Texto Pai do Mario Quintana
Hoje
Hoje tenho apenas a imagem de ontem.
Como arte impressionista
Indefinida, sem correção
Tenho as marcas do amor em mim
E em teu corpo as rugas do tempo
Elo perdido, um condenado sem redenção.
É tudo que temos do nosso desencontro
Tão distante
Um simples rascunho de aprendiz
Uma sombra do que fomos um dia.
Amigo que se tornou amante.
As canções que ouvimos juntos
Ainda ressoam em mim, trazendo-me calma
No mais recôndito abismo da minha alma
Encontro, como um jarro quebrado,
Razão para ter esperança.
Sonho, quimera, ilusão de criança.
Lembro fortuitamente da chuva de verão
Das folhas de outono colorindo a tarde
Sobre nossos passos distraídos
Quando juntos caminhávamos sem propósito
Em busca do paraíso perdido.
que acalentava-me o coração.
NA CADÊNCIA DO SAMBA
Na cadência samba
conheci você,
dançando ciranda e o maculelê.
Morena brejeira dos olhos de mel
não és Julieta, e eu não sou Romeu
somos versos da história
que o amor escreveu.
Morena bonita
de endoidecer
eu fiz este samba pra lhe enaltecer
na rua ou no asfalto
meu partido alto é você.
Na cadência samba
conheci você,
dançando ciranda e o maculelê.
LIBERDADE POÉTICA
Saí à rua,
Em busca de inspiração
Encontrei você, chorando,
Na esquina da desilusão.
Perguntei, por que chora?
Em resposta ouvi um longo sussurro
Depois um canto vibrante,
Melodia desconhecida
Porem afinada, sublime, celestial.
Reconheci você, nesse breve instante,
Era a liberdade, que antes chorava na esquina
E que hoje gritava em excelso pedestal.
Percebi que não preciso de inspiração
nem de musa de camões
A liberdade poética é clímax da poesia
Com ela crio meu universo
Canções e versos, sonhos, redenção.
EU PEÇO ARREGO
Eu peço arrego,
Por amor a Deus,
Perdoem a minha presunção
Por me achar maior que Nero
Um imperador moderno
Como dono do inferno
Quase pus fogo na nação.
Eu peço arrego,
Não quero outra opinião
Eu desisto de ser Deus
Não sou chefe,
Já me diz o cidadão
É povo quem decide
Quem escolhe como líder
Nesta grande procissão.
Eu peço arrego,
Tenho as mãos sujas de sangue
Sou culpado pela morte
De milhares de irmãos
Sou culpado,
Por fraudar creche e escola
Onde faltam luz e pão.
Por favor eu peço arrego
Não me levem pra prisão
Foi delírio, foi descaso
Foi engano, foi de fato a posição
Que fez subir tão alto
Não sou mito, sou falso arauto
Que propaga a falsidade
Junto com a corrupção.
Eu peço arrego,
Pois tenho medo
De ser vítima da revolta
De um povo engando
De ser morto no teatro
Onde ópera trágico-cômica do asfalto
Já tomou a direção.
LONGE DO PARAÍSO
Oh, minha flor
Que fim levou aquele amor
Que era antes, feito de sonho,
Beijo e sorriso?
O que restou foi tom menor
Escala triste, como improviso
A nos expor tamanha dor
Longe das portas do paraíso.
Será possível um amanhecer
Um novo dia para entender
Que a vida é triste,
Mas se o amor ainda existe
Nós haveremos de renascer.
Ator
O Ator enxuga o rosto, é outro ato
sua vida uma comédia essencial
se na vida sem fingir não é feliz
no teatro do existir nada é real.
leva a vida com empenho incomum
pela glória de viver a fantasia
se a roupa não lhe cabe ele engorda
ignora o ultraje do papel
e recita a mais bela poesia.
Noutra cena ele é pai ou filho errante
abre a porta da ilusão ao sonhador
quando chora nos ilude como amante
ao sorrir nos liberta de uma dor.
Prosseguir
Quando parece que se esquece a receita de como acertar
Um turbilhão de coisas esvaziam o peito
E ocupam a mente, que barulhenta, não quer parar...
A alma triste se esconde num rosto sorridente
Disfarçado? Não! Apenas resiliente...
Forte e constante, mesmo querendo desabar.
Não importa mais ganhar, ter razão
Só continuar... com a mente sã e firme o coração
Na esperança de que vai passar.
A gente conhece o vencer e o perder
Mas, nesse processo, o aprender
Embora doloroso, ajuda a curar.
POEMA PARA PARA BRASÍLIA
Abre tuas asas e voa no infinito .
Sob um céu azul de tantas cores,
que acolhe o viajante,
poeta e sonhador,
aqui em tuas noites conheci o amor.
