Texto de Opiniao de Lia Luft
CHORE,CANTE,ESPANTE OS MALES...
Em céus pujantes saltarei alegremente, entoando canções de pássaros livres em campo aberto, em dias de liberdade. Queria ter vez e voz somente para expressar um novo cântico de alento.
Enquanto houver a concessão vital a mim e, se não me for tirado o sentido lógico da harmonia de saudosas melodias, insistirei no gesto da repetição de tais notas, em partituras; com a esperança de espantar os males.
Por certo, em "quadrados" sóis, não terei o ânimo necessário de expressar-me e ser ouvido...
Como bicho solto envolto na energia inebriante do sol da esperança, serei ouvido por muitos e compreendido mais facilmente, por poucos, em minhas demandas emotivas,emergentes.
Não deixarei abater-me pelas circunstâncias adversas à minha vontade, em dado instante; caso envolva-me em loucas questões que não levam a nada. Bem como em recorrentes pensamentos negativos, daninhos à minha saúde e ao meu bem estar.
Contudo, seguirei resoluto o caminho que me foi proposto, confiante de não ser abatido pelos constantes desafios que a vida oferece.
Nasci chorando e, em muitas ocasiões quando entristecido, ainda choro até copiosamente se precisar, apesar de fugir do meu controle esse querer ou não; continuo com o hábito.
Não é vergonha alguma tal atitude. Vejo como "balela" a história de que “homem não chora”.
Não é algo estranho para muitos, meus repetidos gestos sensíveis e infantis.
Nós, adultos, ainda carregamos algo de criança sim.
Mas prefiro mesmo os muitos momentos alegres e os sorrisos fartos que a vida nos proporciona.
Não podendo mais exercer minhas fluídas emoções, alguém, em algum momento, o fará por mim numa ocasião qualquer. Num encontro ou num adeus definitivo ou momentâneo.
Precisarei curtir esse instante solícito a mim, para externar minha eterna gratidão à vida; recebendo dela a oportunidade de partilhar com outros ou comigo mesmo, meus momentos alegres, daquilo que me dar prazer, amo e acredito.
Não deixarei de lembrar-me que assim como alegria e o riso a tristeza e o choro sempre irão perdurar e povoar o cenário da emoção vivente em nós. Até Cristo chorou...
As lágrimas de dor ou não, o cântico alegre e o seu contraste fazem parte do processo vital que estamos envolvidos. Assim tem sido e será.
Se a noite é triste, lembremos que dias alegres virão para refazer nossas forças e continuarmos a caminhada que ainda temos de empreender.
Tenhamos então, pelo menos um pouco de paciência nas lutas diárias, para voltarmos a sorrir novamente; porque, mesmo num doce-viver há seus contrastes.(27.07.18)
FACETAS DO DESTINO
CONTO
À tarde já avistando as casas do lugar e, começando a cair uma chuvinha, João César de Oliveira, que trabalhava na Agência dos Correios local, retornava de uma longa jornada que fazia por aquelas cercanias entregando correspondências, em lombo de animal...
Chegou o burro nas esporas e procurou abrigo na residência de um amigo mais próximo.
- João, sê num sabe da maior!…
- Conta logo cumpade Martiliano, a novidade!...
- Bernadete, sua noiva, fugiu de casa noite passada, com Venceslau, o fio de Seu Juquinha.Escafedeu-se; somente na manhã de hoje é que ficamos sabendo.
- Não fala isso!...Santo Deus!...Bem que eu vi: ela andava muito estranha comigo ultimamente!...
O boêmio João César, que amava entreter-se em serestas e bebidas, com colegas de farra; a partir desse tsunami sentimental, ganhou mais forças no entretenimento e hábito, mas, em alguns momentos, se recolhia em seu silêncio.
Seguia seu destino duvidoso, naquele desvario sem fim, pelas ruas,praças e bares da cidade. Parecia mesmo que o mundo havia desabado sobre si, depois deste drástico acontecimento afetivo que lhe sobreveio.
Mas, “quem tem muitos amigos pode congratular-se”... Não lhe faltaram ombros e bons conselhos; no sentido d’ele se apegar mais a Deus e firmar o pensamento n’Ele; parasse ou diminuisse a bebedeira pois, com certeza se continuasse daquela maneira iria à ruína… Que, arrumasse uma boa moça que o amasse verdadeiramente: assim, não o abandonaria nunca.
“Na multidão de conselheiros há sabedoria”...
De alguma maneira às palavras daqueles ilibados senhores de mais experiência, os guiou mostrando-lhe alguma direção…
João César deu de por assunto naquelas sábias orientações. Precisava como nunca, dar a volta por cima. Iria lutar pelo “leite derramado”. “A vida é para os fortes”... Pensava.
Se a tormenta entristeceu seu caminho, sua força e garra, para vencer os desafios, e, a bonança advindo disso, lhe trouxeram o sol de volta.
Casou-se com D. Júlia. Moça séria e dedicada, de família humilde...Como professora, percorria a pé,consideráveis distâncias de sua casa à escola - ida e volta -, todos os dias, para ensinar “seus meninos” -, como os mestres gostam de chamar os seus pequeninos discentes.
Viviam tão bem que não era de duvidar ter nascido um para o outro. Umas rusguinhas haviam de ter, mas muito raramente. Dessa união tiveram três filhinhos adoráveis: Nonô ( Jescelino) e Naná (Maria da Conceição) e Eufrosina que logo falecera.
Quando do nascimento de Nonô, como não era pra ser diferente, a felicidade transbordou naquele casal... Logo a cidadezinha sabia da novidade em forma de “gente nova”, que alegrava aquele “doce lar”. Pois o orgulhoso papai, João César, vivia anunciando as “boas novas” aos quatro cantos:
“Lá em casa nasceu um ‘Presidente da República’ ”. Seu lindo garoto veio ao mundo saudável. Benza Deus!...O que ninguém sabia era que o orgulho daquela família mineira, mais tarde, se tornaria também o orgulho do povo brasileiro. Pelo ilustre filho estadista inconteste, que a nossa “Pátria Amada” abrigou.
