Som Alto
Não nos incomodamos tanto com a miséria dos outros, porque ela nos dá uma falsa impressão de que somos ricos. Já a riqueza de outras pessoas nos incomoda mais, pois ficamos com uma verdadeira sensação de que somos pobres.
NATUREZA
O som da natureza é uma sinfonia viva, composta sem partitura, mas com perfeição divina.
Cada passo no chão macio da terra é um compasso que ressoa com o coração do mundo, enquanto os pássaros, maestros alados, entoam cantos que perfumam o silêncio com melodias celestiais.
A água, fluida e eterna, murmura sua poesia ao rolar pelas pedras, contando histórias de tempos ancestrais.
O vento, esse espírito invisível, dança entre as árvores, arrancando suspiros das folhas, como se fosse um amante eterno soprando segredos ao ouvido da floresta.
Neste concerto natural, o caminhar humano é o aplauso que reconhece a beleza simples e incomparável do mundo vivo, um lembrete de que somos apenas notas passageiras em uma música infinita.
Só quem ouve o som da cachoeira e sente o balançar das árvores ao vento. Só quem pisa a mansa relva e caminha na mata verde. Só quem vive a natureza com a alma, corpo e coração. Só quem sabe o que é o mato vai entender minha saudade, mesmo quando fico só algumas horas longe disso aqui...
+Q Fono
Interessante o som ao falar 'abençoado' parecer tanto ao se falar 'bem suado'. Isso pode até ser algo exclusivo do português, mas pode ser mais, pois nenhuma bençãos é alcançada sem algum esforço, por mínimo que seja, do dito abençoado. Para alcançar sonhos, ser melhor em algo ou por mais que se tenha um dom, a prática na busca destas bençãos é o caminho 'bem suado' para a certeza de se ser um abençoado.
Pela janela do quarto
Ouço o som do canto dos pássaros;
Faz lembrar da doce liberdade;
Sentir as vibrações e a compor recordações;
A vida por mais que desperte feridas;
Vejo-me encontrando cura a cada nova inspiração.
hoje eu quero ouvir o som da tua voz,
me liga
manda áudio.
não some!
cada minuto longe de você
é um labirinto sem saída
é saudade!
é morte...
meu fim...
tropeço, sem sorte.
tenho saudade
de você
do teu cheiro
das tuas risadas.
sinto falta
de escutar
o som da sua voz
ao amanhecer.
tem sido difícil
não te ver aqui comigo
mas, preciso aceitar
que a vida continua...
E se?
Se não conseguir ouvir o carro de som com a homenagem que mandou para mim? Meus ouvidos já não escutam. Se não puder sentir o sabor do bolo que encomendou? Cortei o açúcar devido a diabete. E se as roupas que mandou de presente não me servir mais? Meu corpo já virou pó.
Poxa! Agradeço os presentes. Más melhor que presentes é a presença.
Por isso peço: vêm me ver! Sinto tanta saudade, que presentes são insignificantes sem você! Presença muitas vezes é melhor que presentes.
ANTÚRIO NEGRO
O som do vento no cerrado
faz dançar a misteriosa flor
O raio do sol do alvor
veste ela de significado
Que belo tom
mística flor
É um amor perfeito
hipnotizante, um louvor
Anthurio o seu nome
teu fascínio, pronome
- Negra é a tua cor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Junho, 2023 - Araguari, MG
SOM DO CERRADO (soneto)
Escuto o cerrado a cantar, em atroada
Canção do vento, da sequidão, escuto
Numa trovoada, e a emoção em fruto
De silêncio, no coração em disparada
Cada uma melodia deste chão tão bruto
Rasga o planalto numa voz empoeirada
De cantigas pela caliandra emoldurada
De bela cena e de árido hino em tributo
As flores do ipê, caem em fúnebre toada
No ritmo do por do sol se pondo soluto
Orquestrando a vida diversa e iluminada
E pela estrada os sons no olhar arguto
Cantam e encantam, minuto a minuto
Os ruídos sonoros numa alma calada...
Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano
MEIO DIA NO CERRADO
Meio dia. Um canto do cerrado ermo
O silêncio quebrado pelo som do sino
A solidão na saudade sem meio termo
Céu nublado e vigorosa chuva a pino
O vazio cai na calma como um castigo
Não há burburinhos e nem um destino
O planalto devastado, ausente e antigo
Está deserto de fantasmas e de almas
A minha angústia não encontra abrigo
O vento nos buritis, parece bater palmas...
Luciano Spagnol
12'00". Novembro, 2016
Cerrado goiano
Nenhum som é mais bonito que o do abraço. Ele ressoa a proteção do laço, e pronuncia "paz e bem" nos braços.
Primaverar
Como é bom primaverar
Estar ao som das flores
Se enfeitar e reverenciar
A beleza e os amores
Sentir o perfume no ar
O vento, olhar o colorido
Da diversidade, elevar
O âmago nela embebido
E neste clima é elementar
A sensibilidade, assim ter
Harmonia e bem estar
Trazendo essência no viver
Vamos primaverar!
Luciano Spagnol
Às vezes, o silêncio carrega mais respostas do que mil palavras. É na ausência do som que ouvimos o que realmente importa. O silêncio fala, grita e, muitas vezes, responde tudo o que precisamos saber.
SONETO NA CONTRAMÃO
O badalo bate, o sino da igreja soa
Qual navalha o som corta a solidão
Chiando no silêncio pesar e aflição
E no relógio a hora a ligeireza ecoa
Num labirinto de saudade e emoção
A lembrança de asas no tempo voa
Desgovernando o sentimento a toa
Num vácuo de suspiros no coração
Então, o seu ganido invade a proa
Da alma, que se sente sem razão
E cansada de tantos ruídos, arpoa
Nesta quimera de dor e de paixão
Os olhos são cerrados pela garoa
Pingada das lágrimas na contramão
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 2016
Cerrado goiano