Soneto da Espera

Cerca de 9596 frases e pensamentos: Soneto da Espera

ESPAÇOS EM BRANCO (soneto)

No inverno do cerrado, seco, desbotados
meios tons desalentando o olhar, suspiros
a vida na acinzentado pousa baços retiros
que no vário tecem baralhados bordados

Ao fim do dia, o tardar e ventos em giros
tudo se perde no abstrato e, são levados
aos amuos incógnitos, e tão rebuscados
dos balés rútilos dos voos dos lampiros

Há em toda parte fumo nos vazios atados
vago, cada passo, e pelos ipês quebrados
em colorido breve, e cascalhado barranco

Os tortos galhos tão secos e empoeirados
traçam variegados em poemas anuviados
pra assim versar, os espaços em branco...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, agosto
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

A TARDE CAI (soneto)

A tarde fria, ressequida, no cerrado poente
Escorrega no horizonte escarlate de junho
Em brumas desmaiadas e tão lentamente
Deixando os suspiros como testemunho

Manso, e de uma realidade inteiramente
O entardecer tão árido e sem rascunho
Vai descendo pela noite tão impaciente
Silenciosamente na escureza antrelunho

E a tarde vai caindo, pelo céu vai fugindo
Presa na imensidão do anoitecer infindo
Esvaindo o sertão indolente e acetinado

Nesta tarde fugidia, as estrelas já luzindo
Cobrindo de melancolia, o sossego vindo
É a tarde que cai, lânguida, pelo cerrado...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DIFERENTE

Pois quero parir a um soneto
Sangrado do amor adjacente
Que seja preciso e reluzente
E vire insígnia no meu projeto

Terá que vir do sol poente
De verso livre e irrequieto
Num abstrato tão concreto
Que me doe integralmente

Em cada tom, infinito teto
De textura tão irreverente
Que nunca vire obsoleto

E de tão querer o diferente
A mesmice torna decreto
E o soneto, repetido objeto

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO CAIPIRA

Fogão de lenha na poesia a poetar
Panela a chiar, vastidão pela janela
Cheiro da noite no negror sem tramela
Desprendendo olor na roça aformosear

O entardecer se tingindo de canela
No céu estrelas soturnas a navegar
Em uma sensação de paz, de amar
Amassando jeito matuto na gamela

É só silêncio, cigarro de palha a pitar
Saudade esfumaçada na luz de vela
Arando sensos num canoro devanear

Depois, uma pitada de solidão donzela
Acalentando as lembranças a revigorar
Ah, gostoso a vida caipira na sua tutela

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA RAZÃO

Na prepotência do querer ser altivo
Que arde na desavença em chama
E queima no ódio que não se ama
Acinzentando num desafeto cativo

É um tal sentimento insano, adjetivo
Que então contamina a alma na lama
Do egoísmo, que o zelo nunca clama
O acolher nos abraços, e ser passivo

Que devoto tanto, esse, que flama
A injustiça, num arbítrio explosivo
Tiranizando o viver em um drama

Onde há razão no ato opressivo?
Quando o Verbo, oferta proclama:
- Amar com amor para estar vivo!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CAUSA (soneto)

Ah soneto porque agruras quer poetar
No diálogo da ledice com a amargura
Nem tanta alegria, nem tanta tristura
Sou devaneador que se põe a sonhar

Se o rimar então chora porventura
Também riem nos versos ao cantar
Tenho o céu e o cerrado pra inspirar
E o amor no coração, principal figura

E neste motivo vai o meu caminhar
Veloz ou lento, moldo está escultura
Desenhando o fado no ser e no estar

Então, antes que tudo seja ventura
Completo a lacuna com meu olhar
E no tempo, vou cingindo a costura...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PASSADO

Nem o tempo pode voltar
Nem ninguém tal querer
O passo dado vai varrer
O passado no caminhar

Se quiser voltar e ver
Saudade irá encontrar
O ontem perdido no ar
E a vida sem se viver

No olhar, o velho e tal pesar
No coração, revés a abater
E a alma sem se transformar

Então, sigamos no outro ter
Pro vário podermos amar
Passar... um novo alvorecer!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

IMORTALIDADE DA SAUDADE (soneto)

Saudade: tal como uma faca crivada
Na alma, abrindo em uma agre fenda
No coração nostálgico, rude moenda
Sonial, insiste tirana com vergastada

A tua dor foi concebida em oferenda
Ao peito, e fazendo de sua morada
Brinda com a melancolia em prenda
A sofrença da lágrima esbravejada

Imorredoura, se mantém sem venda
Reencenando num tudo, num nada
No silêncio duma esvaecida legenda

Sempre renascendo, e tão indesejada
Porém, é proposta de pouca emenda
E de imortalidade no dissabor estacada

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

UM SONETO DE GRATIDÃO

Sabendo que o verde nos provém a vida
E que a alvorada nos desperta
Enrouquecemos com silêncio de injustiça
Mesmo quando o bom senso impera

A gratidão é o percalço do homem
Que se contenta com a necessidade atendida
Que se desgrenha quando a mão amiga some
E que ignora quando a mesma lhe é servida

Sou grato a gratidão que me agradece
Sou grato a quem de mim caminha perto
Sou grato a quem me inspira um simples verso

E a quem minha alma enriquece
Agraciado sinto quando me amanhece
Esse sentimento que a tanto prezo.

Inserida por XiuuThiago

sentimento num soneto,
resplendor no amor,
luz do luar,
em algum lugar esqueci,
segredos da madrugada,
voz do meu alto ego,
algoz de minha alma,
misericórdia que abraçou
na loucura de seus lábios.

