Sentado
Um pedido sonhado..
Um atendimento diferenciado.
Sentado comendo pipoca...
O telefone tocou...
Trin- ton....
Alô...!
Quem fala...?
Olá tudo bem..?
Em posso ajudar...?
Você faz poesia e canção...?
----Sim:
É possível você fazer uma que fala de mim...?
Vou te contar como sou;
Sou uma flor do campo...
Sou faceira e cheia de encantos..
Sou donzela e moro no mato...
Sou filha de fazendeiro...
Ajudo na lida de casa...
Cedinho me levanto e vou pra escola...
E a tardinha cuido do meus irmãos...
Sou boa cozinheira...
Sou corajosa...
Atrevida como Leoa na savana...
Faço tudo que você quiser...
Se fizeres da minha história..
Uma moda em forma de trova...
Ahoooo guria...
Rasguei meus ouvidos...
Te ouvi e tudo entendi...
Vou por aqui...
Com sabor do amor e canção...
Escrevo-te com morango e chantilly...
Sobre o jardim das flores...
Te dou uma rosa de jasmim...
Na taça de cristal...
Exagero e te sirvo chocolate....
No verso que prossigo....
Asso Leitão a pururuca...
Nesse banquete....
Tem maionese e suas proezas...
De sobremesa...
Torta de framboesa...
E de tira gosto...
Te dou bem temperado...
Frango a milanesa...
Atrevo-me em até te dizer...
És cabocla camponesa....
Ligastes para mim..
Fazendo um pedido..
E te atendo...
Porquê sou também atrevido...
Teu sonho...
Teve intenção com cobertura...
E na tua lua...
Te dou como companheira...
Dezenas de estrelas...
Sou poeta...
Sou faceiro...
Na jangada comigo...
Tu navegas e não afundas...
Sem muito bate papo....
Te trago pro meu estado...
Aqui...
Tudo é verde e é rasteiro...
Esse rimador...
Também é camponês...
Te gostei e por ti me apaixonei...
Deixe tuas tralhas...
E venha logo...
Se não você...
Pode perder a sua vez....
Autor:Ricardo Melo.
O Poeta que Voa.
PARE DE EXISTIR E COMECE A VIVER
Ficar sentado á espera das boas oportunidades é o mesmo que plantar sem adubar, acelerar sem combustível, ou bronzear-se, contando apenas com a claridade da lua cheia. O mundo ferve com ideias e perspectivas, mas só com ação, determinação e procura, tais oportunidades serão visíveis. O comodismo vivido hoje será seu próprio algoz no futuro, ele vai tirar teu sossego, e te amargurar muito com aquele inevitável e sofrido arrependimento. Pare de existir e comece a viver, pois apenas existir qualquer ameba consegue. Se acreditares que teus problemas são apenas frutos de sua imaginação, procure bem por lá a moradia das soluções, pois estes dois são inseparáveis e dividem a mesma residência. Se formos aquilo que praticamos repetidamente, porque insistirmos em repetir as mesmas situações de derrotas? Acomodar-se com a ideia de que o tempo resolve tudo, pode ser um risco para a vida toda, pois ai nesta premissa, não especifica quanto tempo isto irá levar para acontecer. Se não mudares suas atitudes, jamais mudarás os resultados de sua conduta. Atente-se para o rumo que tens seguido, pois não adianta ter pressa indo para o caminho errado. A desconfiança e a prudência são irmãs gêmeas, pratique-as e terás menos surpresas negativas. Se precisamos conhecer o lado ruim para dar mais valor ao lado bom, até você, que tens conhecido apenas derrotas, já esta com meio caminho andado, portanto dê sequencia a este raciocínio e sua vitória estará próxima. Juntando-se, ainda a tudo isto, ação, determinação e fé, e isentando a descrença, o desânimo e o derrotismo esta vitória tomará conta de vez, de seu destino.
(teorilang)
UMA XÍCARA DE CAFÉ
Sentado, diante do meu café, pensar é uma sina. Tudo o que eu queria era desligar um pouco disso... Gosto de café quente porque preciso queimar os arquivos deste peito. Tudo isso arde como o vapor que sobe da xícara.
