Sociedade poesia
A vida de recém-formada não é nem de longe tão glamurosa quanto eu pensei. A vida vem e nos dá uma série de tapas na cara de uma só vez e ainda quer que a gente levante e continue sorrindo. A sociedade nos exige isso, mesmo quando tudo o que a gente quer é se afundar no travesseiro e chorar até desidratar.
Eles sabem que eu tenho uma cabeça em cima dos ombros e acreditam que uma mulher que pensa não é de confiança.
Quem resolve lutar contra a hidra de mil cabeças da natureza humana tem de pagar com muito sofrimento, e sua família há de pagar junto com ele! E será só no último estertor que você compreenderá que toda a sua vida não passou de uma gota d'água num oceano infinito! Porém o que é um oceano senão uma multidão de gotas d'água?
Nesse mundo, vive-se apenas de prepotência. Se não quiseres ou não a souberes aplicar, os outros hão-de aplicá-la sobre ti. Sede, portanto, prepotentes. O mesmo digo da impostura.
O simples facto de rir alto dá-vos uma superioridade assegurada em relação a todos os presentes, sem excepção. Terrível é a potência do riso: quem tem a coragem de rir é senhor dos outros, do mesmo modo como quem tem a coragem de morrer.
Estar em estado de liberdade é estar em estado de existência na paz, mas só se consegue esse estágio quando a luz interna está acesa, límpida e conectada com a verdade, sabedoria, compromisso, tolerância e respeito ao próximo.
E por que eu não gostava de que me chamassem de índio? Por causa das ideias e imagens que essa palavra trazia. Chamar alguém de índio era classificá-lo como atrasado, selvagem e preguiçoso. E como já contei, eu era uma pessoa trabalhadora e ajudava meus pais e meus irmãos e isso era uma honra para mim. Mas uma honra que ninguém levava em consideração. Para meus colegas, só contava a minha aparência… e não o que eu era e fazia.
Escrevo para incentivar outras mulheres indígenas a contarem suas próprias histórias, chega dos não-indígenas dizerem o que acham de nós, nossa existência precisa ser registrada, lida e contada por nós mesmos. Acredito que nós, mulheres indígenas, temos a necessidade de crescer dentro e fora da aldeia.
Em civilizações altamente evoluídas o problema da fome não existe. Não existe desperdício. Todos recebem amplo acesso de forma sustentável aos recursos provenientes do Planeta Terra.
A Humanidade está se auto-destruindo porque ainda não integrou os conceitos das Sociedades Altamente Evoluídas.
Temos estudado há muito tempo todas as possibilidades de desenvolvimento humano para transformarmos nossa sociedade numa sociedade altamente evoluída! O futuro veio até nós dizer que ele existe. Ainda temos uma chance de reescrever a nossa história. Apenas uma.
Sim, é verdade: um sistema social doente, maluco ou inadequado — cheio de vícios, mentiras, ganância, bagunça, traições, violência, suicídios, transtornos mentais, e muitas formas de covardia — cria pessoas doentes, malucas ou inadequadas.
Como era fácil tirar proveito da tendência de uma pessoa à autodestruição; como era simples empurrá-las para a inexistência, depois recuar, dar de ombros e concordar que este fora o resultado inevitável de uma vida caótica e catastrófica.
Pior que reconhecer as nossas falhas, é conviver com pessoas que no nosso lugar, jamais falhariam. É necessário paciência, acima de tudo, para manter-se em harmonia no convívio social.
A política o ajudará a entender o mundo até você não entender mais e, em seguida, o colocará em um campo de prisioneiros. A religião também.
Quando você passa anos sem saber se estará morto daí a cinco minutos, não há muita coisa com a qual você não possa lidar.
É uma constante da História que as nações que começam guerras descubram que é muito difícil pará-las.
E se o mal não existir, de fato? E se o mal for uma coisa concebida pelo homem, e não houver contra o que lutar, a não ser nossas próprias limitações? O constante combate entre a nossa vontade, nossos desejos e nossas escolhas?
