Se for Triste Carlos Drummond
A arte vivifica a humanidade e aniquila o artista.
O artista não sabe que o mundo existe fora da arte; por isso atreve-se a criar.
A história das artes não registra os nomes de dois artistas geniais: o primeiro pintor e o primeiro escultor.
O avarento perfeito economiza a ideia de dinheiro evitando falar nele.
A aventura não está nos fatos exteriores, mas na capacidade de figurá-los e vivenciá-los.
O divertimento do aviador é andar de pé no chão.
O trabalho constitui ao mesmo tempo mais-valia e não valia, conforme o ângulo de que o consideramos.
DAS INTIMAÇÕES DESCABIDAS : Abre em nome da Lei... Abre, sem Lei nem Grei... Abre, em Nome do Rei !... Não... repara : ao __intimar-te __ eu já te __...desventrei__ !...
Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam, e cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumia uma estética? Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam objeto pulsante, mas objeto que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente.
Os camaradas não disseram que havia uma guerra e era necessário trazer fogo e alimento. Sinto-me disperso, anterior a fronteiras, humildemente vos peço que me perdoeis.
Não perco meu tempo aprendendo coisas desinteressantes. Como discorre Drummond “perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes.". E assim vou caminhando, catando em meu caminhar aprendizagens significativas, coisas interessantes que a vida me presenteou!
Deixa meu barco passar
(Victor Bhering Drummond)
Deixe meu barco passar
Não pra causar tumulto
Barulho, agitar a água não.
Deixa meu barco passar.
É só o que te peço.
Não pra fugir
Para me atracar em uma ilha distante
Ou navegar para um Porto Seguro.
Não. Não é isso que peço não.
Quero apenas avistar de longe a tempestade
Que acontece aqui no seu cais
Quero olhar confiante e paciente
Aguardando pela quimera
Ah, quem dera!
É só o que os navegantes querem
Para lançarem-se ao mar a despeito do medo
Que seu mar provoca
Isso é coragem
Por favor, apenas deixe meu barco passar
Até sua onda de acalmar.
(Puerto Madero, Buenos Aires)
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O DALTONISMO DE DRUMMOND
Respeito toda poesia.
De angústia, tristeza e alegria.
E respeito também,
àqueles que dela fez-se o dom.
Mas vendo as pedras no caminho,
fiz-me um belo passarinho,
não descrito por Drummond.
Vasto também é o meu mundo.
De infinitos num só ser.
Mas as vezes me pergunto:
“Quem diabos era Raimundo
e o que Carlos quis dizer?”
Ah, insana sabedoria, queria portar-me como raposa e agir como leão, pois, como Drummond, estou tão farta deste lirismo comedido, queria mais alcançar as estrelas e tê-las em minhas mãos, seria mais fácil do que arrancar de alguém um afago verdadeiro e desinteressado. Deveríamos portar-nos como raposa pelo simples fato de conhecermos bem as armadilhas sem julgarmos ninguém pelo passado tenebroso muito menos pelas ações falhas e de mau gosto, julgar algo ou alguém não nos é de direito, e se fazemos isso é porque estamos mal-acostumados a sempre procurar o culpado em vez de apenas tomarmos cuidado e passarmos por cima, vivendo o hoje, pois o ontem já se foi, é passado, se nos sentimos mal devemos chorar, lavar a alma e não deixar as lágrimas secarem no coração, a vida já é encardida demais. Roupas novas, perfumes novos fazem com que troquemos também as luzes de nossa vida. Cada problema tem sua solução, isso é fato, esperarmos algo em troca também é fato, somos humanos, afinal, sendo raposas ou agindo como leões. Não quero usar de hipocrisia ou falsa modéstia, porque eu mesma espero mais do que deveria e isso não me faz nada bem, então, a partir desta data, um tanto inusitada, sem nenhuma comemoração ou fato histórico que decido viver feito raposas e leões, sabendo que guardar mágoas e rancores é como tomar veneno e esperar que o outro morra, tentando driblar as armadilhas rotineiras e afugentar os lobos tanto do coração como dos pensamentos. Viver feliz e pleno é, sim, uma opção, pois a real felicidade não existe, o que existe são momentos felizes e aproveitar cada um deles tem que ser visto como dádiva. Por mais que eu esteja tão farta de falsos amores, de falsos sentimentos, porém, não estou farta de momentos de alegria e descontração, e não estou farta de amigos que, apesar dos defeitos, tanto os meus quanto os deles, estão ao meu lado, e cada um me ama à sua maneira, assim como eu os amo, e apesar do amor sempre nos magoaremos, às vezes até sem querer, como quem pisa em uma formiga sem ver, não estou farta de chegar cansada em casa e ter uma cama quentinha pra dormir, água fresca pra beber e alguém pra quem cantar ou encantar. Sei que os problemas que tenho são meus, e que na maior parte das vezes eu mesma os causei, mas não vou transformar isso em doença, e nem vou esperar que o tempo passe para que eu possa resolvê-los e colar meu coração, se posso fazer hoje assim será, se cada qual curar e cuidar de seu coração será bem mais fácil. Então é isso, é essa insana sabedoria que quero ter, quero apenas ser eu mesma, com meus defeitos, meus problemas e minhas soluções. A vida é passageira, e não vou me equivocar brigando ou arrumando confusões, um segundo pode trair o carinho que temos por outra pessoa, por eu já ter sido falha, rude e as vezes até leviana e já ter me arrependido é que quis mudar que entendi que nem tudo deve ser observado de tão perto ao nosso redor, seria egoísmo demais querer a sombra e a brisa só pra nós, outras pessoas também sentem calor. Parece clichê, mas é a mais pura verdade, o sol nasce para todos, e o fardo que Deus nós dá sempre é de acordo com o que aguentamos carregar.
No meio do caminho havia uma pedra. Havia uma pedra no meio do caminho...Escreveu Drummond. Uma pedra não é o fim. Podemos contorná-la. E se em vez de uma pedra fosse um monte, ainda assim seria possível fazer um túnel. Difícil é encontrar no meio ou no fim do caminho uma ponte falsa que ceda ao nosso peso e nos precipite no abismo.
DRUMMOND
Janelas debruçadas para a rua,
Tais quais mulheres oferecidas,
Anônimas, vitimizadas,
Mostrando intimidades,
Uma orquídea,
Cacheada em amarelo,
Enorme cascata de pétalas,
Contrastando com a madeira escura
Dos móveis sisudos
Da sala de estar,
Em uma versão do dia e da noite.
Folhas sumidas
Na coadjuvação.
Verde-escuro mimetizado
Contra a lateral da cristaleira.
Mobília triste,
Presente em namoros desfeitos,
Brigas em família,
Choros de solidão,
Ao som de rádios de pilha,
Despedidas de defuntos.
Planta rara e cobiçada,
Purificando o local infecto de lembranças,
Das tristezas mais indesejáveis,
Das vidas medíocres e miseráveis.
Aquela orquídea ostentadora
Continha a bondade, a pureza
E toda a beleza do mundo!
Sérgio Antunes de Freitas
Abril de 2023
Preciso de um Drummond na minha vida... de um homem que aja com a mesma beleza das palavras proferidas. Que de verdade me ame quando diz isso, que de verdade esteja apaixonado quando diz isso.
Drummond disse ... `No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra`.
Digo: se tens uma pedra no meio do caminho: tire-a.
"O que o tempo desfaz, a memória insiste em reconstruir.Mas como diz Drummond:"O tempo é o elemento de transformação
