Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
Deus me fez aprender
Eu lhe pedi paz,
Ele me deu conflito
para que eu conseguisse a paz.
Clamei por alegria
e Ele me deu momentos tristes
para eu poder entender
o real motivo de uma alegria.
Roguei por amor
e Ele pois no meu caminho
inimigos para eu amar...
Pedi, pedi tanto para eu ter paciência
e Ele me concedeu adversidades
para eu aprender a ser paciente.
Pedi sabedoria
e Ele me fez cair e levantar
para eu ser sábio.
Esse poema não parece poema
por não ser rimado.
Mas é um discernimento que lhe passo
de que Deus não lhe dará nada
se não por maus bocados.
CAROLINA DE JESUS
Era negra e catadora de papel
Morava na favela.
Mas foi alfabetiza;
Aprendeu a ler e escrever.
Carolina Maria de Jesus se
apaixonou pela leitura;
Nas horas vagas,
Tudo que via e vivia: escrevia nos
Cadernos que a rua lhe dava...
O seu cotidiano pesado deu um diário,
Que virou best-seller: Quarto de Despejo.
Carolina teve três filhos,
E criou todos sozinha.
E ainda virou poetisa.
O seus cadernos ouviu,
e copiou tudo que ela falava.
E Carolina disso sobre o livro:
"Quem não tem amigo mas tem um livro tem uma estrada".
Muitas vezes,
nada mais sou,
apenas e tão somente
uma nota solta,
duetando junto ao vento,
tentando ser canção
A vibrar quase em surdina,
quase não mais ouvida
e nessa melodia fatal,
deslizando pela partitura da vida
sou um réquiem
com receio da nota final...
E agora ?
Assim perguntava a menina para a sua mãe. Isso era rotina, a qualquer problema ou dúvida, ela corria para a saia da progenitora, pedindo ajuda, mesmo que fosse apenas um sorriso de aquiescência ou pela graça do fato. Nem sempre obtinha respostas, mas tentava, sem saber que a cansada mãe não sabia tudo. Cresceu e aprendeu muita coisa por conta própria, experiências boas e ruins a fizeram entende melhor a vida. Este é o caminho - abrir as asas e voar sozinha - enfrentando tombos e sequelas, mas tendo o porto seguro na hora do pouso: o colo da mãe.
Saudade da minha que foi embora há pouco tempo, está em paz e sei que se eu tiver tropeços, ela ainda tem um sorriso maroto como a dizer: filha, bem que avisei...
Direitos reservados
QUE COISA PASSEI NO AMOR
Nosso amor era lindo.
Era tipo o soneto do Camões.
E que nenhum compositor compôs!
Nossa romance fazia inveja ao povo,
Você era apaixonada por mim,
E eu até hoje sou por tu...
Não sei o que deu em você:
Que me fez de Bentinho,
E você se tornou a Capitu.
Você dizia pra mim que se
No céu houvesse casamento,
Você casaria comigo novamente.
E eu acreditei nisso.
Só que amar, cada um ama diferente.
O seu amor por mim era uma caricatura de um poeta pintor,
Que com o passar dos anos a tinta desbotou.
E agora veio outra caricatura e lhe pincelou...
A tua insônia é a minha,
que a ânsia não passe
como o cometa neowise
pela América Latina.
Da tua idéia na cabeça
não faço a mínima,
só sei que de você
em noite de Lua ou não,
eu tenho feito questão.
A tua indecência é a minha,
que ela não passe
como um incenso aceso,
se for preciso reacendo.
Dos teus suspenses
com todos eles teço
as mil tramas de um
tapete no deserto,
porque engenho eu tenho.
A tua perdição é a minha,
te aguardo além do tempo,
no afã de espaços tremendos
e dos teus secretos terrenos.
Esta tua fantasia é a minha,
embarquei nessa viagem
pela loucura brindada,
talvez ser a paixão que passa
ou para ser a tua amada.
"Tenho uma vida maravilhosa
O que mais pedir?
Nada!