Cansado de me culpar, não fiz isto. Doei meu coração para sua alma, mas era pouco. Era o que eu tinha... Talvez um pouco de lucidez e suaves letras, que rasgavam meu peito em cifras. Letras... Elas não podiam sentir minha inconsolável inquietação, mas eram algo em que eu ainda acreditava...
Sem ter nada, enchia-me de versos que diria para você, mas meus mudos suspiros eram o tipo de show que você não sabia apreciar. Uma confusão dentro de mim... Uma dose mais e um pouco de silêncio. Não faz sentido esse barulho... Tudo em mim grita por dentro e não há nada que eu possa dizer para te ter aqui.
Como em uma conexão banida, escrever é o meu jeito de saber que você sente também. Cada letra rabiscada escorre um pouco do meu amor. E longe... Onde quer que esteja, pode me sentir... Amores profundos podem nos afogar às vezes. A fumaça larga ardia meus olhos como teu sorriso largo... como tal dedicado a outrem.
Náuseas são apenas parcelas... Perco meu eu em imagens translúcidas das recordações. Como farpas atiradas, conviver é uma loucura. Linda... Com seus olhos cor de infinito e estes lábios cereja. Trocaram meu mundo por sonhos...
Como um castelo de cartas, construímos nosso amor. Os maus ventos de uma enorme janela sopraram a terra tudo em que acreditei. Como renda que se tece, todas as peças juntaram-se e me vi traído. As cores borradas embriagavam meus olhos inchados.
Como folha seca no outono, me vi cair e tudo o que eu queria é que, o vento de uma estrada qualquer, me levasse para longe dali. Me lembro como que em um raio devastador das coisas que costumávamos conversar e cada laço que minha boa memória revive, desfeito, se torna corda, enforca meu peito.
Chove forte e em minha cadeira de balanço, deixo-me escorrer como o céu. A melodia que teu peito toca em meus braços... seu respirar pesado e teus olhos perdidos em devaneios... Algo só meu...
A cada vez que meu peito pulsa, vejo você sair pela porta outra vez... As noites sem luz e as cores pálidas... Girando comigo nesta roda que gira para o fim. Árvores e pastos deixados para trás girando em vultos frios de um dia sem sol. As estradas sobem e descem, meus olhos pesam.
Charutos não são um problema quando amar alguém é sua droga. Um dia, por acaso, um pouco te sacia, mas cada vez que se olha no espelho precisa de mais. Parte de você não está ali. E cada fio de sua barba sente falta de cada tom rosa das bochechas de alguém.
Correr como gado solto em um campo distante e pensar em seus olhinhos confusos, verdes como as folhas... E se eu te pudesse ver o que faria a essas alturas? Não quero pensar em você com alguém porque ao seu lado é o meu lugar. Posso senti-la como sinto minhas mãos...
Prenderam num copo minha vela. Esperanças vazias são o que me resta. Como em um conto, tudo poderia simplesmente “desacontecer” e trazer você aqui para perto outra vez.
A irresponsabilidade da ignorância sobre a mesa, sempre trará miséria...
Sentado na mesa da refeição aonde a lógica é o alimento. Diante dos olhos há dois pães, um bolorento e o outro conservado. Também há três pessoas nessa mesa, sendo duas delas com opiniões formadas se encarando. E o terceiro na ponta da mesa com seu café e leite misturado, não sabe qual pão escolher. Explicando que o pão bolorento faz bem e outro está explicando que o pão conservado faz bem. E o que está com fome, não sabe com qual se alimentar. O da direita está gritando, pão conservado, e o da esquerda, pão embolorado!
A lógica da mesa consiste em saber qual é o bom e qual é o mau de fato, e escolher! Não se pode comer os dois, come o conservado e fica bem ou come o bolorento e fica mau, mas se comer os dois, ficará mau do mesmo jeito! Existe uma clara evidência lógica, de quê, independente do alimento o efeito sempre diferirá, não tem como os dois alimentos causar o mesmo efeito pelo simples fato de estar conservado ou bolorento. Seria muita estupidez comer o bolorento e muito mais insensatez, comer os dois. É por isso que o sábio, selecionaria o conservado!
