Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

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"Muitas coisas se dizem, que não deviam ser ditas; muitas outras se calam, que não mereciam calar-se.
As palavras são as mesmas, em um e outro caso; só a conveniência delas, na circunstância, é que varia.
E na variação, fica o dito por não dito.
A menos que o convicto (ou o teimoso) diga: “Digo e repito”.

(Carlos Drummond de Andrade, no livro “Os dias lindos”. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)

Nós não sabemos interpretar o silêncio,
nele tudo dará margens para a presunção,
a interpretação errada
e a desconstrução dos nossos sonhos.

A arte de ser feliz

Não é fácil ser feliz,
mas é preciso coragem
para não se entregar,
e caminhar na direção
dos nossos sonhos e objetivos,
no exercício da arte de ser feliz.

Eu não sou daqui,
não vim para ficar.
Tudo o que eu tenho,
tudo o eu posso levar,
está no meu barco.
Agora é hora de voltar para casa.

O homem é um rio poluído

O homem é um rio poluído,
pelas impurezas que encontra no seu percurso.
O pensamento que antes fluía intensamente,
agora se arrasta lentamente,
carregado dos males, inquietudes e incertezas,
que os esgotos e as águas de outros rios,
despejam na sua correnteza.
Nenhum homem é capaz de ser como o mar,
tão imenso e vasto, que nem se importa
com a sujeira que despejam nas suas águas.
Mas, se não se pode ser como o mar,
que tem a água salina pela indiferença,
também não se pode ser como a água doce,
e temos, como o rio,
o direito de mudarmos o curso do trajeto,
e se represados todos os males,
um dia transborda
e lança nas margens,
toda a sujeira,
com a maré da enchente.

Nós somos o nosso próprio céu e inferno, e precisamos enfrentar as mazelas, traições, infortúnios e injustiças que encontramos pelo caminho, num universo corrompido pelo poder, ganância e lucro.
Mas, é isso o que temos para hoje, e se faltar coragem, saia assim mesmo, na esperança de encontrá-la pelo caminho.

A vida não se resume em desejar a posse de coisas e bens, porque a conquista cria um novo desejo e uma nova angústia.
Muitos, na juventude querem ter as coisas que se conquistam ao longo do tempo, outros, na velhice, dariam tudo o que conquistaram, para ter a juventude de volta.

As palavras que expressam sentimentos
não contêm emoções,
mas podem despertá-las,
como um vulcão adormecido,
no coração de quem lê.

As coisas que realmente importam

Não importa o que fomos,
mas apenas o que somos
e o que poderemos ser;
Não importa o que fizemos,
mas o que estamos fazendo
e o que ainda poderemos fazer;
Não importa o passado,
muito menos o futuro,
o que realmente importa é o presente,
onde reside o nosso ser.

Sentido da vida

A vida pode não ter sentido,
até que lhe demos o sentido que queremos.
A vida pode ser como um poema,
onde as coisas incompreensíveis
não precisam ter tanta importância.

Viver é sentir o momento

Viver é ser nós mesmos,
sem desejar ser outra pessoa,
é sentir apenas o momento,
sem comparar com outros tempos.

Viver é desejar o melhor,
sem desprezar o que se tem,
é compartilhar sentimentos,
buscando o bem próprio e alheio.

Viver é ter capacidade para recomeçar,
pintando cada dia com novas cores,
porque repetir hoje o que foi ontem,
é refazer sempre a mesma tela.

Viver não é ser escravo do passado,
ou apenas um sonho do futuro,
mas se alimentar do presente,
para ser autor da própria história.

Cante, ria, dance, divirta e desfrute a vida,
não dê tanta importância às questões sem respostas, se o sentido da existência está presente no amanhecer, na paisagem, na amizade e na sinceridade do olhar.

A força é alimentada pela persistência,
mas é a resiliência que não nos deixa desistir,
e nos faz recomeçar,
quantas vezes for preciso.

Você será reconhecida
pelo seu nome e suas atitudes
e não pelas suas roupas
ou cor dos cabelos.

Ela curte mesmo é ser admirada,
sem pressa para ser descoberta,
porque tem um universo inteiro
inexplorado, no corpo e na alma.

Amar é contínua conquista,
iniciativa e atrevimento,
é alimentar sempre um lobo,
que caça para nos saciar.

Não há caminho

Enfrente os teus próprios medos, obstáculos, desertos ou pedras: que o caminho se fará debaixo dos teus pés.

A Bíblia narra histórias que parecem surreais e inacreditáveis, como atravessar um deserto em quarenta anos; sobreviver numa fornalha ardente; abrir rios e mares; caminhar sobre as águas ou transformar a água em vinho.
A mensagem viva que se extrai da letra que é morta, diz que não importa a dificuldade: se tivermos um desejo ou uma necessidade, temos que enfrentar os nossos próprios desertos, fornalhas, pedras, rios, mares profundos ou apenas o medo e os obstáculos.
Maria tinha um desejo de entrar no sepulcro (não era uma necessidade), mas ela sabia que tinha uma pedra na porta.
Moisés sabia que tinha um mar pela frente (atravessá-lo era uma necessidade).
Eles poderiam ter desistido, sem tentar, porque não tinham como remover a pedra ou atravessar o mar, mas optaram por seguir em frente.
É isso! Ainda que não haja um caminho, ele se faz debaixo dos nossos pés.

A falência da sociedade humana

A falta de manutenção do sentimento
que motivou o namoro
leva ao fim do casamento,
com a falência da sociedade humana,
pouco importa o nome que lhe atribuímos
e, não as consequências da vida ou do destino,
nem da incompatibilidade de gênios,
mas do egoísmo,
que se traduz no individualismo,
na falta de reciprocidade,
hipocrisia, desrespeito e traição,
como sinônimos de indiferença
e pouco caso.

Ela é uma fera solúvel em água,
que dá à vida um certo ar de graça,
e que me perdoem os homens,
mas a mulher é fundamental.

O recomeço do fim

Não temos o luxo de nos darmos por satisfeitos ao término de um relacionamento. Claro, que não dá para insistir em algo que não vem dando certo, mas além de encerrarmos um ciclo, temos que reconhecer a falência de algo em que, ainda que por um momento, acreditamos ser a realização de um sonho e de um encontro de almas.
Mais do que encerrar uma etapa, reconhecemos que não nos empenhamos o suficiente, não demos tudo o que estava ao nosso alcance, não nos esforçamos o necessário, assim como, também, não fomos totalmente correspondidos.
Reconhecemos o fracasso, sucumbimos ao egoísmo, ao individualismo e não fomos humildes o suficiente para cedermos, para descermos de um falso pedestal que nos coloca acima do outro, quando somos exatamente iguais, todos sujeitos aos mesmos erros e paixões.
Não deve haver satisfação alguma no fim, nem mesmo pela possibilidade de um novo recomeço. O fim é algo lamentável, como a morte de um sonho, e não deve haver orgulho em colecionarmos esqueletos, dentro ou fora do armário.

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