Relva

Cerca de 163 frases e pensamentos: Relva

Há multidões contidas em mim. Desde a pequena relva até o mais longínquo universo tudo cabe dentro de mim, tudo cabe dentro da minha alma. Ela é grande, a minha alma, pois não tem limites. Junta com a imaginação extrapola todos os sentidos humanos. Não há limites para uma alma com imaginação.

Inserida por swamipaatrashankara

Desejos são como o orvalho que nutrem a relva. Regam as flores e despertam os pássaros.

Inserida por Lubiell

O amor verdadeiro vai despetalando-se com o tempo, e adubando a relva macia dos nossos corações.

Inserida por VANTUILO

A relva molhada, um paiero aceso
A paca correndo, o riacho barulhento
O rádio ao fundo toca baixo, o berrante empoeirado
O tédio consome, não sei se aguento

O velho resmunga, o eucalipto balança
O manga-larga trota, a muriçoca rondeia
O lago se remexe, o pinhão já tá no fogo
O guardanapo todo duro, é o luar que me norteia

O pinto avisa, D'Angola cacareja
Daqui eu imagino, como é que seria
Se aquele Preto-Velho ainda
Estivesse na Bahia

Um bom trago na cachaça e já devolvo para a pia
Respiro fundo e olho fixo, para além da cocheira
Um menino se aproxima, de bota e chapéu marrom
Parece até que me conhecia, desde os tempo da trincheira

De longe desconfio, aproximo a espingarda
Traz um santo na mão, com os olhos me pedia
Aqui tem um recado, de alguém que me mandou aqui
Num papel velho e amassado, de alguém que se asfixia

Passa um gato como um tiro, parece que já sabia
A paz que aquele piá, sem querer me trazia

Ô meu pai mas que saudade, esse estradão é muito cruel
Não entendo muito dessas coisa, nem escrevê eu sei direito
O que sei é desse aperto, que deixastes em meu peito
No horizonte vejo mato, um rio fundo e o mesmo céu
As garrafas não dão conta, me afogo diariamente
Qualquer comida que me atrevo, só consigo sentir o fel

Interrompo aquela carta, não consigo prosseguir
Ninguém sabe meus motivo, o que me trouxe até aqui

Sou um chucro fí do mato, criado no sertão
Minhas coisa resolvo assim, me afasto pra refletir
Não sei se certo ou errado,
Mas me puno com a solidão

Inserida por bruno_mamprin

A vida do homem é semelhante à relva; ele floresce como a flor do campo, que se vai quando sopra o vento, mas que esquece o lugar que ocupava.

Inserida por IvonaldaBalbina

A relva murcha e cai a sua flor, quando o vento do Senhor sopra sobre eles; o povo não passa de relva.

Isaías 40:7

Inserida por Ailtonpensador

⁠As sementes de uma flor morta se esparramam na relva para renascer vida!

Inserida por ValMoni

⁠A infância é uma coisa assim bonita: caímos juntos na relva, magoamo-nos um bocadinho, mas sobretudo rimos.

Inserida por pensador

⁠calco a relva,
como o ar,
durmo em pé,
sem lá estar

Inserida por helenopinhal

⁠O Mundo é um resquicio do que um dia ele já foi.

O sol, a relva verde, o calor. O mar, a brisa, os animais. As núvens são cinzas, o sol é frio, a chuva é ácida e, quando não, a neve impalidece e enrijece a pele, ao ponto de congelar os ossos. Os oceanos são escuros; as baleias encalham na areia mórbida, enquanto os peixes se debatem, implorando por suas vidas, enquanto as aves, sedentas, bicam-nos até a morte, alimentando suas almas. Sinto que o mundo, aos poucos, se aproxima do seu fim. Os arranha-ceus construídos pelos homens, com o próposito de abrigar suas empresas globalizadas, multimilhonarias, verdadeiras máquinas de dinheiro, as quais movem uma pequena parcela do mundo, são escombros, pó varrido para baixo do tapete. Os prédios onde empresas menores se espelham, em busca de crescimento, agora, inexistentes. Os lares, onde eram aconchegantes e quentes, com refeições diárias e sedentarismo diário, já não existem mais. As sete maravilhas do mundo são apenas histórias, as quais, entre muitas, foram esquecidas pelo tempo.

