Tag negro
Afastado de seus valores originais, representados fundamentalmente por sua herança religiosa, o negro tomou o branco como modelo de identificação, como única possibilidade de “tornar-se gente”.
A sociedade escravista, ao transformar o africano em escravo, definiu o negro como raça, demarcou o seu lugar, a maneira de tratar e ser tratado, os padrões de interação com o branco e instituiu o paralelismo entre cor negra e posição social inferior.
O negro também é luz, mas para ver, é necessário enxergar com a visão interior que não esconde nenhum crepúsculo
Ser diferente é normal
Tenhas cabelos lisos e loiros,
Crespo ou algo igual,
Cacheado, negro ou ruivo
Rastafari, Black power é radical,
Seja careca ou cabeludo,
Com cachos bolinha ou parafuso
Ser diferente é normal.
Seja branco, índio ou negro,
Seja Cosplay ou real,
Goste de vermelho ou preto,
Seja anti-social.
Tenho sempre a consciência
Que não importa a crença
Ser diferente é normal
Não importa a religião
Ou seu costume matinal
Se pensa fora da casinha,
Se é recluso ou liberal.
O que importa é que só a gente
Sabe o que a gente sente
Ser diferente é normal.
Tem muita gente que vê a cor da pele negra com um certo desdém, más faz tratamentos, bronzeamento artificial, ou passa horas ao sol, só pra conseguir um pouquinho da cor que o negro tem
Felino viril, negro gato lascivo.
Em seus olhos me perdi,
em sua boca deleitei-me,
em seu corpo me entreguei
A poesia, quando tema de si, é um buraco negro para o poeta, um lugar do espaço-tempo literário que atrai com intensidade tal que dele não se pode escapar e onde se imagina encontrar o que ninguém, até hoje, encontrou: o porquê da própria poesia.
Nós sempre fomos maravilhosos. Eu nos vejo refletidos nas coisas mais sublimes do mundo. O negro é rei. Éramos beleza antes que soubessem o que era beleza.
Eu conheço um anjo sem asas. É um lindo anjo, de pele morena e com cabelo preto. Meu anjo se chama David! Um anjo tão bom como qualquer outro que esteja no céu. Menino puro que vive nesse mundo que tem muita maldade. Ser sincero demais, que para muitos é defeito. David é só altruísta, o anjo menino de cabelo preto e coração bom.
Ancestralidade
Primeiro antes de vir de onde eu vim
Me disseram que eu não tinha alma
Chegando aqui me disseram que eu deixasse meus Orixás para ter uma alma.
Mais me vi olhando para mim
Sozinho e sem alma
Doía olhar para aquilo que fizeram de mim
A dor em mim parecia perdi socorro, perdão...
Quando dei por mim já não era mais eu, tu e nem nós
Era só um corpo caminhando sem alma...
A cor da pele nada significa
o sangue das veias não tem cor
somos todos iguais nesta vida
cada um de nós tem grande valor
Minha essência
Minha essência
Minha etnia
A minha vivencia
Vem do dia-a-dia
Se minha cor não te julgas
Por que tu julgas a minha?
Sou negra, mulata, preta!
Sou tudo isso sim
Tudo isso é minha essência
E tenho orgulho de mim
E quanto ao padrão de beleza
Pra que rotular?
Tem gente bonita em todo lugar
Esse papo da sociedade
De defender e defender
vem viver nosso perrengue
pra saber se vai doer
Cansamos de ser rebaixados
Todos nós temos direitos
E pra que preconceito?
É hora de mudar
Esse tempo já passou
Ser ignorante não vai rolar
Já dizia a princesa
"Se mil tronos eu tivesse, mil tronos eu perderia para por fim a escravidão"
Então pra que protestar irmão?
E por fim vou deixando minha mensagem de paz
Pra te conscientizar
Que ser negro não é defeito
Afinal somos todos iguais.
Buraco de Minhoca
Se queres alcançar teus ideais,
atravessai a Ponte de Einstein-Rosen, e
chegará ao outro lado do vasto universo,
para onde até mesmo a luz é atraída,
pois espera-se que lá tudo seja possível.
Sumidouro
No espaço quebrado do tempo
que se apaga lentamente
Sem sombras de dúvida
ao que devorar
ferozmente
Desmente
mitificando sem voz
todo traço de certezas
absoluta fraqueza
equívoc(ação)
Suga às tripas o mundo
universo
suas luzes ligeiras
passageiras
no trono do tempo, imperando
solidificando abstratos pedaços
traçados tortos caminhos à serpentear
no escuro vazio da inexistência insistente
que resta
que sobra
linha reta
que dobra
o sopro voraz
Não ousem pensar que estes obstáculos impedirão nossos anseios!
Nenhum passo atrás, carregamos o antídoto para todos os males, pois somos filhos daqueles que sobreviveram ao frio, fome e a dor...
Sinto a suave escuridão capaz de te apagar te tornando parte desse todo negro misterioso com efeito de esquecimento de si.
A mulher é a penumbra dádiva.
SUFOCANDO MATIZES
Na escuridão do Universo,
em meio a tantas Estrelas
Lá vem mais uma sinuela,
apontando no mundo,
Peleando com a vida,
batizada de Luz,
Num horizonte surrado,
mal sabia sua Cruz,
Mas que sina vivente,
a escuridão precedente
Das águas puras do ventre,
logo ali de repente
Mal saído do ninho da choca,
Tal sina lhe toca
com seus matizes sombrios
Não se fala do frio
desse pago gelado
Há falta de amor
de quem está do seu lado
Que considera normal
um irmão mal tratado
Brutal defensor
das causas do agrado
Desde que seu lombo
não fique lanhado
Prisão sem grades,
precisa ser libertado
A justiça profana
não tem demonstrado
Sinais de mudança,
dou de mão no meu trago
Embriagado que fico,
sigo anestesiado,
Testemunho covarde
do Negro esgoelado,
Clamando à vida,
num humilhado socorro
Que retornem os bravos,
a libertar os escravos,
Pois é dentro de si
o maior dos estragos,
E que o aperto dos joelhos
seja pra reza,
Enveredando a tropa
a todo aquele que preza
Sair do discurso
e reconhecer com fervor
Um irmão verdadeiro,
independente da cor.
Dançando Negro
Quando eu danço
atabaques excitados,
o meu corpo se esvaindo
em desejos de espaço,
a minha pele negra
dominando o cosmo,
envolvendo o infinito, o som
criando outros êxtases...
Não sou festa para os teus olhos
de branco diante de um show!
Quando eu danço há infusão dos elementos,
sou razão.
O meu corpo não é objeto,
sou revolução.
