Texto quando se quer Terminar com Alguem

Cerca de 49692 frases e pensamentos: Texto quando se quer Terminar com Alguem

SONETO TEMPORAL

Querer os sonhos dos dezessete
Quando já passou dos cinquenta
É quimera que pouco se aguenta
Já as horas, nos estende o tapete

De repente, tão frágil, e tão atenta
A vida nos põe atrás dum colchete
Deixa de dar rosas num ramalhete
Pra dar a proximidade dos setenta

É o tempo no tempo por um filete
Pensamento com voz barulhenta
E expectativa grifada num bilhete

Os passos tintos na cor magenta
A idade lenta, o querer em falsete
O amor, ah o amor, este ementa

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

LÁGRIMA (soneto)

Quando meus olhos leram o cerrado
Umedeceram de lágrima ressequida
Que pagou os meus pecados da vida
E o que devo, ainda num tempo calado

Por outro lado, brada a poesia, e lida
Se não é como gastaria, é um estado
Faço todos os dias, pois me é sagrado
Nela, as lágrimas, escrevo a dor doida

Também rimam a felicidade, o meu fado
No poema misturado, n'alma repartida
Porém, cada lágrima, um sonho sonhado

De lágrima em lágrima, a poesia cumprida
A existência traduzida, o verbo anunciado
E segue, poeto, até a hora da despedida...

Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ROGO

Quando eu estiver acabrunhado
De não ter jeito, de dor no peito
Tudo no espírito for atormentado
E o perfeito coberto de imperfeito
Me tragas a linguagem das flores
Traze-me um sorriso de proveito
No mortiço, por favor mais cores
Na inspiração a poesia e o canto
Que muito já ensaiou os amores
Traze-me a tal ternura, que tanto
Nos faz acalanto, e nos embalou
Só não me deixes, aqui, só pranto!
E no espanto de que tudo acabou
Nem que seja de mentira, entretanto
Meu velho amor, siga, assim eu vou!

Luciano Spagnol
2016, novembro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ENTRANHAS (soneto)

Então? Poucos estarão ao teu lado
Tua sorte vai até quando fores útil
O desprezo é porção do lado fútil
Lamentável, da ingratidão é aliado

De tão cego o afago se torna inútil
Vários hão ambição, pouco agrado
Onde o olhar se faz fragor calado
E o abraço repulsa num solo fértil

Afaze-te ao discernir denodado
Da injustiça encontrarás o covil
Da proteção o ferrolho trancado

Não te faças de amigo neste ardil
Nem formidável no vil acordado
A dor calejada, pode ser gentil!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ASSIM, O CERRADO

O cerrado, quando empoera
Ressequido o vento no ar
Chora seco folhas desespera
No azul do céu a bailar

O horizonte se põe a embaçar
Na miragem da atmosfera
Embaralhando o olhar
Na imensidão em quimera

Ah! Se o frescor assim espera
O tempo de chuva, pra se revelar
Retorcidos galhos esclera
Num cinza a cromatizar

Assim, o cerrado, se gera
Vida diversa, lato lugar
De exótica primavera
Quem te conhece, só amar...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FUNERAL

Quando eu morrer, atenção
É do mar o rumo da cidade
E não o cerrado a direção
Saudade

As mãos enterrem em Madureira
O coração levem para Ipanema
Na Coelho Neto a alma por inteira
Suprema

No aterro joguem a minha admiração
E meu sotaque mineiro anexado
Na Igreja da Glória, minha oração
Largo do Machado

Os ouvidos deixem na São Salvador
Degustando os chorinhos de domingo
Sepultem a cabeça na pedra do Arpoador
Gringo

Na "SAARA" depositem minha ambição
Em Botafogo os olhos na sessão de cinema
Do Redentor as cinzas que restaram
Poema

O juízo abandonem aos seus
Que desvivam como viveram
Assim seja, o espírito em Deus
Adeus

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
09/04/2016, 18'00"
Cerrado goiano
(Parafraseando Mário de Andrade)

Inserida por LucianoSpagnol

Com licença poética

Quando nasci um anjo barroco,
desses rechonchudos, disse:
- ide e seja devaneador e louco
trovador, saia da mesmice.
Aceito está sorte, tampouco,
serei neste fado só sandice,
terei, também, a imaginação.
Não sou tão eu de maluquice
que venha sem a razão.
Acho o cerrado uma beleza
ora sim, ora não, darei adeus ao sertão.
Mas o que sinto, e que seja pureza
ponho a inundar o meu coração.
Dor tenho não. Só leveza!
Se choro ou lamento é de emoção.
Cumpro a sina!
Já a inspiração a levo aonde vou.
Se é maldição, eu, ave de rapina.
Poeta é fingidor. Eu sou.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro, 29, 2018
Cerrado goiano
Paráfrase.

