Texto Amigos de Luis Fernando Verissimo

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Quando eu vivi
Quando eu vivi,
Nunca fui notado.
Nunca estive no centro.
Sempre fui deixado de lado.

Pra sobreviver aprendi.
Perdoei para ser perdoado.
Externei tudo o que senti.
Amei para ser amado.

Erros e acertos equilibrados.
Sucessos e fracassos suplantados.
Matéria só tem valor
Antes de ser sepultado.

Inserida por Moapoesias

Não vem
Chega, desisto de ficar esperando.
Nunca mais voltarei aqui.
Neste tempo que ainda tenho,
Deste lugar me abstenho.

Aqui, um dia,
Prometemos amor eterno,
Faz tempo, eu sei,
Mas isso aqui virou um inferno.

A data eu não lembro.
Acho que era primavera,
De flores cheirosas.
De lindos botões de rosa.

Eu voltei. Você não veio.
Quebrou a promessa ao meio.
Não terei mais devaneios,
Só eu voltei. Você não veio.

Inserida por Moapoesias

Corações
Dos corações que eu tinha
Quase todos foram embora.
Restou-me apenas este
Que bate no peito agora.

O do amor partiu primeiro.
Depois foi o aventureiro.
O sonhador foi em terceiro.
Por último o bagunceiro.

O que ficou é técnico.
Não conhece emoções
Reto e muito ético.
Apenas cumpre suas obrigações.

Tenho saudades dos que foram.
Eles que me davam alegria.
Todos valiam ouro.
Sinto falta das folias.

Inserida por Moapoesias

Uvas, beijos e chocolates
Sem pensar joguei-me em ti.
Sem licença fiz castelo.
Sem habite-se me instalei.
Sem base me apaixonei.

Sem receio se ausentou.
A construção embargou.
Pediu que eu saísse,
Até a estrutura desabou.

Cabisbaixo, fui andando.
Comigo somente meu corpo.
Nem precisei de mochila.
Na mão só um litro de tequila.

Lento os dias foram passando,
Meu sorriso encurtando.
Nossos caminhos descruzando,
Eu de você sempre lembrando.

Se me vir neste universo
Num improvável desempate,
Estarei compondo versos
De uvas, beijos e chocolates.

Inserida por Moapoesias

Psicóticos e insanos
Viver é lacônico, ainda assim cansa.
Proliferam-se as más experiências.
Infindáveis dias de constantes esperas.
Justificáveis se ao final o amor prevalece.

Viver é enfrentar chuvas e tempestades.
É reverenciar até quem não tem majestade.
É fingir loucura na mais sóbria demência.
Preencher espaço, lacunas e carências.

Viver carece de pele bronzeada.
Sempre ao perdedor compete recomeçar.
Fazer a história mesmo na estrada do medo.
Gerir e velar versos vivendo segredos.

Felicidade é quando o amor domina sonhos.
Quando mesmo distraída aceita minha flor.
Divago em canções que componho.
Cenários psicóticos e insanos de amor.

Inserida por Moapoesias

Furou-se a bola do destino.
Calaram-se Luigi e Mário.
Aterrissou-se a pandorga em desatino.
Ficaram no quarto os monstros temerários.

O vidro ficou inteiro,
A porta não mais se abriu,
Dias tristes e sem travessuras
Depois que o menino partiu.

A grama dominou os caminhos.
Enferrujou a gaiola,
O vento soprou sozinho,
Sobrou uma mesa na escola.

O sabão não fez mais bolhas,
A tristeza fez a vida em pedaços.
Do coração caíram todas as folhas.
Faltam na alma os infantis beijos e abraços.

Inserida por Moapoesias

Hoje eu vi você.
Hoje eu vi você...
Com saudades acariciei teus cabelos.
Provoquei arrepios cobrindo-te de beijos.
Tornei-me prazer no toque ao teu corpo inteiro.

Hoje eu vi você...
Roçando meu rosto com murmúrios ao ouvido.
De olhos fechados mirando meus lábios.
Senti meu pescoço sutilmente acariciado.

Hoje eu vi você...
Senti o perfume de um corpo excitado.
Pele macia, sorriso meigo e perfumado.
Sensível delícia pousada ao meu lado.