Inserida por celsonadilo

Soneto Poesia de Homero...

Quem me dera ser como foi Homero
Que fora filósofo e poeta
Coração grande e sincero
D'alma pura e inquieta

Assim também eu espero
Ser um Sacerdote Asceta
Quero tudo com esmero
Quero minh'alma em alerta

Junto ao santíssimo Clero
Mesmo nessa lida incerta
A coisa que eu mais quero

É poder morar em Creta
Assim um dia eu espero
Viver a vida mais reta.

Inserida por ubaldopoetadoamor

O soneto da lembrança
Não tenho lembrança de quem fui..
Nem saudade de quem eu era.

Só me lembro de dois velhinhos de mãos dadas em Paris.. Eu era o velho
Você a poesia,
Suas lembranças eram o ar.. E meu desejo a brisa.. Já tive noites mal dormidas
Perdi pessoas muito queridas...
Sinto pelas coisas que não mudei... Sim.. Eu sinto muito.

@marcosmagno_

Inserida por marcosmagno

SONETO SEM AMOR

Meu amor pouco ao meu alcance
Nas nuances até hoje em segredo
Não tive uma chance, pouca chance
Dele, surpresa, desilusão e tal medo

Meu amor, o olhar foi de relance
Na vida o desencontro foi enredo
Andou por andar, nenhum elance
Confiando no amor pra amar, ledo!

Pedinte viver, atravessou sem ter
A glória de um amor para amar
Passou por passar, pobre viver!

Aí de mim, na sina de encontrar
Nem digas, ó implacável haver
Nem sorriso, gesto, pra poetar...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
06 de setembro de 2019
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto do amor sem fim
Surgiu em meu caminho como uma brisa
Enchendo de luz meu frágil coração
Foi se chegando como quem não avisa
Como um límpido céu azul de verão .

Teu olhar sereno minha alma atravessou
Como uma estrela etérea e iluminada
Teu sorriso de sol e lua me encantou
E agora tuas palavras são minha estrada.

Te amar é transcender os limites da razão
É como voar leve contra o vento
Apreciar então a mais esplêndida visão .

Te guardarei sempre em meu pensamento
Revestido de cor , poesia e emoção
És vida , luar , meu eterno sentimento .

Inserida por elisangelabankersen

SONETO DA GOTA
Uma gota de chuva está caindo em mar aberto,
Ao olhar pra baixo ela vê o oceano imenso,
A cada segundo a gota está mais perto,
De ser engolida por aquele azul intenso.

Diante do inevitável, ela reage afoita,
Reunindo todas as forças para não cair,
Mas quando cai percebe que não é mais uma gota,
É um oceano tão grande que não se consegue medir.

Chorar amadurece, mas agimos como ingênuos,
As lágrimas parecem nos tornar pequenos,
Por isso precisamos manter a farsa.

Mas confie na chuva que tá caindo,
Cada gota vai te querer sorrindo,
Plante somente as sementes, e a colheita será farta.

Rodivaldo Brito em 28.04.2019

Sem Pecado

Edson Cerqueira Felix
04.05.2019
Soneto

Um amor não correspondido
Por mais que seja justo
Não tem o direito
De o requerer do outro

Mas um amor bem correspondido
Perfeitamente
Não precisa brigar
Por nada mais

Um corre atrás do outro
Sem correr
Seus passos andam juntos

E sua vida
Se cruza
Pela eternidade

Inserida por felixedsoncerqueira

Um soneto em seu olhar

Uma tristeza contida
Reconheci aturdida
Quando cruzei seu olhar

Uma profunda ferida,
Abriu-se em dois minha vida
Sem chão, sem teto, sem ar!

Fui eu a navalha afiada
Sem tato, desgovernada
Que perfurou envenenada
Rasgando-lhe o coração?

Quero morrer compungida
Vagando sem rumo na vida
Ressequida, de alma exaurida
A conclamar seu perdão.

Deise Jacques.

Inserida por Pequenosol

Viver de Novo

Edson Cerqueira Felix
15.05.2019
Soneto

Meu amor
Por toda a eternidade
Para toda eternidade
Venha galopar sobre o meu sonho

Não sentirei mais frio
Não chorarei mais com você
O meu sorriso de felicidade
Através de um reflexo

Rompendo o tempo
Num corpo
Outro meu, outro seu

Sonhar pela eternidade
Acordando na mente
Que abriga a minha

Inserida por felixedsoncerqueira

Um Soneto Qualquer
Dirá um sábio algum dia
Palavras que não se anulam
Com divina eloquência
Ou similar envoltura

A cultura na penumbra
Essência insurgente
Como um solo transparente
Que não sente mas a chuva

Não há mais resiliência
O rapaz como amuleto
A menina em devaneio

Inspirações em decadência
Não pode virar tendência
Essa seca de cultura.

Inserida por XiuuThiago

Hino à Tarde (soneto)

Do sol do cerrado, o esplendor em chamas
Na primavera florada, entardecendo o dia
Fecha-se em luz, abre-se em noite bravia
Inclinando no chão o fogo que derramas

Tal a um poema que no horizonte preludia
Compõe o enrubescer em que te recamas
Rematando o céu em douradas auriflamas
Tremulando, num despedir-se em idolatria

Ó tarde de silêncio, ó tarde no entardecer
De segreda, as estrelas primeiras a nascer
Anunciam o mistério da noite aveludada

Trazes ao olhar, a quimera do seu entono
Cedendo à vastidão e à lua o seu trono
Sob o véu de volúpia da escuridão celada

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol