mais”
e dos “quem sabe um dia”.


Mata risos pela metade,
mata sonhos no olhar cansado,
mata desejos acorrentados,
mata o amanhã no ontem enterrado.


Não falo do silêncio externo,
mas daquele interno,
que a gente tranca e alimenta,
pouco a pouco, com migalhas.


Silêncio que abraça,
engolindo palavras,
sufocando pensamentos,
despindo a alma.
Como eu o calo?


Escrevo em tormento
nesse silêncio que me acompanha
dia e noite,
enquanto trabalho,
enquanto rio,
enquanto falo,
enquanto disfarço.


Ele se deita comigo,
divide o travesseiro,
morde o meu sono.
É sombra no peito,
é nó na garganta,
é frio na barriga,
é relógio parado.


E quando penso que partiu,
ele retorna, paciente,
sentando-se à mesa
com um prato vazio.
(esperando as migalhas)
Come do meu cansaço,
bebe da minha espera,
e ri sem fazer barulho.


O silêncio não é ausência,
é presença severa,
é voz oculta,
é juiz sem sentença.
No fim, pergunto:
se eu quebrar o silêncio,
o que sobra de mim?

⁠" O Peso do Silêncio "


Se fez presente apenas com o olhar
Não era necessário palavras para contar o que de certo todos já sabiam.


Eu me afogava em instantes,
Em incontáveis minutos que se seguiam com ar de desesperança


A instabilidade e o caos tomavam conta
Do que eu já nem sabia mais se seria possível existir


Por mais que eu me afastasse
Não havia recuo
Por mais que eu dormisse
Não encontrava descanso


A Noite parecia eterna
O tempo se arrastava devagar
Cada momento era uma uma eternidade


E então, à solidão tornou-se minha única única companhia
A ausência de sentido meu único propósito
E a saudade um sentimento que não passava.


Poesia - Karina Cardoso Maia Cruz

Sozinho no silêncio, esperando ouvir sua voz, de coração apertado e mãos trêmulas. Borboletas florescem em meu estômago, fazendo um nó na garganta e me falta o ar. Seu nome me chama, Bárbara, e eu sou teu, como o dia é da noite, para toda eternidade. Juntos, imperfeitos, mas belos aos seus olhos, como os meus. Quero te tocar todos os dias e sentir seu cheiro pela manhã, seu corpo quente, seus cabelos encaracolados, seu corpo entrelaçado ao meu, com todas as curvas, como compõe a galáxia. E seus laços nos amam e nos unem para ser maior e melhor. Amo poder te amar, e te amar me faz poder !!Te amo ...
HUMIDAN


Olhei, Virou Poesia

Olhei para o mundo e vi mais do que olhos comuns enxergam.
No silêncio da rua, nas sombras da noite, no sorriso tímido de alguém… tudo virou poesia.
Cada detalhe que parecia pequeno, carregava um universo escondido.
Um gesto simples se transformava em versos, uma palavra dita ao acaso se tornava canção.

Olhei para dentro de mim e percebi que também sou feito de poesia.
Nos meus medos, encontrei metáforas.
Nas minhas cicatrizes, nasceram estrofes.
E no meu peito, um coração que insiste em rimar esperança com vida.

Porque quando o olhar aprende a sentir, nada mais é só comum:
o vento é poema, a chuva é canto, e até a dor tem sua beleza.
Olhei… e tudo o que vi, virou poesia.