Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
nem a mais forte tempestade
nem um brisa de saudade
nem um vendaval
destruindo árvores no meu quintal
nem furacões, nem terremotos
nem o mar ou maremotos
nem o abismo mais profundo
nem toda raiva do mundo
nem raios ou trovões
nem beijos e canções
nem um contratempo ou passatempo
e nenhum unguento
nem mesmo o carnaval
natal ou arraial
nem mesmo o tempo
e seu suave acalanto
nem mesmo o amor
nada, nem mesmo o amor
é capaz de sepultar a solidão silenciosa
que no coração do homem faz casa
Onde mais poderia estar o paraíso
senão guardado nos teus sorrisos e nos teus gemidos,
que ecoam como o bater das asas de uma borboleta
nas minhas noites de luas repentinas?
Tudo o que se tem é o agora
e cada momento será como uma ressurreição.
Darei à luz um campo de girassóis
e semearei palmeiras na lua,
para que não falte beleza e esperança.
Minha casa será um noite de estrelas,
onde as crianças crescerão descalças
e cavalgarão unicórnios.
Com um grito lançado ao vento
rebatizarei o homem de errante,
pois suas perguntas só terão respostas
na ausência do medo de tentar
e na consciência de que só se pode ser sincero.
Eu creio na meiga canção que sopra da aurora
E que ecoa na última lágrima de despedida
Eu creio com a mesma fé das árvores
Que se alimentam da solidão das horas
Cada dia é uma despedida
e cada queda uma ferida,
mas quem vive da busca não morre
- em tempo Deus socorre -
vai garimpar estrelas.
VELHICE
Aos poucos a velhinha foi sendo jogada par um canto do mundo
e foi se apequenando cada vez mais
humilde
para caber nele
e não incomodar a ninguém
com o que resta da sua presença.
TARUMÃ
Não me sangrem
por favor
as sangas
da minha infância.
Deixem que sigam
seu rumo
vadio e vário
de rio avulso.
Que ora esparrama
por sobre as pedras
espuma branca
e ora em derramas
de sede ardente
ao sol se entrega.
Vai sanga avulsa
vai rio menino
ao teu destino.
Amar é ter as cortinas e as janelas abertas
e a casa iluminada de luar.
É com o que foge aos olhos ter compromisso
com razão
de ter a fé como chão
pois o amor faz palpável o infinito.
DIA A DIA II
Queria toda aventura, toda emoção, toda fartura.
Queria esquecer meu nome,
viver de música, saciar minha fome.
Queria nascer todo dia
na Tailândia, no Tibet, na Bahia.
Eu queria...
velar minha ignorância que doí como uma azia:
falta vírgula, falta acento, falta rima na poesia.
Eu queria ter paciência, eu queria ter ciência.
Eu queria saber viver o dia a dia
(bastava saber viver o dia a dia),
mas não adianta, não me encanta,
eu queimo como um diabo, ardo em fogo,
e não é um jogo:
percorro caminhos de morte e cavalgo ventos da sorte.
Sou pura bebedeira, caso queira
divertimento,
crio morcegos e educo vampiros
no apartamento.
Meu QI médio não conhece o tédio:
esse é meu mundo, meu remédio.
Basta abrir os olhos, basta sair à janela,
basta uma brisa, basta uma viela...
E quando dormir o sol seu sono mais profundo,
permanecendo só na festa um último moribundo,
sussurrarei bem baixinho: _ Não tenha pressa,
eu volto outro dia pra beijar-Lhe à testa.
Se eu pudesse dar um recado aos mais jovens, eu diria para deixarem os celulares de lado e aproveitarem mais a vida, para caminharem mais a beira mar, a apreciar as cores do pôr do sol, a ouvir músicas de qualidade, a deixar o coração falar e escrever em forma de poesia. A ler bons livros, sejam dramas, aventuras, policiais, suspense ou ficção, até mesmo sobre política.
Eu diria aos mais jovens, que a vida passa rapidamente. Portanto, façam mais campinhos em terrenos baldios, joguem bafo, rodem seus piões, empinem suas pipas (mas sem cerol), nadem, corram, apanhem frutas direto do pé. Pratiquem, e muito, a gentileza, a simpatia e a educação, pois um dia vão adorar ver que seus filhos assimilaram bem esses ensinamentos.
Eu diria aos mais jovens que exercitem mais seus bom dia, boa tarde, boa noite, com licença, por favor e muito obrigado, pois são palavras que desmontam qualquer tipo de grosseria.
Eu diria para que cultivem mais os amigos verdadeiros, que os preservem, pois muitos permanecerão em suas vidas e outros serão boas lembranças, que certamente proporcionarão grandes reencontros.
Eu tenho um orgulho muito grande de meus filhos. Apesar das falhas, como todo pai, eles exercitam tudo o que descrevi aqui.
Tenho certeza absoluta de que, se todos os novos pais ensinarem o mesmo para seus filhos, independentes da classe social, pois isso não conta, em poucos anos teremos um mundo realmente melhor.
A tecnologia nos transforma em avatares de nós mesmos e nos torna cada vez menos humanos.
