Poesia Harmonia

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...E ainda nem é madrugada.

Hoje a solidão se fez imensa
Mais concreta do que nunca fora antes
... Palpo-a com minhas mãos.

Esperei-te o dia inteiro
( E quão inteiro foi este dia!)
Quisera ao menos tocar-lhe a face numa carícia.

Quisera pisar o solo que pisam os teus pés
Respirar o teu ar
Beber de tuas fontes...

Mas há apenas o som do teclado
à despedaçar meus sonhos em fragmentos.
... Desperta-me para o nunca.

Sim. Jamais beijarei tua boca!
E isto torna o dia sombrio, isento de magia.
Não há borboletas no jardim.

Porque hoje a solidão se fez imensa.
Calaste até tua presença etérea.
... Hoje não houve ilusão. Não houve!

E a solidão é intensa...
A saudade mais imensa ainda.
... Nem a poesia preencheu a lacuna.

Nem a poesia!
Porque hoje a solidão se fez imensa.
... E ainda nem é madrugada dos poetas.

DENTRO DA TARDE

A tarde seca e fria, de maio, do cerrado
Cheia de melancolia, deita o fim do dia
Sobre cabelos de fogo tão encarnado
Do horizonte, numa impetuosa poesia
A tarde seca e fria, de maio, do cerrado

O mistério, o silêncio partido pelo vento
No seu recolhimento de um entardecer
Sonolento no enturvar que desce lento
Do céu imenso, aveludado a esbater
No entardecer, seco, frio e, sedento

Perfumado de cheiro e encantamento
Numa carícia afogueada e de desejo
Seca e fria, a tarde, tal um sacramento
Se põe numa cadência de um realejo
Numa unção de vida, farto de portento

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa dum café devasso.
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura.
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorreste um miserável,
Eu que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.

«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.

Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez não o suspeites!-
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.

Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça.
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.

Adorável! Tu muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.

Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.

Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos mignonnes e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.

Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos venceria
O clarão dos relâmpagos noturnos.

Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.

Se a Laura dos meus loucos desvarios
Fosse menos soberba e menos fria,
Eu pararia o curso aos grandes rios
E a terra sob os pés abalaria.

Se aquela por quem já não tenho risos
Me concedesse apenas dois abraços,
Eu subiria aos róseos paraísos
E a Lua afogaria nos meus braços.

Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
E os lamentos das cítaras estranhas,
Eu ergueria os vales mais profundos
E abateria as sólidas montanhas.

E se aquela visão da fantasia
Me estreitasse ao peito alvo como arminho,
Eu nunca, nunca mais me sentaria
As mesas espelhentas do Martinho.

Defensora dos frascos e comprimidos
De nós malucos, sois a beleza
Protetora dos animais abatidos Prato cheio de sobremesa

Mesmo depois de todo esse tempo
o sol nunca diz à Terra
”Você me deve”.

Olha o que acontece
com um amor desses,
ilumina o céu inteiro.

Gosto dos plurais
naturalmente...
pois são abundâncias
e opções de ofertas
mas amo o singular
é BEM mais particular...
quando uma inspiração te poeta..
significa que as diversas possibilidades
já foram exploradas, testadas, medidas
e escolhida apenas uma no singular.
Odeio coisas "mornas"
deixo para experimentar
quando já frigida
estiver de corpo presente na lua álgida
dura e com as colunas rígidas.

Este teu sorriso de sol me encanta e
este olhar de mar é brisa a me acariciar
... E me encanta quando me canta,
com desejos de me encantar.
E ensejos de " Me tocar"
Tá confuso?
Me leva prá cama
e a gente poe tudo em "lençóis" limpos!
Encantador.
Elisa Salles

Quero tocar tua alma
com a genialidade de quem manuseia
um Stradivarius...
Solene, terno e apaixonado.
E com a simplicidade de quem faz amor no milharal
Assim,
Sagrado, ao mesmo tempo que carnal!
Vou tocar tua alma,
mas antes vou dedilhar as cordas do teu corpo.

o vazio me encarou
enquanto a música tocava
enquanto os pássaros brincavam
enquanto você me olhava

o vazio me encarou
enquanto suas palavras ecoavam
enquanto meu peito vibrava
enquanto nosso amor desmanchava

o vazio me encarou
enquanto os pássaros se distanciavam
enquanto a música parava
enquanto a porta fechava

o vazio me encarou
quando você me deixou.

o vazio me encarou
e eu encarei o vazio - a única testemunha do dia em que eu fiquei sozinho.