Um pouco mais adiante Nonô, já na vida adulta, tornou-se amante das serestas; parceiro e amigo inseparável de Dilermano Reis. - Expoente máximo do mundo artístico brasileiro.Quando executava seu velho pinho o rouxinol, o uirapuru... Se os ouvisse, interromperia suas atividades e cânticos, nos galhos das árvores, para o reverenciá-lo no mais profundo silêncio.Esse violonista, ao dedilhar o seu instrumento de cordas, nos passava (ou passa) a impressão de haver vários outros instrumentistas o acompanhando nas suas execuções melódicas.Está para nascer outro maior.
Como vinha discorrendo: João César não viu, governar o Brasil, o Presidente da República que ele mesmo vivia apregoando ter nascido em sua casa – ao nascer; que o colocou no mundo para o “bem de todos e felicidade da nação”.
Curtiu muito pouco o filho - uns dois anos e pouco - e este, por sua vez, também não teve o pai ao seu lado, por muito tempo, acompanhando seu crescimento e trajetória de sucesso.
Juscelino fez uma revelação surpreendente sobre o pai numa mídia impressa que acho ter sido na revista “O Cruzeiro”; lá pelos anos 70, mais ou menos assim: “Me lembro muito do papai quando ficou “isolado” do nosso convívio por causa de uma lepra - hoje hanseníase; eu tinha beirando três anos de idade. Quando íamos com a mamãe, visitá-lo, eu corria na frente para abraçá-lo, mas não me permitiam ficar com ele: logo eu era interrompido disso. Vi uma multidão o conduzindo na rua da minha casa para sua última morada...”.
Tal matéria jornalística ainda pontuava que João César, sabendo que não sairia com vida daquela terrível enfermidade e, pressentindo as cortinas da sua existência se fechando, orientou à esposa:
“Eu tenho duas mudas de roupas mais conservadas, me vista com a melhor delas para o meu enterro. Em poucos dias assim foi feito...
Naquele tempo os pais sonhavam pelos filhos; e se empenhavam ardentemente que os mesmos seguissem a carreira de clérico,de advogado ou de médico. O ofício do religioso contava mais. Por acharem “a vida de padre santa e bonita”. Então D. Júlia se encarregou de matricular o seu garoto num seminário católico. Para a alegria de todos, teria um “padre” na família num futuro não muito distante.
Seria um ledo engano aquela pretensão?!... Sim, com certeza:seu rapaz sempre deixou claro à instituição católica que, não levava jeito para aquilo; e confirmou também à sua mãe a surpresa desagradável: não iria mesmo usar batinas e nem dizer missas... “Não tinha vocação para a vida eclesiástica”.
Imagino o quão doloroso foi para aquela mãe saber disso. Mas, fiquemos com o que escreveu Machado: “Antes um padre de menos que um padre ruim”.
Resoluto, Juscelino rumou para capital mineira...Com 200 mil réis, montante proveniente da venda da única jóia que D,Júlia havia recebido de herança.
Em Belo Horizonte seu primeiro ofício foi de telegrafista dos correios; posteriormente, tornou-se médico e entrou para a Força Pública Mineira (hoje Polícia Militar PM); - eu soube disso numa visita ao Museu JK, ano passado; Secretário de Estado, prefeito,Dep. Federal,Governador…
A barragem da Pampulha rompeu-se no final de seu governo, em 1954. A fúria das águas foram tantas que levou embora inúmeras aeronaves do Aeroporto Tancredo Neves, que fica logo abaixo da represa; eu vi as ruínas de uma ponte atingida por este acidente; suas ferragens foram rasgadas como papel.
Então, Juscelino ainda no seu cargo majoritário, providenciou uma nova barragem no mesmo lugar da anterior, para “não mais se romper”. - Segundo ele. Conta-se que, na referida edificação, uma carreta, só dava conta de transportar uma única “pedra” em cada viagem que realizava.
Aproveitando o ensejo, ainda impulsionou o turismo local e mundial quando construiu no entorno da obra, o Complexo Arquitetônico da Lagoa da Pampulha; hoje, tombado pela ONU, como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.
Como se tudo isso fosse pouco Juscelino deu de escrever e como tudo que fazia se dedicava ,virou escritor; depois de publicar várias obras literárias de grande relevância,dentre elas “Porque Construí Brasília” e “Cinquenta Anos Em Cinco”, tornou-se membro da Academia Mineira de Letras.
Perdendo uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL) para o goiano Bernados Élis, disse que era mais fácil ser presidente do que acadêmico naquela instituição literária.
E conforme a “profecia” de João César, o Presidente da República que dizia ter nascido em sua casa, em Diamantina - MG, já como tal, convidou dois amigos: Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, para construírem uma nova Capital Federal para o seu país, nos ermos de Goiás. Cumpriram com denodo os enormes desafios.E eis que tudo se fez novo.
E Brasília – DF se tornou uma das capitais mais modernas do mundo...
Em 1960, na sua inauguração, perante um mar de pessoas que se podia contar, Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente da República do Brasil,cantou abraçado com a mãe, D. Júlia kubitschek, “O Peixe Vivo”, uma de sua canções preferidas.
Como pode um peixe vivo/ viver fora d’água fria/como poderei viver/ sem a sua companhia/...
(29.07.18)
PUDE AMAR…
No seu tom de voz, como música me embalando…
E no desvelar de suas palavras,
percebi sutis desejos:
Não eram coisas bonitas, ditas sem pensar...
Era sério o que ouvia, vindo de ti.Eu não vivia tão somente numa sucinta linguagem coloquial: verbos,advérbios...Adjetivos. Soltos no ar.
Mas, em extensos artigos escritos com ponteiros de aço em placas tectônicas, acomodadas em seu calor humano.
Sem rodeios, quis logo saber...
E confirmei o perfeito amor: em cativantes,
gestuais de carinhos êxtaseante;
em afagos, um profundo silêncio... E frenéticos mover-se…
Nos acalentos, nos acalmamos da agitação da alma,dos dias e da vida.
Tudo mudou-se pra melhor em nossa existência: agora, tão somente nos amamos...
(01.08.18)
SANTA HISTÓRIA
Se tu olhar nas palmas das minhas mãos irá se encantar...Vendo-se como um bebê engatinhando; e, quando tiver entendimento e, souber ter seu nome gravado nelas... Quanta alegria!
