Sim nós dois

Lastimamo-nos da nossa ignorância, mas é ela que produz quase todo o bem do mundo: não prever faz com que nos empenhemos.

Não há coisa mais fácil que vencer os outros homens, nem mais difícil que vencer-nos a nós mesmos.

A evolução da técnica chegou ao ponto de tornar-nos inermes diante da técnica.

Vamo-nos, vejamos
a neve caindo
de fadiga.

A solidão liberta-nos da sujeição das companhias.

Nós não o conhecemos, mas sentimos: existe um irmão barco para a nossa vida que leva uma rota completamente diferente.

Normalmente, convencem-nos com mais facilidade as razões que nós próprios encontramos do que as que vieram ao espírito dos outros.

A diferença do sucesso ou não sucesso está dentro da gente. Está na forma como nós pensamos, na forma como nós agimos.

Às vezes acontece sentirmo-nos felizes por um minuto. Não se deixem levar pelo pânico: é uma questão de segundos e depois passa.

Se o Estado é forte, esmaga-nos. Se é fraco, perecemos.

Esquecemo-nos todos de muito mais do que nos lembramos.

É sabido que nós homens não buscamos na esposa as qualidades que adoramos e desprezamos na amante.

Tudo quanto nós próprios descobrimos ou voltamos a descobrir são verdades vivas; a tradição convida-nos a aceitar somente os cadáveres da verdade.

Cada novo conhecimento importante que se faz decompõe-nos e volta a compor-nos. Se esse conhecimento for da maior importância, passamos por uma regeneração.

A arte dos loucos pode tocar-nos; enriquece-nos porque encontramos em nós essas estranhezas.

Quando desejamos pomo-nos à disposição de quem esperamos.

A obstinação nas disputas é quase sempre efeito do nosso amor-próprio: julgamo-nos humilhados se nos confessamos convencidos.

Quando se apanha um mentiroso, ele pode perguntar-nos - e o que é verdade? E o mais provável é termos de o deixar seguir.

Lutamos contra os defeitos que nos fazem sofrer a nós mesmos; e afagamos os defeitos que fazem sofrer os outros.

Quanto de nós guardamos nas sombras, com medo do que os outros possam pensar, de julgamentos, de sermos examinados? O que poderia acontecer se nós deixássemos que a luz nos banhasse, expuséssemos nossas vulnerabilidades, permitíssemos familiaridade para subirmos no palco, mesmo que por um breve momento? O que eles veriam?