O GIGOLÔ

O gigolô do bangalô
vive a custa da sua flor,
suspira através d'ela...
Com olhar pela janela
e palavras de meu amor.

Piscou, pisca quando vela
ao beneficio da sua tutora
vez em quando arandela
trás uma flor p'ra donzela
e cachaça protetora.

Vai a farra e se esbalda
esbarra na sua amada
volta assim como fada
para casa da mandala
vai sonhar com a doutora

O gigolô de profissão
é peça na sua mão
manipula a paixão
que vive no coração.

Coitado é bem tratado
outros braços da caricia
trabalha como diabo
no intimo da sua malicia.

O gigolô do bangalô
é bambo em seu gingado
conta ponto com o pranto
e rir do seu rebolado.

Antonio Montes

Liberto
Com livre teor poético
Cheiro de café
puro expresso
pão com manteiga
e boas risadas
até dizer chega
sem pieguices
esteja amar
seja meiguice
é agradável ao paladar

Liberdade
Fragmentada
Tão limitada!
Posso ir!?...
Posso!
Posso vir?
Posso!
Até onde?...
Liberdade!
infinita...
Tão bonita
Liberdade!
Livre inclusive
Pra me perguntar
Posso tudo
De que me posso?
Se possuo a posse!?
Posso!!!
Mas devo?

Mulher,
criação magistral
de um artista detalhista.
Deus,
num momento de grande inspiração
deu vida ao amor
em forma de flor.
Mulher.
Sublimação.

Eu vou cuidar de ti
Zelarei de cada sorriso teu
Serei os sóis das tuas manhãs
Serei a ausência da tua dor
Serei a poesia que te encanta
e a música que te enleva e descansa das loucuras desta vida.
Serei teu vinho predileto e tua comida preferida
Serei teu amante
Teu amigo e teu rei.
... E se não for o bastante, querida,
serei o silêncio dos teus momentos
de introspecção.
Mas estarei sempre aqui.
Ao alcance do teu desejo de ser amada e da tua delicada mão.

Toca-me amor, toca-me
como nunca me tocara antes.
Não com teu beijo de amante
Não com tuas carne firme de desejo
Toca no fundo de minha alma
com o amor mais belo e mais sagrado,
dos meus sonhos velados,
dos meus anseios de menina
e com minha solidez de mulher.
Toca-me meu bem,
toca-me como eu quero
e como tu quer.

BALADA DO TEMPO (soneto)

... e o tempo passa, indiferente
apático, indo embora sem saber
poente na saudade, o alvorecer
mais um, outro, apressadamente

... dono dos gestos e do prazer
tristemente, tal uma flor dolente
que traga o frescor vorazmente
no ato da ação do envelhecer

e o tempo passa, inteiramente
sem que escolhamos perceber
e na lembrança, assim, assente

passa o tempo, e é para valer
sem que nada dele ausente...
Presente! Pois vale a pena viver!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

ÉS OCEANO EM MIM

Amo-te como quem ama o mar que amo
Deixo as ondas beijarem meus pés
Sinto no rosto a carícia da maresia...

Canto uma música,
recito um poema
Contemplo o céu azul de tudo
a enlaçar as águas profundas
numa conjunção perfeita no horizonte eterno.

Faço-me barco solto ao sabor do vento
Amo-te como amo o mar que amo
E volto para casa...
... Assim como não o posso te-lo junto à mim,
sem no entanto esquece-lo.

Tão paradoxal
Sem no entanto ser conflito.
Amo-te como amo o mar que amo.
És oceano em mim.

CHEIRO DE CERRADO

Quando a alvorada chegou, eu fui a janela
Sentei-me. O horizonte abriu, a vida arfava
Eu, ao vento, atraído, a essa hora admirava
E estaquei, vendo-a esplendorosa e bela

Era o cerrado, era a diversidade em fava
Céu róseo um mimo! A arder como vela
De pureza singela tal qual uma donzela
Que hipnotizava a alma, eu, observava

Então me perdi no perfume que exalava
O olhar velava com pasmo e com tutela
Aí, hauri toda a essência que fulgurava

E agora, fugaz, lembrando ainda dela
Sinto o cheiro, que na memória trava
Da alvorada do cerrado vista da janela

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

Gosto de uns
desgostos de outros
meu paladar é eclético
Gosto de alguns
desgosto de outros
meu tempero é poético

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