Tempos
Vivemos tempos sombrios, difíceis e a linha que divide a vida e a morte está nos limites da nossa própria casa, por isso não saia de casa, mas se for necessário sair ore antes e depois que chegar, agradeça.
Dizem que o dinheiro não traz felicidade e eu acredito que não traga mesmo. Em tempos de comodismo e delivery, provavelmente ele manda buscar.
Hoje retirei da gaveta aqueles velhos sonhos guardados e à luz de novos tempos bordei sobre eles a esperança.
Tempos modernos
Hoje o amor é tão efêmero e os casamentos duram tão pouco que até a tradição de jogar o buquê está mudando: no lugar deles, as noivas estão jogando os maridos.
Nunca te procurei, apenas esperei que chegasse com o coração banhado de saudade. Desde tempos remotos, você já morava em mim.
Ah, o amor, esse sentimento ricamente cantado em verso e prosa por poetas de todos os tempos!
Amor que permeia e sustenta todos os tipos de relações humanas. Amor que traz em si a vida, mas também a morte, a doença e a cura. Amor que é a força propulsora da vida. Tão fácil falar de amor quando só o conhecemos na vitrine da poesia e tão difícil falar dele quando já tivemos o peito rasgado por ele e nossos melhores sentimentos saqueados. De qualquer forma o amor continua por aí fazendo vítimas, saqueando almas, rasgando corações e deixando como consolo dias permeados de lembranças e memoráveis lembranças
De tempos em tempos é necessário colocar nossos sentimentos em uma peneira e sacudir até que fique só o essencial, o que faz diferença, o que acrescenta.
Somos um mosaico complicado de todos os nossos tempos. Somos feitos do que foi, daquilo que está sendo e do que ainda será. Por isso é comum sofrermos tanto por coisas aparentemente pequenas, supostamente banais, por situações que não vivemos, perdas que não aconteceram, amores que não conhecemos. As coisas que não vivemos são os arrependimentos mais dolorosos, são as cicatrizes mais marcantes, as feridas mais profundas, são as dores mais intensas. O arrependimento pelo que não foi cava um abismo na alma que engole toda vida que o rodeia, como um solo árido vai desertificando o coração, sobrepondo-se à natureza bonita que ali havia. As emoções sufocadas mais cedo ou mais tarde explodem e o estrago costuma ser grande e os remendos doloridos. A dor do que não vivemos é tão grande que é comum esquecermos de ser gratos pelos momentos bons vividos, pelas conquistas, por todas as emoções inenarráveis sentidas. Por isso, seja grato a tudo, até ao que não aconteceu. Abrace o instante com força, agarre firme os seus desejos e por nada permita que lhe escapem. A vida é um touro selvagem e, às vezes, é necessário que o seguremos pelo chifre. Olhe-o nos olhos com firmeza, se demore nos detalhes, nas nuances, nos sabores, nos olores, nas notas, nas texturas. Corteje o instante com paixão e em momento algum se envergonhe: tenha um caso de amor com vida.
UM POEMA PARA O MEU AMOR
Que passem os dias e as noites,
que passem os tempos de guerra e de doença, que passem os tempos.
Mas que prevaleça.
Prevaleça hoje, amanhã e sempre —
independentemente do referencial, da situação, da variação de espaço ou tempo.
Que prevaleça.
Que prevaleça — e que todos saibam.
Não pelos alaridos, pois os alaridos, com o tempo, se calam.
Que saibam pela intensidade.
Intensidade como a do Big Bang:
que gera energia e matéria.
Energia para sempre correr ao teu encontro,
e matéria para que em nós — para sempre — exista vida.
Que prevaleça.
Que prevaleça, intensamente, como ontem,
como há dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove meses atrás.
E se não for para ser o mesmo,
que seja ainda mais intenso.
Que prevaleça o meu amor por ti.
Para a mulher mais bela que já se achou.
Somos seres inteligentes, mas nos últimos tempos estamos nos deixando levar pela falsa ideia de que, quanto melhor o cargo, quanto mais dinheiro, mais poder, mais respeitados seremos. Essa ideia está distorcendo a real fórmula de viver, deixando de lado o que realmente importa, que é a união e a cumplicidade da família; dar valor aos amigos que torcem verdadeiramente por nós; a união sem interesses ocultos e o principal a paz de espírito.
O que há de vantajoso ter poder, dinheiro, ser o melhor que todos e um atormentado desconhecido para própria família?
Somos seres inteligentes, mas longe de sermos sábios.
O que está sendo semeado agora, não anula o que foi plantado há tempos atrás, se semeamos flores, às colheremos, se semeamos espinhos colheremos também. É preciso estar preparado para a colheita, ela é inevitável e justa, e também nos permite compreender melhor a dinâmica da vida.
Há quanto tempo vem plantando flores?
Há apenas dois espaços e dois tempos.
Em um conjunto, vive-se plenamente consciente e livre.
Noutro, passamos por um processo evolutivo, ao que podemos chamar insanidade temporária, por ser repleto de ilusões, conceitos dogmáticos e racionalidades mediocremente midiatizadas.
Cuidado ao afirmar que livros sagrados sobrevivem aos tempos e, só por isso, eternizam sua inviolabilidade. Vejamos a história de Hércules, que é conhecida e, mesmo assim, não o consideramos como uma pessoa real que viveu em meio aos seres humanos, desempenhando seus doze trabalhos.