Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
CONTEXTO
Não sei o que se passa com meu versar
E nem sei por que tanto nele devaneio
Sei que preciso ter o poético imaginar
O que me faz ter n’alma o doce gorjeio
No sentimento está tudo o que preciso
Na emoção tenho aquele gostoso olhar
E nos românticos versos o largo sorriso
Então, porque estou sempre a vitimar?
Me vi perdido nos sonhos espalhados
Mas cá no coração ainda pulsa o amor
E os propósitos emocionais acoimados
Sou como um bardo cheio de carinho
Um trovador que canta com o ardor
O contexto, tal o canto do passarinho!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 agosto, 2022, 20’16” – Araguari, MG
NOVAMENTE (cerrado)
Inverno, secura no cerrado, tempo ateu
Galhos desfolhados, chuviscos cobiçosos
Numa imensidão dos diversos frondosos
O ipê, na aspereza, com beleza floresceu
Melancólica brisa, surgiu, e se escondeu
Aquele horizonte em devaneios saudosos
Aguerridos gramíneos em vigores teimosos
Cá em agosto no planalto, singular apogeu
Tudo empoeirado, rara aquela boa aragem
O vendaval se atirando no infinito do nada
Desnudado os tortos galhos, díspar imagem
Mas, o cerrado convertedor, intensamente
Passa tão audacioso pela árdua temporada
Para em outubro, viçoso, brotar novamente
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 agosto, 2022, 16’16” – Araguari, MG
POÉTICO SONETO
Pode passar o tempo, seguidamente
Pode haver estória sem ter fomento
Mas quando o poeta fica sem alento
A prosa se torna morna inteiramente
Anos a fio, tendi ir em frente, tente!
Ou viver somente carente e sedento
O fado, por certo, deixará fragmento
E o versejar não terá parte da gente
O poema chora, fica contente, é amor
Desta vertente a sensação é um teor
Tem prazer, dor, mas nunca obsoleto
Tudo, o acaso, ao trovador é paralelo
Traçando um sentido delineado e belo
Contado, então, num poético soneto!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 agosto, 2022, 19’36” – Araguari, MG
TRAGO
Trago a prosa na alma, inteiramente
Como se fosse uma tocante sinfonia
Que me invade e do profundo irradia
Inspiração. Sou da poética pendente
Trago no âmago o lírico praticamente
Olhares, agrados e sensível harmonia
Em cada versejar o trovar com magia
Sou apaixonado, ao acaso indiferente
Trago o canto, na cadência, atraente
Sou instante, um todo, o total afago
Um Bardo cheio de emoção presente
Trago sensação, premissa dum amador
Para o meu contentamento, tudo trago
Menos a perfídia daquele amado amor
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 agosto, 2022, 21’07” – Araguari, MG
PASSADO
Passado. Pra que desenterrá-lo
Se já passou e, assim, encerrado
O agrado se foi, então, é andado
É uma lembrança, antigo regalo
Então sinta sem o acaso vassalo
Pois, na recordação está fixado
E no tempo remoto, ali, deixado
O novo, porque não vivenciá-lo
Na verdade, tudo tem um final
E o que importa é estar amado
E na métrica do viver é ser real
E, mesmo que estejas indignado
Cuide bem, e que seja essencial
Deixando no outrora o passado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/09/2022, 05’55” – Araguari, MG
QUEM NUNCA?
Me desculpe a poética e os poetas
Se meus versos nos contos são iguais
Com prosa e prioridades tão formais
Com saudades de outrora, inquietas
Pois, minhas sensações são repletas
De narrações, e cadências musicais
Do coração, como ilusórios cristais
Um clássico, com emoções diletas
Deixai a literatura com seu lirismo
Não roubemos o amor do emotivo
Deixai-o com seu sentimentalismo
Há mutação, pois, nada é definitivo
Em cada prosa, em cada verbalismo
Quem nunca? De estórias foi cativo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/09/2022, 17’04” – Araguari, MG
POETA
Ele, tem tanta poética e tanto segredo
O sentimento no seu encanto, riqueza
Nos teus versos aquela suave sutileza
Ritmo, do canto acalanto, um enredo
Tu, trovador, tão cheio de arremedo
Que roga, suspira e também a tristeza
Mas em sua alegria tem a doce leveza
Olhares, ilusões e aquele ímpar medo
Duma inspiração, sempre, sussurrante
Tirando a prosa de um poço profundo
D’alma, de maneira meiga e insinuante
Ah Poeta! Tudo, mais que um segundo
Uma imensidão, um vilão e um amante
Posto aos seus pés o devaneio fecundo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
05/09/2022, 13’37” – Araguari, MG
Vivência aos 90 anos
Gasta-se o tempo em verso
a vida tentando o descrever
na alma o seu imerso
o pensamento tentando ler:
- Inquieto, vivo... os 90 anos!