Inserida por LucianoSpagnol

Subversiva

A solidão
Quando vem
Respeita nada não...

Nem lembranças tem.
Quando ela fica sem noção
Há suspiros, também.

De qualquer de seus abismos
Desconhece o coração
E é cheia de egoísmos

Relincha
Nos seus fanatismos,
Então, a alma guincha.

Só depois da sofregdão
Reconsidera: no silêncio
E deixa a ventura na mão
Em um poema sombrio...
De farta imaginação.
No vazio!

E promete incendiar a razão.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Paráfrase Ferreira Gular

Inserida por LucianoSpagnol

Palavras

Conjunto de sons articulados
Quando de gestos de amor
Ao coração tem significados
Quando de brilho no olhar
Ao espírito vem acariciar
Quando redige sorriso
Aquece a alma, tira o griso
Quando repleta de emoção
Denota histórias de paixão
Quando de lágrima furtiva
Vem da operação acusativa
Quando sem sensibilidade
Ao medo traz autoridade
Quando nos da liberdade
Dá asas, sonhos, finalidade
Sempre expressando a nós
Diversidade. Desatando os nos
Que deixa o nosso viver calado
Aí então grifa elocução ao fado...
Palavras, sentimento ortografado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

ERRANTE

sonho
tornei-me assim devaneador
quando o anseio, enfadonho
despiram as quimeras em dor

de mim então fracassei
me achei e me perdi
nesta vontade, chorei!

ficou a frustração comigo
criou raiz na imaginação
tal um áspero castigo
indignação...

os olhos de tristura
choviam pela emoção
escoando amargura

sou tal qual um incessante
enxurro, transbordo, derramo
teimosia, um pescador andante
sangro, e no amor me esparramo

(nesta turra, errante!)

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
19/09/2017
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

Ave Maria

Quando a noite vem e, cerra o dia
como se trincasse entre os dentes
eu, desfolho em reza a Ave Maria
na fé dos preceitos transparentes
Onde se tem somente primaveras
a fleuma do entardece, poentes
e a elevação de todas as esperas...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CRISTO (soneto)

Quando a teus pés oh Cristo Amado
Desces da cruz e pende no meu peito
Ungindo de amor, luz num tal respeito
Que fazes do meu cigalho imaculado

Eu, pecador e, um tanto imperfeito
Sinto-me nos teus braços, levado
Orando consolo em ti crucificado
Arrebatado no amor, eu a ti preito

Mas quando me vejo, enevoado
De pouca fé, um coração estreito
Perdão! No abatido envergonhado

Fraquejado, pouco ouvi o preceito
Me empanturrando no vil pecado
Só em ti Cristo! És o acaso perfeito!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO LAMENTO

Quando, o acaso na má sorte vem
O lamento soluça no tal sentimento
Que maldigo o fado sem entendimento
Das lágrimas do azar que consomem

Sou tal sofredor deste encoscoramento
Que invejo o estado de quem não tem
Da bonança e fortuna dos que vão além
Descontente é o meu porte sem portento

Se a amargura é algo que me convém
É, pois, de desprezo feito meu momento
Tal quem destinado à vida com desdém

E nesta lama, enlameado é o meu contento
Pois triste é lembrar que sorte não contém
Mas sereno, tenho a Deus como fomento

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PARA MARIA DO CARMO

Quando à milícia silente do carecer
Te algema no infortúnio do passado
Pranteando o tempo já desperdiçado
Um olhar ressurge no ardido viver

De tão rara generosidade, e agrado
Pôs-se ouvinte no ato de se oferecer
Derramou palavras a me entorpecer
De carinho, afago, ali tão adequado

Assim, presença amiga no anoitecer
Posso então, dizer, és laço apertado
Tornando o revés doce, não salgado

Maria do Carmo, prima, excelso ser
Ides as perdas, fica o verso versado
Pra ti, expressando o meu obrigado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
16 de julho
Cerrado goiano
pra prima Maria do Carmo Magalhães

Inserida por LucianoSpagnol

A UM AMOR PERDIDO (soneto)

Quando a primeira vez se perde o amor
Que do leito acordou, ali gemendo e só
Dentro do peito a tristeza se faz em nó
E desabrocha a flor de lágrima e suor

