Restos
Talvez...
Talvez,
um anjo apareça
e leve tua dor para longe
onde o vento,
deposita os restos
que encontra pelos
caminhos por onde passa.
Talvez,
uma voz amiga
te encontre e te fale
que ainda há sonhos,
há vida em tua vida
e te convide a caminhar com ela
para conhecer mais uma vida
que dói, mais que a tua.
Talvez,
nada aconteça
que te faça sorrir
mas nunca esqueça,
a dor vem e vai
e crescer,
faz parte de tudo um pouco.
Talvez,
nunca se lembre de coisa alguma
que te mostrou o caminho a seguir.
Talvez,
nunca esqueça da primeira vez
que caminhou sozinho.
Talvez,
nunca leia uma única linha
do que escrevi para você.
Talvez,
nem se lembre mais
quem você é.
by/erotildes vittoria
EIS OS RESTOS HUMANOS!
Eis os restos humanos!
De seres racionais, pensantes criaturas passionais,
hoje estão na lama e estirados nas ruas de ilusões.
São restos desumanos,
De homens, mulheres, adolescentes, entes mortais,
hoje estão no submundo das drogas e corrupções.
Eis os restos profanos!
De servos, escravizados, dependentes dos tóxicos,
hoje são viciados e drogados por ratos traficantes.
São restos de insanos,
Cidadãos devastados, já destruídos pelos tráficos,
hoje são vítimas do brutal veneno, ervas viciantes.
Eis os restos terrenos!
De pessoas fracas, ingênuas, pretensas aos desejos,
hoje são farrapos de gente, vagabundos e errantes.
São restos tiranos,
De almas geradas e lançadas às chamas e lampejos,
hoje são chispas na escuridão, dispersas, chocantes.
Do Livro: "Tire a Pedra do Seu Caminho - Drogas Não" - 2014
Ao despertar e me ater ao espelho, não vejo nada além de restos mortais. Dignos de pena somos todos, ao pensar que esse corpo pútrido, desprezível, mas por hora ainda belo, será para sempre um avatar perfeito e não envelhecerá. Ridicularizo sim aqueles que se atêm ao presente, despresando o futuro...
Catar os cacos do caos, como quem cata no deserto
o cacto - como se fosse flor.
Catar os restos e ossos da utopia, como de porta em porta
o lixeiro apanha detritos da festa fria e pobre no crepúsculo se aquece na fogueira erguida com os destroços do dia.
Catar a verdade contida em cada concha de mão,
como o mendigo cata as pulgas, no pêlo - do dia cão.
Recortar o sentido, como o alfaiate-artista,
costurá-lo pelo avesso com a inconsútil emenda
à vista.
Como o arqueólogo
reunir os fragmentos,
como se ao vento
se pudessem pedir as flores
despetaladas no tempo.
Catar os cacos de Dionisio e Baco, no mosaico antigo
e no copo seco erguido beber o vinho, ou sangue vertido.
Catar os cacos de Orfeu partido, pela paixão das bacantes
e com Prometeu refazer o fígado - como era antes.
Catar palavras cortantes no rio do escuro instante
e descobrir nessas pedras o brilho do diamante.
É um quebra-cabeça? Então de cabeça quebrada vamos
sobre a parede do nada deixar gravada a emoção
Cacos de mim, Cacos do não, Cacos do sim, Cacos do antes
Cacos do fim
Não é dentro nem fora, embora seja dentro e fora
no nunca e a toda hora, que violento o sentido nos deflora.
Catar os cacos do presente e outrora e enfrentar a noite
com o vitral da aurora
Você conseguiu me fazer mendigar sobras do teu sorriso, restos do teu olhar...conseguiu o impossível !
Eu sou o mastro da bandeira da revolução
Os restos do cavalo de Napoleão
Eu sou a brasa que matou Joana d’Arc
As 5 balas de John Lennon, reles cidadão
O lixo humano, escória da sociedade
Sou o que como e quem eu deixo de comer
Nasci do limbo e bailei pra essa cidade
Sou quem dá vida aos monstros que eu quero ter
Restos
O que dizer?
Se não há para onde correr
Não há saídas
O que fazer?
Solidão, sua velha e única companhia
Perdida no próprio mar
Onde é que se viu?
Na própria tempestade.
Onde é que essa tal de vida, levou?
Contradição, não?
Quando a morte, se ocasiona com a vida.
Paz ou prisão?
Sentimentos são reprimidos, então?
O que é este lugar afinal
Morte ou vida?
Quando a dor, entra em harmonia
Escuridão, ou refugio?
Eis a grande dúvida .
Que bagunça!
Por isso, há do poeta
A poetar?
E da poetiza, há poetizar?
No silêncio da noite, a decifrar
Ou apenas, se calar
conscientizar?
O vazio, o único que parece
Restar.
Desejo passar os restos dos meus dias ao seu lado, no seu colo, em seu solo te amando e respeitando.
Eu te dei meu coração em um lenço
E recebi seus restos em um trapo velho
Que você seja feliz, eu te deixo ir
Com o que eu te dei
Estamos na gruta ainda
A gruta que era nosso lar
Queimada está
Toda suja pelo restos
Dos animais e das árvores destruídas
Queimadas, puro carvão
Estamos sem força
Estamos muito machucados
Cansados, com a respiração difícil
Num choro interno
Pela destruição da nossa floresta
Ela com o dom divino se reconstruirá
Mas as perdas foram grandes
Vou deixar ele descansar
Mas, na verdade, eu estou
Muito mais destruída
Sou humana
Ele é um lobo
E vai fazer de tudo por mim
Estou de olhos fechados
Sentindo seu pelo
Sua respiração falha
Mas está aqui
E isso que me importa
Logo nos encontraremos
Com a família
Força teremos
Para recomeçar
Não é do zero
Temos um ao outro.
Aprendemos tanto a perde e a sofre, que na vida vamos aceitando os restos que nos são oferecidos, não temos mais ânimo de procurar o que realmente importa, o que realmente tem valor.
Os restos e migalhas deixados para trás pelos soberbos, servirão para alimentá-los no caminho de recomeço após a queda.
A lenha ao queimar, se transforma em cinzas, ora, as cinzas são os restos vegetais da lenha. Não é mais a lenha que está no fogo; apenas a cinza que foi da lenha.
Quando você morre, seu corpo se transforma e entra em decomposição; não é mais você que está no cemitério, apenas os restos mortais que foi seu.
Por isso, com exceção a velórios, não vejo motivo para ir ao cemitério. Não há nada meu lá.
Por onde passamos, deixamos restos de nós. E ao refazer a espiral, assistimos aos nossos cacos se distanciando; isto é, se não demorarmos muito a voltar. Mas, as separações continuam como ficaram, com um agravante, algumas peças se perderam. Quase me recomponho, quando volto para casa. Minha identidade são minhas lembranças. Então, sou para você o que se lembra de mim; mas, se eu for me esquecendo de mim mesmo e de você, não me obrigue a retornar, para sermos os mesmos. Quero ser outro, esperando você melhorar.