Hoje eu vi você...
Nos olhos vi o brilho da mulher feliz.
Deitando a cabeça em meu peito suado.
Prazer convincente em desejos trocados.

Inserida por Moapoesias

Sem legados
Quando eu partir,
Serei pouco lembrado.
Se alguém perceber minha ida
Lembrará já conformado.

Não deixo nenhum legado,
Nem saudades arquivadas.
Deixo apenas um poema inacabado
E lembranças do passado.

Depois que a dor ao passar entrou,
Nunca. Nunca mais me alegrei.
Se a vela Deus assoprou.
É que ausente eternamente estarei.

Inserida por Moapoesias

Água doce
Da vida quero a certeza que tentei.
Que fiz o melhor que pude.
Nada mágico nesta existência.
Não busco o extraordinário.
Tenho o âmago da coerência.

O eterno está na efemeridade de um momento.
Absorvo as dores suportando calado, meus sofrimentos.
A saudade sempre superar os amores.
Se não correspondo, do mundo, os anseios,
Não trarei na minha essência qualquer lamento.

Recebo imóvel a negativa,
O não jamais será definitivo.
Conquisto um minuto de uma vida
Basta um olhar profundo e afirmativo.

No fundo do poço tem um mínimo de ar,
Com imaginação se tem praia longe do litoral.
Há sempre um dia, certamente,
Que a água doce chega ao mar.

Meu amor mora em meu ser
Num lugar que Deus abençoa.
Tenho por tudo um amor a oferecer,
Amo, acima de tudo, as pessoas.

Inserida por Moapoesias

Acordar
Se eu continuar dormindo,
Entenda da melhor maneira.
Talvez eu esteja sentindo
Ou pode ser só canseira.

Se os olhos eu não abrir
Pode ser por estar feliz.
Pode ser desejo de partir
Ou apenas porque não quis.

Da noite trago sonos esquisitos
Delírios. Insônias. Mosquitos.
E sonhos de amor fraternos.

Meus devaneios nem edito
Pois neles nem eu acredito.
Sou mortal, jamais serei eterno.

Inserida por Moapoesias

Lado de fora.
Sentei-me do lado de fora de mim.
Ao relento.
Ali, pensativo... Olhei-me.
Olhei nos olhos da minha vida.
Nos seus cabelos brancos.
Como ela está envelhecida.
Também refleti nela.
Nada mais da criança que vi crescer.
Nada mais do menino com sorriso encantador.
Um restinho de sonho esquecido num cantinho.
Por uma fresta pude ver morto,
Um poema outrora tão lindo.
Que dó!
A antiga canção agora tinha uma nota só.
Não vi garotas nas paredes internas.
Não vi paisagens emolduradas.
No vaso, flores sem vida.
Um amarelado retrato partido.
Poeira densa sobre os vidros.
Pedaços de vida espalhados pelo chão.
Sem cordas, na mesa descansa o violão.
Mas algo ainda se movia,
O amor alegremente respirava.
Não morre o homem
Enquanto viver a ilusão.

Inserida por Moapoesias

Verdade invisível
Sem ser prevista a invasão aconteceu
Não foi possível reação.
Meu pensamento ligou-se ao teu
Levando-me a comoção.

Não fui notado em trajes majestosos
Em meio à multidão,
Com gestos receosos,
Buscando-te na contramão.

Invisível estive quando sentei
A beira da fonte ouvindo suas águas
E pensativo lacrimejei.

Minha peregrinação nunca parou
Sem ser visto sempre busquei
Mas a verdade jamais se apresentou.

Inserida por Moapoesias

Sonhos
Que a certeza da morte
Não sirva de pretexto.
Que se morra pelos sonhos
E não com eles.

Ainda que ao acordar
Finde o devaneio num segundo.
Que não se deixe de ancorar,
A utopia de um justo mundo.

Fantasias e vida se misturam.
Feito pedras e concreto.
A vida tem anseios que não duram.
Mesmo efêmeros, sonhar é sempre correto.

Inserida por Moapoesias

Não olhe agora
Não olhe agora,
Minha timidez vai me condenar.
Verás apenas meus olhos sem brilho.
Meio tristes e com vontade de te encontrar.