Mas por incrível que pareça se toda água do oceano caísse sobre minha alma
não preencheria nem uma simples parte do meu ser, toda essa agonia é no fundo minha dor, que se faz minha alegria"
Lagarteando
“Casei
Engrandeci
Achei que era eu
Dona de meu nariz
Agora
Senhora
Dona das minhas horas
Só eu não sabia
Que neste ensejo
Era outro fruto”
Aprontei-me, modifiquei o tom de voz para cara metade, dona do
mundo, de mim, dos outros em meu caminho.
Acima dos conselhos, arrastando outro sobrenome que nunca residiu em meu nome e escolhi:
– Qual carne, senhora!? Filé, contrafilé, alcatra, coxão-mole?
Pensando: ”coxão-mole jamais, nunca...”
– Que é isto aqui?
– Lagarto senhora.
– Tá bonito. Quanto pesa?
– Dois quilos.
– Pode cortar em bifes de um dedo de espessura (cara-metade gostava).
Pronto, dei ordem, criei coragem. E o pior, ele obedeceu,vendeu e eu comprei a idiotice.
Aprontei a mesa, taças com haste longas, toalhas de linho, porcelanas dos antepassados, purê de batatas com queijo roquefort à luz de velas.
Frigideira ao fogo, azeite espanhol para fritar e os bifes de lagarto, com um dedo de espessura enrolaram como orelhas.
Comemos só purê com vinho tinto, culpei o açougueiro e o cachorro passou bem.
As velas derreteram, me envolvi no calor de apaixonar.
Minha sogra não viu, e nesse andamento, não revirou meu lixo. Sucesso apaixonado e estendi minha receita com proveito.
E o dia alvoreceu em paz.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
A perversidade
Tinha ido ao mercado naquele dia para comprar balangandãns e trama para enfeitar-se no dia do casamento.
Andou,procurou,escolheu e se adornou das melhores peças. Chamaria mais atenção do que a prometida.
De volta para casa notou-se seguida por uma mulher vestida de cinza, de olhos devoradores.
Esgueirou-se pelas paredes curvilíneas da circunferência das ruas, onde as corujas já confabulavam com o anoitecer.
O medo apertou e, na soleira iluminada da porta de alguém desconhecido, parou dominada pelo receio.
O imaginar derramou e observou a rua pacata corcoveando solitária nas sombras do crepúsculo.
Apressou seu caminhar agarrada às suas compras.
A lua iluminou seus passos e avisava que as horas se passavam apressadamente.
Urgiam, latejava em sua aura o temor.
Avistou sua moradia e mesmo atrasada seu coração aquietou-se. Chegou, pôs a chave em casa, entrou e ela apareceu entre as grades do portão vestida de cinza, de olhos vorazes, se ofereceu com voz macia.
Sua presença imaginária anunciou:
– Esqueceu-se do perfume senhora.
– Não quero mais nada, já basta.
– Nada é falta, compre minha essência.
E ela comprou a profundeza dos cheiros.
No dia prometido perfumou-se de ausência e madrugou morta.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
O medico e o escritor
Era uma vez, na perdida do tempo, se encontraram o médico e escritor.
E na lasca do destino sentaram-se juntos e formataram uma prosa.
E no dialogo, ao findar da noite, perguntaram-se:
– Me esqueci, o que você faz mesmo? O outro respondeu:
– Eu curo os defeitos do homem, sou médico.
– Você cura o quê?
– Os enfermos.
– Quais enfermos?
– Enfermos do corpo, os do espírito somente Deus cura. E você, o que faz?
– Eu escrevo o pensamento do espírito, a ilusão, palavras de sentimento, a percepção das pessoas perante a vida.
E o médico diagnosticou:
– Então, concluindo, somos todos enfermos! Eu vendo o diagnóstico e você atravessa com palavras de consolo.
– Não, doutor. Deus nos criou perfeitos, a concepção nos fez imperfeitos.
– Então, para ser medico também tem que ser escritor. O literato respondeu:
– Há várias formas de cura, a física e a espiritual.
– Então o que nos une no mais profundo?
