Quase
Nada muda no mundo quando você não caminha ao meu lado, as pessoas quase não percebem que falta metade do meu corpo.
...QUANDO JA SE ESTÁ QUASE SEM ALMA E SE TEM CONSCIÊNCIA DISSO, É PORQUE AINDA SE EXISTE.
Depois sentava e coNtemplava o mar. Numa hora dessas, torna-se dificil acreditar numa série de coisas, como, por exemplo, que houvesse país como a China e os EUA, ou um lugar como o vietnã, ou que ja tivesse sido criança. Não, pensando bem não era tão inacreditavel assim; a infãncia tinha sido um horror, impossível esquecer isso. E a vida de adulto: todos os empregos, as mulheres, de repente nenhuma, e agora desempregado. Sem ter o que fazer, aos 60 anos. Liquidado. Sem nada. Com um dolar e 20 cents no bolso, o aluguel, pago de antemão por uma semana. O oceano...recapitulou as mulheres na lembrança. Algumas haviam sido boas pra ele, outras não passavam de megeras, interesseiras, meio loucas e tremendamente brutais. Quartos, camas, casas, natais, empregos, cantorias, hospitais, apatia, dias e noites de pura monotonia, sem sentido nenhum, sem chance alguma.
A hipocrisia está tão presente em tudo, que fico a pensar que é quase impossível que um de nós já não tenha vestido suas roupas, caminhado com seus calçados, e falado com a sua língua.
Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.
Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.
Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.
Ele pegou meu rosto nas mãos, quase com indelicadeza, e me beijou, os lábios inflexíveis movimentando-se nos meus. Não havia desculpa nenhuma para o meu comportamento. Obviamente, agora eu sabia disso, e no entanto, não consegui deixar de reagir exatamente como naquela primeira vez.
Em vez de ficar imóveis, meus braços se estenderam para agarrar com força seu pescoço, e eu de repente estava colada em sua figura pétrea. Eu suspirei e meus lábios se separaram. Ele recuou, cambaleando, interrompendo sem esforço meu abraço.
Edward: Droga, Bella! - explodiu ele, ofegante - Você vai me matar, juro que vai.
Eu me curvei, segurando meus joelhos para me apoiar.
Bella: Você é indestrutível - murmurei, tentando recuperar o fôlego.
...O modo de mexer no cabelo, uma fala pausada, um olhar direto, um sorriso quase envergonhado, a segurança de não precisar se valer de estereótipos para agradar - charme. Bom gosto nas escolhas, saber a hora de sair de cena, fazer as coisas do seu jeito - charme. Estar confortável no corpo que habita, ter as próprias opiniões, alimentar sua inteligência com livros e pessoas igualmente inteligentes - charme. Não se mumificar, não ser tão inflexível, não virar uma caricatura de si mesmo - charme...
Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada.
Cada mundo tem suas próprias leis e suas concepções sobre quem é dono de que coisa: quase todas são diferentes.
Siga nu, quase sem vida, quase sem vontade, sem sono, sem fome, sem desejos. Mas siga o passo que está na sua frente, que já carrega uma dor menor do que o anterior. Aos poucos você deixará para trás essa carga horrível que você mesmo juntou e então poderá voar. Aos poucos cairá tudo, e só sobrará você. E você é feliz, sua essência é feliz.
Não só por isso, nossas verdades quase nunca são iguais as dos outros, e é isso que gera o que chamamos de solidão, desencontro, incomunicabilidade. Talvez a maneira como me debato seja natural, e até positiva. É possível que eu parta daí para um conhecimento maior de mim mesmo. Então estarei livre. Acho que meu mal sou eu mesmo, esses círculos concêntricos envolvendo o centro do que devo ser. Mas só poderei me aproximar dos outros depois de começar a desvendar a mim mesmo. Antes de estender os braços, preciso saber o que há dentro desses braços, porque não quero dar somente o vazio. Também não quero me buscar nos outros, me moldar ao que eles pensam, e no fim não saber distinguir o pensar deles do meu.
"... porque o que quase foi não pode atrapalhar o que ainda pode ser.
(...) E de escolhas e de perdas é feita a nossa história. Não há nada que se possa fazer a não ser carregar por um tempo um peso sufocante de impotência: eu escolhi que aquele fosse o último abraço.
Agora é outra que se perde em ombros tão largos, tomara que ela não se perca tanto ao ponto de um dia não enxergar o quanto aquele abraço é o lado bom da vida.
(...) Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo.
(...) Mas a realidade é que não gostamos desses tipos de filme fraco com final feliz, gostamos dos europeus "cult" onde na maioria das vezes as pessoas sofrem e perdem, assim como aconteceu com a gente."
(...) Quase nenhum sócios-seja qual for o sistema cultural a que ele pertença está inteiramente dentro de uma época ou de um momento cultural.
Será que Deus sabe que existe?
Acho que Deus não sabe que existe. Tenho quase a certeza de que não. E daí vem a sua veemente força.
Quase todos os absurdos de conduta surgem da imitação daqueles a quem não podem se assemelhar.
Almost all absurdity of conduct arises from the imitation of those whom we cannot resemble.
Quando o medo é quase absurdo, e principalmente quando o cheiro daquela respiração ameaça tornar-se insuportável, recorro aos jasmins.
Mas quase nem doeu, meses seguintes. Pois veio a primavera e trouxe tantos roxos e amarelos para a copa dos jacarandás tantos reflexos azuis e prata e ouro na superfície das águas do rio, tanto movimento nas caras das pessoas com suas deliciosas histórias de vivas desimportâncias, e formas pelas nuvens — um dia, um anjo —, nas sombras do jardim pela tardinha — outro dia, duas borboletas (...) havia ainda as doçuras alheias (...) e golpes de fé irracional em algum milagre de science fiction, por vezes avisos mágicos nas minúsculas plumas coloridas caídas pelos cantos da casa. E principalmente, manhãs. Que já não eram de agosto, mas de setembro e depois outubro e assim por diante até o janeiro do novo ano que, em agosto, nem se atrevera a supor.
Estou forte, descobriu certo dia (...) Porque não morri, porque é verão e eu quero ver, rever, transver, milver tudo que não vi (...).
Ela esquenta a papa do neto
Ele quase que fez fortuna
Vão viver sob o mesmo teto
até que a morte os una
até que a morte os una
