Soneto da Saudade
Soneto a esmo
Do olhar sem rumo, se fez a agonia.
Do pensar sem tino, se fez o encanto.
Nos lábios molhados se fez o insano
e como já era de se esperar, deu em poesia.
Em teu olhar, se entra em descompasso.
Em sua voz, quase clamo por socorro.
E teu andar, ai meu Deus, coisa de louco!
E por mais que eu fale, moçinha, será um talho.
Olhar p'ro lado esperando ver seu rosto.
Pausinha simples, tão somente p'rum café.
Pena! Não percebes, fico eu que nem bobo.
Sentindo teu cheiro; o vendo teu jeito manhoso.
Abrasado em teu olhar de menina mulher.
oh! Tenho fugir desse trejeito formoso.
O TEMPO (Soneto)
Um dia, uma noite, uma era... eis o tempo!
Correndo qual rio caudaloso e sereno,
Fazendo curvas e enfrentando o terreno...
Não importa se haja chuva, sol, ou vento.
Envelhecendo faces e criando rugas,
Fazendo silhuetas preocupantes na mente egoísta...
Trazendo depressão, já não são mudas!
São árvores feitas no caminho que dista.
E com ele o pensamento voa e muda,
qual sonho entre uma e outra dormida
Como se à face a realidade desnuda!
E sibila na alma...ela, uma ré tolhida,
Revelando quem somos e de nada ajuda,
Deitar-se ao colo e esperar acolhida.
Soneto de um apaixonado
De tudo o que faço tudo é por você
Tudo isso porque quero te fazer feliz
Você é tudo o que eu sempre quis
Meu amor por ti fortalece a cada amanhecer
Faço de tudo para todos os dias te ver
De tudo o que faço farei como sempre fiz
Para satisfazê-la farei como você diz
Tudo porque o Amor você me fez entender
Não sou perfeito, nem serei algum dia
Só não quero magoar alguém que não merece
Não farei sofrer, alguém que me trás felicidade
Pra você roubaria o brilho das estrelas se pudesse
Ficaria ao teu lado por mais que uma eternidade
Seu Amor pra mim é tudo, sem ele eu não viveria
SONETO 05
Quero falar do meu amor e falando.
Calar minhas lágrimas e desejos
Ter da doce boca os teus beijos
E sentir que deveras, estás me amando.
Quero nessa certeza achar esperança
E confiar em ti para o meu bem
Pois é melhor viver só, assim e sem.
Do que com alguém e não ter confiança.
Isso tudo é bom não deixar pra depois
E o arrependimento vir até nós dois
E depois querer fazer algum reparo
Algumas vezes podemos ser inconsequentes
Mas se nós agirmos mais conscientes
O amor será sempre mais raro.
12/03/2005
SONETO 06
Dos vales mais profundos assim Eu vi
A alma triste que ardia em chamas
A solidão que aqui tu reclamas
Sofri vendo e fiz de conta que não sofri.
Desenterrado do meio de todo erro
O ouro brilha mais do que se espera
Meus olhos que agora ver e coopera
E chora bem mais do que um bezerro.
A alma que dantes triste vivia
Aquece-se afora da laje fria
E preenche a carne minuciosa.
Eu que queria nessa vida um só bem
Um amor, uma paixão, um alguém.
Continuo com essa natureza ansiosa.
02/07/2002
SONETO 07
Hoje, quero preencher o espaço vazio,
Completar o que me espera para o futuro
Não quero dar nenhum tiro no escuro
Nem me perder num caminho sombrio.
Quero. Mas querer nem sempre é poder
Desejar é como sonhar acordado
Viver nos sonhos não é ser realizado
E mesmo realizado ainda falta algo no viver.
No sobejar do desespero e do desgosto
Vi ao longe a luz de um sol já posto
E o escurecer da minha vida particular.
Eu que sou homem viajado na substancia
Recordo, e num desvairo de minha infância
A lágrima que ainda hoje vem me inspirar.
02/06/2016
SONETO 08
Eu queria somente encontrar um verso
E um outro poema acabou achando
Nessas lágrimas que soltei chorando
Nesse meu contentamento submerso.
