Terra
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão. Águas que banham aldeias e matam a sede da população. Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão e sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra. Terra, planeta água...
E o vento levou o que precisava ser levado,
que a terra contenha as chamas
e finalmente o ciclo possa ser encerrado.
Mais um cadáver no jardim,
mais sofrimento, mais aprendizado;
me pergunto se finalmente a maldição me devorou,
se também serei condenado a viver a vida amargurado,
e que eu não pertença mais a mim
e que meu lugar seja ao lado
de todos esses corpos aqui enterrados.
Que minha alma ascenda e alcance paz,
o necessário foi feito e o passado não se desfaz.
Que a terra permita que eu descanse meus pés
e me dê forças para germinar e crescer uma vez mais.
O silêncio da madrugada leva-nos ao túnel das reminiscências, onde vemos a face e sentimos o cheiro daqueles que amamos, mas que, hoje, habitam em outra dimensão. Qual será a nossa missão, na nossa curta peregrinação terrena ?
Cada um ganhou o direito de se experênciar aqui na terra como "O melhor que pode ser", porém, a escolha é de cada um querer ser melhor aqui ou não, pra sua própria realização, querendo ou não, depois retornamos todos para a casa.
A inteligência começou com as ações do magnetismo, que dos gases formou a terra, e da terra formou os vegetais; e da água, os animais; e do fogo, os deuses.
Eclipse Lunar
Enrubescida lua de ontem...
Arremessando filiformes lanças
em brilhos raios
direto na retina.
Lunar eclipse de abril...
Raro feito tu
somente as noites sombrias das guerras
e as manhãs frias de dezembro.
No olhar, aparatosa visagem de estrelas escondidas
em densas nuvens adensadas às pressas
por temor de tal fenômeno
que aterroriza momentaneamente os céus.
Sol, lua e terra convergindo
conspirando antes do amanhecer
tramando às ventas de Zeus
planos indecifráveis, planos infalíveis.
Cobre cor em contornos tórridos
perfazem o torso de astros subordinados ao firmamento.
No espaço ilimitado e indefinido onde se movem os astros
um satélite é silenciado, por alguns instantes a terra se cala.
Zeus ira-se ao descobrir tal trama
resistente em sua inteligência
entra em litígio com seus subordinados.
Deuses (outros), tentam atenuar a decisão colérica de Zeus.
Mas Zeus em seu ineditismo
declara o fim da escuridão -
Sol e lua são condenados a permanecer em sua temporalidade habitual
e a terra, é absolvida por sua insignificância.
Casa de madeira
No alto dos Montes de Minas
Nas terras de Joaquim Dalélio
Uma velha casinha de madeira:
- Cruzada nas árvores
- Telhado amarelo
- Vistas para cachoeira d’alça d’água.
Ao redor da casa - mata virgem-
E uns pés de goiaba de morcego
Cerca feita de mourões e arame farpado
Com dentes grandes e ferrugem dourada.
Por Todo lado
Mourões de cerca dormente
- (daqueles de “trem”) -
Protegendo a casa dos sonhos de muita gente.
Mas, não protegendo de gente!
Protegendo de bicho:
- Onça do tipo Pintada.
Uns pés de fruta
Na porta da cozinha,
Um pé de rosa cor de rosa
Na porta da sala e
Outro de “Ora-pro-nóbis”
A dar de esmola na cerca dourada.
Vida tranquila
Vivida devagarzinho no
Sossego da serra de Minas!
Um pito de fumo de rolo
No papel de milho e
Um trago de cachaça
Feita no alambique daqui
Com cana cavalo colhida no quintal,
Doce igual mel!
.
Um pedaço de queijo branco
Com cafezinho (novo):
-Adoçado com garapa!
Humm...
Vida sossegada
Do tipo dessas que se vive
- (enquanto se sonha) -
Nas terras de Minas.
TALVEZ
E se o equilíbrio fosse desfeito
e as coisas movidas do lugar?
E se amores brotassem feito mato da terra
e florescessem feito flores no campo
sem dia, sem hora ou lugar?
E se o [tum tum...] do coração não fosse tão alto
ou tão forte
ou tão rítmico?
Talvez não houvesse tanta dor acumulada no peito
ou, tanta lágrima transbordando dos olhos
ou, tantos órfãos pensamentos abandonados no dia,
abandonados nas noites.