Ele tão dentro, a vida tão fora
Inquieta vive
Uma vida corrida, de planos
De prosa, momento,
Custa o que se sente
Não importando o declive
Se vai inteiramente
Da sua maneira
Tendo uma vida inteira!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/09/2022 – 08’41”, Araguari, MG
*para os 90 anos de Daisy Lemos Dorazio
AUSÊNCIA, UMA
A folha em branco, uma ausência apossa
Do coração. Nada é leve, a emoção vazia
Sem calor, tão desamparada está a poesia
A noite adentra e uma prostração endossa
Letras amargas, cruas, vou até onde possa
Sentimento solto ao vento, de pouca valia
Que a própria poética no versejar desafia
Em um carecente que está solidão esboça
Fomentos que com um pouco se asilam
Se fazendo indolente, inusual e horrível
Como rabiscos fossem, assim, suspiram
Olho a folha em branco, atento, sensível
E das inquietas sensações, nada cintilam
Somente um volúvel sussurro inaudível...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 setembro, 2022, 22’42” – Araguari, MG
COLCHA DE RETALHOS
Retalhos, numa colcha alinhavados
De acasos, e os momentos de aparos
Bordando o tempo, e seus preparos
De distintos sentimentos passados
Aqueles bons, e aqueles de agrados
Que se encaixam total, sem reparos
Que se faz com que, sejam tão raros
Também, os que nos traz os enfados
Detalhes duma sorte, irregular e doída
De uma sensação, o todo ou metade
Engano ou certo, na quimera garrida
Ah a vida! Vivida! Partes de felicidade
Entrelaçados numa chegada e partida
Todos eles ornamentando a saudade!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 setembro, 2022, 15’17” – Araguari, MG
NUMA SÓ PERCEPÇÃO
Da poética, no divino lirismo, com certeza
Terá olhares, os suspiros, em todos saberes
Que habitam o coração, com seus quereres
Tão cheios de cores, amores e suave beleza
Do fundo do soneto, surgira de uma pureza
D’alma, as juras, sorrisos, e ternos prazeres
Em altruístas versos de generosos haveres
De quem é gracioso pra sensível gentileza
Palavras providas daquele agrado imenso
Com muito da sensação, tal arte barroca
Cheia de excesso e de compasso intenso
Quão bom o ledor tivesse, assim, a noção
Nas entrelinhas da poesia, lidas pela boca
Ter o poeta e a criação numa só percepção!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 setembro, 2022, 12’07” – Araguari, MG
SAUDADE
Saudade, suspiro queixado na mente
O sol poente duma situação passada
Aquela melancolia no tempo gravada
O perdido dantes encaixado na gente
Uma poética opaca que a poesia sente
Vazio insistente, motim, a alma calada
Migalha nostálgica em uma dor selada
E, no peito a alta solidão, inteiramente
Sofrente sensação que a noite sustenta
Que espinha, apimenta e tanto inquieta
Uma angústia que embala e apoquenta
Exala um sentimento de ligação direta
Ao sofrimento, o ocaso que desorienta
Um tal regular versejar de todo poeta!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12, setembro, 2022, 17’00” - Araguari, MG
PAIXÃO
Paixão, tem tanto mistério, tanta graça
Tem encanto, frenesi, tem ímpar beleza
Tem do coração domínio, ávida afoiteza
Arrebata, ata, torpeza, e ao amor traça
Paixão, fascinante olhar que despedaça
Arruaça a alma, mas, tem a delicadeza
De um sentimento tomado de surpresa
Em cada gesto, cada beijo, e no que faça
Ah! Paixão, no desejo aquela constante
Ao segundo faz do tempo uma sensação
Emoção, num jogo poético e insinuante
O sentido profundo, impulso, sujeição
Afável sedução, atraente, um amante
Que ajoelhado aos pés, rende-se a razão...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 setembro, 2022, 17’42” – Araguari, MG
SONETO DE AMOR
E, foi assim, de repente, aconteceu
Com a alma alumiada, doce sentido
Aquela esperança, o olhar revestido
De poética, então, o amor apareceu
Pois, o sentimento já não era só meu
Fui de sensação e agrado aspergido
Em um lirismo de outrora perdido
E agora, tão apaixonado, e tão seu
Não me envergonha ser acometido
De sentimental coração, enamorado
Cheio de ardor, que por ti, enchido
Um relicário que no peito faz suspirar
Tão intenso, vibrante e compassado...
