Sou o que sou
Hoje eu possuo idade para enxergar com mais sutileza as coisas.
Eu sou o que sou.
Pronome pessoal intransferível
Verbo intransitivo direto.
Meus sonhos?
Pretérito imperfeito!
Estrada sem caminho
Principio, meio e fim.
Eu sou um ser de amor!
Sou o amor
Sou um ser de luz!...
Seja luz
Seja real
Consciente
Onipresente
Onipotente
Seja um com o cosmos
Com o infinito
Seja a pureza do amor!!!...
Grite pela sua liberdade: felicidade
Com tudo e Com todos
Se ame
não sou fria.
não sou triste.
não sou tantas coisas.
sobre raridade, se deu usufruto e adjetivou rara.
inspirou-se-me para o amor.
deveria ser criativo e usar as suas palavras...
... sem direito algum apropriou-se das minhas, escritas e ditas.
– não ouse escrever o meu ditado de palavras.
(ao seu amor as suas palavras)
não sou pública.
não sou geral.
sou única.
para que fique registrada minha não-tolice em meio a tantas coisas vagas fiz poesia.
e agora que se fez poesia é de todo amor, de qualquer um, para qualquer serventia, ganhou esse valor.
N sou perfeita, n sou a mulher de corpo bonito, mas eu sou real, n tenho muito a oferecer, apenas meu amor.
MONÓLOGO
“Eu Sou Tereza, Eu Sou Quilombo
Por Eli Odara Theodoro
(Para o Julho das Pretas)
:
Axé…
Axé, minhas irmãs!
Eu cheguei.
Julho chegou.
E com ele, eu me levanto.
Não sozinha — nunca sozinha.
Me levanto com Tereza.
Sim, Tereza de Benguela…
Mulher preta, mulher quilombola, mulher rainha.
Liderança. Inteligência. Força política e amor pelo povo.
No século XVIII, quando mataram seu companheiro,
ela não fugiu.
Ela ficou.
Assumiu o Quilombo do Quariterê.
Criou um governo, um parlamento, uma resistência com nome de liberdade.
Ela sabia…
Que resistir era também amar.
Que ser preta, mulher e viva
já era um ato revolucionário.
E eu…
Sou continuidade de Tereza.
Sou Eli Odara Theodoro .
Mulher preta. Quilombola.
Mãe. Viúva. Educadora.
Filha da terra e dos tambores.
Minha pele carrega o barro da luta,
minha voz carrega as palavras que tentaram calar.
Como diz Beatriz Nascimento:
“O quilombo é um lugar de liberdade possível.”
E eu sou esse lugar.
Meus passos são quilombo.
Minha fala é quilombo.
Minha sala de aula, meu terreiro, meus textos, minha lida — tudo é território de reexistência.
Sueli Carneiro grita comigo contra o apagamento.
Lélia Gonzalez me lembra que o mundo é racista e tenta nos empurrar pra margem.
Mas nós somos centro!
Centro da cura, do cuidado, da criação.
Conceição Evaristo sussurra aqui dentro:
“Escrevivência…”
E é isso que faço.
Eu escrevo com o corpo.
Escrevo com as dores e alegrias que a vida preta me deu.
IBGE diz: somos 28 milhões de mulheres negras no Brasil.
Mas isso é só número.
Nós somos mais!
Somos as que levantam antes do sol.
As que dançam pra Oxum e marcham contra o racismo.
Somos as que cuidam dos filhos dos outros enquanto sonham com futuro pros seus.
Djamila Ribeiro me lembra:
“Nosso lugar de fala não é favor.”
É luta.
É direito.
Nilma Lino Gomes grita comigo:
Educação quilombola é território de sabedoria viva!
Não tem sala de aula mais forte que o chão de nossas comunidades quilombolas.
E como diz bell hooks:
Amar também é ato político.
Eu escolho amar quem sou.
Escolho amar os meus.
Escolho amar as mulheres que vieram antes,
e aquelas que ainda virão.
Hoje…
Eu não só homenageio Tereza.
Eu a convoco.
Tereza está em mim.
Tereza está em nós.
Porque, como diz Conceição Evaristo:
“Nossos passos vêm de longe.”
E eu completo:
Vêm de longe…
E seguem firmes.
De cabeça erguida.
Pés fincados na terra.
E o coração batendo no ritmo da ancestralidade.
Axé, Tereza!
Axé, Mulheres Negras!
Axé, Julho das Pretas!
Não me preocupo com o que pensam de mim, sou o que sou, tenho falhas e coisas boas, verdades rimam com minha vida, o resto é questão de gosto.
Não sou um pensador
Não sou um sonhador
Sou apenas um pescador
E o meu peixe é o seu gemido!
Advinha qual é o anzol!
Tá na moda e eu não sou a moda. Sou a árvore desse galho que poda. Mais que só a carência, amor é a tendência e cafona é a vazia foda. Te oriente, sou decente, a maldade está na mente e eu não sei me insinuar. Não sou alma descarada, nem de santo tenho nada. Não me curvo ao deliberado, é só uma questão de palpite, ter o desejo ponderado, à tudo que tem um limite. Ainda sou orgânico, sei sentir e existir, mesmo que forçado ao mecânico, do padrão a se seguir.
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