Sim nós dois

Existem dois Deuses. O que criou a gente e o que nós criamos.

Ao mesmo tempo que fora de nós há um infinito não há outro dentro de nós? Esses dois infinitos (que horroroso plural!) não se sobrepõem um ao outro? Não é o segundo, por assim dizer, subjacente ao primeiro? Não é o seu espelho, o seu reflexo, o seu eco, um abismo concêntrico a outro abismo?

Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.

Se matamos uma pessoa somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis.

Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro.

Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.

Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.

Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.

Esta consciência, que faz de todos nós covardes.

O destino baralha as cartas, e nós jogamos.

A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais.

A felicidade de um amigo deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe.

Não se odeia quando pouco se preza, odeia-se só o que está à nossa altura ou é superior a nós.

Amar é cansar-se de estar só: é uma covardia portanto, e uma traição a nós próprios (importa soberanamente que não amemos).

Concedei-nos, Senhor, serenidade necessária, para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguirmos umas das outras.

Todos nós nascemos originais e morremos cópias.

A infelicidade tem isto de bom: faz-nos conhecer os verdadeiros amigos.

Todas as paixões nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos.

Seja como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas.

O passado e o futuro parecem-nos sempre melhores; o presente, sempre pior.