Soneto da Separação
Tenho imagens dele na minha memória, fragmentos de coisas que disse, e impressões, algumas contraditórias, talvez porque ele era inconsistente, talvez por causa do meu próprio humor de agora: se estou brava, ele parece superficial, cruel e arrogante; se estou mais gentil e terna, me parece confiável, honesto e sensível. O centro está faltando, o original sumiu, tudo o que tento formar em volta desse centro pode não se parecer muito com o original.
A despedida é contraditória, é triste e dolorida. Ao mesmo tempo em que é restauradora, pois traz à tona todos os sentimentos que alimentamos por quem amamos. Todas as palavras não ditas durante o tempo de convivência saem com facilidade neste momento de separação.
Hoje, aprendi que o momento da desilusão amorosa pode ser muito breve. Não é sempre aquela desintegração arrastada que a gente imagina ser comum na vida adulta, pedacinhos de amor e conforto se soltando aos poucos durante anos até que não exista nada mais a ser dito. Pode acontecer num piscar de olhos, pegar a gente de surpresa, sem tempo de se preparar antes. Alguém para na sua frente, cara a cara, e diz que está indo embora, que já não te ama mais, que encontrou outra pessoa, que você não é suficiente, e você pensa: “Ah, então é assim que eu vou morrer. Não tem a menor chance de eu superar isso.” Alguma coisa em algum lugar do seu corpo se rompeu violentamente e você só consegue se deitar no chão e esperar ser convidada para seguir pelo inevitável túnel com uma luz no fim.
Quando um relacionamento acaba, parece que caímos ao chão, forma-se um tsunami de tristeza que devasta a alma, nem a medicina cura essa dor. Passei noites que tive de me abraçar, me acalmar enquanto desmoronava sob o travesseiro, e me aconselhar em frente ao espelho, enquanto as lágrimas me limpavam. Aprendi que todos podem me deixar, desde que eu não me abandone, ficarei bem, tendo força e fé em Deus.
Ficar em uma relação só porque ‘nao há melhor opcao’ é uma escolha que deve ser respeitada. Mas se manter em uma relação assim e além disso destilar ódio, veneno, maledicência e intolerância para com o outro, é ausência de inteligência que pode cobrar um preço muito alto.
Não existe problema algum em se apaixonar por outra pessoa e escolher viver uma história de amor com ela. Você tem esse direito. Você não ‘pertence’ a ninguém como propriedade inalienável. O problema está é na lesão afetiva que pode decorrer de sua decisão. Portanto, avalie a questão com calma. Talvez a outra pessoa tenha surgido para te tirar de uma escolha errada do passado, mas igualmente pode ter surgido para te induzir a uma escolha errada no presente. Seja como for, se a decisão for inevitável, evite a lesão afetiva no máximo das possibilidades, pois ela contamina de sangue todo e qualquer novo plano futuro.
O que você deve fazer com todo o amor que tem por alguém se essa pessoa não estiver mais lá? O que acontece com todo esse amor que resta? Você suprime? Você ignora? Você deveria dar esse amor para outra pessoa?
Tornamo-nos importantes para alguém e depois deixamos de ser, e deixar de ser é tão doloroso que nos ocorre que seria preferível nunca ter sido.
Os dias passam lentamente... O vento muda de lado... A luz incomoda de tao forte... Deitei e fechei os olhos, enquanto me deitava no gramado...O sonho era real, não queria acordar... O sonho era real, e só nele eu queria estar!
Você tem todo o direito de me odiar ainda, de me chamar do que quiser, mas não pode dizer, em hipótese nenhuma, que nunca te amei.
Que ele se preparasse muito bem, porque a esposa que ele tinha em casa morreria e ressurgia a velha Eu, só que com bagagens maiores, dois filhos e sabendo que marido folgado a gente não aguenta e nem espera nada, a gente se livra. E se livra logo.
Essa história é nossa. E se você não chorar com ela em nenhuma parte, se você nao se emocionar com ela em nenhum momento, então eu assino o divórcio.
Não há uma linha que separa o amor do ódio. Na verdade, o amor e o ódio fazem parte da mesma linha, mas em extremos opostos.
Posso estar furiosa e triste com o que aconteceu entre nós, mas isso não me faz acreditar que o que tínhamos não era real. E também não me faz acreditar que não vou encontrar algo tão real novamente.
"Como o poderia eu saber, aliás, pois que além dos nossos corpos agora separados, nada nos ligava, nada nos lembrava um do outro"
Foram as nossas invisibilidades que nos levaram a esse lugar, as pequenas mortes, a sucessão de pequenas mortes, as coisas que não dissemos, as coisas que não sabíamos dizer, os sentimentos que estavam lá, mas não sabíamos como conjurar.