Como todas as pessoas, eu perdi muitas coisas. Elas eram preciosas para mim. Assim como eram preciosas para você. As tardes, iamos a praia, onde a brisa era limpa e agradável. Gaivotas cortavam os céus, com seus razantes, se alimentando do primeiro peixe desatento em seu campo de visão. Enquanto os meus colegas corriam um atrás dos outros, chutando água, provocando as garotas, em troca de algum reconhecimento pelo seus desejos, eu, sobre aquele mar azul, onde o sol refratava a luz, me perdia no encanto do seu sorriso. Seu cabelo marrom dançava com o vento, eu era capaz de sentir um leve aroma no ar, resultado do seu perfume. Meus olhos estavam fixos em sua mão pequena e macia; meu coração batia forte ao imaginar que poderia segurar sua mão e, eu queria, mas havia outra pessoa em meu lugar. Não resta mais nada se não essas memorias e sentimentos, os quais se enlaçaram, profundamente, em meu coração.

Inserida por BreNN

“Uma gota d’agua bailando
Em uma relva esquecida
Lembra o universo, indagando
Sobre a origem da vida.”

Inserida por Infinitum1959

Neste sonho,
depois da chuva de primavera,
a cortina de pérolas desce do céu,
resvala a relva ruiva
da inspiração do encontro:
pérolas de orvalho
irrigam a palma nua dos meus pés.

Há um outro lado da cortina
como a página de um livro? – eu penso.
Oh! ela se esvai com o sol
relógio das estações.

Mãos de seda dobram o tecido,
zelosas das gotas de orvalho,
e o recolocam no útero da árvore.

Um homem vem
puxando uma carroça de junco
cheia de pétalas rosa chá
e passa sem deixar nem mesmo
o perfume da sua presença.

Em minhas mãos vazias
um punhado de sementes
pequenos pássaros sonolentos.

Inserida por RicardoCarranza

RELVA - CAPÍTULO 1

O cheiro da relva tem sido testemunha dos meus maiores segredos, a grama rasteira palco para minhas confusões e confissões, tenho compartilhado com meu amigo, Levi, minhas angústias
.
Nos encontramos todo final de tarde na cerca de nossas fazendas, somos vizinhos. Aqui no interior não se tem muito o que fazer além de ir pra escola pela manhã e tentar ser útil pela tarde
.
Meus pais apesar de não aprovarem muito minha amizade com alguém do sexo oposto, não veem problemas maiores entre eu e Levi, pelo fato de termos a cerca de nossas propriedades nos separando e pelo fato dele ter deficiência visual
.
Ele nasceu com albinismo, só enxerga dez por cento em cada olho, além de um branquelo super gatinho é um rapaz mega inteligente, meio pessimista as vezes mas ele é legal
.
15h42
.
- Você me acha bonita? - Te acho jeitosinha, Sara.
- Não vale, você nem enxerga direito.
- Enxergo o suficiente pra saber que aparência física não é o que define alguém bonita ou não, responde ele.
- Eu não tenho peito nem bunda.
- Sara, você tem peito sim, quando realmente precisar usá-los para amamentar, a natureza se encarregará de deixá-los enormes, e quanto à sua bunda, você tem carne suficiente pra amortecer sua queda caso caia de um cavalo. Relaxe com isso.
- Estou cansada, Levi. Os meninos só olham para as meninas com peitos e bundas grandes.
- Sara, você é linda. Tem dentro do peito algo que te faz a mais linda de todas.
.
Um bom homem vai saber admirar o seus atributos internos.
.
.
Quando eu perder toda a minha visão, terei de escolher uma companheira sem a ver de fato. Missão difícil a minha não? .
Será que vou conseguir fazer sexo antes de perder toda a visão? Levi pergunta lançando um pequeno galho entre a fresta da cerca
.
Ah, sei lá. Acho que sim, retruca Sara deitada de olhos fechados na relva .
O bom que é que pouca diferença vai ter de um casal normal, afinal, a maioria transa no escuro
.
Hahaha - ambos riem.
.
Levi, você não existe.
Sara você tem cheiro de leite. .
Saraaaa!!! Ouve-se o grito de longe vindo do casarão da fazenda .
- Preciso ir.
- Eu também.
.
- Se cuida.
- Até.
.
.
.
.

