Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

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CANÇÃO À AUSENTE (soneto)

Pra te esquecer ensaiei minha saudade
Deixei então de pronunciar o teu nome
Me escondi no silêncio que me consome
Pra te esquecer ensaiei a minha vaidade

Pra te omitir ensaiei diverso pronome
Busquei na poesia uma profundidade
E na maldade do verso tu me invade
Pra te omitir ensaiei não ter de ti fome

Pra te esquecer ensaiei a minha razão
E no vão árduo o pensamento chorou
Para te omitir ensaiei o meu coração

Pra te esquecer e te omitir só sobrou
Um prazer agridoce e amarga ilusão
Para te omitir, esqueci.... acabou!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 19’10” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Simplicidade (soneto)

Como eu gostaria
Ter a simplicidade
Olhar sem maldade
Queria.... eu queria

Ser igual as emas
Rudes e elegantes
Assim fascinantes
Ser sem dilemas...

Ser, simplesmente:
- Igual uma poesia
- Igual uma pureza

E constantemente:
Ah! gostaria, queria
A vida em singeleza!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 07’01” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CERRADO “IN CONCERT”

Versei-te? Sim. Doidamente!
Admirei-te com admiração
No seu irregular da retidão
Do rubro luzidio sol poente

À beira de ti: - barbatimão
Ipê e buriti, sim, presente!
Esquecer-te, nunca, tente!
É diversidade em dimensão

Então, como não poetar-te?
Se nos teus galhos retorcidos
Que se tem a variegada arte!

E, quando nos teus alaridos
Das seriemas, tudo é parte
Dos poéticos aqui permitidos...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 10’29” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Estou triste, minh’alma chora...

Hoje vou te dizer o que sinto
Coração magoado, abandonado
Pela mentira que me fez absinto
O dolo que se fez amargurado

Deixo as lágrimas correrem
Lembrando os beijos, a paixão
Que agora fazem-me abaterem
No gosto salgado da desilusão

Sinto no peito a dor a apertar
Na saudade o sonho a lamentar
Na melancolia o adeus desabafar
No desrespeito a traição falar

Doeu... Dói... Está a doer
É o amor que está a morrer
São os planos a ir embora.
Estou triste, min’alma chora.

(Nada é pior para uma alma que tornar triste a outra alma.)

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de setembro de 2009, 05’08” – Rio de Janeiro

Inserida por LucianoSpagnol

TEIMA (soneto)

Ó agonia! À alva, quando, sem teu cheiro
Eu vagueio ermo, pelos becos do cerrado
O chão cascalhado, o sentimento alado
E o vento perturbado me levando ligeiro

Toda a saudade é pesar no peito magoado
A lua, fria, pesa n’alma e da tinta do tinteiro
Da dor, trova a sofrência, assim, por inteiro
E nas mãos vazias, continuas sem o agrado

E na minha insônia a hora é de vil lerdeza
Sofrente é o silêncio na escura madrugada
O desespero escorre dos dedos pela mesa

Ó solidão! Cadê toda a emoção camarada
Ninguém me ouve, ninguém, só despreza:
E a tíbia madrugada continua apaixonada!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 05’08” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

IDENTIDADE (soneto)

Não sou assim nem assado, sou!
É o que tenho no fado, por agora
E, às vezes, tão poético vou afora
Que eu nem chego a ser.… estou!

Não sou isto ou aquilo! Eu vou!
Todavia, tento fazer de toda hora
Brandura, esquecendo o outrora
E das dúvidas um agradável voo...

Se acabou, passou, o que importa
Quero abrir no estro outra porta
E assim, então, eu decorro vendo...

A vida, que é curta, na sua temporada
Tento de estar igual em cada morada
E, ao poeta os devaneios pra ir sendo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 09’34” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

REALIDADE (soneto)

A dor foi longe demais, para voltar
Nos canteiros onde havia só flores
Hoje a erva daninha tomou o lugar
O que era voz prazerosa, há dores

Em nós, vazio ficou o falante olhar
Aos antigos sensos, outros amores
E na saudade do amor, um silenciar
Com os esboços com outras cores

Valores? Há um, a doce lembrança
Que ficou no outrora, ali a de estar
Uma vez já bailada, outra a seresta

Quebramos tudo, toda a esperança
O que era para ser, se perdeu no ar
E a poesia dedicada, não mais nesta!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 12’07” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Hoje, a saudade de ti. Veio. Donde viera?
Dum vazio? Ou do silêncio que profetisa
Rima de dor. Ou do amor, quem me dera
Tua lembrança me veio como acre brisa

Vi-te primeiro o sorriso tal a primavera
Em flor. Depois me veio o que divisa
Tua alma da tua tão especial quimera
E de novo me encantei a graça concisa


© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ironia

De tanto pensar na desilusão
Mais de cem vezes desiludi
De tanto chamar a solidão
A solidão chamou-me a si

Deu-me dor e a contramão
E muito deste revés, senti
Ferindo o crédulo coração
Eu chorei, ri, e assim segui

Escrevi emoção e loucura
Nos devaneios da euforia
Cheios de teimosia, eu vi!

Hoje, ainda insiste na procura
O versar. Por essa tal poesia
Do que ainda não sofri... (Oxi!)

