Quase Morto
A Máscara da Hipocrisia
Existem pessoas que vestem máscaras tão bem que, por um instante, quase convencem o mundo e até a si mesmas de que são aquilo que fingem ser. São os hipócritas e mentirosos, mestres da manipulação, que moldam suas palavras e atitudes conforme o que mais lhes convém. Vivem para o próprio benefício, sem remorso, sem verdade, sem lealdade.
Dizem o que agrada, prometem o que não cumprem, inventam versões distorcidas da realidade tudo para alcançar seus objetivos pessoais. Na frente, mostram sorrisos e afeto; por trás, calculam, traem e distorcem. A sinceridade é apenas um disfarce, e os valores que defendem em público raramente são os mesmos que praticam em silêncio.
A hipocrisia se revela quando pregam a honestidade, mas vivem de mentiras. Quando criticam os outros por atitudes que repetem sem culpa. Quando fazem-se de vítimas para esconder o papel de vilão. São especialistas em enganar, em manipular emoções, em usar os outros como degraus na própria escalada.
Mas, por mais que consigam enganar por um tempo, a verdade tem uma força silenciosa ela espera o momento certo para se revelar. E, quando isso acontece, a máscara cai, e tudo que restará será o vazio de quem construiu a própria imagem sobre falsidades.
José Eduardo dos Santos, após quase quatro décadas no poder, viu-se numa encruzilhada inesperada. O homem que governou Angola com mão firme e consolidou seu legado sentiu a dor do abandono no fim da sua carreira política, o peso da traição. Não de um inimigo externo, mas de quem ele considerava aliado e sucessor.
A Humanidade Automatizada
Vivemos em um mundo onde quase tudo se move…
mas nem tudo está vivo.
Corpos trabalham, produzem, desejam, consomem, gritam por conexão —
mas poucos sabem o que pulsa dentro.
A maioria segue um roteiro invisível, herdado, imposto, internalizado.
É a automação da existência.
Pessoas que acordam e dormem sem nunca acordar de verdade.
Que no Brasil a alta cultura é quase impensável, ninguém pode negar. No entanto, os fabricadores de simulacros criaram aquilo a que posso denominar “fetiches culturais”, destinados a ludibriar os mais profundamente imbecilizados. Dentre esses fetiches figuram diplomas, bolsas, sapatos, roupas, trejeitos, sinecuras — à custa da própria dignidade, se necessário —, a fala pomposa, sibilante até, e a retórica de papagaio metido a gênio; em suma, tudo aquilo que substitui a cultura da alma por vaidades acadêmicas e estéticas.
O Amor Que Resta Aos Homens de sucesso
Meu irmão me disse algo simples, quase banal à primeira vista, mas que carregava uma densidade que só o tempo sabe revelar:
"Você não precisa mais de diplomas, nem de alguém mais bem-sucedido que você. Só precisa de alguém que te toque a alma."
E eu fiquei ali, entre o silêncio e o impacto, digerindo aquela frase como quem ouve uma verdade óbvia pela primeira vez — e se pergunta por que passou tanto tempo ignorando-a.
Percebi que, em algum ponto do meu caminho, transformei o amor em currículo. Como se relacionar fosse um tipo de compatibilidade curricular entre conquistas, graus acadêmicos e prestígio social. O afeto virou exigência. A conexão, performance.
Mas agora, com os pés firmes sobre o que construí e o cansaço de ter sido tantas versões de mim, compreendi que o que busco já não é idealizado — é real.
Não preciso mais de alguém que me prove algo, nem que me desafie intelectualmente em todo café da manhã.
Quero alguém que me olhe e me veja. Que compartilhe o silêncio comigo sem necessidade de quebrá-lo com explicações.
Alguém que não veja minha alma como um quebra-cabeça, mas como um abrigo.
Quando ele me disse aquilo, senti como se tivesse recebido uma autorização existencial para parar de lutar por mais.
Como se, finalmente, eu pudesse descansar do papel de quem precisa sempre encontrar o “alguém à altura”.
Porque talvez, no fundo, o que a gente precisa mesmo não é de alguém que nos ultrapasse,
mas de alguém que caminhe ao lado.
E foi nesse instante que entendi por que tantos homens bem-sucedidos, ao final de um ciclo, escolhem mulheres mais jovens, mais simples, menos densamente filosóficas.
Não por vaidade, como muitos presumem.
Mas por exaustão.
Eles já enfrentaram a vida com espadas. Já passaram pelas guerras do ego, das metas, das autossabotagens refinadas.
Já suportaram relações que eram debates disfarçados de encontros,
e agora desejam apenas um lugar onde não precisem se defender da complexidade.
Depois de tanta construção, o ser humano deseja um espaço onde possa apenas ser.
Leve. Inteiro. Sem precisar provar o próprio peso.
A verdade é que há um tempo para a profundidade que inquieta, e outro para a profundidade que acolhe.
Há um tempo para a mulher que provoca revoluções — e outro para aquela que silencia as tempestades.
E isso não é uma hierarquia, é uma travessia.
Porque quando se caminha o bastante, o que se deseja não é o extraordinário —
mas o essencial.
E o essencial, quase sempre, é invisível para quem ainda está tentando ser visto.
Tamara T Guglielmi
Um simples ponto.
Pequeno, quase imperceptível,
mas com a força de quem encerra.