Todos os dias me vêm à memória: você. Como um renovo regozijo-me nessa relação contínua.
Caso a miopia atrapalhe sua visão... veja se entende a grandiosidade desse fato por meio d'outro sentido...
Se puder, glorifique-me... Aceitarei o seu louvor como cheiro suave.
Se não, creia tão somente que o amor é uma semente na mão do Criador tentando brotar.Viver.
Basta ter fé, pois nesta verdade me vejo.celebrando a vida, fazendo parte dessa "Santa história”.
(17.08.18)
DESAFIOS DE UM REI
CONTO
Certo rei, numa província distante, lançou alguns desafios aos seus provincianos; que consistia em três perguntas básicas, feitas pela própria Majestade Real aos participantes:
Qual o peso do mundo? Quanto valia a sua vida? – a vida do rei – e, o que pensaria quando fizesse a segunda pergunta ao participante.
Os desqualificados iriam imediatamente para a guilhotina; somente o que respondesse com mais acerto, às referidas interrogações, da Autoridade Suprema do Reinado, ganharia à metade do reino e de quebra, poderia se casar com sua filha caçula.
Pelo risco da competição... O vultoso número dos inscritos surpreendeu.
Pedro fazia parte desse grande contingente de participantes. “Quem não arrisca não petisca, portanto não custa tentar”. Dizia.
Dia chegado, Pedro teria somente quatro horas para se apresentar. E bateu um desespero enorme nele.Era notável sua preocupação.
Na noite anterior não havia dormido quase nada. Só pensava em não dar conta de responder as ditas perguntas propostas, à altura da vitória; e perder a vida de graça...
Mesmo em súbita melancolia… Lembrou-se de pedir ajuda ao irmão gêmeo, Paulo. E se pôs a procurá-lo, por todos os lugares. As horas corriam muito rápido...
Até que o encontrou;
Pediu-lhe ajuda em desespero extremo...
Paulo prontamente procurou ajudá-lo; propondo-lhe uma possibilidade viável – segundo ele – para a resolução do problema que afligia o irmão.
Os dois eram muito “parecidos fisicamente” e, isso tinha lá as suas vantagens. Unidos como a carne e a unha; por ele e para ele, faria o possível e o impossível...
– Troquemos nossas vestimentas e eu irei pessoalmente como sendo você, submeter-me e, responder as perguntas da Vossa Alteza
Pedro ficou mais aliviado.
E como não havia mais tempo a perder...
E foi-se Paulo para o desafio com o Rei Carlos XXIV.
A carnificina no local dos desafios era grande e aterrorizante: a lâmina afiada não cessava um só instante em seu trabalho de cortar pescoços. Porque ninguém passava nem perto das respostas adequadas, aos caprichos do rei.
Na retaguarda, estavam apostos fortes soldados da Companhia De Guarda do Palácio, com lanças, apontadas para os desafiados. Mas nada daquilo atemorizou o resignado irmão de Pedro.
Momento chegado lá estava Paulo – como se fosse seu irmão – diante de Sua Majestade, o ouvindo:
– Está pronto cidadão, para responder o que te perguntar?
– Perfeitamente Sua Alteza.
– Pois é...
“ Às três respostas que serão dadas por você, a mim, deverão ser convincentes; do contrário, sua condenação à morte será uma realidade inegável e, irrevogável”.
– Qual o peso do mundo?
– “Não me furtarei jamais ao honroso dever de aferir e lhe informar prontamente, com exatidão, o peso do mundo; desde que me garanta remover dele, paus e pedras. Caso tenha uma ponta de dúvida da minha capacidade de fazer tamanho feito, faça-me tão somente o que lhe sugiro”.
O rei coçou a cabeça. E fez a pergunta seguinte:
– Então,quanto vale a minha vida?!
– Sua magnânima vida, nobreza,é igual a vida de seus pais,de sua esposa e filhos; igual a minha. Nem a Terra e nem os céus caberia acomodar as cifras monetárias caso alguém ousasse fazer uma proposta imbecil de tal compra e, a mesma fosse aceita. Portanto,esta dádiva Divina que Nosso Pai Supremo nos confiou “não tem preço”.
O Rei Carlo XXIV bateu com força na mesa, com a pedra do anel – ouve um silêncio profundo –, pediu um intervalo à comissão julgadora e, licença ao pobre fidalgo desafiado. Levantando-se direcionou-se ao interior de sua residência.
Lá encontrou a rainha chorando, abraçada com a filha, que também chorava; temerosa de perder a formosa princesa e a metade do reino para aquele astuto sujeito, que respondia com maestria e autenticidade as perguntas que lhe eram feitas.
O rei muito constrangido de ter – ele próprio – ocasionado aquela situação conflituosa procurando consolá-la e compensá-la, disse a ela que lhe fizesse um pedido. E ela a fez:
– Amor, tu sabe que eu o amo.... Ainda falta um pergunta, e, pelo jeito ele vai dar uma bela de uma resposta; mas faça o seguinte: respondendo bem, o não,desapareça com este sujeito.Senão a nossa vida vai ser um inferno.
Enfim à terceira e última pergunta do rei:
– O que pensei quando fiz a segunda pergunta a você?
– A Vossa Alteza no momento em que, me fazia a segunda pergunta, pensou de ser eu o pedro; mas, estava, e ainda está, redondamente enganado; em verdade, eu sou o paulo.
Paulo Acertou em cheio a pergunta da majestade: fora aquilo mesmo que o rei havia pensado. Mas quando o mesmo deu ordens aos seus súditos, que o levasse à lâmina fria da morte para o martírio...
Paulo já havia vazado na braqueara – fugido para as montanhas – , mundo afora, desvencilhando-se em meio à multidão.
Paulo saiu vencedor no desafio. Ganhou mas não levou. Não se casou com a filha do rei; nem tão pouco tomou posse da metade dos bens da Coroa Real; mas, como salvou a si e o irmão…Valeu!
(18.09.18)
TRÊS PEDIDOS DE UM CAIPIRA MINEIRO
CONTO
Joselito capinava seu pequeno roçado com um toquinho velho de enxada já bastante desgastada pelos anos seguidos naquela mesma labuta. Tentando plantar de tudo naquela terra ruim, pedregosa.