Nessa linha de raciocínio entre selecionar e separar o bom do mau, temos que entender, que os dois não se mistura, não é como o café com leite misturado que faz bem e também separado tem o mesmo efeito!...
A ignorância não pode calar a razão nem ocultar a sua responsabilidade...
Dizem que os humilhados serão exaltados, mas se você só fica sentado esperando as coisas caírem do céu, as chances de continuar sendo humilhado são bem grandes.
sentado na janela do meu quarto
ou deitado na cama
me vêm milhares de pensamentos
dos mais diversos
as vezes me pergunto
será que sou feliz?
o que é ser feliz?
ter alguém que lhe ame?
são perguntas que me faço,
na madrugada
imagino nós dois
mas nunca daria certo
sempre que lhe vejo
me apaixono novamente
esse sorriso
eu lhe amo.
Estava eu sentado em um bar,
apreciando uma doce bebida,
perdi o sentido quando a vi...
Ah, ela era incrível,
seu sorriso me encantava,
aquela doçura toda mexia com a minha cabeça,
parecia aqueles amores que te prende, sabe?
Ela se aproximou e sentou do meu lado,
deu uma risada,
eu não sabia o porquê dela me escolher,
eu tão comum,
então a música mudou e a chamei para dançar, ela aceitou.
Aquela valsa que me leva para cá e para lá,
igual a um barco em uma tempestade,
ela me conduzindo,
parecia que não havia mais ninguém naquele bar,
parecia que estávamos em outro mundo, a sós,
ela acabava com meu psicológico.
E quando a música chegou ao fim,
eu não queria mais solta-la,
pois ela não saia mais da minha cabeça...
Então resolvi perguntar seu nome,
afinal queria revê-la algum dia,
então com um sorriso respondeu, "meu nome é tristeza".
Eu estou aqui sentado
Um tanto entediado
Meu amigo está ocupado
E a garota que eu conversava
Bom... não trocamos nenhuma palavra
Estou sem fazer nada
Portanto comecei a escrever
Para simplesmente dizer
Que gostaria de estar em casa
Pois tenho um projeto
Mas ele ainda está incompleto
O 1º ano já acabou
Mas ainda estou aqui
Sentado numa sala sozinho
Sem matéria e sem sentido
Por isso peguei o caderno
E fiz com que não seja mais branco
Mas sim marcado
Com o meu grafite
O motivo de estar neste lugar
Pode ser definido numa palavra
É a gratidão que possuo
Não preciso recuperar nada
Porém preciso agradecer
A um certo alguém
E a minha forma de fazer
É trazer o que foi pedido
Seja sentado na areia da praia, seja em um banco no jardim da praia de Santos,
apreciar a beleza inenarrável do mar faz um bem enorme para nossa alma...
Ósculos e amplexos,
Marcial
APRECIANDO A IMENSIDÃO DO MAR
Marcial Salaverry
Sem dúvida alguma o mar é algo que sempre fascinou o ser humano. Desde tempos imemoriais, sempre o grande desafio para o homem foi "vencer" o mar. Vã tentativa, pois o mar é invencível. Pode ser transposto, pode ser atravessado, pode ser poluído, pode ser explorado, mas vencido nunca. Quando se enfeza, nada o segura.É realmente indomável este marzão incrivelmente belo...
Recebi de uma amiga, uma pergunta interessante: Por que o MAR é tão grande? Dentro da minha lógica, respondi que NÓS é que somos pequenos ante a grandeza do mar. Ela passou-me então uma outra resposta à mesma pergunta, que lhe foi dada por um amigo. Achei de uma profundidade tão grande, que aproveitei o embalo de estarmos falando sobre a força do mar para comentá-la. Vejam se não tenho razão:
"O mar é grande, porque se coloca um pouco abaixo do nível dos rios a fim de recebe-los".
Dentro dessa resposta que é totalmente lógica, podemos tirar uma enorme lição de humildade que nos é dada todos os dias pelo amigo Mar.
Sintam a profundidade, tanto do mar, quanto da colocação feita por essa pessoa.
Quanto mais nos dispusermos a aceitar e receber as lições que a vida nos oferece todos os dias, mais poderemos crescer interiormente, desenvolvendo nosso espírito e nossos conhecimentos.