Solto os meus soluços arquejando
E o meu espírito fica espesso
Na áurea mais profunda do universo
Que a minha mão o fez traçando.
Abro os olhos num passado de amor
E nele não mais acho a sua dor
Hoje só me resta ter alegrias.
A sua sombra extrema de venturas
Pode ter sido longos dias de loucuras
Como também os únicos maus dias.
26/10/1993
SONETO 09
Atirem à primeira pedra em mim
Quem dentre vós nunca amou
E quem também nunca errou
E na vida não sentiu algo assim.
Quem?! Um só motivo apresente agora,
Ou me diga o que fazer aonde ir?
Dê-me um motivo para não partir
Nem chorar, pois não é hora.
Arrisco-me, mas tenho cuidado.
É muito estranho o meu estado
E com certeza triste para quem me ver.
A vida se faz com um alto preço
E eis-me aqui, pois Eu te ofereço.
O meu amor, que em ti quer viver.
23/03/2005
SONETO 10
Vim aqui não como quem faz versos
Pois estou tentando fugir sem saída
Vou fugindo e procurando minha vida
Na vaga rua dos meus universos.
Eu tentei sozinho aqui encontrar
Nesta rua que só me fez sofrer
Pois sem vida continuei a viver
E vivendo, vivi só para amar.
Só sei que o amor que outrora ardia
Hoje não passa de uma coisa fria
Ou qualquer coisa similar assim.
Entre o amor e o verso perdido
Fico Eu aqui sem ter vivido
Quero achar vida antes do meu fim.
16/09/2002
SONETO PARA VOCÊ
Há certos momentos em minha vida
Que a poesia se torna parte
Agora é um desses intensos momentos
O meu coração bate mais depressa
E eu quero que saiba pois
Isso que eu trago em versos
Tem muito a ver com você
Não é flerte, é muito mais
É relação e relação é relacionamento
Estou inteiro e pronto para ti
Te dar todo meu carinho guardado
Tudo o que eu quero dizer
Vem com a minha real pergunta:
Será que você aceita namorar comigo?
PEDIDO: PAULO CESAR (CISQUINHO)
DATA: 31/10/2021
CIDADE: PARAÍBA DO SUL
SONETO AO NOVEMBRO AZUL
O homem já não vive de tabu
Faz rito a prevenção sem ver atrito
Entre ele ser viril e o toque nu
Só que o preconceito urge maldito
Pois o macho ainda zoa o novembro azul
Como se o desdém fosse algo bonito
E qual tipo de gente serias tu?
Porque abrir mão da saúde nem cogito
A desinformação mata, inclusive
E o homem já não fica cabisbaixo
Ele se informa igual um detetive
E talvez não lhe agrade o que eu acho
Mas sim, na vida o homem sobrevive
Enquanto na ignorância morre o macho
O soneto que hoje fiz foi escrito
D'uma forma correta, d'um modo inverso
Sei que morro no final de cada verso
Para enfim renascer no infinito.
Infinito este no qual ecoa o meu grito
Nos confins do meu pequeno universo
Onde comigo falo, me contradigo,me desconverso
No mesmo instante que sou feliz,estou aflito!.
Travo um diálogo mudo entre lucidez e loucura
No mundo claro da minha sala escura
Onde cansado de não correr eu me deito.
Tateando na cegueira a minha mão procura
Achar o teu semblante, a tua figura
Para dormir o sono do amor no teu peito
Soneto para Ela
Naquela quase manhã primaveril / num dia vinte e cinco qualquer / ainda sem pandemia nem nada / era um novembro tardio
Tinha nada a dizer / Encontrei um contato na agenda/ Lenda urbana existe / lembrou-me logo você
Lentamente vi que era sábado / domingo não era era não / vivia de "bar em bar" / como Cazuza dizia, naquela Linda canção
Vá, coragem, pensei comigo mesmo: falo ou não falo? Garçom! pedi a conta e perguntei aleatoriamente: falo? Ele respondeu: sim, sincera e simplesmente.
AS LENTES DO OLHAR.
