Texto Qm sou eu
Cedo fui obrigada a reconhecer, sem lamentar, os esbarros de minha pouca inteligência, e eu desdizia caminho. Sabia que estava fadada a pensar pouco, raciocinar me restringia dentro de minha pele. Como, pois, inaugurar agora em mim o pensamento? E talvez só o pensamento me salvasse, tenho medo da paixão.
Vida e morte foram minhas, e eu fui monstruosa. Minha coragem foi a de um sonâmbulo que simplesmente vai. Durante as horas de perdição tive a coragem de não compor nem organizar. E sobretudo a de não prever. Até então eu não tivera a coragem de me deixar guiar pelo que não conheço e em direção ao que não conheço: minhas previsões condicionavam de antemão o que eu veria. Não eram as antevisões da visão: já tinham o tamanho de meus cuidados. Minhas previsões me fechavam o mundo.
Eu, corpo neutro de barata, eu com uma vida que finalmente não me escapa pois enfim a vejo fora de mim – eu sou a barata, sou minha perna, sou meus cabelos, sou o trecho de luz mais branca no reboco da parede sou cada pedaço infernal de mim – a vida em mim é tão insistente que se me partirem, como a uma lagartixa, os pedaços continuarão estremecendo e se mexendo. Sou o silêncio gravado numa parede, e a borboleta mais antiga esvoaça e me defronta: a mesma de sempre. De nascer até morrer é o que eu me chamo de humana, e nunca propriamente morrerei.
Eu não quero alguém que morra de amor por mim, só preciso de alguém que queira estar junto de mim, me abraçando. Não exijo que esse alguém me ame como eu amo, quero apenas que me ame como eu amo não me importo com que intensidade. Quero poder fechar os olhos e imaginar alguém e poder ter a certeza de que esse alguém também pensa em mim quando não estou por perto.
Nota: Trecho de um poema muitas vezes atribuído, de forma errônea, a Mario Quintana.
Só eu sei que já cheguei à humildade máxima que um ser humano pode atingir: confessar a outro ser humano que dele precisa para existir. Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada.
Será essa história um dia o meu coágulo? Que sei eu. Se há veracidade nela – e é claro que a história é verdadeira embora inventada – que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.
"Dessa vez, com você, eu queria que desse certo. Que eu não te largasse no altar. Que eu não te visse com outra. Que eu não tivesse raiva. Que você não passasse a comer de boca aberta. Que você entendesse o meu problema com chãos de banheiro molhados pra sempre. Que você gostasse e cuidasse de mim como disse ontem à noite que cuidará. Eu quero que dê certo, não estraga, por favor. Não estraga não estraga não estraga."
Eu já quis tantas coisas. Fiz tantas outras. Dizem que a gente não deve se arrepender do que fez, só do que não fez. Mas eu não conheço nenhuma pessoa que nunca tenha se arrependido de ter feito ou dito algo. Eu já me arrependi, sim. E muito. E tive a coragem de tentar acertar as coisas. Nem sempre sei o que fazer, mas sei reconhecer um erro. Aprendi a pedir desculpas e acho isso bonito. É importante a gente conseguir olhar para dentro e fazer uma análise crua de quem somos.
Quando eu te conheci aconteceu durante um tempo, dois tempos, três tempos aquele mini-segundo-que-parece-três-horas-de-espera-na-sala-do-dentista. E eu sabia de alguma maneira. Sabia sim, sabia que aquele dia iria mudar a minha vida. Eu sabia, tudo estava estranho, eu não estava planejando você, planejando a gente, a vida planejou por nós. E aconteceu de uma maneira tão serena e bonita como nada tinha acontecido até então na minha vida que eu cheguei a pensar por favor, pelo amor de Deus, tem alguém aí, me acorda que não estou conseguindo raciocinar direito. Pela primeira vez eu não pensei. E eu descobri isso agora enquanto escrevo. Não pensei em nada, eu que sempre penso desde que acordo, eu não pensei em nada. O problema foi decidir, sou libriana e não nego minha indecisão, mas eu decidi e fui sem pensar. Então, te encontrei. E naquele milésimo de segundo eu senti que tudo podia ficar mais simples. E ficou.
EU NÃO ENTENDO! Por medo da loucura, renunciei à verdade. Minhas ideias são inventadas. Eu não me responsabilizo por elas. O mais engraçado é que nunca aprendi a viver. Eu não sei nada. Só sei ir vivendo. Como o meu cachorro. Eu tenho medo do ótimo e do superlativo. Quando começa a ficar muito bom eu ou desconfio ou dou um passo para trás.
Eu gosto das coisas compartilhadas. Gosto dos segredos que a gente conta pra alguém, e esse alguém guarda como se fosse dele mesmo. Gosto do sorriso que recebo nos dias em que as coisas não estão bem. Sorriso atrai sorriso. Gosto da amizade que fica, daquelas que te ensinam, que você briga, mas que não vai embora, não acaba. Gosto das minhas manhãs, porque nelas vejo oportunidades de Deus pra minha vida e pra minha história.
E foi então que eu descobri uma coisa fantástica, talvez a mais fantástica de todas: quando a gente para de procurar desesperadamente por um amor, a gente percebe que pode amar qualquer coisa. Eu posso amar meu computador, minha rua, minhas fotos, minha empregada, o nhoque da minha mãe. Ou até mesmo uma tarde qualquer e sem grandes emoções como tantas.
