Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

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⁠BORDADEIRA

No universo mágico
De linhas e bastidores
Seu trabalho revela
A artista genial
Que existe dentro dela.
A agulha em sua mão
Vira condão de fada
E faz surgir no tecido
Pedaços de fantasia
Sob a forma de bordado.

Inserida por memoriadekleberlago

⁠SAPATEIRO

Na lide cotidiana
do interior da oficina,
quase sempre indiferente
ao movimento das ruas,
esse operário trabalha
a sola crua e a pelica,
preparando proteções
para os pés que dinamizam
o vaivém da vida

Inserida por memoriadekleberlago

⁠Nosso amor é lindo, tão lindo!
Amor assim tão infindo
Nunca pude imaginar
Passo os dias pensando
Teus braços a me enlaçar
Teus lábios, os meus a procurar
Só antevendo o momento
propício a nos encontrar
Ouço o mar a marulhar
No alto a lua a testemunhar
Juras de amor fizemos
Nosso amor eternizamos
De mãos dadas caminhamos
pela areia
nossos dedos entrelaçados
De um lado o mar sem mim
de outro, seu olhar em mim
A brisa leve no rosto
nossos corpos a se roçar
Tudo parece nos convidar
ao mergulho do amor
Deitados na areia
nosso peito a arfar
tudo parece girar
É o amor que acontece
num delírio ensurdecedor

editelima 60
Março/2025

Inserida por editemendes


Versos vazios, palavras soltas,
Sem alma, sem coração, sem causas.
Escritos por hábito, pela costume,
Sem paixão, sem fogo, sem destinatário.

Nenhuma gota de amor, nenhuma lágrima,
Apenas letras, apenas rimas.
Sem significado, sem propósito,
Apenas palavras, apenas verso.

Eles não tocam o coração,
Não acordam sentimentos, não despertam.
São apenas sons, apenas ruídos,
Sem vida, sem amor, sem sentido.

Mas ainda assim, são escritos,
Porque é um hábito, porque é um vício.
Sem amor, sem paixão, sem alma,
Apenas palavras, apenas poemas.

Inserida por Alexandro_O_Sousa

⁠Amargo é o gosto que se sente
Quando quando a gente
Não sabe amar.

Amarga é a pessoa
Que um dia veio a me amargurar.

Inserida por Alexandro_O_Sousa

⁠" PENAR "

Pois é! Colhemos nós da decisão
os frutos, muitas vezes, prematuro,
do que devia ser outro futuro
se déssemos, por voz, o coração!

Mas não! Teimamos nós seguir no escuro,
palpar o que parece-nos paixão
pra descobrir, depois, que era ilusão
e que só nos sobrou temor e apuro.

Porquê fazemos isso como amor
tornando-o sofrer, penar e dor,
se o que se quer é tão somente amar?

Colhemos, pois, da decisão errada,
o fruto de uma vida condenada
aos mais dorido e insano, em nós, penar!

⁠" FICAR "

Será que estamos, nós, na estrada certa
dispostos a seguir a caminhada
que deu-nos, o destino, por jornada
ao nos deixar, do amor, a porta aberta?

Às vezes vejo que ela está tomada
por uma sina sem destino, incerta,
por outras, que ela fez-se por deserta
sem ter uma, sequer, alma penada.

Erramos nós alguma das saídas
pra termos, hoje, chagas e feridas
no que devia ser felicidade?

Será que a estrada é essa, de verdade?
Me diga, por favor… Por caridade…
Não tenho, em cá ficar, sequer vontade!

Frenesi de amor


⁠A noite era de festa
muito elegante ele chegou
Ao vê-la toda faceira
tão linda em seu vestido esfusiante
Não resistiu
logo um beijo lhe roubou
Ela terna recua timidamente
Ele no seu arroubo de homem ardente
gentilmente a arrastou
para que juntos ficassem
Longe de olhares maledicentes
Dançaram a noite toda
num grande enleio de paixão .
Mais tarde o grande finale
amou-a com frenesi
A sós no quarto ali rendidos
e do mundo esquecidos .
*******************

editelima 6o
Março/ 2025

Inserida por editemendes

⁠" DEVO? "

Eu sei que essa proposta de paixão
tem lado bom, mas tem malícia, enfim!
Me ponho sem saber se eu digo sim
ou se é melhor, de cara, dizer não!...

O papo é meio brega, ruim, chinfrim,
e aponta um ego enorme, confusão,
que indica uma armadilha à ilusão
e pode dar dor-de-cabeça ao fim.

Porém, quem me propõe tem lá beleza,
um pé no luxo incauto da nobreza
e há grana na jogada a meu favor…

Sei lá se digo não, se sim… Que foda!
O romantismo, eu sei, caiu de moda
mas devo dar-me a tal sem ter amor?

⁠" ARTEIRA "

Sapeca, brincalhona, bruxa, arteira,
foi sempre uma mistura inesperada
que a faz ser acolhida, aceita, amada
sem que se ponha, a tal, qualquer barreira!

É dama na alegria acostumada!
Com ela, o sério é pura brincadeira
e o riso é a sua forma costumeira
de se ir levando a vida nessa estrada.

É facil apaixonar-se por seu jeito
maroto, leve, dócil, de respeito,
e com seu toque mágico e festeiro…

Tá afim? Entre na fila, dada a chance,
mas acho não estar ao teu alcance
já visto que, eu aqui, sou o primeiro!

⁠Resignificar a vida
Buscando o bem e o amor,
Diminuir o ritmo da corrida
Para aliviar a dor
E abraçar o que é de verdade
Encontrar conforto na felicidade,
Ser melhor em cada instante
Para garantir um futuro brilhante.