– A dor é o que nos prende. Você, médico, acalma e silencia esta dor. O escritor roda no escrever sobre o caminho delineado do existir. De onde “derivou” a dor, as expressões enfermas, a “trajetória agonia” do quotidiano que gera toda a moléstia.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
PALAVRA
Como podes ser tão doce , palavra
E ao mesmo tempo amarga .
Como podes ser usada , para definir o amor ?
És navalha afiada .
E quase no mesmo instante em que agradar o amante
Lhe causa tamanha dor ,que duvidasse do amor !
Como podes dar prazer
E causar o sofrimento ?
Como em um breve momento
Ressuscitas , e então matas ?
Como podes ser palavra , inconstante como o vento
A culpa é não entendo , da língua ou do coração ?
Ou será o pensamento que muda de opinião ?
Como causas dor palavra ao ouvido de quem ama
E no momento da cama dá prazer a quem te escuta ?
Como podes ser tão dura na boca de quem acusa ?
Já sei a culpa não é tua , a culpa é de quem te usa !
A culpa é de quem abusa , de você formosa dama
Prefiro você palavra na boca de quem me ama …
E no momento da cama , na música que se escuta !!
Meu amor ………
O que é o tempo perdido , senão nossa escravidão diária as convenções
E , obrigações sociais .
O tempo nos mostra como somos impotentes diante das leis imutáveis do universo
Esse tempo quando perdido , escraviza , fere , pune ,faz dos nossos dias horas intermináveis , posto que estamos tão distantes .
Mas tão próximas em sentimentos
Longe de minhas mãos , presente nos meus versos ,na minha canção
desperta no meu dormir , sonho do meu acordar .
Como posso te definir , como posso te decifrar ?
Se estás tão longe de mim
como assim eu vou te amar ?
Butterflay
Pose de leve em minhas mãos
Vou lhe acariciar bem de leve , para não machucar suas asas
Lhe aconchegar entre as minhas mãos suavemente para não quebrar nosso amor
Pose de leve o sentimento
No nosso breve momento
Estou feliz ,como estou
Butterfly ao meu lado
E esse imenso amor por dentro
" Um abraço "
Muitos acham que é pouco, mas um abraço é o melhor ato, o calor de um abraço trazendo a tranquilidade, um suspiro arrancado, um cheiro que fica guardado, e logo nasce um sorriso que jamais será apagado.
MARIELLE PRESENTE
Há pessoas que nascem,
E você não vê.
Há pessoas que você não vê,
E nasce uma esperança, uma luta dentro de você.
Há gente
que morre e some.
Já a Marielle permanece presente!
O dedo no gatilho
Não matou uma mulher;
Fez ecoar um grito que estava no peito dos oprimidos!
Uma militante virou lenda!
E se tornou mais referência para outras e outros!
A caça pela primeira vez virou vítima,
E todos querem saber porque tiraram sua vida!
O pássaro Marielle, só ficou seu canto;
E nós os ouvintes, queremos saber:
Quem matou a negra Marielle Franco?
Nada Nos Pertence
Minha alma foge por vezes de mim
Ou será que a alma é tua ,
e não parte constante desta inspiração ?
Minha fala calou-se em mim .
Servirá só a mim essa língua tão absurda ?
Tenho muita sorte de ter te encontrado
De poder te abraçar,
Te beijar...
Ter você ao meu lado
Sorte eu tenho por acordar contigo todo dia
Você é a minha mais bela poesia
As suas curvas são tão belas,
Que passaria horas
Observando cada traço
Do seu corpo,
Assim como se faz
Com uma obra grifada
No canto de um caderno.
Você é como um quadro
Daqueles que eu procuraria
Uma moldura única
E penduraria na parede
Do meu quarto,
Para te olhar toda hora
Principalmente quando acordar.
Te desenharia todas as noites
Em meus sonhos.
Quando você aposta num objetivo,
aceita duas possibilidades:
perder ou vencer.
Mas, quando seu objetivo é vencer,
perde o medo de perder
e, através da fé com vontade,
você simplesmente VENCE!!!
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