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/03/2020 – Cerrado goiano
*paráfrase Pedro Homem de Mello

Inserida por LucianoSpagnol

EVOCAR (soneto)

Meu amor diz-me como chamas
- 0 nome que deixei de recitar
Diz-me para não mais me calar
Nada além, diz-me se me amas

Diz-me apenas se tenho lugar
Ainda no teu peito em chamas
E nas lembranças se tu reclamas
Ou se no ignoto vou assim ficar

Minhas lágrimas são só saudade
Nesta felicidade que desaprendi
E os versos tornaram-se metade

Para que o coração lembre de ti
Então, diz-me teu nome, brade!
Antes que eu seja, nada, por ai!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/03/2020, 10’42” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

EM CONFISSÃO (soneto)

Meu amor, minha paixão (dor e o contento)
Meu fado azarão, dedo turvo na predileção
O meu devaneio vestido, e desnudo o alento
Quanto o vulgo, sentimento, pura desilusão

Santo confessor! Ao meu flagelo fique atento
Sabeis tudo, tudo.... - dos segredos do coração
Meus lamentos, em vão, desastrado juramento
Nas juras, ao luar, evolou só insensata emoção

Um cativo na noite infinita, ó noite tão infinda
Sabeis que sem afeto o mundo é uma mentira
E que rude é a lágrima que escorre tão sofrida

Eis o meu amor, quebrável, em súplicas ainda
Santo confessor! Deste desventurado caipira
Quem pode detê-lo sem pô-lo de partida? ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/03/2020, 23’13” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Humanizar

Dizem que o amor é pra sorte
Na vida, talvez!
Por isto que tento ser forte
E creio que todos têm a sua vez...
Quero encharcar o meu coração
Cada vez mais com solidez
E mais... e mais paixão
Tanto o pranto como a lucidez
Tem o seu sentido
Afinal, só terá validez
Se o afeto estiver contido

Ama e ame pela fome de amar
Por tudo que tem direito
Por todos que possa estar
E sentir a sensação no peito
Deixar ralar sem medo de chorar
Apenas sinta
E se ofereça para ficar
E precinta
Como é bom gostar!
Por emoção ou prazer...
Acredito no homem que sabe sonhar!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/03/2020, 02’11” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ABANDONO (soneto)

Silêncio mudo, rente ao meu lado
Como uma melancolia a sussurrar
Há cem mil sensações a me olhar
E o pensamento vagando isolado

Tanto abraço desesperado, atado
Na imensidão do tempo sem lugar
E inspiração rútila a me abandonar
Todos os dias aqui no árido cerrado

É a solidão, cega, áspera e tão fria
E a nossa vida ficando mais breve
E as nossas mãos sem afável valia

A hora passa, e cobra a quem deve
São as horas que sentencia a poesia
O efêmero, tal a rapidez descreve...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Não havia nada no começo, somente o Pai, Filho e Espírito Santo e tudo veio a existir através dos três.
A soberania trouxe tudo a existência e ainda em tempos eternos os planos soberanos de Deus são colocados em prática.

Inserida por Sociedademissionaria

Deus não foi criado ele criou todas as coisas e ele é o sustentador do universo.
Deus não tem adversários ele não pode perder não pode perder uma batalha ele é Soberano e todo universo está debaixo da sua poderosa mão.

Inserida por Sociedademissionaria

BREU PROFUNDO (soneto)

Em cada estrela no céu a palpitar
Na imensidão do breu profundo
Me sinto agora em outro mundo
Quase sem ruído, tudo a silenciar

Noite. De um negror moribundo
O veto proceloso na greta a uivar
E o sonho sem ter como sonhar
As horas mais lentas no segundo

E a voz da solidão no abandono
Que nas sombras se escondem
Azoado, sinto o hálito do sono

Minha alma tal como um refém
Devaneia na saudade sem abono
Na escureza velando por alguém

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/04/2020, 19’29” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Brás

No centrão da terra da garoa
De janelas para a rua
Velhos na praça, atoa
Casarões no tempo tatua
Desta ou aquela pessoa
A história... e a vida continua
Os moleques descalço o pé
De juventude nua
O boteco de seu Josepe
De outrora, tão fugaz!
O ambulante vende leque
A italianada em cartaz
Nas cantinas, nos bares
Aqui é o Brás!
Terra de todos os lugares...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 12’58” – Brás, São Paulo

Inserida por LucianoSpagnol

Revinda

Vim morrer em Araguari
Cidade sorriso, eterna
Que a mocidade é daqui
E o meu berço governa

Em uma banda a revinda
Na outra a fonte fraterna
Entre ambas a falta ainda
De a história que hiberna

E sinto, sinto: ganas nuas
O sentimento na berlinda
A ternura vagar pelas ruas
E rir. Antes que tudo finda

Vim morrer, no aceitar vim
Cá para as bandas das gerais
Vim. Outrora chama por mim
E, e por fim, não chama mais...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 08’01” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

Não quero só sonhar
nem quero ser sonhador
Não quero só amar
nem quero ser amador

nesta mixórdia:
- O que quero está ao alcance do olhar, simples, encantador. Misericórdia.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2016
Paráfrase Manoel Bandeira

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO INDOMÁVEL

Ó pranto! À dor, quando, entranho
Fico sem rumo certo pelo cerrado
O anoitecer, quando, chega calado
Tudo é solidão, e em nada é ganho

Tristura, fria, que pesa no passado
O vento é poeira de ardor estranho
E a hora lenta e tão sem tamanho
Que o olhar vazio, alheia, fissurado

No meu alvo silêncio, rude insônia
Clamo por todo o arrimo, em vão
Nada escuta, indigente cerimonia

Invento um verso, tento, e tento
E rasgo-o, continuas sem demão
Tudo é indomável no sentimento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 de março de 2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

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