E no final, creio que esse texto serve também para nós, adultos, que um dia pudemos ser crianças, adolescentes e jovens. Existe vida ao nosso redor.
É leveza sobre aspereza
É paciência sobre aspereza
É acalanto sobre aspereza
É vida sobre aspereza
Os corações ásperos carecem
de leveza, paciência, acalanto e vida.
Falta-lhes poesia...
SENSAÇÕES
Notas, melodias, batidas, ritmos,
Brisa fresca, pureza com doçura,
Um amor por companhia...
Poesia, figura, ternura de viver.
Conversas, entre olhares,
Magnificência, transcendência...
Uma ebulição de sentimentos,
Efervescência de sensações.
Mistura, candura,
Apaziguamento de inquietudes,
Todo o amor que houver, virá...
Querer ser, entender o desejo.
Aquecer, iluminar,
Mentes e corações,
Sem exatidões, emolduracões...
Apenas percepções, sensações.
simultaneamente, vejo o sol, por lá se admira a lua.
dois astros poderosos, que quase nunca se cruzam.
uma longa distancia entre os dois, e ambos avistados ao mesmo tempo.
será mesmo que é possível se encontrarem em algum momento...
quando se encontram o eclipse é um espetáculo.
a lua beija o sol, algo tão lindo, só pode ser raro.
uma dicotomia perfeita, opostos que quando unidos provocam arrepios.
intenso como o sol, rara e lirica quão a lua, a distancia é tão grande,
mas um dia eles se cruzam, um dia eles se cruzam.
Ela era daqueles lindos encontros
Encontros durante o dia
Encontros em noites perdidas
Encontrávamos até em sonhos ...
Como era lindo quando eu à encontrava...
Disse-lhe, quando sinto,
sou profundo quão o mar,
se ama-la, amarei com maestria,
demonstro com a mesma força,
não sinto mais culpas,
se tu não sabes se banhar,
ou acostumou-se com águas rasas de bacia.
Pois sei como és unica
Esse coração teimoso
Sempre te cuida
E é assim que vai ser
Tudo que sinto por ti,
é sinônimo de viver.
RIMA
rima, dela não me esquivo, apenas digo que não sou escravo da terminação, dela, procuro fazer um descritivo do sentimento, mesmo esse que não sinto, seja ele, vivo, em transe ou desfalecido.
Do ritmo, da métrica, nem falo, um soneto é uma forma geométrica em sílabas e embora nem saibam meu outro e principal ofício, conta números como os respiros. mas neste caso, patino e assim melhor evitar um vexatório desfecho em desatino.
aos poetas que de mim fazem consulta, subitamente me vejo em oculto ou mesmo aberto elogio e sinceramente lhes digo que não se faça caso de formas, mais vale o ritmo, por que a rima vazia parece inclusive a mais difícil e não é isso que torna o poema verossímil, bom ou digno.
Quem me lê já sabe, que no mais digo muito sem fazer alarido, na verdade nem dizer eu digo.
quero mesmo é fazer com que aquele que agora já quer se perder, se ache num pequeno trecho
e fique lá, enquanto eu sigo.
@machado_ac
Bolinhos de Chuva Queimados
Não digo tudo por que não sei mesmo, falo meia frase, deixo uma parte pra sentirem, adivinhação...todos tem histórias e maravilhosamente enxergam onde não se vê, falo de coisas que passam ou passaram por aqui, dá vontade ou nem dá, nem depende muito de mim
uma vida tem detalhes, sutilezas, todo o tempo.
É uma xícara de chá e uma bomba-relógio feita de açúcar
uma alça de sutiã caída e um pingado escuro, você busca uma linha no fundo daquele quarto amarelo,
nem lembrava, agora já está aqui
Eu peguei uma ventania tal que quase caí, mas nem deixei a leiteira cair, a moça do bazar olhou pra mim com um jeito de quem nunca tinha visto um boneco de Olinda com RG,
eu dou muita risada depois que saio dos lugares, as pessoas não estão acostumadas com gentileza,
nem com bolinhos de chuva queimados,
Eu não disse nada, foi você que pensou, ou sentiu, foi você, foi ela,
ah! não foi ninguém.
@machado_ac
Mágica e Maquiagem
começo pelo fim ou acabo tudo bem no meio,
faço tudo assim, sem lógica nem pé nem perneta,
digo metade, o resto você completa,
intui, dilata, conclui ou deixa passar.
tem um verso guardado bem debaixo do seu brinco,
na bolsinha entre a maquiagem.
se olhar direito vai perceber que ele passou
bem na sua frente, dia desses enquanto chovia forte.
bem, agora que você já o reconheceu
posso ir buscar a maleta do mágico,
só falta o coelho inventar de voar de novo.
@machado_ac
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp- Relacionados
- Poesias de Carlos Drummond de Andrade
- Poesia de amigas para sempre
- Poesia Felicidade de Fernando Pessoa
- Poemas de amizade verdadeira que falam dessa união de almas
- Poemas de Carlos Drummond de Andrade
- Poesias para o Dia dos Pais repletas de amor e carinho
- Poesia de Namorados Apaixonados