Cada não que eu recebi na vida entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Não os colecionei. Não foram sobrevalorizados. Esperei, sem pressa, a hora do sim... Joguei cada não para baixo e agora estou no mais alto porque através deles pude subir e escalar minha vida rumo a felicidade! Estou no topo, e agora posso ver tudo o que há de mais lindo para desfrutar! Viver... e ser mais feliz!
O erro? Eu dizia, pois é, o erro. Eu penso, se o erro não foi de dentro, mas de fora? Se o erro não foi seu, mas da coisa? Se foi ela quem não soube estar pronta? Que não captou, que não conseguiu captar essa hora exata, perfeita, de estar pronta. Porque assim como o movimento de apanhar deve ser perfeito, deve ser perfeita também a falta de movimento, a aparente falta de movimento do que se deixa apanhar. Você me entende? Eu penso também, e se houve alguma interferência no. No em-volta-dos-dois, no ar. No astral, eu penso também.
Que comece agora. E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera. E que eu espero também. Uma vontade de ser. Àquela, que nasceu comigo e que me arrasta até a borda pra ver as flores que deixei de rastro pelo caminho. Que me dê cadência das atitudes na hora de agir. Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais. Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. E que seja DOCE tudo que tiver que ser.
E se eu dissesse que tudo estava predestinado? Você acreditaria em mim? É quase como aquele sentimento de que nós já nos conhecemos antes. Um momento como este, algumas pessoas esperam a vida inteira. Por um momento como este, algumas pessoas procuram para sempre. E esse momento aconteceu conosco! Tudo muda, mas a beleza permanece e eu vou valorizar todo o amor que estamos vivendo. O amor está aqui... agora!
Eu não consigo mais ser triste só para mostrar que um dia eu fui ou achei que tivesse sido. Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta. Aprendi também que por mais que você queira muito alguém, ninguém vale tanto a pena a ponto de você deixar de se querer.
Pois é. Mas hoje eu até queria. Como quase nunca quero. Como quase nunca peço. Tentei e insinuei, mas minha força anda fraca. As circunstâncias me laceram e não me apraz esse apanhar, esse perder lugar. Não sei mesmo que caminho seguir. E o pior que nem é nervosismo o que estou sentindo, nem indignação, só paira sobre mim uma nuvem escura de fumaça e dúvida, sensação de perda de tempo, de resignação, até esperança tem me habitado nesses últimos dias. Esperança. Em mim. Irreconhecível. Ou trouxa.
Daí a eterna impaciência, e adoro ver seus olhos de rapariga rondando a enfermaria: eu, o relógio, a televisão, o celular, eu, a cama do tetraplégico, o soro, a sonda, o velho do Alzheimer, o celular, a televisão, eu, o relógio de novo, e não deu nem um minuto. Também acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus, para pensar no galã da novela, nas mensagens do celular, na menstruação atrasada.
Eu tenho um amor que não pega em minha mão apenas para dizer aos outros que tem alguém, mas para demonstrar o companheirismo. Eu tenho um amor que não tem apenas uma companhia, e sim um amor que dura para sempre. Eu tenho um amor que não me abraça apenas para me sentir, mas sim para mostrar que em seus braços eu estou protegida. Tenho um amor que adora a Deus por ter o plano Dele realizado perto de mim. Amor, aquele que seu perfume não sai do meu nariz, não porque ficou em minha roupa, mas sim em minha memória. Aquele que ora comigo, espera eu terminar de comer, repara na roupa nova e lembra meu aniversário, e ele não faz isso só porque é importante pra mim, mas porque é importante para ele! Aquele amor que disse sim para a vontade de Deus, que esperou com confiança, que descansou com fé... Aquele com quem não conseguirei viver sem ouvir sua voz todos os dias... Aquele amor que todos os dias ao fim da noite diz que me ama e me dá um beijo na testa e me diz pra dormir com Deus, aquele amor que eu terei pela vida inteira, pois é a benção que Deus me concedeu. Eu tenho alguém que me faz rir de um jeito louco, que me faz andar descabelada na rua, que me acorda domingo às dez da manhã com um sorriso lindo e que me faz esquecer de brigar. Eu tenho alguém que se importa com o que sinto, que se preocupa com o que penso e que me diz do que as outras pessoas têm medo, a verdade. Eu tenho um alguém que xinga por mim e se for preciso bate, que ama comigo e me apoia mesmo quando sabe que não vai dar certo, ele acredita que vou aprender. Eu tenho alguém que sabe seduzir e me faz rir vendo idiotices tão cotidianas, que me ensina que certos temperos não combinam, na comida e na vida, que me apresentou um amor que eu não era capaz de sentir. Tenho alguém que sente ciúmes, mas que sabe que ele me tem também. Tenho alguém que é único pra mim, que é meu anjo, minha vida e nada vai nos separar, porque eu tenho alguém por quem vale a pena lutar, por quem vale a pena viver, por quem eu descobri que o amanhã pode ser melhor, porque estamos dispostos a viver juntos para sempre. Esse alguém é meu lindo amor...
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