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Todos nascemos com o direito à felicidade. Porém, menos indivíduos nascem com a capacidade de serem felizes, e menos indivíduos ainda encontram a oportunidade de serem felizes. O direito, a capacidade e a oportunidade, as três coisas juntas, é algo que presumIvelmente só acontece para uma minoria de indivíduos, e certamente não por todo o tempo. Temos aqui uma das mais básicas leis naturais da vida, verificada em suas mais diversas formas, e somente uma miserável e cega esperança humana para supor que seríamos exceção.
É insensato buscar o máximo em infindáveis coisas. No geral, exceder o suficiente aqui é causar o insuficiente ali.
Quanto às finalidades da sabedoria humana, entendo abrirem-se quatro ramos: autopreservação, justiça, conforto e distração. Talvez por isso aquela manifestação imaterial (que genericamente chamamos de amor) nos seja tão intrigante: não podendo caber na sabedoria, pode ao contrário abarcá-la, e eventualmente prover seus quatro ramos.
A maldade consciente só é praticada de duas formas:
A primeira, pelas pessoas sem senso de justiça.
A segunda, como reação à primeira.
Em ambos os casos, quem pratica se imagina na segunda forma.
A rigor, só existem duas maneiras de encarar a vida: questionado como ela deveria ser, ou tentando identificar como ela é. Desnecessário mencionar a mais funcional a longo prazo.
Odiar conceitos maus sobrepõe-se a odiar pessoas más. Mas aí esbarramos no direito que as demais pessoas têm de terem seus próprios conceitos. Eis que então só restarão conceitos em nós mesmos para odiar, quando a única e real evolução finalmente pode tomar curso.
O ódio é uma das mais potentes fontes de energia humana, herança direta da raiva animal contra aquilo que nos é nocivo. Suprimir o ódio seria um grave desperdício em todas as hipóteses, de energia se for possível suprimí-lo, e de tempo se for impossível. O mais útil é canalizá-lo contra os piores conceitos, ao invés de contra as piores pessoas.
DEUS ESTÁ MORTO?
Vejo no Facebook, grupos apologeticos da filosofia nietzschiana afirmar: "Aqui não discutimos religião!" Mas, que se propõem a ridicularizar Deus, com a nefasta frase do ateu mais famoso do mundo - Friedrich Nietzsche: "Deus está morto!" Na verdade parece-me que eles simplesmente não querem ser confrontados, mas querem provocar. Já que não querem discutir religião não deveriam provocar as mentes religiosas atacando Deus. Todos sabem que as pessoas religiosas não suportam ouvir maledicências sobre Deus, sobre a religião, sobre os religiosos, e sobre as igrejas, assim como os ateus não suportam ser julgados pelas mentes religiosas e mesquinhas que espiritualizam tudo. Os ateus precisam respeitar o direito que os crentes têm de crê em Deus, tanto quanto os crentes precisam respeitar o direito dos ateus de não crêem. É simples assim! Portanto, essa guerra idiota entre crentes e ateus (e vice versa) precisa acabar imediatamente. Quem é contra a qualquer tipo de intolerância não deve ser intolerante também, e muito menos tolerar as intolerâncias, sejam elas quais forem.
(Austri Junior - Teólogo)
Acabará Logo Ali -
Vai acabar logo,
não tem jeito.
De maneira natural,
tudo acabará
logo ali.
E se algo der errado:
antes,
sem nenhuma
chance.
Entre uma gripe
e outra,
entre um arranhão
e outro,
entre uma diversão
e outra,
enquanto brincávamos
a infância se foi.
Entre uma dúvida
e outra,
entre um medo
e outro,
entre amigos, namoros,
corações partidos,
experimentos e
aventuras,
sem que percebêssemos,
lá se foi a adolescência.
Entre um boleto
e outro,
entre aniversários e
filhos e sexo
e brigas
a vida vai se desgastando
calada (com todo seu
barulho), de sonhos
e desilusões,
misteriosa,
ligeira e
finita.
(O último apaga
a luz).
O Que Mais Me Assusta -
Não é o grito claro e medonho
dos que praticam o ódio
que mais me assusta,
hoje em dia.
O que mais me assusta
nos dias de hoje,
é a falsa e fria calmaria
dos que juram
amor.
Crime Imperdoável -
Em se tratando
de Amor:
Ter o sentimento em
alma e não cometer
o ato,
é um crime (imperdoável).
Coisas Que Me Interessam -
Faça o que quiser,
como quiser.
Afinal,
ninguém tem
nada a ver.
Mas saiba que, pelo menos
pra mim,
na hora de analisar
uma pessoa,
entre tantas coisas que
me interessam,
eu costumo olhar atentamente
caráter - pois todo o resto
é sempre consequência
desse.
Certamente Pensam -
"Que cara mais chato, pessimista, resmungão..."
certamente pensam.
A verdade é que eu também
gostaria de poder escrever
aqui
algo belo sobre respeito,
sobre reciprocidade,
sobre admiração...
algo feliz sobre o amor.
Mas acontece que eu não
sou um exemplo positivo
de alguém que conheceu
o amor enquanto
era-o.
Já Era Tarde -
Apesar de escrever, naturalmente, desde sempre,
gostaria de ter me descoberto
poeta mais cedo:
talvez,
no início da adolescência.
Quem sabe assim teria
escrito coisas mais
leves,
mais lúdicas, mais
positivas.
Quando me descobri
poeta já era
tarde:
O amor havia perdido
a cor, o gosto,
o cheiro.
Minha escrita já estava revidando pancadas,
golpes violentos, covardemente
praticados.
Já andava meio amarga,
nostálgica e quase
sem esperança.
Hoje, inevitavelmente,
aceitei a condição:
Não há cura para quem
nasceu poeta.
Piloto Automático -
Cuidado
quando começar a
sentir-se muito à vontade
com a vida.
A morte pode vir como
um cochilo na sua
melhor poltrona.
Se eu quiser que minhas afirmações tenham alguma utilidade, 90% do meu esforço deve se focar em não menosprezar, não ofender e, sobretudo, em não falar bobagem. Uma vez já trabalhados esses moldes, posso permitir meus 10% da energia restantes à divertida tarefa de pensar e afirmar.
Excetuando compromissos, a solução para minha improdutividade é: fazer outra coisa sempre que a tarefa estiver muito interessante e pouco útil, ou muito útil mas pouco interessante. Já para cumprir os tais compromissos, a solução parece ser ranger os dentes mesmo.
Um dos fatores que mais encoraja meu veganismo é jamais ter conhecido algum crítico (do veganismo) que demonstre ter estudado minimamente a questão.
Se o povo é analfabeto político, tanto faz ter democracia ou não, entra nos grilhões da mesma forma.