O sol castigava por fora e a fome roía por dentro. Um suor frio, incessante, escorria por todo seu corpo...
De repente bateu com a ferramenta em algo que emitiu um som estridente. Trec!
Apurou a visão ao solo, sob seus pés, e viu na superfície terrena um objeto pequeno, semelhante à uma lâmpada incandescente. – E logo o apanhou em suas mãos admirado.
Pelo jeito havia milhões de anos, enterrada.
Na medida que ia Removendo o excesso de material ferruginoso grudado em sua superfície...
Seu brilho ia ressurgindo e se intensificando mais e mais. Quanto mais esmero naquela limpeza, mais beleza se via naquela bolha de cristal bonito.
E, como num passe de mágica o objeto achado deu um estalo,fragmentando-se – provocando um som semelhantemente ao vidro quebrando-se.
Como estrelas, pingos de luzes saltaram do interior daquele envólucro, cercando Joselito por todos os lados de uma claridade ofuscante.
No meio de tanta iluminura, um Gênio cósmico se fez presente...Flutuando no ar.
O caipira até que se encantou com o cenário que via à sua volta...
Mas pela desconfiança do mineiro, Joselito puxou um rosário que trazia no bolso da calça e, começou a rezar o Pai Nosso, o Credo Em Cruz, a Ave Maria e Salve Rainha... Achando tratar-se de uma cilada do tinhoso.
– Por que se põe a rezar tão inesperadamente, meu senhor?... Não sou o que você pensa! Estou na Terra, unicamente a serviço do “bem”.
Quero apenas compartilhar com você,o que tenho de melhor; uma maneira de compensá-lo por ter me tirado da inércia de uma eternidade, vivendo limitado sob esse árido solo,dentro dessa bolha.
Sendo novamente um ser tão livre, leve e solto...
– Pode me pedir sem receios três coisas que, sem demora os darei como forma de terna gratidão.
Joselito não pensou duas vezes. Fez logo seu primeiro pedido inusitado, ao Gênio:
– Uai,sendo assim!... Me dê um queijo.
O gênio recorreu aos seus "poderes cosméticos" e imediatamente, fez com que saltasse aos seus olhos um enorme e suculento queijo canastra, de São Roque, acompanhado com um doce goiabada.
Que lhe encheu a boca d’água. Sacou de seu canivete e tirou uma boa isca da iguaria, degustando-o prazerosamente; como a um néctar dos deuses.
– Faça o outro pedido e não se esqueça: qualquer que seja ele o atenderei agilmente.
Joselito, sem muito pensar...
– Então, me dê outro queijo!
Sem demora, em mesmo procedimento, o Gênio fez com que um queijo similar ao primeiro, com o mesmo aroma e sabor caísse do céu diante dele, sem demora.
Enfim, chegou ao momento do terceiro e último pedido. Dessa vez, Joselito usou uma estratégia em sua escolha,pois estava acanhado no que pedir.
– Faça meu caro senhor, o seu derradeiro pedido. – Disse o Gênio.
E o matuto matutou,matuto,matutou...
Tirou do bornal uma revista; folheou-a e, atendo-se numa página qualquer mostrou ao Gênio da Lâmpada – apontando com o dedo – o objeto do seu pedido: uma loira alta,cabelos sedosos, esvoaçante... Do jeitinho que nasceu....
O Gênio,como das outras vezes, recorreu aos seus poderes, e do nada apareceu a linda garota à sua frente, em carne e osso. Ainda mais fenomenal do que a indicada por Joselito na revista. Trajando uma mini saia e uma blusinha que valorizava ainda mais o seu corpo.
Joselito esboçou um sorriso meio sem graça…
Que, por sua vez ficou sem entender o porquê daquele pedido, sendo que há maravilhas mil que poderia ter escolhido.
– Espera aí, Joselito,por quê não pediu outra coisa?!...
– Na verdade Seu Gênio, eu pedi uma mulher pra não te deixar sem graça, eu queria mesmo, era outro queijo.
(23.09.18)
Conto/crônica
No passado não tão distante cometeram-se injustiças
com o "conto" - e incluo também nesse artigo à
"crônica" - Não lhes dando o devido valor. Os tendo
como narrativas inferiores,desprezíveis,...
Na Europa já havia um certo reconhecimento desses
segmentos. Aqui ainda não, pelo contrário. Pouco ou
nada se produzia nesse sentido.
Naturalmente, literatos, escritores de um modo
geral, desmotivados quanto a isso, deixaram de
produzir muitas coisas relevantes, necessárias, na
literatura brasileira. - Optando por outras produções
de naturezas diversas.
O romance era o "queridinho" da época; vivia de
mãos em mãos e de boca em boca, na "crista da
onda" como se dizem.
Até que apareceu um "salvador da pátria" com muita
maestria... Cabedal. O Pelé da literatura. - E quebrou
de uma vez por todas o injusto estigma que se
construíram encima desses dois gêneros literários
fantásticos. - O conto e, consequentemente a crônica: Machado de Assis.
O conto "não contava com prestígio nem tradição
consolidada na literatura brasileira" - antes do aparecimento desse expoente máximo da escrita.
Não há de se duvidar que Machado de Assis atribuiu
por meio daquilo que produziu como escritor,
"densidade artística à narrativa curta". Valorizando
Grandemente os gêneros em questão.
Não se pode achar apenas que essa expressão máxima das letras
de nossa terra Brasil, tenha sido somente o "inventor
do Romance contemporâneo". Tornou-se um tipo de
"Guru" da arte da escrita em todo o mundo.
De tanto esmerar-se no ofício de escrever o "conto"
este escritor brasileiro mostrou ao mundo que ele
(esse gênero) e a crônica não são menos dignos de
atenção. - Do que outras narrativas.
Não é atoa que o nosso "Machado" está entre os cinco
maiores escritores do Planeta Terra.
Se antes dele os gêneros, como os citados, eram
vistos com desprezo após ele muita coisa foram
revistas, e hoje são vistos com bons olhos.
Então podemos parabenizá-lo por essa louvável
contribuição no que tange ao "prestígio atual do
conto na literatura brasileira" e pegando carona nesse reconhecimento à crônica.