A conclusão mais sábia que poderemos ter sobre nossos conhecimentos, é o fato de que eles nunca serão absolutos, e assim sendo, sempre deveremos receber novos rios para que possamos nos desenvolver tanto espiritual, como intelectualmente.
Por menor que seja esse rio, sempre aumentará nosso volume. Nenhum conhecimento, por mais insignificante que pareça, deverá ser desprezado.
Muitas vezes crianças nos dizem coisas às quais não damos atenção. Por vezes são pequenos alertas sobre algo que acaba passando despercebido. Era só um riacho,mas trazia alguma coisa, um pouco mais de água para aumentar nosso volume, e desprezamos por vir de alguém a quem não demos a devida importancia, e que poderá nos fazer falta.
O mar, portanto, é maior lição de humildade que a Natureza nos oferece, pois cresceu até atingir proporções quase imensuráveis, graças as pequenas ajudas recebidas. Ele não rejeita nada. É orgulhoso de sua força e poder, mas é humilde o suficiente para aceitar as contribuições que os rios lhe trazem, sejam grandes ou pequenos, poluidos ou não.
Vamos encarar a coisa sob esse prisma, passando a ver com outros olhos os pequenos favores que nos são prestados por pessoas humildes, pequenos riachos, aos quais sequer damos atenção, mas que vão nos possibilitando aumentar nosso cabedal de conhecimentos, mas por vezes escutamos coisas surpreendentes das pessoas mais inesperadas. Só para exemplificar, a título de ilustração, temos aqui na praia do Gonzaga em Santos, uma senhora, Dna. Severina que há mais de 30 anos tem um carrinho onde vende milho verde. Muita gente diz que ela "não regula", que "só fala bobagens" . Outro dia, prestando um pouco mais de atenção a ela, vi que ela tem uma filosofia de vida digna de estudos. Dentro de sua ignorância, mostrou um conhecimento profundo da vida como ela é. Foi mais um riacho, mas aproveitei muito para repensar certas coisas, certos valores...
É isso aí crianças, descobri porque amo o Mar. Não só porque faz parte do meu nome, mas sim porque é um grande exemplo de sabedoria e humildade, e justamente por isso, não se incomoda em que aproveitemos essas dicas para repensar nossa vida, aproveitando esse grande ensinamento, e assim nos possibilitando viver cada dia, como UM LINDO DIA, a ser repetido a cada dia de nossa vida... Espero que aproveitem este pequeno riacho para aumentar seu "mar" particular...
Sabe um dia encontrei um senhor bem velhinho sentado na porta de sua casa junto com sua senhora perguntei a eles a quanto tempo eles estão juntos me responderam não sabemos eu curioso me indaguei dizendo como não vocês não são casados eles disse sim eu com ar de bravura perguntei como não sabe o tempo que estão juntos . Eles olham um para o outro rindo disse você é novo e vai aprender jovem me deixou mais furioso ainda com a resposta eles notaram pois foi bem visível. Me chamou jovem vou dizer a você a quanto tempo estamos juntos pois bem sente se. Não é só a aparência velha os cabelos brancos que define nosso tempo juntos o que define nosso tempo juntos e o Amor e o carinho pois quando ambos estávamos doentes um cuidou do outro quando estávamos felizes estávamos juntos e todo momento e percurso de nossa vida define o nosso tempo abra os olhos e defina o que e o amor e dentro de ti terá todas as respostas.
Pois um dia estava ali sentado olhando para o horizonte e me deparei olhando para o nada mais logo a frente percebi que estava enganado pois ali sobre o horizonte havia um Rio onde tinha vida em abundância onde podia me limpar com isso meus olhos se encheram pois havia a pureza de um amor que não se mede o amor de Deus por nós ao olhar para o horizonte tente reparar todos os detalhes pois nas pequenas coisas e gestos que Deus fala conosco esse foi o gesto que Deus disse para mim valorize sua vida eu sou contigo.
Dois tipos de atitude:
a) Ficar sentado reclamando dos outros e das coisas que não funcionam
b) Se incomodar com o que está errado no mundo e se esforçar para transformar a realidade
A mudança é sempre interna. A escolha é sempre sua.