A vida sente os olhos mareados, forrobodó
Sobe-lhe um amargo, e o primeiro ardor
Do queixume, do pesar, de um pecador
Tal a rosa, de perfume e espinhos, dá dó

Então a alma se traveste de desventura
Numa torpeza de paixão e de mágoa
Onde o sonhador é bravo sem bravura

Assim neste pranto em verso de bágua
Teu cheiro é açoite sem doce candura
E tua lembrança nos arde em frágua...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/10/2019, 23’47”
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Lágrima e um verso

Quando no cerrado o silêncio vozeou
De uma solidão, gemendo, todo faceiro
Dentro do coração a dor assim zombou
E ofegou o bafejo do suspiro primeiro

E a sofrença sentiu os olhos rasos d’água
A boca sequiosa, cheia de fel e ardume
Ali brotou a flor da aflição e da mágoa
E no peito, a tristura em alto volume

E no árido chão, por onde ele passava
A desventura espalhava feito sementes
E na terra, o padecer então empoeirava
E germinava com as lágrimas ardentes

Foi então que ali me vi na via dolorosa
Tão chorosa a poesia triste de saudade
Com espinhos e perfume, como a rosa
Num cortejo, fúnebre, sem a felicidade

Enfadando na alma os gritos e soluços
Ia a noite assombrada e não dormida
E os sonhos esfalfantes e de bruços
Avivado, e a tecer a insônia ali na lida

E assim se fez o oráculo sem encanto
E num canto o destino algoz e largado
Entre lamentos e um poetar em pranto
Lágrima e um verso, penoso e chorado

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18 de novembro de 2019 – Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

BENDITA CHUVA (cerrado)

Quando, a bendita chuva, o céu a água solta
No cerrado, e escala o espaço árido e céreo
Da sequidão do sertão, em uma reviravolta
O chão zonzo, se refestela em doce refrigério

Em breve, mutação, a vida letarga brota e volta
Louca, em seu divino, puro e quimérico mistério
E assim, a formosura do campo a beleza escolta
Tirando da aridez o seu mirrado poema funéreo

Apalpa-a, fecunda-a, e triunfa, e domina a sede
Em glória, abundantemente, em um livramento
Entoando cânticos em que dá avidez se despede

E, em temporal, as águas bailam em ato sublime
Entre as bênçãos dos céus e hosanas do vento
Em um alento, a natureza exime de seu crime...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

O FIM (soneto)

Talvez queria, quando tive. Mas quis
Que, este amor fosse tão duradouro
Entre o prólogo e o ponto... ser Feliz!
Um infinito e cintilante belo tesouro

E na rima aflita de poemas vindouro
Só me restam, as lágrimas e cicatriz
De um dia apaixonado e vivedouro
Sonho. Agora na magia, canto infeliz!

Tu, fado sagrado! Vós também, ilusões
Sangram em sofrimentos, íeis por mim
Como uma traquinice nas vis sensações

E, o meu amor, assim, em tom marfim
Vi que o olhar passou a ter decepções
E nas tuas sombras, razões para o fim.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/02/2020, 05’32” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

ALANCEADO (soneto)

Chorei, quando te perdi. Mas sentir
Saudades... foi o maior do sofrer
E do céu cinzento ali a emudecer
Você, te vi de minha alma partir!

Talvez foi o fado, no seu querer
Ou as falhas que nos fez desistir
Competir? Com o desafeto, ir
pela contramão, não sei ser...

Porém te digo: - por ti fui vigor!
E se nesta dor, se aqui eu choro
É porque um dia eu pude sonhar

Talvez sonhei demais, fui sonhador
Mas, tal qual um certeiro meteoro
Alanceou quem a você quis amar!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TEIMA (soneto)

Ó agonia! À alva, quando, sem teu cheiro
Eu vagueio ermo, pelos becos do cerrado
O chão cascalhado, o sentimento alado
E o vento perturbado me levando ligeiro

Toda a saudade é pesar no peito magoado
A lua, fria, pesa n’alma e da tinta do tinteiro
Da dor, trova a sofrência, assim, por inteiro
E nas mãos vazias, continuas sem o agrado

E na minha insônia a hora é de vil lerdeza
Sofrente é o silêncio na escura madrugada
O desespero escorre dos dedos pela mesa

Ó solidão! Cadê toda a emoção camarada
Ninguém me ouve, ninguém, só despreza:
E a tíbia madrugada continua apaixonada!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 05’08” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

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