Inserida por warleiantunes

RELATIVIDADE

O pobre não é tão pobre:
A visão dos jardins lhe pertence.
O rico não é tão rico:
Ele não pode permanecer acordado.

Inserida por JCassais

⁠Na palavra
O renascimento de tudo.
Hoje é o que temos,
Não confiar
Na dúvida que é o amanhã,
Abraçar agora
E esquecer o mundo
Lá fora.

Inserida por warleiantunes

⁠Se fosse possível
Se fosse possível, mudaria nada outra vez ,
repetiria tudo que não aconteceu,
Me banharia da chuva seca de escassez,
Admitiria o fracasso dos sonhos teus
Mergulharia profundo na sensibilidade raza de sua existência
Como quem crê na sabedoria retrógrada de aparente excelência
Militaria voraz a constância singular de suas imprevisíveis ideias
Eu seria o que jamais fui,
mas o que sempre sonhei,
não para mim,
mas para a geração que hoje não pode voltar
Me oferecem um futuro breve .
Devo aceitar?
Sinalizam um afeto sincero,
Devo me acomodar?
De todas as coisas bonitas que falou, acredito no vagueio do seu olhar
Que assim como um rio calmo e despretensioso operando a normalidade ,
Não se perde de vista sua real necessidade
De caminhar firme sobre estratégias sinuosas
Cumprindo o rito de sua missão imperiosa
Abrindo passagem em meio a concretos de desilusão.
Como um grande castelo de areia moldado sem mãos
Posso abster quando outra vez me indagar
Meu nome mudou agora me chamo mar

Inserida por Dangabriel1993

⁠" COMEMORA "

Não sei o que passou-te ao pensamento,
mas tem sinais bem claros de saudade!
De alguém? De algum lugar? Da mocidade?
Tocou-te, é certo, a fundo, o sentimento!

Não veja nisso crítica ou maldade
pois quem não tem, do outrora, algum alento?
Qualquer que seja a causa do momento
melhor curtí-la em toda intensidade.

Mas nunca perca o olhar do que porvir
e empenha-te, pra lá, deixar-te ir
levando, na bagagem, o aprendido…

O que, no pensamento, veio agora
por certo que a paixão já comemora
por conta de um amor por ti sentido.

⁠" ACABOU "

Foi lá nos tempos postos na elegância
que fez-se forte a mágica do amor
e colocou o mundo ao seu dispor
ao exalar sutil a sua fragrância!

Mudou tudo o que havia a se compor
em nova e inexorável substância
e o cosmo lhe acolheu sem relutância
qual se o feitiço desse-lhe vigor.

Tudo era romantismo, efervescência,
paixão voraz coberta de inocência
num sonho de perfeita sociedade…

A mágica acabou! Perdeu o efeito
e tudo se esvaiu qual se desfeito
o amor um dia exposto à sua vontade!

⁠" DEMORA "

Eis que não vem! Demora! Pôxa vida!
Não sabe que eu aqui fico na espera
e que, esse atraso, só tristeza gera
por conta da paixão me concedida?!

O coração se agita, em mim se altera
por certo na saudade recebida
pulsando essa aflição tão descabida
e, dentro d’alma, pois, se desespera.

Ó vida! Fico aqui tão desolado
à espera de que voltes pro meu lado
pra que se me restaure a alegria…

Demora! Pôxa vida… Se esqueceu
de tudo o que, entre nós, já prometeu!
Vou eu morrendo as horas do meu dia!...

⁠Lua, Luar

Ah, se eu pudesse tocar-te
desenhar-te com o dedo
Pálida, branca como gelo.
Solitário, hei de amar-te.

Ah, se eu pudesse descrever,
este encontro entre nós,
o desejo de estarmos sós,
no lampejo, dou-me a escrever:

"- O fino véu translucido,
banha-me de corpo inteiro,
que jaz prazenteiro,
do meu eu, esmorecido.

Todo eu já combalido,
de minh'alma esvanecido,
pois, de ti entorpecido,
meu eu tenho carecido.

Hoje doudo por inteiro,
no silêncio matreiro,
Fugaz e sorrateiro,
ser d'alma poeteiro."

Ah, se pudesse o nevoeiro,
não me deixar arrefecido,
minh'alma teria oferecido,
como amante... fiel escudeiro.

Tão pálida sua luz sombria,
farta-me de tal maneira,
e ao meu coração esgueira,
quente dentre a noite fria.

A face da terra acaricia,
luzente como um ser divino,
toca nest'alma de menino,
que no gélido sereno, ardia.

Como amantes de histórias antigas,
Deusas, homens e meninos,
finda o espírito, tais desatinos,
nesta e noutras épocas vindouras.

Dominante o nevoeiro,
descansa no campo enegrecido,
Pálida, repousa sobre o outeiro,
e finda o campo enegrecido.

Inserida por RobinS25

⁠Chego com minhas palavras
Derramando tudo
E o chão sem piedade
Engole tudo
Não devolve nada
E a vida tão curta
Dizendo que também sou pó
E o fim não avisa quando chega.

Inserida por warleiantunes

⁠" ACEITO "

Talvez, num outro tempo desta vida,
num paralelo cósmico formado
ou num lugar qualquer imaginado
eu seja uma alma pura, sã, despida!...

E pode ser que, então, elaborado,
o meu caminho, sem qualquer subida,
sem morros, sem ladeira a ser vencida,
se cruze outra vez mais, ao teu, centrado.

Quem sabe, sim, me vejas com paixão,
com outro olhar me dado, ali, que não
me exclua do viver te oferecido?!…

Num outro tempo, em paralelo feito,
eu seja, finalmente, então, aceito
no amor que foi tão bom termos vivido!