Sofrer em Silêncio

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Lágrima e um verso

Quando no cerrado o silêncio vozeou
De uma solidão, gemendo, todo faceiro
Dentro do coração a dor assim zombou
E ofegou o bafejo do suspiro primeiro

E a sofrença sentiu os olhos rasos d’água
A boca sequiosa, cheia de fel e ardume
Ali brotou a flor da aflição e da mágoa
E no peito, a tristura em alto volume

E no árido chão, por onde ele passava
A desventura espalhava feito sementes
E na terra, o padecer então empoeirava
E germinava com as lágrimas ardentes

Foi então que ali me vi na via dolorosa
Tão chorosa a poesia triste de saudade
Com espinhos e perfume, como a rosa
Num cortejo, fúnebre, sem a felicidade

Enfadando na alma os gritos e soluços
Ia a noite assombrada e não dormida
E os sonhos esfalfantes e de bruços
Avivado, e a tecer a insônia ali na lida

E assim se fez o oráculo sem encanto
E num canto o destino algoz e largado
Entre lamentos e um poetar em pranto
Lágrima e um verso, penoso e chorado

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18 de novembro de 2019 – Cerrado goiano
Olavobilaquiando

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ENFADA DANÇA

Oh, meu melancólico sofrimento
Por que no silêncio recomeças
Ritmando o árduo sentimento
Numa agitada dança, as pressas

Eu vago sozinho pelo lamento
Na solidão, que queres?... Peças!
No dia, na noite, és só firmamento
Assim, sem que nada te impeças

Tu danças ao amuo do vento
Ao relento, trazendo o medo
E o pranto. Oh doce fomento

Um enredo... sou desesperança
Vago só e errante neste lajedo
E tu me leva nesta enfada dança

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano

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⁠SONETO TÍBIO

Esqueça, te esquecerei. Qual a serventia?
Duma palavra, um oi, o silêncio e pranto
Te amei, gostava tanto, mas o encanto
Na sua ausência tornou-se sensação fria

Sabíamos que tudo acabaria, certo dia
Ou não, no entanto, pra que o espanto
Dum não, se não mais importa quanto
Se já na estranheza está a companhia

Então, neste soneto tíbio, um desejo
Se não vendo você, nada mais vejo
Ou sinto, bom, é não mais nos ver!

Assim, cada qual anda por sua vida
Se já teve a despedida, comovida
Não tem como perder no não ter....

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/12/ 2020, 09’03” – Triângulo Mineiro

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