Continuemos a nos dedicar em escrever esse (s) gênero (s): "os contos es as crônicas" pois, fazendo assim teremos bastante alegria. - Como teve Diderot. E, quem nos leem também sentirá a mesma sensação prazerosa.
(01.12.18)
HOJE EU PUDE...
Hoje eu não pude vê-la radiante de alegria,não senti o
seu calor...Receptivo ao meu favor.
O chão fugiu sob meus pés levando consigo a
paz que desejei...
"Sonhei em vão?", não sei.
Hoje eu não pude contar com a intensidade do seu
querer em terno agrado; não corri para a liberdade, em
campo aberto, em sua companhia.
Não curtimos o estar juntos, a sós, pela Natureza
afora: sol, praia,mar... Minh'alma, amarga, muda,nostálgica recolheu-se
mais cedo, numa entranha qualquer, no labirinto da
existência; em triste ais.
Não deu pra ser feliz como pensei, neste dia!
Hoje eu não pude...
Não alegrei-me em seu retorno, nem me rendi
aos seus encantos,trejeitos insinuantes ou,
afagos cativantes.
- O momento não me oportunizou esse júbilo
dadivoso. Ventos contrários sobrevieram-me, e, hoje
infelizmente eu não pude...
Com tamanha dor, em dados instantes, me vi
desfalecido de inanição de amor; e me pus a pensar: preciso viver
e amar, sorrir,cantar, seguir em frente... Remar
contra as correntes...
Como hoje eu não pude...
Ficarei no aguardo de uma amanhã sorridente: onde
o sol brilhará novamente.
Seguirei envolto na energia inebriante da
esperança em dias melhores, e verei bem longe deste
sonhador, esperançoso, a dúvida que insiste em
convencer-me, que lhe perdi completamente.
Sem problemas: Se "hoje eu não pude"... Ainda não
é o fim; é preferível crer que, numa hora dessas
com certeza, ei de poder...
(26.11.18)
CAMPOS BELOS (GO)
Campos Belos,terra de muitos amigos...
Amores e desamores. Com eles alegrei-me,
entreti-me,aprendi,sonhei...decepcionei-me; mas
cresci como pessoa.
Por alguns,que já partiram, chorei...De lágrimas.
Que,perenemente, fiquem na lembrança, àqueles que
nos foram tão queridos!
Campos Belos... Suas muitas histórias construídas
no relacionamento de sua gente; precisariam
ser mais contadas pelo seu próprio povo;
resgatadas,perpetuadas,difundidas, deixadas como
exemplo de resiliência, para a posteridade.
Seria bom sabermos mais sobre o nosso lugar,e
os pioneiros, da construção do que herdamos.
- Abnegadas pessoas: homens,mulhares e
meninos(as); enriqueceram a muitos com seus
ensinos,saberes,costumes,crendices,cultura...
Assim entenderiamos com mais profundidade e
precisão, sobre o bem que nos fizeram; e a real
necessidade de os valorizarmos com mais carinho e
justiça. - Preservando e propagando suas memórias;
seguir adiante repasando e construindo com
sabedoria o que ainda for necessário fazer...
Campos Belos... Cuja população viveu e vive, vendo-o,
crescer tão rapidamente! - em vários aspectos.
... Meus pais,avós,tios... eu também. Somos provas do
seu galopar constante rumo a dias melhores; estamos
surpeendidos com sua tamanha desenvoltura.
És como um filho crescido que se tornou adulto
de um dia pro outro.
Famílias de várias origens, credos e etnias
contribuiram sem medida, para o seu progredir;
tornando-a uma cidade polo, do Norte de Goiás.
Um comércio frenético, intenso; gado de corte,
agronegócios em franca expansão.
Ostenta uma economia dinâmica, promissora...
Parabéns aos que, hoje, nela vivem, e aos que no
passado chegaram e viveram, quando ainda era uma
ilha, num ermo qualquer, abraçada de morros e mato
por todos os lados. Com muito trabalho e suor a
desbravaram e a povoaram.
Tenho dito e não custa repetir: "É necessário que
o poder público,os legisladores e a comunidade
local, continuem se mobilizando no que tange às
implementações de Leis e políticas ambientais e
culturais, plausíveis, que melhorem ainda mais esse
espaço de convivência de seus habitantes".
Que este nosso cantinho de planeta esteja sempre de
bem com a Natureza e com a vida; sendo sustentável
em suas ações,no respeito e cuidados.
Mantendo à agradabilidade, à beleza...o charme.
Atraindo às pessoas de todas as partes para si, nesse
olhar de gentileza urbana, humanizado,que sabes
ter, de longas datas; em, hegemonia acolhedora. Para
compartilhar da alegria de viver e do estar juntos,
nessa irmandade, harmoniosamente.
Campos Belos, nos pareceu ter alcançado a plena
maturidade quando completou,em 2018, seus 64 anos
de emancipação política, bem vividos.
Mas para uma cidade, com essa idade... Ainda é
uma criança. E como tal precisa de muita atenção
de seus progenitores. - Gestores públicos e
população. Para continuar saudável, gerando a
todos, bem estar e saúde.
Amo esta cidade onde fincamos raízes, a partir
de 1965/69... É parte da minha história de vida
que me faz bem...O que fizermos por ela hoje,
refletirá de maneira positiva ou negativa; no
presente ou no futuro.
Mas, pensemos no melhor que ela merece; em sua
caminhada rumo ao progresso. - Se é que desejamos
ser protagonistas das mudanças que queremos para
nós, e para gerações vindouras.
Como um filho ilustre,que transpôs os mares se
tornando conceituado no mundo inteiro... Assim foi
Campos Belos,no seu caminhar constante rumo ao
seu norte, na globalização das coisas que vivemos:
continua se fazendo notado, admirado e amado por
muitos, em alguma parte do orbe terrestre. O mundo
se tornou pequeno diante de nós e dele!
Resta-nos a gratidão, aos
que,esplendidamente,fizeram e fazem essa história
acontecer em seus termos; e por esse amor de cidade
que nos deram. - A do passado e a do presente; ambas
igualmente belas. - Pelos esforços no sentido de vê-la
cada vez mais elegante, próspera, notável...
