Shakespeare sobre o Amor Soneto 7
não sou fria.
não sou triste.
não sou tantas coisas.
sobre raridade, se deu usufruto e adjetivou rara.
inspirou-se-me para o amor.
deveria ser criativo e usar as suas palavras...
... sem direito algum apropriou-se das minhas, escritas e ditas.
– não ouse escrever o meu ditado de palavras.
(ao seu amor as suas palavras)
não sou pública.
não sou geral.
sou única.
para que fique registrada minha não-tolice em meio a tantas coisas vagas fiz poesia.
e agora que se fez poesia é de todo amor, de qualquer um, para qualquer serventia, ganhou esse valor.
não é tudo sobre sentir: é palavra revelada.
– abaixo os apologetas!
é Jesus Cristo.
– abaixo os puritanos!
– EU!
[vida longa ao rei
morte breve aos súditos].
(coortem a cabeça dele).
é sobre a vida.
a submergir as vivências...
vivaz! conviva, quotidiano.
é vivificada.
... convivência.
(vixit bula).
SOBRE O QUE É REAL E O QUE DILUI NA IMENSIDÃO
A verdade as vezes dói, mas é uma dor veloz ... a ilusão envelhece a tua alma, Amarrota a tua face, a ilusão rabisca a tua testa e marca o teu sorriso... a Juventude só dura uma ilusão e uma verdade e aos vinte anos você já viveu tudo
Baby as manhãs tem cor de ouro e sabor de hortelã e à noite nem tudo é absurdo
Só um pouquinho de amor e alguma compreensão e o mundo fica doce...
Um pouco de perdão pra quem precisa... olhar por outro prisma a vida
Baby, o mundo pode ser maravilhoso, contanto que seja menos imundo
Baby se as estrelas fossem minhas, o que eu faria com as estrelas...
Eu faria um piquenique em cada dia, mas aos finais de semana
Eu morreria de saudade dos meus amigos farofeiros em Copacabana
Baby te amei tanto e acho que te amo ainda, mas agora não amo este achar...
o mistério de tudo... se fosse diferente talvez não fosse tão doce,
mas conversaríamos sobre qualquer banalidade
sob o calor daquelas tardes mornas
e as futilidades eram só pretextos para estarmos juntos;
por que haveria de ser diferente...
eu escreveria alguma coisa...
eu já pensava que era poeta,
mas nunca dirigi a palavra correta para a pessoa certa... meu Deus!
um colibri se perde com o néctar das flores;
por que, ou por quem se perdem os poetas...
minhas fantasias tem carnavais tão lindos;
meu coração está cheio de feriados,
de sábados e inesquecíveis domingos
mas... se fui feliz, eu não sei
felicidade é a próxima estação, ou a estação passada...
não diga mais que a vida é tão fugaz,
fugaz é essa dor de dor nenhuma...
é o teu olhar, o teu sorriso, o teu perfume,
o teu cabelo ao vento;
é este sentimento que me diz que tudo é mistério...
e no amor, mistério é tudo... mas tudo é tão fugaz.
ADEUSES
Ainda não falei sobre os adeuses...
as vezes era noite, as vezes era dia, as vezes eu perdia a noção do tempo,
ou eu ainda não tinha noção de nada...
hoje diria que perdi muitos outonos, que despetalaram as primaveras, ou talvez atordoado... tantos "jabs" me deixassem grogue, e eu olhasse cuidadosamente as dependências farejando qualquer resquício de uma presença, de uma ausência num utensílio numa peça de roupa esquecida. A solidão sempre faz surgir fantasmas pelos corredores, barulhos de passos, sussurros, um grilo impertinente, até que o espelho da penteadeira reflete as lágrimas tardias que não caíram no momento da despedida. Xícaras copos, pratos, colheres e migalhas silenciam o colóquio dos últimos momentos de despedida; fica então, tudo tão quieto, e uma brisa vinda não se sabe de onde sopra fria...
MORENA
Pele morena,
saia pequena,
Pequena ensaia
sobre o meu coração...
o samba encanta,
quem canta e samba,
quem balança com graça e paixão...
E.Ts
Já te falei sobre os discos voadores
No meu firmamento pessoal,
Sobre os aliens e meteoros,
Já te falei sobre a minha gravidade,
Sobre os dragões que povoam as minhas cidades,
Já te falei sobre são Jorge guerreiro,
Jorge Ben ou Jorge Ben Jor, Seu Jorge,
Acho que tivemos sorte,
Mas sob os astros, quando a vaca caminha
Numa total penumbra quem aposta
Que um rastro de bosta...
Quem caminha seguro com uma vaca em sua frente?
Quem caminha seguro com uma vaca no escuro?
Teremos sempre ameaças de chifres
Jamais teremos férias em Chipre
Teremos sempre ETs a povoar nossas inseguranças
Teremos sempre monstros
Nos olhos mais ternos de nossas crianças
Quase sempre não somos os únicos culpados pelos nossos pecados
NAPOLEÃO
Psiuuu! O gato repousa...
O silencio é sagrado
Tudo que foi dito pela madrugada
Sobre a inabalável reputação de Lili
Fica esquecido
Toda algazarra no telhado,
O escândalo do bife roubado,
Os arranhões no leão,
Tudo põe-se de lado,
Napoleão dorme,
Provavelmente sonha
com batalhas consagradoras,
Um império grandioso,
Um exército irreparável
Infalíveis estratégias felinas...