O horizonte distante olhando em direção a nascer de um novo dia, nas rochas sentado contemplando a beleza, incendeia meu olhar posso até imaginar que atrás das pedras escondidas existem segredos e mistérios. A impagável sensação de sentir que o amor me levou para rumos e caminhos que não consigo explicar, por diversas vezes me senti sozinho nessa imensidade de liberdade, que eu sempre acreditei que por trás das grandes se morre uma verdade, que é a expressão do meu coração toque a cada momento quando escrevo pensando em você, e acerto o alvo da sua consciência lembra na adolescência nós dois se escondia da transparência do que é a nossa essência, e de ter esperança que por através de cada montanha se renasce uma esperança, de alcançar o inalcançável, no topo fazendo fincar a bandeira da paz, que me traz lembranças de saber que nenhuma diversidade e capaz, de impedir aquilo que me faz se sentir mais sagaz e eficaz.
Estava sentado na beira da calçada, pensando com meus botões: “Qual seria o próximo passo? Se é que existe um próximo passo para ser dado. Será que depois de tantas batalhas e lutas constantes dentro de mim. Depois de ter o coração dilacerado, eu teria chance para ser feliz novamente?”
Me surgem muitos questionamentos durante o dia, tantas perguntas sem respostas, tantas respostas para uma dessas perguntas e por mais que eu tente evitar todas as respostas me levam até você.
A grande questão é que fiquei desolado, sem saber o que fazer, depois que você se foi. Não sei o que aconteceu comigo, mas quando partiu uma parte de mim se foi com você, para nunca mais voltar.
Eu não consigo compreender o porque disso tudo.
“Qual a grande lição que a vida está tentando me dar?”
Isso está acabando comigo de uma maneira inexplicável. Sempre fiz tudo que estava ao meu alcance para você, mas naquele bendito dia, eu não estava presente, não pude lhe salvar. Eu devo ter sido um ser humano horrível, para conseguir perder quem eu mais amava nesse mundo. O que me dói é que você partiu sem ao menos saber dos meus sentimentos por você.
Ás vezes quando eu me distraio, amenizo essa dor por alguns segundos, mas depois ela me vem a tona, surgindo novamente a pergunta sem resposta.
“Qual seria o próximo passo? Se é que existe um próximo passo para ser dado. Será que depois de tantas batalhas e lutas constantes dentro de mim. Depois de ter o coração dilacerado, eu teria chance para ser feliz novamente?”
As Sete Aberrações
VII - A Mãe
Estou sentado na cama de um hospital. Minha cabeça está enfaixada e em meu pulso direito, há uma agulha, anexa à mangueira que traz um soro às minhas veias. À minha esquerda, minha mãe está sentada, sem falar uma palavra sequer, apenas me encara. Presa à parede em minha frente, uma televisão exibe a programação tediosa de domingo. Ao mesmo tempo em que encaro a tela, não assisto, meus olhos estão completamente sem foco, sem brilho.
O sufocante branco fechado ao meu redor parece manter-me preso à ilusão que a aberração da noite passada causara.
Em uma mudança de imagens da tv, pude ver meu reflexo na tela. Sorri ao estranhar minha própria aparência e, enquanto as vozes de uma plateia de talk show gargalhavam histericamente, decidi quebrar o silêncio daquele quarto quase vazio, subitamente:
"Mãe" - Eu chamei. Ela me encarou surpresa - "Eu estou parecendo uma aberração, não estou?" Comecei a rir, enquanto algumas lágrimas percorriam o rosto mais magro e pálido do que outrora.
"Como você pode fazer piadas desta situação? Será que você não entende que é culpa sua que tenha chegado a esse ponto? Nós queríamos cuidar de você! Nós queríamos fazer isso tudo passar!"
"Quem não entende é você" - Respondi, calmamente - "Não faz ideia da dor que passei, todas as sete vezes, e nada adiantou"
"E por isso você vai desistir? Como você pode fazer isso conosco?" Ela começou a chorar, pendendo seu rosto para frente e cobrindo-o com as palmas das mãos.