(Soneto)
Duas vezes que aprende-se a olhar:
A primeira é quando se fala e o mundo
Vai criando forma bem devagar
E Deus diz "haja luz" e vemos tudo.
Na segunda vez é que se define:
Vê-se o contraste entre o real e o mito.
Esperamos que o caos se desatine...
Não ficamos só a espreitar o Espírito
Que sobre a face do mistério adeja
- A abismada face da inocência -
Num assalto mergulhamos mais fundo.
Aprimorando as lentes do olhar, veja
O Espírito que agora adorna o mundo
Amalgama o novo na consciência
Soneto do Mar
Profundo e vasto, o mar guarda em segredo,
Mistérios calmos sob as ondas frias,
Resplandecentes sob o azul, sem medo,
Murmúrios que ao vento o céu confia.
As ondas dançam com gentil cuidado,
Se curvam, se erguem, vão ao infinito,
Como um amante ao toque encantado,
Num doce e eterno abraço restrito.
Oh, mar bravio, fiel e sereno,
Guardião do céu e do vento errante,
Tu és o palco e a cena do eterno.
Nas noites calmas ou na fúria distante,
Ecoa em mim, sem voz e sem retorno,
O teu chamado profundo e terno.
O soneto da amargura
Do que não tem nada
Vive apenas a agrura
De uma pessoa criada
Assim tenho tanto ódio
Rancor como amarga fruta
Não cheguei no topo do pódio
Que perfaz minha conduta
Singelo com o chinelo
Que sou e uso aos pés
Como um plebeu donzelo
Aflito como todo semita
A vida que tem outro viés
Que a donzela não permita
Meu quarto soneto
A tristeza
Substantivo abstrato;
Depende de alguém para existir;
É a marca da infelicidade;
É a companheira da saudade;
Ás vezes é motivo para sorrir;
Para disfarçar aquilo que qualquer pessoa ver;
Mas quando não tem jeito;
Não dá para esconder;
É a impotência de não poder ajudar;
É querer dizer e não falar;
É o sabor amargo da derrota;
É a consequência da desilusão;
É filha da traição e irmã do desamor;
É a distância entre a felicidade e a dor.
poeta Adailton
SONETO COVID-19
E de repente o mundo entrou em colapso
Depois do alastramento de uma doença
Fez-se vigente a ausência de um abraço
Posto o verbo cruel quando não se pensa
Num contexto vazio que cá rechaço
Entre pessoas numa troca de ofensas
Em argumentos pobres e devassos
Enquanto a vida lá fora é (in)tensa
A fauna e a flora respiram ilesas
O ar cada vez mais casto se figura
Talvez tu, este mundo, não mereças
Se até a água se faz cristalina e pura
Sem você! Libertou-se a natureza
Então seria esse vírus praga ou cura?
Meu quinto soneto
O Sorriso
É um ato de amor;
É uma demonstração de felicidade;
Ás vezes discreto;
Ás vezes exagerado;
É uma gargalhada;
É a moça com o aparelho nos dentes;
É um fingimento,descontente;
É a extravagância do banguelo;
É a inocência de uma criança;
É a queda de um distraído;
É aquilo que estava preso na Garganta;
Ás vezes não é vingança;
É derrubar quem um dia te machucou;
É surgir do nada.Solto, livre e sincero.
poeta Adailton
A ARTE VISTA { soneto}
Será que minha arte e' igual a tua? será?!.
A vejo em casa, no trabalho, na rua...; nua.
Me vejo... a vejo... ensejo de ser, arte crua.
Queria só por hoje saber, Minh 'arte... será
Igual a tua? Vistes por fora melhor que dentro.
Então!. A visão que vês e' a arte forjada ao léu.
Os saberes, que atuam por olhos, sob o céu.
Além... delineando as cores, sóbrio pelo centro.
Despojais de jugos, e dizei-me, dizei-me vós:
Que arte e' esta? Persegue-me a todo lugar,
Na pintura, poesia, rachadura, até mesmo ar.
Deveras devo preocupar-me, estou sem saber.
Moldar-me-ei com outra visão senão a minha.
Será que tinha arte igual a tua? Tinha?!.
poeta_sabedoro