SOBRE A PERFEIÇÃO
tinha a lua como testemunha,
flores que ornamentavam um jardim,
de tão nervosa, ruía as unhas
jurando-me amor sem fim
nos olhos, a profundidade de um oceano,
na alma trazia o paraíso,
dentes de madrepérolas no riso,
mas não sabia dizer eu te amo...
OUTROS SONHOS
Enquanto a aranha tece sua teia
No porão, eu penso a caminhar
Sobre as campinas,
Passando por cima da minha emoção,
Voltando ao passado,
Derrubando edíficios,
Que agora cercam a minha visão,
Operários bem equipados,
Bem aparelhados,
Erguem torres e coberturas,
Improvisam um elevador,
E a igrejinha do meu casamento,
Onde com tanto srntimento,
Jurei meu amor,
Sua única torre ameaçada por um guindaste,
Enquadrada por andaimes,
Badala seu sino,
Agora abafado por tantas paredes,
E nos campos, onde floresciam meus sonhos,
E eram verdes como as campinas,
Embalados por passarinhos,
Que emigraram para outros campos,
Para compor outros sonhos...
TODAS AS ESTAÇÕES
Ontem nos amamos tanto
Que nem os dourados ocasos
Sobre as colinas de mesquita
tinham tanto calor...
Ontem nem as mais coloridas primaveras
De Holambra com suas flores cálidas
Jamais demonstraram tanta paixão...
Ontem nos amamos tanto,
Que nem os mais extremos
Invernos da Amazônia
Se derramaram tanto...
Ontem nem os mais profícuos
Outonos de Florianópolis
Jamais se despiram tanto...
Ontem aconteceram todas as estações...
Ribombaram todos os trovões,
Caíram todos os raios,
Despiram-se todas as árvores,
Desabrocharam-se todas as flores...
E as metamorfoses estão a acontecer...
Então por que continuas ausente...?
SOBRE PAIXÕES LACÔNICAS
logo mais, vagalumes, lumes vagos
as estrelas caem sobre as amendoeiras
e as ilusões derramam seus êxtases
sobre paixões lacônicas
a vida torna-se cônica,
a dor torna-se crônica;
ninguém acredita em crepúsculos...
vou beijar minhas ilusões com a mesma ternura
vou contar minha história
de amor com a voz da loucura;
o amor é eterno, o amor é infinito;
vai prosseguir nessa estrada que sou eu mesmo
com o mesmo romantismo nos beijos
e abraços de outros amantes,
mais, ou menos românticos;
mais, ou menos loucos,
para perceberem ou não as estrelas
caírem sobre as amendoeiras...
SOBRE ONTEM, O ANTEONTEM E AMANHÃ
Eu tenho um olhar
Somente um olhar
Na manhã a passar na calçada
E os sonhos que eu tive
De um dia sonhar com a manhã
Já passaram
Ficou meu olhar
A olhar
O olhar da manhã a passar...
SOBRE AS ESTRELAS CADENTES
E A CADÊNCIA DAS ESTRELAS NO TEU OLHAR
Eu sei que não existe nada
além do que eu sei que não existe.
Não há mistério
sobre o acontecido
em Pacaraima,
e mesmo que
eu quisesse
esquecer disso,
não há como,
porque isso
tem nome e se
chama terrorismo.
Corre na veia o
sangue nômade,
com o terror não
tenho paciência,
porque só a Deus
doa a clemência
quando não há
autoridade para
investigar e prender,
quem passa a tomar
conta é o destino
e ele nunca
tem medo,
em nem tempo
com gente que
não presta,
pois para ele
não há nada
ali que valha
a pena perder.
Na fronteira sou
maior que todos
os que se
acham grandes,
enquanto eles
naufragam no ego:
eu apenas sou
uma brasileira
com alma de imigrante.
Acontece que já
nem mais sei
se posso sobre
este assunto falar,
só que é bem mais
forte do que eu,
e assim indo deitar
sigo na poesia
de raciocinar:
num movimento
se faz necessário
só um porta-voz
para que a mensagem
não seja distorcida,
o líder assim indicou
o maestro da sinfonia,
a militância como
orquestra de cordas
deve estar em sintonia.
Não se deve falar
pelo General,
Se deve falar
do General,
Não se deve usar
do General a imagem
em hipótese alguma
nem para se gabar,
nem para falar mal,
e nem para tirar vantagem.
Sim, falo em nome da poesia
sou da Pátria vizinha,
porque ao General que está
preso a História deve plena
continência e liberdade,
e todos nós devemos à
ele integral humanidade.
Em cada parreira
e ao menos uma
garrafa sobre a mesa
está toda a história
da luta de um povo.
Em cada gota sempre
um novo verso,
um brinde a vida
e um gentil sentimento.
Se você nunca ouviu, viu
ou experimentou
um San Michele Rosso,
não tem tens idéia
do que está perdendo.
Um bom vinho aberto
é o próprio festejo,
oportunidade gentil
e também de recomeço.
Escrever sobre o quê todos já sabem,
Que nesta vida ninguém usa a cabeça?
A água limpa é fonte de vida,
Economizá-la sempre compensa.
Porque ela hidrata, limpa e nos renova,
Toda a homenagem não é o bastante,
Economizar a água é a maior forma de recompensa.
Água, água, água...
Água, água...
Água...
Água, água, água...
Já que resolvi escrever, escrevo sobre a ingratidão,
Da nossa Humanidade que não preserva nada,
Nem a água que utiliza, se banha e bebe,
Gente ingrata que nem ao Bom Deus,
- obedece -
Humanidade que suja a água,
Fonte de vida que fortalece
- Gente
Que a polui, a abandona e a esquece.