Envolvi em meus braços a figura daquela mãe que, outrora tão firme, inabalável, agora mostrava sua sensibilidade e tristeza.
"Eu também te amo" - Respondo.
A noite chega e com ela, meu pai. Ele entra no quarto e abraça minha mãe, que logo após, aperta minhas duas mãos, beija minha testa e dá as costas. O homem de barbas curtas e acinzentadas senta-se ao meu lado um pouco mais tímido que minha mãe e segura minha mão esquerda.
"Como está essa força, garoto?" Pergunta. Obviamente sabe minhas condições, mas seu perfil, calmo e descontraído sempre fala mais alto.
"Estão igual ao meu cabelo" - Brinquei.
"Mas..." - Ele ergue um pouco as faixas em minha cabeça. Seus olhos castanhos se estreitam para encarar o outro lado das bandagens - "É, acho que não precisamos fingir que está tudo bem" - Termina, demonstrando frustração ao falhar em sua piada.
Dou risada enquanto o encaro e ele me acompanha. Não demorou muito, aqueles risos foram banhados em nossas lágrimas.
"Eu tenho que confessar... Estou com medo" - Pela primeira vez, ouvi aquelas palavras. Pela primeira vez, soube o que meu pai estava sentindo e, pela primeira vez, vi meu grande protetor, amedrontado.
"Eu também estou, pai" - Apertei a mão dele um pouco mais firme, enquanto seu sorriso sumia completamente, dando lugar aos soluços de choro - "Imagino que seja difícil, que doa me ver assim, mas, você precisa ser forte. Quando isso acabar, você será o único com quem a mãe poderá contar. Por favor, prometa que será forte, por ela"
Ele acenou afirmativamente com a cabeça e me abraçou, como nunca havia abraçado antes.
Minha família perdeu muito pela esperança de me curar. Tudo em vão. Agora, estava sendo difícil de aceitar a derrota, apesar de toda a gratidão que sentia por eles e toda a vontade de continuar lutando, o fim era iminente.
Pouco depois, minha vista começou a se turvar. Senti frio. Assisti o vulto embaralhado de meu pai se levantar, perguntando às enfermeiras que entraram o que estava acontecendo, de forma desesperada, quando tudo finalmente tornou-se escuridão.
Tudo o que pude ouvir, ou sequer sentir, foram três toques contínuos de sinos, como os das catedrais. Logo em seguida, vi algo em minha frente, o que deduzi ser a última das aberrações.
Seu corpo era simplesmente uma capa negra e flutuante, ressaltando dois olhos brancos e profundos dentro da touca. Nas extremidades das mangas daquela capa, mãos negras e esqueléticas se faziam visíveis. Em sua mão esquerda, trazia uma grande foice.
"Olá" - Tentei dialogar. Esperei algum tempo, em vão, não recebi qualquer resposta - "Acho que sei o motivo de estar aqui"
"Ela anuncia minha vinda com as fragrâncias de crisântemo, para que um dia possa ver as cores do jardim. Não permitiria que partiste só, então abri caminho até ti, mas, eu... Sinto muito..." - Respondeu finalmente a criatura
"O que? Sério? Você não é a Morte? É seu trabalho!"
"Sabes quem sou?" - Ele pareceu confuso. Apesar de sua aparência nada convidativa, sua voz e sua forma de falar eram suaves, quase doces. - "Não me agrada que as coisas aconteçam dessa forma. Queria ser capaz de evitar-me a vir àqueles como você, que mesmo tão jovens, tornam-se sábios e aclamáveis. Bem-aventurado seria o mundo, se os viventes presenciassem tudo aquilo que já vistes"
"Tu sabes de toda a dor que já senti. Conheces cada momento, dos triviais aos fundamentais, os quais presenciei. Por isso, hoje estás aqui. Morte, tu não vens como uma aberração ou uma inimiga, eu bem a conheço, pois tu és o descanso eterno, que agora sei, dentro de mim, que sou merecedor. Assim como a acolho alegremente, espero que me aceite, sob seus mantos, de bom grado" - Agora, tudo estava feito.
A Morte surpreendeu-se ao ouvir meus dizeres. Já sentia-me muito menos carnal do que sempre fora. Apesar de não poder ver a face daquele que estava à minha frente, senti certa emoção calorosa vinda de seus olhos, então sorri.
