Ritos de Passagem
_ Palavras traidoras...
_, sentimentos tardios_
_palavras que surradas...
Gritos que são afogados...
Espaços diferentes para palavras se perdem no vasto sentido...
Esqueci porquê ainda sinto falta de você.
Nos lábios rachados do sol lembrei da época que chovia todavia...
Seria bom... Ainda sim seria de madrugada...
O galo cantando sua vertente a sangria da panela de domingo...
Despedida alegres nos conformes...
O QUE ME IRRITA MESMO...
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Há certas coisinhas que acontecem no nosso dia a dia que nos deixam visivelmente irritados: ir ao cinema e ter o azar de sentar ao lado do indivíduo que nos antecipa as principais cenas do filme.
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Ou, então, uma pessoa bem alta senta na poltrona à nossa frente; o mastigado crocante - também no cinema - dos comedores de pipoca ou do ploc-ploc dos chicletes; rangido de porta, nos escritórios, enquanto aguardamos ser atendidos; em casa, apressado para sair, na hora de pôr perfume, a tampa do frasco escorrega, rodopia no chão e vai repousar lá no cantinho embaixo do guarda-roupa ou de outro móvel qualquer; concordar com pessoas que nos pedem opinião, mas que, na verdade, precisam é de apoio moral.
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O que irrita mesmo é subir no ônibus e aguentar, sem poder dizer nada, aquelas pessoas que demoram uma eternidade na roleta pagando a passagem.
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Um dia desses, final de tarde, observei: uma senhora gorda, bem parecida, apresentado sinais visíveis de neurose, aproximou-se da roleta e tentou nervosamente abrir a primeira bolsa.
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Depois dessa, havia aquela bolsinha onde elas guardam moedas. Mexeu, remexeu, e nada de as moedas aparecerem.
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Em cima da gaveta do trocador havia de tudo. Um verdadeiro bazar: amostra de tecidos, grampos enferrujados, pente, botões, sianinhas, carnê do Baú da Felicidade. O que se pudesse imaginar estava ali exposto na mesinha do trocador.
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O tempo foi passando, passando (como é seu costume), e eu me enervando. A essa altura, já me sentia uma bomba. Só faltava explodir. Não demorou muito. Chovia e ainda não me encontrava sequer dentro do ônibus. Muni-me de paciência - qualidade rara hoje em dia - e suportei heroicamente a primeira etapa dessa angustiante maçada.
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A segunda etapa vai do momento em que ela retira a moeda da bolsinha, até o pagamento propriamente dito.
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Não entrarei em minúcias, por questão de brevidade. Bom, depois da longa "lengalenga", pudemos respirar naturalmente. Pensamos nós, passageiros.
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Mas que nada. Aconteceu o inesperado: a bolsa da dita enganchou na roleta e começou o puxa-puxa. Puxa daqui, puxa de lá, e eu sei, gente, que finalmente chegou a minha vez de pagar.
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Meti a mão no bolso para tirar a carteira, tentando ser mais rápido que todo mundo, querendo, com isto, me vingar mentalmente... Não a encontrei. Se não fosse minha timidez congênita, teria feito aquele escândalo.
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Pior do que tudo isso, e já não era pouco, os outros passageiros, saturados pela gorda, não compreenderam meu problema - o roubo da carteira - e começaram a me xingar deliberadamente.
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Essa não! Aí não prestou! Um verdadeiro disparo - de blasfêmias - cruzou no ar, juntamente com bofetes e encontrões. Estava todo mundo ababelado, à mercê do que desse e viesse, quando de repente ouviu-se o disparo de um revólver. Ficamos estáticos, pálidos, mal respirávamos.
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Poucos minutos depois, cada um de nós olhou para a cara do outro, meio sem jeito. Era como se quiséssemos inquirir: - Precisava de tudo isso!? Um pouco mais de calma não teria resolvido a questão? Mas agora é tarde demais.
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O silêncio é rompido pelo autor do disparo, um guarda da Polícia Civil, que falou com aspereza:
- O coletivo está detido e vai agora mesmo para a delegacia!
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Chegamos. O delegado, como sempre, fez perguntas de praxe e no final não deu em nada. Algumas multas, advertências e pronto. Uma história a mais dos propalados transportes coletivos. Fim de linha, fim de conversa!
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1977
Somos resultado de instantes. Nossa existência é moldada por breves momentos e somos forjados pela efemeridade da passagem do tempo. Que horas são?!
maiêu-tica
estou prestes a ter uma ideia genial
PSIU!
silêncio!
preciso me concentrar
está vindo… está vindo
estou quase parindo
a ideia que ao mundo agitará
q u a s e
q u a s e
q u a s e l á
respira, inspira, expira
cadê a caneta?
cadê o papel?
celular, cadê?
ela está vindo
está vindo
v i n d o
veio!
viu?
alguém pegou?
não?