Não olhe agora,
Neste momento não há ondas no mar.
Apenas o barco da saudade ancorado e mudo
E a brisa fria insistindo em me torturar.

Não olhe agora,
Tudo é silêncio. Posso teu íntimo escutar.
Meus ouvidos se fecham nesta hora,
Pra não ouvirem a música que faz emocionar.

Não olhe agora,
Estou apenas olhando pra você.
Não tenho flores pra te dar.
Só versos secos pra te oferecer.

Não olhe agora,
Não quero que me vejas assim descontente.
Prefiro te ver feliz depois
Quando estiveres em minha frente.

Inserida por Moapoesias

Espelho (Homenagem ao dia dos pais)
Aparentavas tanta resistência.
Mas no fundo, no fundo era mole.
Por vezes eu e meus irmãos nos espremíamos em recolhimento.
Não por medo, por respeito.
Penso em quanto sofrimento passaste em sua vida simples e pobre.
Eu via em você um cerne, resistente a tudo e a todos.
Nem a eminente fome parecia mudar teu semblante.
Nunca vi choro em seus olhos, exceto na sua viuvez.
Mas tenho convicção que para cada filho que seguia os próprios passos
Colocavas lágrimas no canto do olho.
Era mestre em disfarçar. Mas adoçava-se a cada uma destas partidas.
Com quinze anos, me fiz adulto e segui meus passos.
O homem refratário, penso até hoje, preferiu não me ver partir.
Era contido em suas demonstrações de afeto, contudo tinha no peito,
Um coração generoso que a nós transferiu pedaços.
Com minha vida ancorada nas minhas próprias costas
Passei a entender ações e reações de um pai.
Vi-me sozinho e triste em muitas esquinas da vida.
Descobri porque ele tentava mostrar ser aquela fortaleza.
Hoje meu corpo já acusa a idade.
Na mesma proporção meu coração acusa ainda mais a saudade.
Os valores que recebemos não foram financeiros.
Ainda bem.
Hoje sabemos o valor de cada coisa.
Jamais esqueceremos os conselhos, ensinamentos e exemplo que foste.
De você, herdamos o melhor:
Princípios dignos de justiça e convivência social.
O amor pelas pessoas independente de qualquer outra coisa.
Herdamos a certeza que o bem sempre vale mais a pena.
Ficamos sem tua presença física, mas sei que nunca nos abandonaste.
Onde estiver pai, um beijo de reconhecimento e amor neste dia dos pais.

Inserida por Moapoesias

Desejos
Que o peso nas asas não aborte o voo.
Que o medo não chamusque o amor.
Que o calor dos corpos aqueça o sentir.
Que os lábios se toquem mesmo sem partir.
Que meu amor te abrace na noite calada.
Que te sintas envolvida por inteira.
Que ao meu lado perceba-se plenamente amada.
Que o tédio da vida não nos leve á morte.
Que o desgaste do rosto não nos torne estranhos.
Que o erro amoroso não criminalize.
Que a chegada desejada não se transforme em partida.
Que os desejos sejam intensos na madrugada.
Que não se condene o amor mesmo quando não se está amando.
Que se durma feliz e,
Que se acorde sonhando.

Inserida por Moapoesias

Um dia II
Um dia tive que entender que sou finito.
Que ninguém ficará pra semente.
Que existem os feios e os bonitos.
Que sendo como for, somos apenas gente.

Um dia me propuseram eliminar as aventuras,
Apenas cuidar da saúde do corpo.
Tocar a vida sem fazer loucuras
Viver na base e esquecer o topo.

Um dia me pediram pra repousar,
A entender que o sonho acabou.
Todos os projetos de vida abandonar.
Só entende, quem por isso já passou.

Impossível. Não nasci pra me acomodar.
Não vou reclamar da sorte.
Lutarei enquanto respirar,
Cessarei sim. Perante a morte.

Inserida por Moapoesias

Silêncio insano
Eu conheço o barulho da porta que fecha.
Já senti o suor das mãos frias.
Conheço a dor na cravada da flecha.
Pisei as pedras da estrada vazia.

Eu conheço o grito que ninguém ouve.
O silêncio que nos faz insano.
Já via lagarta na folha da couve
Vi a tesoura cortando no pano.

