Tag escuro
Inverso e reverso
"A decisão de fechar os olhos foi algo particular, muito foi dito e algo não aconteceu. As ausências na presença mental e não física foram quebrando a estrutura trincada. Pedaços pequenos foram ficando no caminho e as linhas de expressão foram mostrando as marcas. Peças erradas formaram uma imagem pobre, a fome nos sonhos não alcançava a realidade. Cada não habilitava um novo não... As afirmações apegaram-se ao escuro e o sono foi somando desperdícios do tempo. No silêncio com os olhos fechados enxergando dentro de si para algo acontecer. Na mudança de postura, presente mentalmente, o corpo reage e assim a estrutura é refeita e fortalecida. Os pedaços que somam se tornam as peças que habilita o sim e a luz para iluminar o caminho que fortalece o espirito, alimentando o sonho e o coletivo. No silêncio, algo rico aconteceu. Alimentando-se na realidade, o sonho renova alma, o corpo e a mente."
Eu não tenho medo do escuro e, consequentemente, não tenho medo da morte. Eu aceito o que me é desconhecido.
O Céu carregado de nuvens... e não dá para saber se vai chover ou não. Não sabemos mais, como nossos ancestrais, se vai desabar um temporal. Só ficamos sabendo quando desanda nas nossas cabeças. Assim, também, são os nossos pensamentos, carregados, como nuvens escuras. Não sabemos se o temporal vai nos atingir ou se simplesmente vai se dissipar. Talvez, não temos encontrado tempo suficiente para olhar para o Alto...
REGÊNCIA (soneto)
Como quisesse poeta ser, delirando
As poesias de amor, nas rimas afora
O beijo, o abraço que o desejo cora
A solidão assediou e trovou nefando
Vazios estros, de voo sem comando
Sombrios, que no papel assim espora
Os versos, sangrando e uivando, chora
Implora, num rimar sem ser brando...
Estranho lampejo, assim compungido
Que dói o peito, sem nenhum carinho
Quando a prosa era para ser de paixão
Então, neste turbilhão me vejo perdido
Onde o prazer se faz tão pequenininho
Vão... e a desilusão é quem regi a mão!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
VELHO VIOLÃO
Autor: Farley Dos Santos.
Numa cabana abandonada
Com um grande porão escuro
Lá está ele
O velho violão esquecido
Jogado a anos em meio a poeiras
Imóvel, ele fica em silêncio
Suas poucas cordas que lhe restam
Já não trás mais melodia
O sucesso que fazia
Virou memórias inesquecíveis.
Os dias passam lentamente
E ele fica alí, parado
Pois nada pode fazer
Já é tarde demais
Desafinado e enferrujado
Ele lembra dos aplausos da platéia
Cansado e sem mais esperança
O velho violão descansa.
"A luz que Deus acende nunca pede permissão pra queimar.
Mas a lâmpada que brilha no escuro só continua acesa se o azeite não secar."
Barriga da Terra
A semente morreu no escuro
sem dor, sem missa, sem lamento.
Cresceu na barriga da terra,
mãe de todas as coisas.
Já foi galho, flor, fruto maduro,
mas o vento a desfez em promessas.
Caiu no chão com saudade de raiz
e reencarnou em semente.
Veio à tona vestida de caule,
com folhas como dedos verdes.
Tinha um verbo brotando nos olhos
e pássaros que riam no peito.
Nunca mais teve pressa.
Era árvore e sabia
que quem cresce no ventre do chão
leva eternidade nos galhos.
"Às vezes, é nas sombras que encontramos a verdadeira força; o lado escuro revela a coragem que nem sabíamos que tínhamos."
"Engano seu
se achou que o poeta morreu
ele pegou a caneta e o caderno no escuro acendeu
Ele olhou para o espelho e percebeu
E disse...
- prezado eu...
-Existe um louco mais louco do que eu?
Engraçado que o espelho respondeu
-Sua loucura não é problema meu"
Na
penumbra da
madrugada Penso
em ti dor de meu
coração Espero por ti
como quem espera
No desespero escuro da
solidão O renascer da primavera.
Um dia escutei minha alma,
Gritava ao fundo, num corredor escuro.
Com dificuldade, a encontrei,
A dor transbordava, seus olhos em lágrimas.
De joelhos caí, chorei: o que fiz com ela?
Deixei minha alma junto aos fantasmas,
Criados no decorrer da vida.
Mas... o que minha alma me fez?
Levantei e a abracei como um urso.
Fui tomado por uma paz há muito esquecida.
Aos poucos, fui acalentado,
Acolhido pela alma que um dia calei.
Agora, voltamos a ser um só.
Um momento de reflexão se instaurou:
Do passado vem o aprendizado.
Do futuro, projetamos nossos sonhos.
No presente, vivemos, sendo o melhor que podemos ser,
Por nós.
"A luz virá nos momentos mais escuros. O que se procura pode estar diante dos seus olhos, basta que você possibilite ou amplie visões para as verdades ocultas”.
O Brilho é que nem uma vela, que chega o momento em que ele deixa de ser chamado de Brilho, para ser chamado Escuridão.
A iluminação assusta mais que qualquer assombração, porque revela o que o escuro escondia. Foi você quem apagou a luz. E o pior? O monstro nunca esteve lá — só você, o tempo todo.
A alma de um egocêntrico é igual um espelho. Para si próprio ,acha que a superfície é clara, mas para quem olha do outro lado, sabe que é escura.
Toda vez que fecho os olhos, enxergo as partes internas das minhas pálpebras.
Só hoje me dei conta que elas são escuras.
Lá, no fim das internas viagens,
Onde estatísticas não têm valor,
Porque, até hoje, ninguém pisou,
Em solos tão selvagens,
Mora, depois da esquina do medo,
O tesouro que tanto procuras,
Entre vielas e ruas escuras,
E que parece intransponível segredo.
Ele espera por você, intocado,
Pronto para a revelação,
Pela qual você, obstinado,
É capaz de dar dedos e mão,
Sem saber que, o danado,
É gratuito a quem tem coração.
Tranco-me em meu quarto como quem procura se esconder das estrelas, há saudade em cada brilho e em cada brilho uma recordação distante. No escuro, tudo se torna um. Mas trancar-se é inútil, pois quando vier o dia as estrelas então serão meu guia.