Formas e traços bem traçados
Rabiscos pintados
Com pincéis de Matisse
Criou um arco-íris de estranha beleza
De sol e de luz
Tua realeza se iguala
À grandeza da cidade luz
Canções escritas
Poemas rabiscados
Por alguém apaixonado
Por outros e por mim
Arquitetura impressionante
Do homem-deus
Obra definida sem início
Nem fim
Está chovendo
... e eu aqui da janela observando as gotas se aproximarem lá fora
vejo como a neblina vai embaçando
E as casas árvores pastos e montanhas vão sumindo
E olhando observando
Sinto uma lágrima rolar em meu rosto pois penso quem será o meu farol nesses dias tensos
E de repente eu me deparo pensando em você e vejo nos meus pensamentos o seu lindo sorriso que por sua vez me cativa e me hipnotiza.
Em um longo suspiro que acelera o coração e me traz uma explosão de adrenalina que toma conta do meu corpo,até que,aos poucos o solto L-E-N-T-A-M-E-N-T-E e sinto aquela paz lá no fundo,que acalma,que me envolve e sem querer deixo escapar uma lágrima,mas de alegria,acompanhada de um sorriso por saber que você existe mesmo estando tão perto e tão longe!
ESPERA
A tarde inteira te esperei
Da janela vi o teu riso entre as folhas
E o teu corpo nu passeando no jardim
Por entre espinhos e rosas
Mas não chegou até mim
O que te impediu de continuar?
Feriste nos espinhos
Ou as rosas te seduziram mais que eu?
A tarde inteira te esperei
Na cama rolei de um lado para o outro
Os lençóis tua falta sentiram
E o teu perfume no quarto senti
Mas não pude sussurrar no teu ouvido
Da janela eu te vi no jardim
E as flores te sorriam
Enquanto meu corpo ardia....
O que aconteceu?
''Pra alguns,não tem importância alguma...
Mas pra mim sim.
Dói,fere,machuca,o coração dispara,praticamente para,Congela.
É assim que me sinto nesse momento.
Não ver,não ouvir e nem poder falar nada,absolutamente nada!
Como pode?! Morrer de amor e ainda sim estar vivo??!!
Como pode?! Sentir algo assim tão forte e não poder dividir?!
Parece que por um instante me faltou ar e meu coração foi parando,devagar... ''
TAO TE KING - aforismo 1
O caminho que pode ser seguido
Não é o Caminho Perfeito.
O nome que pode ser dito
não é o Nome eterno.
No principio está o que não tem nome.
O que tem nome é a Mãe de todas as coisas.
...
Tao Te King.
Explicação:
O Mestre[1] não deve desejar que o discípulo siga exatamente o seu caminho, mas sim que este caminho sirva de exemplo para o discípulo seguir o seu próprio, " pois o caminho que pode ser seguido não é o caminho perfeito".
Desejar é o não ter, e aquele que não tem para si também não tem para dar, por isto se o Mestre deseja que o discípulo siga o seu caminho é porque ele não tem caminho para ser se-guido.
Aquele que segue chega depois e no Tao, no absoluto, não existem o antes e o depois.
O Mestre não deve tentar trazer o discípulo para a sua linha de compreensão, mas ir até a do discípulo e ali orientá-lo.
[1] - Nestes comentários usamos a palavra mestre com inicial maiúscula quando nos referimos a alguém que realmente é mestre, e com a inicial minúscula quando nos referimos a alguém que se considera mestre, mas ainda não é.
VLADIMIR HERZOG ou VLADO HERZOG
Nascido na Iugoslávia em 27 de junho de 1937, Vlado Herzog veio Brasil com os pais, de origem judaica, que temiam a perseguição nazista instaurada em grande parte da Europa durante a Segunda Guerra. Naturalizado brasileiro, passou a assinar Vladimir. Residente em São Paulo, formou-se em Filosofia no final dos anos 50 e ingressou no jornalismo. Dedicou-se também em projetos de cinema, teatro e fotografia.
Na última semana de outubro de 1975, desenhou-se uma crise política a partir de São Paulo. Por suspeitas de ligação com o Partido Comunista, muitas pessoas acabaram intimadas e presas, entre elas intelectuais e jornalistas. Um deles foi Vladimir, que se apresentou para depoimento no DOI-CODI no dia 25 de outubro.
Horas depois, o comando do centro de operações divulgou nota oficial informando que o corpo de Herzog fora achado numa cela, enforcado. As autoridades de segurança explicaram que ele se suicidara, após escrever um bilhete que acabou rasgando.
Então diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, Vladimir tinha 38 anos, era casado e pai de dois filhos.
Houve um culto ecumênico na Catedral de São Paulo, presidido pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns, em ambiente de grande comoção, reunindo uma multidão sem precedentes deste a instauração do AI-5. Um inquerito foi realizado naquele mesmo ano, confirmando a versão de suicídio.
Somente dois anos mais tarde, a União seria culpada pelo assassinato de Vladimir Herzog, graças à perseverança da corajosa família Herzog em busca da verdade. A sentença foi um grande passo na luta pela defesa dos direitos humanos no país. Revelou a articulação do inquérito policial-militar para atenuar a atuação dos órgãos de repressão que, numa época sombria, prendiam, torturavam e matavam quem divergisse do poder político, achando-se donos da vida desses, e de nossas memórias. E abriu precedente para que outras famílias brasileiras pudessem exercer o seu direito: apurar e esclarecer o paradeiro de parentes desaparecidos após prisão política, durante a ditadura.