Inserida por alanmottalins

RELVA - CAPÍTULO 2

Ter deficiência visual nos coloca em situações engraçadas, muitas pessoas acreditam que não estamos percebendo o que está ao nosso redor, mas ninguém imagina que não enxergo mas ouço dez vezes mais que os outros, então, os cochichos, as pausas na fala, a velocidade e a entonação da voz tomam forma
.
Dificilmente erro ao apontar que alguém está mentindo, seja por excesso de detalhes nas historias ou pela falta dos mesmos, sempre percebo a estrelinha, toda história tem um perfume, e muitas não cheiram bem como parece
.
16h12
.
- O que eu deveria dar para uma mulher se estivesse apaixonado?
- Sei lá, Levi.. algo bonito, que você goste muito? - Tipo uma Jaca?
- Que mulher gostaria de receber uma Jaca de presente? Diz Sara em um tom cansado debochado - Você está apaixonado Levi? Impressão minha? - Acho que estou ficando.
- Por quem?
- Arethusa.
Sara se ergue em tom de surpresa sob a grama verde. - A professora de Arte? Levi. Ela tem pelo menos o dobro da sua idade. É linda. Admito. Mas jamais ficaria com você.
- Ficaria sim. Uma jaca encantada e ela seria minha para sempre. Eles riem.
- Sara, ela é a única que me trata como alguém normal. A maioria dos professores falam comigo como se eu tivesse problema mental, sendo extremamente didático. Acho isso péssimo. Dia desses Arethusa chegou perto de mim e percebi o cheiro do cabelo dela. Parecia amêndoas e baunilha. Desde então sempre que ela está próxima eu reconheço e meu coração dispara.
- Levi, você está se iludindo. Ela não te quer. Nem você, nem a jaca.
- Sara, um homem que ama uma mulher sente isso de longe. O cheiro do cabelo dela deve ser reconhecido e admirado. Pode ser um amor platônico. Sim. Mas tenho direito de sonhar. Não? Sou praticamente cego, e é no escuro da alma que nossos sonhos mais íntimos se realizam
.
.
.
.
Sara imagina que tenho dez por cento de visão, devo ter bem menos, nunca disse isso à ela, provavelmente eu perca toda a visão em um ano. Vejo tudo em vultos. Vejo a vida em silhuetas. Sei que Sara tem cabelos castanhos e a minha altura. Não mais que isso. Mas sei que os lábios dela são doces como uma romã madura.
.
Imagina como? .
.
.
CONTINUA

Inserida por alanmottalins

RELVA - CAPÍTULO 3

Quando perdemos o básico, então valorizamos o mínimo, quando não temos nada, qualquer coisa é muito .
.
Só percebemos o ar, na falta dele, percebemos a importância da luz do sol, quando caminhamos em uma estrada na madrugada, a ausência nos amplia a visão .
.
Assim como a falta de luz nos cega, o excesso também. As vezes as coisas estão tão claras que fica difícil de enxergar o óbvio .
.
15h59
.
.
- O que você tanto escreve nesse livro, Sara? - Poemas, poesias e letras vazias -responde ela.
- Aposto que são cartas de amor.
- Não deixam de ser.. - Lê uma poesia pra mim.
- Nunquinha Levi, nunquinha
- Sara, que bobagem. São apenas 26 letras organizadas da forma que você quer. Escrita é isso. Apenas isso. - Sim, mas derramo meu coração nessas letras, tem meu perfume nelas. Um dia leio algo pra você.
- Hum, vou esperar então.
.
.
Você percebeu que hoje o dia está mais úmido? Acho que vai chover - diz Levi fechando os olhos sentindo o cheiro do ar. O barulho do vento entre as folhas está diferente
.
.
Muitas vezes na nossa vida somos avisados pelo perfume do destino sobre o que vem pela frente, nós não damos valor e perdemos as oportunidades de nos preparar
.
.
- Preciso sair do sol
- Mas já Levi? - Sim. Vou lá, diz ele, batendo as mãos na bermuda cheia de folhas - Vou ficar aqui mais um pouquinho - diz Sara
- Até.
- Até..
.
.
.
Sara observava Levi voltando pra casa alegre e feliz apesar de tantas circunstâncias difíceis, uma borboleta amarela o seguia, como que guiada por ele
.
.
.
.
.
CONTINUA

