Quarto Privacidade
Incrivel a maneira como palavras e sentimentos invadem meu quarto no silêncio da noite. É algo a temer, escrever e ser fragil, simultaneamente, a essa hora faz de mim uma menina irreal"
O mesmo quarto que busco me confortar é o mesmo que encontro a solidão e o desespero atrelados em pequenas goticulas de poeira acumulada nos móveis velhos.
A saudade dói pra quem parte, mas como ela castiga quem fica. O quarto vazio, o silêncio que grita, o cheiro que impregna cada canto. Doença maldita, antídoto você.
"Estava arrumando o quarto - que minha mãe estava me mandando arrumar a uma semana - quando abri aquela ultima gaveta, onde ficava vários cadernos usados e muitas folhas jogadas, folhas que estavam bastante amassadas e empoeiradas. Eu ia jogar aquele monte de “lixo” fora, mas primeiro eu queria saber se tinha algo de importante lá - meus pais sempre colocam as coisas deles junto com as minhas. Achei aquele velho caderno de poesias, que eu não escrevia nada nele desde os dez anos. O primeiro poema era tão - nem sei se devia usar essa palavra - idiota. Era tipo assim: “Joguei meu lenço fora para pegar peixe dourado. Não peguei peixe dourado mas consegui um namorado.” Sério, se fosse tão fácil assim ter um namorado eu com certeza já teria jogado um lenço fora. Ri muito - muito mesmo - com esse antigo caderno, e depois de rir não iria jogar ele fora, até porque ele não é um lenço dourado. No meio desse caderno tinha uma folha solta, mas ela ao contrário das outras estava em perfeito estado. O que tinha escrito nela? “Uau, você resolveu voltar ao passado? Então agora sou eu que vou deixar uma dica para você aí no seu futuro: Se valorize, porque quem ama de verdade não modifica, completa!”. Era a minha letra, tentei lembrar o que tinha me feito escrever aquilo com dez anos, não consegui lembrar, mas agora eu sei que não vou esquecer mais aquela frase. Fechei o caderno e joguei tudo que estava na gaveta no chão, e guardei o caderno, ele estava bem guardado agora. Mas ainda tinha várias folhas e cadernos pela frente. Amacei muitos papéis até achar algo de útil - acho que hoje em dia não tem utilidade nenhuma, pelo menos não pra mim. Era uma cartinha que eu tinha ganhado de um garoto quando eu tinha dez anos, acho que tinha guardado aquela cartinha quando eu era pequena porque foi a única que eu recebi em toda minha infância. Na cartinha ele dizia que me amava e sempre ia me amar, mesmo com todos os meus defeitos e dizia também que por esses defeitos ele não me mudaria, me completaria. Pronto! Descobri de onde veio aquela frase no meio do caderno. Eramos inocentes crianças, mal sabíamos que o amor sempre causa problemas. Assim como arrumar aquela gaveta antiga sempre trás lembranças que vale a pena lembrar.Mexer naquela gaveta foi o mesmo que pedir para voltar no tempo."
Quantas noites você ja chorou sozinha trancada no seu quarto, e logo no dia seguinte passou pelo motivo do seu choro e sorriu?
Quando eu estou só, eu sou outra pessoa, quando estou no meu quarto, só eu me vejo como realmente sou, olhando no espelho e tentando ser forte, TODOS OS DIAS...
MESMO QUE EM SONHOS ...
Invada meus sonhos e me ame
Arrombe meu quarto e me tome
Desnude meu corpo e se encante
Se aposse de minha cama
mesmo que em sonhos...
Me deixe em chamas
Me tire pra dançar
Me ensina seus passos
Na dança do acasalamento
Eu te acompanho
Num mesmo compasso
Num mesmo rítimo
Corpo colado
Desejo confessado
Toque minha pele e me arrepie
Possua-me totalmente e me dê prazer
Entre nos meus sonhos
Sacie meus desejos
Nada me deixe pensar
Me cale com seu beijo
Com sua volúpia gostosa
Atice meu fogo
Me faça fogoso
Guloso
Que você quer saciar
Até se fartar
Mesmo que em sonhos
Me ame...
“Ela mostrava ser forte sempre. Mas o quarto, a almofada e o lençol sabiam que ela não era nem o terço que mostrava ser. Na verdade, toda noite ela desabava o peso do dia em lágrimas. Ser forte requer muito esforço.”