Bom. Como é tocante poder te amar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 setembro, 2022, 21’04” – Araguari, MG
PARTILHA
Sinto a inspiração que percorre
Por toda a entranha de meu ser
Quando de ti o verso a escrever
Saudades, que de dantes escorre
Sinto a minh’alma em um porre
De carência, roubando o prazer
Do tempo, que mais quer viver
Quando na prosa o vazio ocorre
Sinto não ter o cuidado presente
Se a tua falta, agora, é realidade
E os versos os sussurros da gente
Sinto no peito toda a infelicidade
E na partilha uma dor que se sente
Dum amor que perdeu a vontade!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15 setembro, 2022, 21’14” – Araguari, MG
ALÉM DISTO OU AQUILO
Trago nessa narração a forte saudade
Como se fosse um dramalhão à revelia
Que me manuseia e da agitação irradia
Uma falta, tão sentida e tão de verdade
Trago na prosa um desejo pela metade
Pesada de suspiros, com uma alegoria
Já passada, abarrotada de melancolia
O duro dantes sem qualquer piedade
Trago lágrimas, choradas, de tristeza
Leveza roubada da alma, sem afago
Trago os versos nus e sem gentileza
Tudo trago, numa poética sem vacilo
Também, cântico de sedução, trago!
Pois, amar, vai além disto ou aquilo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17 setembro, 2022, 16’38” – Araguari, MG
SONETO PLATÔNICO
Por eu saber que nunca serei teu tema
permita que te diga algo, poeticamente
por tímido ser, deixo no acaso reticente
suceder cândidas juras, través do poema
Não me queira mal, neste frouxo dilema
pois, não sabes que te amo loucamente
e que de teu doce olhar sou confidente
e servo, com o coração eivado de selema
O meu verso está cheio de ti, adorativo
Imagina-te, vive com fascínio pensativo
Em cada cântico uma ode a lhe compor
E, se sorris olhando-me inteiramente
Parece-me que estás a ris unicamente
Por supor que nunca serei de ti, amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 setembro, 2022, 15’41” – Araguari, MG
POESIAS DE AMOR
Poesias de amor são doces razões
Perfumadas, de luz intensa, plenas
E, das sensações as mais centenas
Como são nobres nas inspirações
Aos olhares, sensíveis emoções
Aos corações, as poéticas cenas
Esplendidas satisfações serenas
De versos tão cheios de paixões
É um pastorear do sentimento
A felicidade que nos demanda
O versejar do ímpar momento
Ao poeta, os contos, estórias boas
Dando o tema, que o bem manda:
O sentir e fascínio para as pessoas...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 setembro, 2022, 17’51” – Araguari, MG
BEM LONGE
“Vai longe, na memória da distância”
A recordação que assim teve validade
E dá vontade de arrancar da saudade
O amor que outrora era de relevância
Suspiros me invadiam em quantidade
No sussurro da solidão, sem elegância
Largando a quietude sem importância
Em um versar devorador. Ó Piedade!
É que andava no silêncio tão poente
E nos versos de cântico tão ausente
Sem apreço, sensações, significância
E aquela rosa que ficou na lembrança
Do tempo, então, deixo-a de herança...
Bem longe, na memória da distância!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 setembro, 2022, 17’45” – Araguari, MG
paráfrase José Antônio Jacob
SONHEI-TE
Sonhei-te, assim, como não gostaria
Com toda a sedução que de ti desejo
Num calor ardente que me consumia
Devaneando a cada um intenso beijo
Instigada ilusão desta penosa fantasia
Dum sonho desdouro, então, gaguejo
Te vejo, afável, onde não mais deveria
Pois, do dantes não mais há o cortejo
Sonhei-te, a cada noite, num vaivém
Em um flanar com a sensação nervosa
De uma emoção figurada e mentirosa
Sentimento que não quero a ninguém
E tão pouco para o meu coração quero
No não querer, sonhei-te, e não reitero...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 setembro, 2022, 05’16” – Araguari, MG
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