NÃO?
não acredito!
que pena… que aborrecimento!
já passou…
Que eu seja uma ponte de travessia para os bons sentimentos
Que quem por mim passar só encontre a paz,
Que eu jamais seja barreira.
Que eu jamais atravanque o caminho de alguém.
Que eu seja a melhor ponte de passagem, aquela onde a bondade sobressai o rancor;
E quem por mim passar,
Mesmo se a dor carregar,
Só vai sentir amor
Eu não sou um caminhão
E nem uma camionete
Talvez um carrinho de mão
Ou mesmo uma mobilete
A estrada de meu porvir
E bela e não tem pedágio
Passagem pra evoluir
Passar pro próximo estágio
A estrada tem um fim
Mesmo que não aconteça
Sonhar faz bem pra mim
E faz bem pra minha cabeça
Quem tem fé tudo alcança
E eu vou pagar pra ver
A vida é uma balança
Balançando vou viver
Quando eu morri dentro de mim, eu pensei:
O que guarda dentro desse coração?
Onde estará minhas lembranças daqui à frente?
Será que é cedo a imagem do Jardim?
Sentirei cheiro de perfume?
Ou apenas um silêncio poético me espera?
(...)
E quando a morte for de carne, o que farei?
Haverá sentimentos e pensamentos,
Este dia é como um eco dentro de nós?
Passei a vida buscando significados,
Pragmatismo e alegorias ao desconhecido,
E todos chegaram a um destino de estação.
Passemos as margens do rio.
....
Estou prestes a nascer e ouço minha mãe dizer como o tempo passou depressa, nem parece que tantos meses se foram, tanto aguardou e o por qual da sua espera chegou.
Aos poucos estou crescendo, um dia aprendi a falar, no outro a andar, no outro a brigar, de repente a amar e agora só sei duvidar. E por mais que parte do tempo soube aproveitar, alguns eu só queria ver o tal do tempo passar.
Afinal, quanto tempo falta para a escolar terminar? No que será que vou trabalhar? Será que um dia esse sonho irá se realizar?Onde está o alguém com quem irei me casar? Que nome devo em meu filho colocar? Você não acha que está na hora de netos me dar? Acho que a promessa do até que a morte nos separe está prestes a se concretizar.
Como não vi o tempo passar? E depois que meu coração parrar de pulsar, o que deste mundo irá sobrar.
Por que sempre corri atrás do tempo? Por que sempre ansiei um momento que não era o tempo de me pertencer, sendo que sempre vi o tempo passar, vi o tempo que sonhei chegar, e vi o tempo de tudo terminar?
Tempo, percebo que sempre menti para mim ao seu respeito. Achei que era você que estava indo embora, mas sou eu. Você me viu dar o meu primeiro suspiro e sinto que estou dando os meus últimos e por alguma razão você continua aqui.
Tempo, sei que não te vi chegar, e nem sei quanto tempo vou te acompanhar, mas obrigada por todo tempo que me permitiu ficar.
A vida é repleta de mistérios, de uma maneira que levaríamos eternidades para compreendê-la. Por isso, estamos aqui para nos entendermos e, em seguida, partirmos. Afinal, conhecemos tão pouco a nós mesmos, mais do que conhecemos a vida.
Amigos de coração versus estranhos de decoração.É nas ações que encontramos a essência dos relacionamentos, revelando quem está ao nosso lado com amor e lealdade, e quem está apenas de passagem em nossa jornada. Cabe a nós valorizar e cultivar as amizades sinceras, enquanto nos mantemos atentos aos sinais que nos ajudam a distinguir entre aqueles que nos apoiam e os que nos deixam seguir adiante.
Ame, se ame, perdoe, se perdoe, acolha, permita ser acolhido, elogie, aceite elogios, promova a paz, encontre a sua paz.
Ninguém é eterno, mas pode eternizar sua passagem pela vida.
Um sonho estranho: mesmo aqueles que se perdeu , acha o caminho de casa e , apenas quer voltar pra casa , pois é feliz em casa , o caminho é longo mais a força que sinto , que o chegar traz é abarcador( trans-mutavel , imensurável confortante mesmo que doloroso , se tornou feliz , pois é onde se quer estar.
A VIDA & A ROSA: EFEMERIDADE E SUTILEZA
Só existe beleza naquilo que queremos. Somos autocríticos de nós mesmos e de todos que permitem. Somos a faca e a espada que cortam ferozmente o coração do lobo. Somos lobos sedentos. Somos a água que mata essa sede. Somos a sede que não tem fim. Somos o fim, daqueles que não se permitem sonhar. Somos o sonho, de quem aprendeu amar. Somos o amor, dos que na vida, quiseram lutar. Somos a luta dos dias de sol. Somos o sol brilhando às 5h da manhã. Somos o amanhã, de quem acredita na vida. Somos sol, raio e flor. Somos incontáveis células de amor.