Inserida por alanmottalins

RELVA - CAPÍTULO 4

Quando escrevo, meu pensamento voa, me deixo guiar pelo vento interior, desembaralhando as letras colocando cada uma no lugar que melhor lhe cabem naquele dia
.
.
Meus pensamentos inquietos resvalam em dúvidas internas, esbarram em conflitos até colidirem em cheio com minha vontade de voar, vontade essa que percorre meu corpo até a ponta dos meus dedos escorrendo a tinta sobre a folha de caderno velho .
.
16h44
.
.
Hoje está chovendo, não irei encontrar Levi na cerca que divide nossas fazendas. Combinamos que sempre que houvesse chuva, iríamos procurar algo novo pra fazer e compartilhar no dia seguinte .
Resolvi escrever sobre algo que vi
.
.
.
Leve
em um bater de asas inquietas
sobrevoa o jardim
como um peixe livre
mergulhada em um oceano ar
.
Leve
solta ao vento, linda e frágil
assim como nossa vida é
voa ágil entre as folhas
nas asas pólen e esperança .
.
Leve
pousa em flores
sob o som
de todas as marchas
as nupciais e as fúnebres
Sempre está lá.. .
.
.
Leve
borboleta amarela
Leve
carregue até ele
meu desejo embuçado
Não te falte coragem
para pousar
entre meus dedos ou
nas costas do Leão Branco
.
.
Leve
minhas letras
Leves
.
.
Leve meu recado
através da brisa leve .
.
.
Levi pensa que não sei que ele é apaixonado por mim, eu também sou por ele, mas temos medo de assumirmos a acabarmos até com nossa amizade.
Infelizmente quando relacionamentos acabam ambos querem se afastar e até se tornam inimigos, não quero isso com Levi. Se for pra acabar nossa amizade. Nunca iremos namorar
.
.
.
.
CONTINUA

Inserida por alanmottalins

RELVA - CAPITULO 5

Arethusa foi um blefe. Quando perguntei pra Sara qual seria um presente ideal, na verdade eu queria sondar e fazer um pouco de ciúmes nela. .
Bobagem, mas alguns homens fazem isso, o famoso "jogar verde" pra colher maduro. Pra saber se realmente ela está gostando na mesma intensidade. As vezes funciona, as vezes não. Mas sempre é tosco, isso é fato.
.
Sara é uma pessoa linda, quando estou ao lado dela meu mundo fica colorido, comparar ela com Arethusa foi surreal, bem mais do que presentear alguém com uma jaca.
.
.
16h12
.
.
- Desapaixonei. Diz Levi reclinado na grama ainda úmida da chuva no dia anterior
- Da professora?
- Sim.
- Que bom Levi, você realmente não combina com ela. - Ah, Sara, somos cheios de amores improváveis, platônicos. - Sim, a gente se apaixona pela lua, de longe, ou pelas estrelas só pelo brilho.
- E o brilho da estrela é só o passado, sempre que vemos brilho, contemplamos o passado, pois elas estão tão distantes que o que enxergamos é a luz do que um dia ela foi. A maioria não existe mais.
- Levi, se a gente for pensar tudo é efêmero mesmo. Só não meu amor por você.
Levi mexeu sua cabeça na direção de Sara tentando enxergar e acreditar no que tinha ouvido, seu coração batia tão forte que ficou com medo que ela ouvisse os tambores dentro do seu tórax - Sara? Repete por favor
- Levi não vou repetir nada
- Você ouve bem até demais - disse ela - escorrendo a mão pela grama entre a cerca até tocar os dedos de Levi. Sara tinha unhas pintadas de preto, contrastando a pele branca leite, não mais branca que a pele albina de Levi. Agora pálido pela declaração.
- Ambos apertaram a mãos antes frias agora aquecendo a ponta dos dedos como um cobertor quente em dia de inverno. O coração de Levi volta ao normal, o de Sara se enche de ar. Ambos deitados na grama apenas ouvem o som das folhas e dos pássaros. Um fragmento bom de uma vida em paz. Juntos ali em seu universo particular
.
Levi pensa que acreditei na história da paixão pela Arethusa. Bobo. Eu sei que estamos ligados. .
Nossa vida é assim.
Dias de chuva.
Dias de sol.
.
Aproveitemos o hoje
Só temos ele
O eterno, agora.
.
.
CONTINUA

Inserida por alanmottalins

RELVA - CAPITULO 6

Fui ao oftalmologista. Parece surreal mas eu quase cego vou quase que semanalmente ao oftalmo, recebi uma notícia essa semana que me deixou com um sentimento estranho .
.
Nós nunca queremos enxergar as coisas como elas são, sempre maquiamos para que melhor nos sirva, amizades interesseiras, vizinhas fofoqueiras, palavras não ditas. Sempre fingimos não ver. Mesmo vendo. É incrível como somos capazes de negar o que está bem diante dos nossos olhos
.
.
- Sara, fui ao oftalmo ontem - diz Levi com voz cansada deitado na relva.
- Hã, e aí? Novidades? - Sim. Tenho novidades. Farei um transplante de córnea em 2 meses e após 20 dias de recuperação. Irei enxergar normalmente.
- COMO ASSIM?? VOCÊ ESTÁ FALANDO SÉRIO? Sara pula por cima da cerca e abraça Levi com um aperto que o fez rir com o susto e com a cena. - Sim, e as chances de sucesso são altas. - LEVI ISSO É MARAVILHOSO!!! - Sim, Sara também estou feliz, mas assustado também. Não sei como vou me adaptar a enxergar o mundo como ele realmente é. Igual aquele livro que te emprestei lembra? O escafandro e a borboleta. Me sinto daquele jeito, como se estivesse prestes a sair de um coma. Para uma nova realidade.
- Ah, Levi.. bobagem. Eu estarei perto de você. Te mostro esse novo velho mundo.
.
.
Sara beijou levemente o rosto de Levi que sorriu como se procurasse de onde havia vindo aquele toque sutil .
.
.
.
Como eu amo esse garoto, me dá vontade de explodir de chorar em tanta alegria ao saber que ele vai poder sair do casulo e ver o mundo. Quero estar ao lado dele em cada pôr do Sol, cada cor nova que ele descobrir. Eu estarei lá.
.
.
.
Pintamos a vida com a paleta de cores que nos dão. Busque novas cores.
.
.
.
.
.
.
CONTINUA