Mesmo com poucas forças e recursos - de toda
ordem - seus abinegados gestores municipais
e moradores ,a têm levado à patamares de
sublime grandeza.
De tudo o que aconteceu e acontece de melhor
em prosperidade e enlevo nessa terra - boa de se
viver - ,de gente amável com fama de hospitaleira;
e de extraordinário calor humano, é motivo
de muito orgulho.
(05.12.18)
UM BREVE INFORME AOS CAMPOS-BELENSES
Um grupo de escritores criará, muito em breve, uma academia municipalista de letras com a finalidade de unir e reunir, congregar e divulgar o movimento literário da cidade.
Campos Belos nordeste de Goiás, tem uma efervescente produção cultural com uma geração de experientes e jovens escritores produzindo e publicando seus livros; mas de forma isolada.
Agora com a criação de uma instituição literária, será possível reunir todos em um mutirão pelo desenvolvimento, expansão e articulação dos escritores com o público leitor.
São dezenas de publicações entre poesia, contos e ensaios que estavam sendo publicados de forma isolada.
Com o aporte dessa entidade, os escritores poderão se articular para lançamentos de livros e eventos literários que vão permitir uma melhor visibilidade junto ao público, à imprensa e a opinião pública.
Eu como um dos idealizadores e articuladores desse ideário, me sinto bastante honrado em poder contribuir de alguma maneira para a materialização desse relevante feito.
(14.01.19)
O PODER DAS PALAVRAS (II)
As palavras são ditas - a tempo e fora de tempo.
Como saber o tempo palavras?
- Elas são bem-vistas,apreciadas,odiadas...
Para o bem ou para o mal as palavras existem e são escritas,faladas; silenciadas,ouvidas, ocultas,
explícitas.
Em muitos casos, um assunto é
ventilado,difundido,propagado em meias palavras ou ainda, com todas as letras.
Às vezes, as palavras são transmitidas num silêncio... Num gestual,numa atitude, no semblante de alguém ou, por uma alma alegre ou ressentida.
As palavras têm poder, já fora dito... E dependendo de quem as pronuncie, terá um peso eterno. - De
tormento ou de glória.
As palavras, quando mal ditas, - sem freio;
entristece,apavora,inquieta, e fere sentimentalmente o
interlocutor. - Causando danos difíceis de reparos.
Mas, quando ditas com prudência,no momento adequado,orienta,acalenta,edifica...salva.
Muitas vezes se fala e não se é ouvido,mas quando
a Lei se pronuncia o arrogante estremece, o mudo fala. O injustiçado agradece. - E não se fala mais nisso. Apaga-se o fogo da fervura; cumpre-se o que foi determinado: não se questiona...
Muito do que se pode dizer não deve ser dito. Sob pena de,...
Por nossas palavras,sermos julgados e por elas,condenados até injustamente.
As palavras,quando ditas sem uma reflexão, pode levar-nos às barras dos tribunais: da consciência ou da justiça.
Há palavras feias, que devem ser evitadas,
arquitetadas, proferidas,divagadas...
Então, fiquemos somente com as boas palavras: bonitas,edificantes, aprazíveis...
Porque, aquele que acha agradável ouvir os
sons das palavras, compartilha com o outro a essência desse ouvir. - Tendendo a viver por mais tempo, na alegria e na
graça, de disseminar a vida, em agradáveis palavras.
(02.02.19)
GRANDE REALIZAÇÃO!!...
Fiquei tão feliz em saber que aqueles sonhos, que no início deste ano, vi impressos no papel em volume espesso, na mesa do diretor, não morreram...
Acabaram de sair do forno...
Materialisaram-se e estão prestes a ganhar o mundo e não pertencer mais a eles. Assim como um filho que geramos.
"Recebemos da editora Oikos (RS), nesta data, remessas de 1.000 exemplares da obra "MOSAICO vozes do Ser-Tão Poético", trabalho do Fórum de Escritores da UEG de Campos Belos, composto por
6 estudantes de Letras e Agroecologia;
6 estudantes egressos;
1 técnico-administrativo e
11 professores e professoras.
O livro será lançado oficialmente no dia 22 de agosto de 2019." - Professor Adelino Machado
Foi a boa-nova acima que me alegrou muito neste dia. Notícia veiculada nas Redes Sociais pelo próprio organizador desta apoteótica Atologia do nordeste goiano. O escritor,poeta,Prof. Adelino Machado - diretor da então instituição superior.
Saber de algo de relevância para cultura literária de Campos Belos e região, não seria para menos: emocionar-me...
Vendo,por foto, a transportadora descarregando os exemplares do "MOSAICO Vozes do Ser-tão Poético" - obra literária de cunho coletivo; na porta da Universidade,vislumbrei o sorriso farto do escritor e poeta prof. Marconi M.L. Burum, recebendo o material. Brinquei com ele sobre sua satisfação...
Esta Antologia é sem dúvida um grande feito dos estreantes do mundo das letras e dos escritores já consagrados nesta região de Goiás.
Os sonhos dos mesmos se entrelaçaram e tornaram-se um só... Agora,compartilhados com a posteridade.
Somente os amantes e simpatizantes da leitura e da escrita,da cultura literária do lugar e do seu entorno, podem congratular-se com todos os envolvidos neste projeto.
Ao referir-se ao dito fato numa página do Facebook, a escritora professora Júnia Januário comentou ser o mesmo, "fruto de uma inquietação diante da vida".
Como parceira,apoiadora dessa proposta,numa recíproca verdadeira,nós da diretoria da Academia de Letras de Campos Belos (ALACAMP), e demais pares, parabenizamos a cada autor, participante dessa coletânea impressa,
pela realização de tamanho feito.
Creio que os cidadãos campo-belenses de bem, assim como os demais trabalhadores da cultura,se orgulham dos esforços e contribuições que a comunidade acadêmica e demais escritores desse trabalho, deixam à sociedade local e brasileira; com seus talentos incríveis. - De expressarem suas ideias, sentimentos,reflexões,histórias, pensamentos...
04.07.19
Nemilson Vieira de Morais
Pres.da ALACAMP
UM PARECER...