Ele estendeu sua mão direita em minha direção. Instintivamente, fiz o mesmo, ou tentei. Algo estava me segurando. Quando olhei para trás, várias pessoas estavam ali. Amigos de longa data e alguns que há muito não via, familiares que não eram tão próximos e alguns que nunca me abandonavam, até mesmos conhecidos, aos quais apenas dizia "Oi" ou "tchau". Todos eles seguravam meus braços.
Encarei aquela que estava mais próxima. Aquela pessoa, segurando com força em meu pulso esquerdo.
"Não vá, não ainda. Por favor! Eu sequer consegui me despedir!"
Vê-la chorar foi o mais doloroso dos sentimentos que tive até hoje. Logo após suas palavras, todos começaram a fazer o mesmo.
"Volte!" - Diziam - "Não desista!"; "Nós estamos aqui" - Os gritos eram incessantes
"Eram eles que ainda precisavam de mim, não é?"
"Esta é tua última e mais difícil provação" - Respondeu-me a Morte.
Olhei para todos aqueles que estavam ali, aquelas gotas de luz em uma imensidão feita de trevas. E, com um sorriso e um último aceno de cabeça, disse: "Obrigado" e "Adeus". Quase todas aquelas luzes acenaram de volta, enquanto reconhecia meu pai no meio da multidão, abraçando minha mãe com força, transformaram-se todos em flores variadas, cheias de cor, vívidas, a não ser por uma pessoa. Sua mão ainda segurava meu pulso, enquanto seu rosto inclinado ainda lamentava nosso adeus.
Coloquei minha mão sob seu queixo e o ergui, encarando profundamente seus olhos.
"Todos temos nossas próprias vidas para seguir, com ou sem outras pessoas, mas, sei que minha vida foi tão bela quanto poderia ser, porque você estava lá. Não quero que lembre de mim com arrependimentos ou mágoas, quero que saiba que, mesmo no último momento de minha vida, você foi a mais forte luz, que teimou em brilhar no meu coração sem pulso. Agradeço por sempre ter estado comigo. Obrigado. Eu te amo"
Aquela luz, ao me abraçar, finalmente cedeu. Em minhas mãos, tudo que sobrou fora uma rosa vermelha. Os badalares dos sinos começaram mais uma vez, mas, não pararam em seu quarto toque. Ao fundo, pude ouvir uma melodia que conhecia de algum lugar. As flores que
haviam caído ao chão começaram a se multiplicar em um extenso jardim. A imensidão negra deu seu lugar a um céu azul repleto de nuvens brancas e estrelas.
Atrás de mim, a Morte removeu de sua cabeça o manto, que, outrora negro, tornara-se azul. A imagem de uma bela mulher se fez presente sob as luzes dos céus e daquele manto. Aos seus pés, todos aqueles que já haviam partido estavam presentes. Aos meus lados, todas as sete criaturas que conheci anteriormente ajoelharam-se perante a ela. Aproximei-me e fiz o mesmo gesto.
"Você conseguiu. Seja bem-vindo" - Disse ela.
"Assim como vós, ponho-me sob o manto da noite, onde hei de descansar, brilhando como estrela, com todas as outras luzes que me aceitam em seu meio. Obrigado por receber-nos." respondi, em uníssono, com A Anunciante, O Espelho, A Máscara, O Mundo, A Esperança e O Tempo, despedindo-me de tais aberrações.
Estendi minha mão direita, entregando a ela, oito rosas vermelhas.
Minha irmã acordou assustada com esse sonho, sentou-se em sua cama e enfim, entendeu: "Suas orações foram entregues a tempo".
Sentado, observo:
indiferentes, passam todos,
e ela ali, lúgubre...
Das leivas úmidas esvoaça
Sobre as calçadas pisoteadas,
Ela voa em fuga,
As cores se misturam
No predomínio do azul,
Timidamente pousa,
Sem ruflar,
Apenas silêncio...
Não há movimento,
É o último voo,
E aquela que fora casulo, e voou belamente,
Agora se despede da vida,
Apenas curta, curta o seu voo...
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