Inserida por alanmottalins

RELVA - CAPITULO 7

Acompanhe a luz amarela. Tente não piscar.
Percebi a tal luz "amarela" sobrevoar meu rosto da direita para a esquerda, cima e baixo. Amarela. Depois piscando como se fosse um disco voador em inspeção. O calor da lâmpada aqueceu meu rosto. O cheiro de álcool e resto de sopa de macarrão me dá náuseas.
.
.
Após apagada a lanterna, tudo escuro novamente, mesmo estando de olhos abertos. A cirurgia não deu certo. Presumo. Talvez agora nem vultos eu veja mais. Cheiro de macarrão sem sal horrível.
.
- Levi - tudo bem? - Sim - respondi. Como se estivesse falando com um espírito.
- Aqui é o Doutor Gabriel, chefe da equipe que fez a sua cirurgia. Preciso dizer que correu tudo muito bem. No entanto veremos seu progresso nos próximos dias. Por enquanto a sala ficará a mais luz, e nós iremos aos poucos aumentar a intensidade da luz. Para não agredir sua visão. Mas posso garantir. Você já tem cem por cento de visão. Descanse e se recupere.
- Obrigado doutor - respondi com a alegria de um detento com a porta aberta à sua frente após cumprir sua pena.
.
.
Comecei a reparar alguns detalhes nítidos da sala, mesmo no escuro. Frestas de luz, sombras, até enxergar nitidamente um relógio digital, uma confusão de traços que não fazem muito sentido afinal, fui alfabetizado em braile
.
.
Levi? Estou aqui. Me assustei. Seria mais um espírito? Não. Era a voz mais doce que um favo de mel escorrido sobre torradas quentes.
Sou eu Levi. Sara. Senti seus dedos quentes me tocarem a mão fria. - Lhe disse que estaria contigo. Todos os dias. Aqui estou. Relaxe e descanse. Temos muitas coisas pra papear. .
.
Uma lágrima emergiu do meu rosto, enquanto sons de pássaros harmonizavam fora do quarto. .
Bem te vi
Bem te vi
.
.
Pareciam me dizer:
Vem Levi
Vem Levi
.
.
Por dentro respondi:
Estou indo.. estou indo. .
.
.
CONTINUA

Inserida por alanmottalins

RELVA - CAPITULO 8

O tempo que Levi estava internado me fez sentir tanta saudade dele. Branquelo aguado tão amado. Tudo o que faço lembrava ele. Fui para a escola todos os dias apenas meu corpo, minha mente estava no sétimo andar acima dos céus .
Céus coloridos, de quem sonha colorido, ele sempre me disse isso - Sara - Sonhe colorido o céu é seu. Otimismo é algo que ele transborda. Mesmo em meio a tantas adversidades, nunca olhou a vida com maus olhos
.
Agora ele está em recuperação e eu aqui na grama esperando o dia que ele vai poder estar comigo novamente
.
Sinto falta do som da sua voz, do cheiro de shampoo quando vem com seu cabelo molhado ligeiramente desarrumado, ostensivamente lindo
.
Sinto falta das manias, das indicações de livros, dos pensamentos tão "fora da casinha"
.
Preciso contar um segredo, e tenho certeza que ele compartilha do mesmo desejo - quero que a minha primeira vez seja com ele - ah, como eu quero. E ele também quer. Eu sei disso. .
Vamos nos preparar para que seja um momento lindo, mas não vamos apressar as coisas
.
Tempo ao tempo
.
Leve Levi
Me leve
Pra perto de ti
.
Doce perfume de Jasmim
Cantarolar de um bem te vi
Som que te traz pra mim
.
Leve Levi
Me leve
Pra perto de ti
.
.
.
.
.
CONTINUA

Inserida por alanmottalins