Maravilha de registro!
Lançamento do livro "Divinópolis de Goiás- terra da gente" da escritora professora Francielle Rego - Filha de Divinópolis - Goiás, mas campo-belense de coração: mora e trabalha em Campos Belos-GO, há 17 anos.
O que senti...
A foto do evento onde aparece a autora e duas anciãs da cidade com o livro nas mãos, transmite algo tão bom e suave!... Pudera eu ter a sensibilidade de um poeta para expressar,em palavras,o que deveras sinto quando a contemplo.
Textualizá -la à altura do que ela exprime presisaria mesmo da maestria de um grande pensador...
Como cada um esboça o que sente...
Senti, a pureza de alma e grandeza de espírito das três que compunham daquele cenário.
Pelas narrativas de seus próprios filhos...
Saber um pouco da "história vivida cheia de experiências e esinamentos" de D. Maria Torres e D. Felismina Aires Cirineu,da cidade em questão,de gente encantadora e feliz, rebatizada por Divinópolis;
- erguida ao pé Serra Geral... No nordeste goiano divisando com Bahia; é de extrema relevância e grandeza para todos nós da cidade e região.
Fico contente em saber que esse povo amável, e, este lugar tão querido não ficaram e nem ficarão renegados ao esquecimento:
- Uma de suas filhas ilustre, autora do "Divinópolis de Goiás - terra da gente", a prof. Francielle Rego a eternizou nesta apoteótica obra literária.
30.06.19
PEDINDO PERDÃO ÀS PALAVRAS
Na solidão do outro ultrapassei limites e violei direitos; abusei das palavras: sem prévia concordância verbais ou nominais,delas; as explorei em proveito próprio. Atendendo unicamente às minhas vaidades.
Constantemente, com bonitos dizeres, produzi textos com o intuito de impressionar uma multidão de apreciadores da arte da escrita.
Dentre outras anomalias literárias faltou-me um pouco mais de cuidado, humildade e respeito com as letras e com os leitores.
E numa somatória de improbidades no meu ofício, machuquei os sentimentos, o espírito e o coração das palavras, que compunham o corpo textual das minhas produções.
Invadi sagrados redutos de privacidades... Ignorei formalidades dialéticas,princípios e regras... Da sagrada Língua pátria.
Sendo que vossas senhorias - as palavras – cansadas de minhas inconsequências,dialéticas,exegéticas... Precisavam de um descanso dos absurdos que que eu vivia cometendo.
Recentemente ainda viu meus pensamentos e ideias, rabiscadas e propagadas, com matéria prima de léxicos em desuso.
Em dados momentos, mesmo sabendo que as palavras só necessitavam de um instante às sós, desejando mesmo um pouco mais de repouso;
de silêncio e de tempo, para suas reflexões diária,diante de um mundo de possibilidades em que poderiam ser úteis e utilizadas. E não de atender a meus caprichos; para servir de badalações ou glamour... como eu desejava.
Nesses anos de lides com a pena, não deixei de importuná-las e de tê-las; transportando-as para as páginas brancas do papel. E ao coletá-las e organizá-las e até publicá-las; me achava um autor de tal achado.
Meu maior erro foi o despreparo, e, o fato de ir com muita cede ao pote. Fazer o uso das palavras aleatoriamente contar minhas histórias, meus causos; expressar meus sentimentos sem ressalvas e sem consultar devidamente um vocabulário mais adequado...
Dei com burros n’água e atropelei as palavras,o dialeto e a mim mesmo. A pressa é inimiga da perfeição.
Agora, estou mais com os pés no chão...E mais cônscio de como devo me comportar frente à atividade de rabiscador de palavras...
Anteriormente não entendendo bem sobre o
verdadeiro tratamento que deveria dispensar às palavras: precipitei-me muito. sendo um tanto amador e intransigente;
Cometendo toda sorte de faltas, contra estas companheiras do conhecimento e do saber.
Mas antes tarde do que nunca....
Hoje faço meu, esse momento oportuno, para me redimir: rogando à vocês palavras; desculpas pelas minhas insistências desnecessárias e pelas minhas incompreensões,ignorâncias,grosserias...Incompetência.
Arrependido, e ciente do meu delito ou deslizes; sabedor da sensibilidade,carinho e compreensão que tem, com os amantes da escrita, é que, vos peço perdão às minhas inconstâncias cometidas.
Humildemente me despeço, usando vocês,as palavras, para me expressar; comprometendo-me em não mais vos importuná-las para expô-las desnecessariamente!
Então, neste momento, me comprometo de buscar ajuda à vós, doces palavras, somente em ocasiões extremamente necessárias e justa!
(26.05.17).
CONSTRUINDO UMA CULTURA DE PAZ
Partindo do princípio de que não existem igrejas, famílias, ou pessoas perfeitas. Não devo me frustrar ao ponto de duvidar do amor. Seria bem mais cômodo desacreditar em tudo. Mas não estaria feliz com atitudes assim. Não seria significante dificultar o trabalho de quebra de paradigma, de nossos questionamentos discordantes; se é que desejamos equacionar tais questões; construir barreiras em vez de pontes em nossos relacionamentos, não é algo saudável,inteligente e proveitoso. Não contribui em nada para o nosso crescimento pessoal (31.05.17).
AS BONECAS DE ISABEL
Antigamente não havia bonecas lindas e cheias de recursos tecnológicos como as de hoje. Mas nem por isso as brincadeiras das meninas com esse tipo de brinquedo deixavam de acontecer e de ser prazerosas.
As garotas e garotos lançavam mão do que tinham disponíveis; e as brincadeiras não deixavam de ser belas e cheias de encanto. Pois o "prazer do brincar é a razão da criança" e em muitos casos não lhe interessa a sofisticação do objeto.
“Todos os anos, na época em que o ‘milharal’ trazia a alegria para o agricultor, as bonecas apareciam na roça de papai para alegrar a minha vida e a vida das minhas irmãs.”
Elas – as meninas - 'nadavam de braçadas' no verde mar da plantação: eram tantas bonecas em cada pé de milho enfileiradas - a sumir de vista - que nem davam conta de brincar com todas.
“Depois de passada a colheita do milho voltávamos às bonecas de pano que ganhávamos de mamãe.”