Se não tivessem lhe extirpado o direito à vida, talvez Vladimir pudesse celebrar hoje com seus familiares e amigos seu aniversário de 75 anos.
TAO TE KING - VERSO 6 - INTERPRETAÇÃO
Neste verso Lao Tsé fala da profundeza do vale, isto é, da incomensurável profundeza do Absoluto, fonte de todas as coisas, comparando-o à mãe de tudo quanto existe, de onde originam-se todas as coisas e eventos.
Todo conhecimento pré-existe no seio da "Mãe".
O Mestre deve ser apto em retirar da fonte o conhecimento preexistente, por isso não deve se preocupar com a apresentação do ensinamento. Em harmonia com a fonte, tudo recebe do seio da mãe.
"Procura o Reino de Deus e tudo o mais te será dado por acréscimo" Evangelho.
Ao Mestre basta saber acessar o conhecimento e assim não precisa preocupar-se com a apresentação do conhecimento. O discípulo em harmonia também não duvida e nem contesta os ensinamentos recebidos, apenas examina-os para perceber a origem.
O Mestre deve ter empenho em manter-se em sintonia com a Mente Universal afim de não apresentar ilusões em vez de conhecimentos oriundos do "seio da Mãe".
Diz o Tao Te Ching: "... pela porta da Fêmea Misteriosa o Um fez-se dois, e os dois transformaram-se nas dez mil coisas. É dessa Fêmea que brotam o céu e a terra".
O mestre deve saber que o conhecimento não pode ser criado, apenas pode ser captado.
O Mestre que assim entende é por natureza humilde, jamais assume para si méritos por aquilo que provém do absoluto. O Mestre sabe que o conhecimento verdadeiro não procede do ego mas sim do Eu.
Sons do ontem
Ecoam dolosos sons do ontem
Emolduram saudosas imagens
Passageiras etéreas do existir
Na saudade a subtrair o sorriso
Amarelada resta a branca toalha
Vestindo de nostalgia a fria mesa
Arrastam-se tantas cadeira vazias
Abandonadas na escura nostalgia
Misturam-se as vozes das crianças
Entremeando lágrimas presentes
Badala nostálgico o sino da capela
Triste escuridão carece de velas
Estática desnuda-se a existência
Acuada no silêncio que a circunda
Um fio de voz balbucia orações
Ante a indiferença das multidões.
Um dia pedi a Deus
Para nunca me tirar o romantismo
E pedi também para nunca me tirar você
E ele me tirou você
Agora
Meu olho só brilha
Quando lagrimas dele nasce
Meu sorriso de menino
Virou o sofrimento de um homem
Perdido e sem rumo
As marcas na face de alegria
Agora dão lugar
As marcas da tristeza e da dor
O coração que batia mas forte
Quando te via ou escutava
Agora bate lentamente querendo morrer
Porque tudo de lindo que eu tinha
Entreguei-lhe
Agora nada tenho
Não tenho mas meu sol
Que tanto amo ver ao amanhecer
Não tenho o carinho de sua voz
Nem as palavras de amor
Ou as juras de nunca me deixar.
Hoje me sinto sem romantismo
Porque não tenho você ao meu lado
E em cada amanhecer sem sol
Deixo de viver, perdi meus sonhos
E perdi você .
Sol do amanhecer
á espera de um toque
Escuridão
Meus olhos
Tenta ver a luz
Mas pouco a pouco
A escuridão toma conta deles
As escritas
Estas me falham
Quase não posso mas
Brincar com as palavras
A escuridão
Esta tomando conta
Dos meus olhos,
Do meu ser
E do meu coração.
E agora não tenho por que
Mudar esta situação
Perdi a menina dos meus olhos
Aquela que tanto os fazia brilhar
Aquela que me tirou da escuridão
Com a promessa de para sempre me amar
Você me deu vida
Por este motivo vida vim a te chamar
E agora que não tenho, mas vida.
O que faço com este carinho
E esta vontade de te amar
Sol do amanhecer
Á espera de um toque
O corpo
Os olhos
Mostra a tristeza
Que o coração sente
O coração sofre
Com as coisas
Que os olhos vê
O corpo mostra
A fraqueza da alma
Que desesperada grita
Sofre, chora.
Pedindo socorro
De seu bem maior (você)
Mas você
Não vem em socorro
Nem da alma
Nem do corpo
Nem do coração
E os olhos choram
Pois não vê mas
O brilho do seu olhar
Por isso
Os olhos choram
O coração sofre
O corpo mingua
A alma morre
Sol do amanhecer
A espera de um toque
A noite vem
A noite passa
O dia chega
Cadê você minha amada
Fecho meus olhos
E vejo a dor
Sinto meu coração
E vejo o amor
Mas cadê você
De que adianta
Um jardim
Sem flores
Se que adianto
O sereno da noite
Sem gotas
De que adianta
As gotas
Se o jardim não tem flor
De que adianta
Um coração cheio de amor
Se você
Não o quis pra você