Encerrar não é apagar;
é colocar o ponto exato onde a frase cumpriu seu papel.
E talvez, por isso mesmo, o fim de uma fase nunca seja apenas um fim.
É a pausa antes da próxima linha.
Hoje, concluo o parágrafo chamado "ensino médio".
Guardo entre suas linhas três anos que me transformaram.
Neles, fui vírgula, reticência, até mesmo travessão.
Mudei de tom, troquei de pele, aprendi a silenciar e a falar.
Conheci gente que virou parte do meu vocabulário afetivo,
professores que riscaram certezas e reescreveram caminhos.
Sou grata.
Pelas mudanças que me incomodaram,
mas me prepararam.
Pelas frases difíceis que quase não consegui terminar,
mas terminei.
Pelos capítulos que doeram e, mesmo assim, me ensinaram
a não desistir da história.
Agora, com o coração calmo e os olhos acesos,
inicio o parágrafo seguinte.
Título provisório: faculdade.
E quem sabe onde essa nova narrativa me leve?
Mas se há algo que aprendi com os pontos finais,
é que o adeus nunca é ausência,
é memória que permanece entre as páginas.
E essa parte de mim que agora se despede
ficará para sempre guardada.
Com saudade, com ternura,
e com um ponto final que não apaga,
mas ilumina
o que vem depois.
Dez - 2021
Sinto tanta falta de Matinhos que, se eu fechar os olhos por cinco segundos, quase ouço o barulho das ondas e dos meus amigos de infância correndo pela rua. Eu cresci lá — literalmente! Dos 0 aos 10, vivi cada canto daquela cidade como se fosse meu quintal. Conheço cada viela, cada sorveteria, cada professor que me ensinou mais do que só lição de casa. Aqui também tem gente incrível, claro… mas crescer com os mesmos amigos, vendo todo mundo trocando os dentes juntos (inclusive os da frente), não tem preço! Matinhos foi meu começo, meu lugar seguro, minha primeira versão. E quer saber? Eu levaria tudo comigo numa concha se pudesse.🐚💛
Viajei tanto no universo dos contos que quase no final da aquarela eu suspirei: eu ainda sentia que ela estava ali. Quando olhei para dentro de mim, meu sorriso calado era quase uma resposta para uma pergunta que eu desejaria ouvir.
As emoções são quase um instinto selvagem, simplesmente, às vezes mesmo sem palavras, elas pousam no seu íntimo para contemplar o silêncio do seu olhar. A perda da noção, dos limites, dá-nos um raro prazer de sentir, mesmo sem poder tocá-las.
Tudo o que faço nasce de uma grande paixão combinada com uma atenção quase obsessiva aos detalhes. Minha visão de estilo é perfeitamente clara e formada, e se reflete em tudo que leva o meu nome.
O hábito de refletir sobre mim mesmo finalmente me fez perder o sentimento e quase a recordação de meus males; descobri, assim, por minha própria experiência, que a fonte da verdadeira felicidade está em nós e que não depende dos homens tornar realmente miserável aquele que sabe querer ser feliz.
Vazio
A pedra para tampar o buraco é muito pesada!
Quase não tenho força para arrastá-la sozinha.
Mas, consigo!
Demorarei um tempo entre a dificuldade de arrastá-la e o querer fechar o buraco.
Aberto, ele doi! Mas, parece que respira!
E confesso que há uma certa esperança em sentir sua mão, cuidando dele e quem sabe, jogando a pedra para bem longe.
Mas sim! Me comprometo todos os dias, em trazê-la um pouco mais perto.
Até o dia, que finalmente não serás mais dor, memória, cheiro, toque, palavra, presença ou saudade...
E o vazio estará preenchido definitivamente pala pedra fria, que tomará o lugar do calor que você foi um dia!
Você sabe o que sente quando conhece a pessoa certa? Será que vai sentir aquela certeza, quase sagrada, de que a vida colocou bem na sua frente quem você sempre procurou... e que, de alguma forma, também sempre esteve procurando por você?
E aí, vamos reavaliar os planos, recalcular rotas, redefinir prioridades. De repente, o que parecia distante ou improvável passa a ser simples: construir, dividir, crescer. E, no meio dessa simplicidade, a grandeza de perceber que, sim, você está diante de quem pode ser mãe ou pai dos seus filhos, parceiro ou parceira de todos os domingos, cúmplice de todas as memórias.
Aquele conforto de estar na própria pele quando está do lado dela. Aquele encontro de olhos que silencia qualquer dúvida. E pode ser que dure uma vida inteira, ou apenas um recorte de tempo... mas o suficiente para mudar tudo. Para deixar marcas que, mesmo que um dia a vida se encarregue de seguir por outros caminhos, jamais serão esquecidas.
Porque, quando o amor se cumpre, quando aquilo que você via acontecer nos filmes acontece com você... não tem como negar: você simplesmente sabe. Sabe que o nome dela já estava escrito ao lado do seu, muito antes de vocês se encontrarem. Edgard Abbehusen
No momento em que estou quase de partida do mundo, eu me torno mais importante para ele do que ele é para mim. Portanto, preciso ser bem tratado, uma vez que só tenho praticado o bem.
Quase todo o Político se considera o centro do universo. Ainda que possa haver algum pequeno remorso, tudo gira em torno de seu interesse. O povo é constituído por "fantasmas" cujo destino é servi-lo.