“Antigamente as bonecas de pano eram confeccionadas pelas próprias mães ou artesãs que, raramente havia naqueles ermos.”
A boneca de pano de Isabel destacava-se das bonecas das irmãs, pelo porte físico avantajado e cabelinhos de tirinhas de pano e olhinhos de botões pretos pequenos, brilhando,assemelhando-se aos olhos de verdade.
Sob seus cuidados, Sueli, - sua boneca de pano - tinha vida de rainha: era muito paparicada e vivia de braço em braço sendo carinhosamente tratada e muito bem cuidada. Era vestida a rigor, mesmo não sendo em ocasiões especiais.
Suas roupinhas coloridas estavam sempre limpinhas e bem engomadas e sempre alternadas,no dia a dia; as meias de cores brancas,rosas,lilás...Sempre combinavam com os vestidos; e os sapatinho de saltos-altos davam a silhuetas um aspecto imponente.
Seus bracinhos rechonchudos e flexíveis movimentavam-se quando ela a embalava; boquinha sempre fechada com uma chupetinha dentro. Suas bonecas não falavam, mas Isabel entendia a sua linguagem.
Havia muito calor humano naquelas relações. E isso elevava muito o ego das meninas.
O certo era que a interação de Isabel,das suas irmãs e de outras crianças com seu brinquedo preferido - bonecas de pano ou de milho – e o amor que dispensava a ele (o brinquedo), proporcionavam-lhes, uma alegria incontida e constante, que chegava mesmo a um estado de felicidade extrema.
Postado em (05.06.17).
JOÃO GUIMARÃES ROSA
Belas e perfumadas rosas
A nossa pátria abrigou,
E tantas outras ainda virão;
Mas, como as rosas de Minas...
Não serão.
Deus fora tão generoso com os mineiros...
Que lhes dera a melhor rosa;
Colhida do seu jardim, por Ele mesmo:
João Guimarães Rosa.
(24.08.17)
SE VOCÊ DESCOBRIR!
Nesse nosso viver
prefiro dizer que é somente
uma amizade -,
o xodó que cultivamos um pelo outro.
Mesmo correndo o risco
da verdade aparecer -
e venha saber
que, algo mais existe entre nós.
Terei por certo,
que assim sendo,
não haverás lamentos -
não nos maldizemos.
Pelo contrário:
Transbodaremos de contentamento -
pela recíproca verdadeira dessa ternura velada!
Foi a ardente sede desse nosso querer,
que nos levou a vivermos nesse grude.
Colados um no outro
somos guiados
pelo amor,
o tempo todo.
(27.08.17)
ELA AINDA SONHA...
Uma pomba-trocal deixou seu ambiente natural
para aninhar em minha árvore,
no passeio.
Ganhei de Aristeu, a plantinha,
e logo a plantei em terra boa.
Hoje, serve de aporte para alguém dividir o amor e o aconchego do seu ninho e de suas asas,com quem mais sonhara: sua cria.
A criança já veio ao mundo! E está aparentemente saudável. Só sei que é uma fofura!!... ainda não teve o prazer e nem sabe como é bom voar.
Sua mamãe, provavelmente ainda não superou os traumas de um episódio recente,mas com a chegada de gente nova, já demonstra uma pontinha de felicidade!... Cantando pro seu bebê,se aquietar no berço.
Outro dia estivera tensa, aflita,atenta... com as folhas que caíam ao chão,no tempo certo; e a deixa desprotegida... O frio que viera primeiro, depois o vento, o incomodam.
A confiança vai regressando lentamente,na medida que os brotinhos vão surgindo pouco a pouco nos galhos, trazendo de volta a proteção e o frescor da sombra, para ela e seu rebento.
Mas, a preocupação continua... Ao lado,mora o bicho papão de verdade; que,de uma bocada só, nutriu-se dos sonhos,da sua penúltima ninhada.
(22.08.17)
ROSA DE MINAS E DO MUNDO (III)
Nemilson Vieira de Moraes (*)
Poderia muito bem recorrer ao princípio da insignificância e ater-me, da responsabilidade dessa homenagem.
Mas, as rosas que despertam admiração e desejo não me permitiram ignorar tão belo sentimento, descansando na inércia e no indiferentismo.
Quem não se render à formosura das rosas é porque lhe falta no peito, um coração pulsando e na alma a sensibilidade.
As rosas!...
Desejamos muito ganhá-las e amamos ofertá-las!
No percurso da história brasileira, ganhamos e perdemos tantas rosas valiosas que, nem sabemos quantificá-las.
Belas e perfumadas rosas a nossa pátria abrigou e tantas outras ainda virão; mas, como as rosas de Minas,
não serão.
Deus, fora generoso com os mineiros: ofertando-lhes uma rosa encantadora!! conhecida em seu jardim como João Guimarães Rosa.
Quis o Pai, que a roseira, nascesse nos gerais, juntinho do sertanejo, das veredas,dos buritis e mananciais.
Mesmo Minas, sendo muitas, ainda foram poucas, para reter unicamente para si em seus domínios tanto talento e brilho dessa Rosa.
Então, o Criador dividiu com outros povos, línguas e nações, a grandeza de sua dádiva.
Agora, a Rosa, não é mais só de Minas Gerais: transpôs os mares.
A vida e obra desse expoente máximo da literatura e da cultura da nossa amada terra,não se restringem ao berço que nascera – Cordisburgo.
Ganhou o mundo.
E desde então, através da arte da escrita tornou um cidadão que tem contribuído para firmar sua cidade no contexto nacional e mundial!
Por certo que a fragrância dessa Rosa até hoje perfuma o orbe terrestre e nossa imaginação.
BH, MG, 24 Agosto 2017.
(*) Nemilson Vieira de Moraes - Membro efetivo Cadeira nº 03 da Academia Nevense de Letras Ciências e Artes (ANELCA); membro vitalício da cadeira 23 da Academia de Letras do Brasil, Minas Gerais, Região Metropolitana de Belo Horizonte (ALB/MG/RMBH); Membro do Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa (NALAL); e membro do Conselho Municipal de Cultura de Ribeirão das Neves-MG - representando a Sociedade Civil Organizada.
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