Eu conheço a tristeza da estação depois que o trem passa.
A incerteza se a dor irá parar.
Já vi choro no embarque, ouvi as promessas.
Coração que se divide pra depois suspirar.

Inserida por Moapoesias

Calças rasgadas
Bateram à porta dos anos oitenta ainda adolescentes. Cabelos estranhos, desejos na mala e bolso vazio. Começavam a entender certas rebeldias, costumes e hábitos desta década, para alguns foi perdida, para outros, muito marcante. Traziam na bagagem uma vontade enorme de matar as curiosidades e a fome.
Juntaram-se a outros tantos jovens nos primeiros movimentos pela democracia. Orgulhosamente, de cara pintada, foram ás ruas pedir eleições livres.
Nas noites que passavam na danceteria Cacimba night Club, bebiam cuba libre e gim soda ouvindo Blitz, Cazuza, RPM e tantos outros imortalizados.
Motivado por esta vertente de ouro da música nacional o Brasil marca época com o primeiro Rock in Rio.
No cenário internacional o mundo conhecia a força musical de Bom Jovi, U2, Pet Shop Boys. Thriller tocava em todos os cantos do planeta. Madonna se tornava unanimidade.
Anos romanticamente alvissareiros em que a Columbia impressionava a todos em seu primeiro voo. A Argentina tentava defender as Ilhas Malvinas, Itaipu finalmente começava a produzir enquanto o muro de Berlim caía, pela paz. Chaves estreava no Brasil e E.T. ganhava as telas de todos os quadrantes. Junto com a esperança de um novo milagre econômico nascia o primeiro bebê de proveta brasileiro.
Foram anos românticos e rebeldes. Talvez só não foram mais intensos do que os anos de Woodstock, da então geração paz e amor.
Sou saudosista deste romantismo marcante. Dos cabelos volumosamente longos, dos amores e roupas coloridas. Época da rebeldia e das calças, propositadamente, rasgadas usadas com os All Star inesquecíveis.
Década em que se voltava para o futuro curtindo nove semanas e meia de amor sem esquecer que sempre haveria um tira da pesada nas ruas de fogo.
Tempos de quebrar regras, inovar, lutar pelo novo, mas mantendo sempre a doçura e a ternura tão própria de uma geração que foi à guerra lutar pela paz.

Inserida por Moapoesias

Estrada de terra
Pinheiro Marcado, 28 de fevereiro de 1979.

À Meritíssima juíza da VII vara crime desta comarca.

Permita-me Meritíssima juíza Cristina Magalhães, em nome da amizade que vivemos na infância, te chamar de Cris.
Eram assim que eu te chamava quando juntos corríamos nos campos e brincávamos nas águas, ainda cristalinas do rio. Pra você, eu lembro bem, eu era o pequeno Ilo.
Acho que eu era meio teu herói. Crescemos num tempo em que não havia estes brinquedos eletrônicos e, isolados naquele fundão, nos tornamos tão próximo.
Você dizia que se os pais deixassem iria casar comigo. Você queria ter uma menina. Até o nome já estava escolhido. Maria Luísa. A nossa Malu.
Eu também tinha meus sonhos. Eu também queria este casamento. Imagina! Duas crianças totalmente inocentes.
Há pouco tempo encontrei um retratinho em que estávamos eu e tu brincando na estrada de terra. Tu com aquele vestidinho que te envaidecia, mas que em poucos minutos estava totalmente sujo. Eu só de calção. Nem sei que cor era. Não lembro e, a foto, evidentemente é em preto e branco.
Pra falar a verdade doutora nem parece que somos nós.
Olha Meritíssima juíza crescer significou me afastar de você. Não quer dizer que eu te esqueci. Eu continuei na minha simplicidade interiorana não tive a mesma sorte da senhora.
Se o destino nos coloca hoje frente a frente não é por acaso. Hoje estou nas tuas mãos como nas minhas estiveste lá na infância quando te socorri das correntezas em que te afogavas.
Peço-te que me sentencie conforme tua vontade e a lei, mas leve em conta que agredi a ele por te amar desde a tenra idade.
Teu sempre admirador,
Murilo Sá. (teu Ilo)

Inserida por Moapoesias

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