Sou clean, meu quarto parece quarto de hotel, não gosto de acumular pertences que não uso, tampouco utensílios inúteis. Se não uso, descarto, renovo, reutilizo, reciclo. Não gosto de nada trincado, arranhado, rasgado, enferrujado. Não tenho muito valor sentimental pelas coisas.
Já comprei muitas coisas que não prestaram por pura propaganda enganosa tipo o passador vertical que passa mais rápido que o ferro tradicional, dinheiro jogado no lixo. Contas pagas, não guardo nenhuma, pago no caixa eletrônico no dia do vencimento da conta, se houver alguma reclamação, solicito comprovante do banco. Estou menos consumista possível, aquela febre por sapatos, bolsas, jóias, livros, está passando completamente, ao invés de investir meu dinheiro em compras estou investindo em passeios, viagens, lazer, bem-estar. Mas esconda de mim qualquer quartinho bagunçado, entulhado, tenho vontade de jogar tudo fora, papéis velhos, objetos sem utilidade, odeio receber malas diretas, catálogos de lojas e simulador de empréstimos do cartão de crédito. Para que serve bebelôs, lembrancinhas de aniversário? Para empoeirar! Amo presentes úteis, uma vez ganhei lixeirinha de carro no casamento, canecas, canetas, imã de geladeira. A última foi transformar uma lata de leite em porta lápis, ficou bonitinha, deu um ar retrô na minha estação de trabalho. A única coisa que tenho demais é louça, não curto descartáveis a moda dos descartes, usa e joga. E essas louças tem mais de 10 anos, dá aquela trabalheira, lavar, enxugar, esconder da Tiffany, porque a bichinha não pode ver um monte de copos juntos que quer colocar cada pata dentro de um copo.
É tão mais fácil encontrar determinação pra mudar quando o universo é o seu quarto, lá fora é tudo tão mais difícil de sustentar.
“Às vezes eu me tranco no meu quarto e fico pensando na vida... De repente, quando eu percebo,estou chorando...”
Seu sorriso é o sol da minha manha, seu olhar é a janela do meu quarto, seus lábios é o porque resisto todas as manha chuvosas , você é o meu sonho que se torno Realidade!
E lá está ela, debruçada na janela de seu quarto, com rosto encostado sobre uma das mãos e com a outra… bem, a outra apertando o braço, coberto por um pano vermelho, bem, agora vermelho. Só se ouve suspiros acompanhados de soluços. Rastros de sangue no chão. Rios de lágrimas jorravam sem parar sobre sua face. Ela não aguentava mais aqueles dias clichês, tristes, aquela rotina monótona, todo aquele sofrimento. Ela criou uma fortaleza, pois acredita que nela poderia se proteger, ela se fechou do mundo, pois não acreditava mais nas pessoas, ela era infeliz. Ela sorria, mas seus olhos gritavam pedindo socorro, mas ninguém percebia. A menina que parecia alegre de dia chorava a noite, a menina que parecia forte por fora, era frágil por dentro, a menina que fingia não sentir, sentia.
Eu bati, escorreguei e cai. Meus pedaços caíram no chão do meu quarto, ficaram lá sem que ninguém os concertassem... Já me joguei tão forte que quando bati meus pedaços foram uma grande forma de um quebra-cabeça gigante. Mas são eles que, colocados de volta no lugar, fizeram-me ser o que sou hoje, fizeram-me ter a força que tenho hoje e me fizeram ser as experiências que vivi. Por isso sou um quebra-cabeça formado por partes diferentes, mas não importa o que aconteceu, mesmo despedaçado sempre estive completo e no fim do dia, sempre estive inteiro e totalmente reconstituído.
Nesse quarto escuro existe um menino assustado, ele é sozinho e teme que o mundo encontre o seu cantinho... Me entrega ele pra cuidar, eu sei guardar segredo eu sei amar... não conto pra ninguém que esse menino é alguém de barba e gravata e que esse quarto escuro é sua ALMA!
Tem dias que é preciso a solidão de um quarto escuro, o silêncio das palavras o aquietar da multidão - é preciso olhar para dentro estabelecer um dialogo consigo mesmo, se refazer dos machucados da vida.
Vou deixar o meu silêncio ser levado pelo vento até ele bater na sua janela, entrar no seu quarto e nele ficar.