O desequilíbrio talvez seja bom!
Talvez, o seu papel, seja o de movimentar um pouco as coisas...
Desacomodar os pés sempre plantados no chão.
Talvez, ao menos equilíbrio haja,
ou verdades ou mentiras!
Amores não há. Não podem haver!
Talvez seja preciso
mover o equilíbrio de lugar a lugar
de vida em vida
de pessoa a pessoa.
Talvez seja necessário buscar equilíbrio
até mesmo em desequilibrados passos
dados ao longo do caminhar,
em busca de sentido que oriente o caminho
e de brilho de vida que preencha o olhar.
Talvez o medo,
ao menos medo seja.
E o amor,
não tenha que durar.
Desequilíbrio/equilíbrio/
EQUILIBRAR-[se].
Talvez o desequilíbrio,
ao menos desequilíbrio seja.
Talvez!
Talvez você encontre uma solução,
talvez não!
A Formiga, mais ou menos uns dez Pingos d'água e Eu
Num dia desses...
De previsão do tempo em desacordo
e céu azul e nuvens brancas,
dando formato a imagens de sonhos
e sol brilhante e sombra boa,
projetada em rumo de árvore grande
- [pé de um trem qualquer]-
plantada no asfalto da cidade
ou na terra do campo.
E de repente a chuva...
Que desaba sem aviso antecipado,
desabrigando os descuidados
tomando ligeiro os caminhos
e ocupando-se de preocupar
os videntes de desenhos em nuvens!
Tratando de por ritmo nos passos moles
escaldados e amolecidos pelo sol quente,
tratando de apressar as aves
em seus vôos solos pelas quinas do céu,
tratando de acordar os lagos e de viver os peixes
e tratando de matar a sede da terra - que agradecida -
empurra à superfície, as plantas...
Expondo suas folhagens verdes
seus frutos vistosos
e suas inspiradoras flores perfumadas.
Feito chefe em dia de súbito descontentamento,
ralha aos quatro ventos, a chuva que cai do céu.
Num protagonismo invejável!
Só as formigas se incomodam mais...
As gotas d'água,
feito flechas lançadas contra elas,
- do alto, sem escrúpulos ou piedade-
fazem pesar ainda mais o seu árduo trabalho diário.
Três estrelas ancoradas no céu
calçando a lua
em uma nuvem qualquer,
e uma rajada de vento soprada de lá para cá
na contramão da dança dançada a favor da chuva,
faz ir embora a nuvem escura carregada de raios
que entopem o céu de desespero.
Três dessabidos destinos,
encontram sentidos
em um sentido qualquer:
A Formiga...Desenrasca o pão do jeito que dá!
A Chuva... Se diverte com a farra toda!
E Eu...Transformo em tempestade - nem dez gotas d'água - caídas sobre mim!
É uma ironia do destino: passamos toda a vida pisando e andando sobre a terra, mas no fim das contas, voltamos para ela que acaba por sobre nós, pois dela viemos.
Grande imensa terra ,terra imensa grande,que se vem a imensa terra,nas montanhas aos redores,tudo isso feito da terra.
Da terra trás o vento,do vento respira nos e nos pisamos na terra e a terra em cima de nos.
A terra trás a terra leva,terra da luz e também as trevas.
a terra da a vida e a vida leva a terra, terra tira a vida, vida que trouxe a terra, terra de volta a vida e a vida destrói tudo,tudo destrói a vida.
E a vida volta para terra,lugares de campos de guerra e a guerra virou a terra a guerra a transformar a terra a se decompor na terra.
Destruídos estão todos pela guerra,terra de todos,todos estirados na terra,somos dono da terra,somos nos que faz a guerra a guerra a terra espera a hora e a paz na terra pedi esmola.
A história se reescreve diariamente, tornando tolo aquele que aponta as exibições de paixão pela terra como babaquice.
S E C A
Um vento fraco e morno
Balança o limoeiro do quintal.
Da terra árida sobe um bafo infernal.
Os raios do sol parecem fios de óleo quente
Escorrendo testa abaixo.
As folhas de couve, murchas;
O espinafre, seco.
Sob esta ínfima sombra que resta, leio.
E as palavras derretem de calor.
